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4 POLÍTICAS DE FORMAÇÃO DOCENTE E A CRIAÇÃO DO PIBID

5.8 HENRIQUE SILVESTRE MAIA

Klêffiton: Primeiramente gostaria que você se identificasse dizendo seu nome e idade (se quiser). Em seguida comentasse brevemente sobre sua trajetória estudantil.

Henrique: Meu nome é Henrique tenho 21 anos. Sobre minha trajetória estudantil, eu cursei o Ensino Fundamental e o Médio no interior do estado. Em 2010 conclui o ensino médio, logo em seguida ingressei no curso de Matemática (licenciatura) e estou no meu último período da graduação.

K: Por que escolheu ser professor de Matemática?

H: Desde as séries iniciais, do Ensino Fundamental I que eu sentia vontade de ser professor, quando cheguei ao Ensino Médio eu fui meio que fechando um leque, eu sabia que queria ser professor e fui fechando o leque quanto às disciplinas que eu gostava mais. Então a Matemática se sobressaiu, por isso que eu escolhi Matemática.

K: Porque decidiu ingressar nesse Programa, o PIBID?

H: Primeiro que me falaram muito bem. Falaram e me apresentaram o projeto. Sabia que era uma boa oportunidade de ingressar para conhecer o projeto, para ver se acrescentaria alguma coisa a mais na minha formação. A partir daí fiz a seleção. Confesso que no momento que fiz a seleção não conhecia muito, não sabia a dimensão do projeto. Depois que ingressei fui conhecendo o desenvolvimento das atividades, conhecendo o projeto e passei essa trajetória no programa.

K: Há quanto tempo atua no PIBID? H: Há três anos.

K: Como o PIBID contribui com sua formação inicial?

H: Eu vejo o PIBID como um programa muito diferente, um programa que forma professores, dá suporte ao licenciando que faz o diferencial na sua carreira. É

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Entrevista como o bolsista do PIBID de Matemática da UFRN/Natal realizada no dia 7 de Janeiro de 2016 na Secretária de Educação à Distância da UFRN/Natal. A cópia da carta de cessão encontra-se no Apêndice deste trabalho.

diferente dos licenciandos que apenas pagam30 os estágios e a carga obrigatória das disciplinas de educação, porque o PIBID proporciona conhecer mais sobre o modo como trabalhar determinados conteúdos de forma diferente, envolvendo tendências em Educação Matemática, como envolver o aluno na sua aula para que você saia do método tradicional de ensino. Esse é o grande diferencial do projeto na nossa carreira, no nosso currículo, vamos dizer assim.

K: Quais são as ações e atividades que participa pelo PIBID de Matemática no âmbito escolar e no âmbito da UFRN?

H: Nós do PIBID de Matemática desenvolvemos várias atividades na escola e na UFRN. Na UFRN a gente participa de reuniões. As reuniões de planejamento das atividades que executamos na escola e as reuniões gerais que são para debater o que está acontecendo no âmbito escolar durante todo mês de atividades. E também para debater algumas questões sobre o PIBID de forma geral, tanto na UFRN quanto no Brasil. Já nas escolas, as atividades que mais desenvolvemos são atividades da aula de reforço, no horário do contraturno... No caso do projeto de Matemática, por exemplo, temos uma atividade muito conhecida que é o “Torneio Show da Matemática”. Quando ingressei no projeto tinha apenas três escolas e depois passaram a ser seis. E nessas seis escolas fazemos o “Torneio Show da Matemática” que é a junção de todas as atividades que fazemos durante o ano letivo na escola, passamos o ano trabalhando com os alunos algumas atividades e geralmente entre o mês de setembro, outubro e, no máximo, novembro desenvolvemos o torneio que é o grande ápice do nosso ano na escola. Além de ser um Torneio de Matemática, envolvemos as outras disciplinas, uma questão de interdisciplinaridade. Também trabalhamos com os alunos no horário do contraturno aula de reforço, quando está próximo às provas e que os alunos sentem mais dificuldade. Tem a aula de intervenção na sala da professora supervisora: todas essas aulas são planejadas. e então, de acordo com o que a professora está passando em sala trabalhamos uma vez por mês junto com a professora, planejamos e eu executo a aula voltada para o conteúdo que ela está trabalhando em sala de aula. Essas são algumas das atividades que desenvolvemos na escola.

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K: Como fazem para planejar essas atividades?

H: Temos um calendário do nosso subprojeto, então nós temos duas reuniões no mês com o supervisor da escola que é quando a gente senta para planejar as atividades. A gente senta com o supervisor, a gente mostra o que a gente está propondo para uma determinada turma: se a gente estiver trabalhando com o 7º ano, por exemplo, essa turma está estudando equações, então a gente planeja uma atividade. Nós bolsistas nessas reuniões colocamos para a supervisora dar o aval e dizer se dá certo ou não e nos conduzir para melhorar essas atividades.

K: As reuniões gerais também contribuem para o planejamento das atividades? H: Contribuem porque é o momento em que estão todas as escolas juntas. Às vezes um projeto que funciona bem em uma escola, não funciona em outra. Ou às vezes um projeto que é executado em uma escola não é executado em outra porque nem todos os coordenadores de áreas são responsáveis pelas mesmas escolas. Os supervisores são diferentes, então não tem tanto momento de comunicação em fora dessas reuniões gerais que são todos. Então, essas reuniões servem meio que para interligar as ações que estão sendo desenvolvidas nas escolas e servem para trocar as experiências vividas de acordo com as atividades que agente executa nas escolas.

K: O que se discute nessas reuniões gerais, além das experiências que citou anteriormente, que possa está contribuindo na elaboração das atividades executadas na escola?

H: Essas reuniões gerais que é quando envolvem todos os bolsistas, professores coordenadores e supervisores, elas são divididas também em reuniões de estudo que é exatamente quando um professor coordenador de área traz alguns temas, por exemplo, uma das reuniões trabalhou-se jogos. A professora nos conduziu, trouxe para nós o material e como seria trabalhar com jogos em uma aula, para tornar a aula diferente. Prática de leitura também foi trabalhada, como elaborar um plano de aula... Isso tudo foi fruto de reuniões e que deram suporte para nossa formação e para o projeto também.

H: Geralmente sim, os coordenadores de área ou professores convidados pelos coordenadores. Supervisor e bolsista também desde que seja convidado. Por exemplo, se desenvolvemos uma atividade na escola e o coordenador quer que as outras escolas conheçam essa atividade, então fazemos a exposição do nosso material pra outros bolsistas e supervisores.

K: Recorda de algum momento que foi exposto algum material?

H: Sim, recordo. Nós tivemos, logo que entrei no programa, nas reuniões de estudo, oficinas sobre o Hagá Quê e o Prezi. Foram oficinas ministradas por bolsistas e na ocasião eles trouxeram para os demais que não participaram do estudo para que todos se familiarizassem como eles. E também ministramos dessas oficinas em eventos como o Encontro Integrativo do Programa, fui ministrante na oficina de jogos. As atividades que nós executamos geralmente são colocadas pelo menos uma ou duas, em reuniões de estudo.

K: Qual o intuito em trabalhar o Hagá Quê e o Prezi?

H: No caso do Hagá Quê, a atividade foi idealizada por uma das bolsistas para trabalhar a história da Matemática em quadrinhos. O Hagá Quê é um programa de computador que proporciona a construção de histórias em quadrinho. Ela ministrou a oficina nessa reunião de estudo e mostrou para a gente o resultado dessa oficina e também nos apresentou o Hagá Quê para que pudéssemos trabalhar com ele. Algo bem similar foi com o Prezi, um software que faz apresentações, como slides, por exemplo, só que de uma forma mais dinâmica. Então, o bolsista que fez essa oficina, ele também nos apresentou em outra ocasião de como trabalhar com o Prezi.

K: Em sua opinião, por que ações/atividades que citou até o momento, estão relacionadas com a proposta de formação de professores pelo PIBID de Matemática?

H: O programa ele visa a formar professores com um diferencial. Então, todas essas atividades que desenvolvemos contribuem para que a gente amadureça nossa perspectiva profissional, que o programa nos exige. Um profissional que trabalha com tendências de Educação Matemática é diferente daquele profissional que leva para sua aula o tradicionalismo. Todas atividades, desde a sua elaboração até sua

execução, nos propiciam essa formação, esse grau de conhecimento, de vivências e experiências que vamos aprendendo aprimorar.

K: E como é que você percebe que esse diferencial acontece a partir das práticas vivenciadas na escola?

H: Isso é muito claro até mesmo quando conversamos com os nossos próprios professores de Matemática que não conhecem o Programa. Os professores que estão a um certo tempo na escola, que não fizeram uma formação continuada, não procuraram nenhum outro método. Eles até acham legal, mas muitos chegam a olhar meio desconfiados porque o pessoal trabalha dessa forma, isso dá muito trabalho, já vem colocando obstáculos, não é tão fácil, mas também não é impossível de ser realizada: uma aula diferente para os nossos alunos. Esse é um fato bem claro: enquanto comparamos um profissional que está saindo do Programa, como nós temos casos de alunos que já se formaram e outros que já estão na escola algum tempo e que não procuraram essas renovações, esses novos métodos.

K: Você, enquanto bolsista, planeja e aplica atividades com alunos da educação básica. Existe algum momento de avaliação sobre o que elaboram? E do resultado das aplicações?

H: Os bolsistas sentam para planejar uma atividade de acordo com o que o supervisor está dando em sala de aula, então quando chegam às nossas reuniões de planejamento ele vai nos conduzir, vai dizer se vai dá certo, se não dá onde podemos melhorar. E quando planejamos uma atividade temos como objetivo, no mínimo, que o aluno se identifique mais com o conteúdo, por exemplo. Então fazemos essa avaliação antes: como o nosso aluno pode aprender isso? Como ele pode despertar a curiosidade sobre esse assunto? Logo após a execução da atividade, vamos avaliando de acordo com a desenvoltura dos alunos nessas atividades, de acordo com o que propusemos nas atividades, se conseguiram cumprir e também com os relatos dos nossos alunos acerca das atividades que desenvolvemos. Então, eu acho que a avaliação é feita por essas duas etapas. E o professor/supervisor tem um grande papel porque vai nos conduzir e vai dizer se a atividade pode ou não dar certo e em que nós podemos melhorar. Até para que a gente possa melhorar para outra atividade. Ou para mesma atividade se for dividida

por módulos, onde é que a gente pode melhorar. Porque nós planejamos as atividades, mas quem diz o ritmo da atividade são os nossos alunos.

K: Algo que aconteceu de muito marcante que vivenciou na escola que vai contribuir quando você estiver atuando na área?

H: É bem desafiador, mas creio que transformar a agitação dos alunos ao meu favor e a favor da disciplina. Porque já trabalhei com uma turma... Tive a experiência de trabalhar com uma colega bolsista com a turma mais difícil de uma escola logo quando entrei no Projeto. Quando cheguei na escola ela me apresentou ao pessoal e à coordenação que enfatizaram ser uma turma difícil. Eles olhavam apenas para agitação dos alunos e para o trabalho que eles davam. E eu, junto com a bolsista, fui desenvolvendo um trabalho que já vinha sendo conduzido por ela.

K: Pode citar qual foi esse trabalho?

H: Foi na época da implementação do laboratório na escola, uma grande conquista e diante uma luta muito grande. Já vinha sendo trabalhado isso com a bolsista que estava longe de mim. Quando entrei ela estava só, sem dupla - porque a gente trabalha geralmente em duplas. O Laboratório de Ensino de Matemática na escola que trabalhávamos era muito pequeno, mesmo assim, queríamos montar o laboratório. O espaço já tinha sido cedido e a gente estava trabalhando na confecção de materiais, na organização do espaço. Nessa atividade pode-se perceber a transformação da agitação dos alunos para colaboração nessa que iria beneficiar não só a turma deles, mas toda a escola, todo o projeto. Então, foi uma turma assim que mudou, costumávamos dizer que mudou da “água pro vinho”, o que era uma turma muito agitada se tornou uma das turmas mais participativas do nosso projeto, das nossas atividades na escola.

K: Como é que você percebe a contribuição do professor supervisor na sua formação inicial?

H: Eu, graças a Deus, tive a sorte de ter pessoas em que eu podia me espelhar: os supervisores. Nossos coordenadores e o próprio Programa como um todo tem esse cuidado de selecionar professores que também têm essa afinidade com o novo e buscar coisas melhores. O supervisor é fundamental na nossa trajetória, porque de certa forma somos externos à escola, às turmas que ele trabalha. Nós não estamos

na escola todos os dias, ele é quem vivencia todas as turmas todos os dias, ele é quem conhece cada um dos alunos, sabe o ritmo de cada turma, onde é que pode avançar, onde é que devemos esperar. Então, quando planejamos uma atividade e levamos para o supervisor, ele é quem nos guia por onde podemos avançar, se atividade pode ficar sem alteração ou onde precisa melhorar. Ele é quem vai nos conduzindo. É um momento de troca de aprendizado, porque tanto eles como nós estamos tentando levar uma coisa diferente, e o suporte na aula do supervisor e a troca experiência de sala de aula com a gente que está chegando, estudando para ser professor e ir para uma sala de aula futuramente.

K: Você comentou sobre se espelhar no professor. Quais pontos você se espelhou nesses professores?

H: Um dos pontos foi aprender também ouvir o aluno, propiciar espaço para o aluno, ter o cuidado com as atividades que serão executadas, com atividades que não beneficiam, já que trabalhamos com 35, 40 alunos. Então, é uma junção de coisas que o supervisor, o professor, nos passa: a tranquilidade no planejamento, o olhar para turma, nos incentivar nesse caminho, nessas atividades. São esses pontos que podemos citar sobre os nossos supervisores.

K: Como o supervisor incentiva, estimula a caminhar nesta profissão?

H: Eu posso falar pela minha supervisora, ela nos incentiva de modo geral, referindo- se ao tempo que hoje nós trabalhamos, com mais acessibilidade às coisas, com mais oportunidades do que na época de sua jornada de trabalho. Hoje o aluno tem mais acesso a informação, hoje o professor tem mais materiais para trabalhar, não só quadro e giz. Então, ela nos incentiva dizendo que podemos apesar das dificuldades, mas podemos conseguir. Dando continuidade nesse caminho que já está trilhando, sendo um profissional diferenciado. E que as aulas podem melhorar, melhorando a educação no nosso Estado, a educação do Brasil. Sabemos que “uma andorinha só não faz verão”, mas é uma luzinha no fim do túnel e que serve de incentivo pelas pessoas que já estão na educação de 20 a 25 anos.

K: Você sentiu dificuldade para realizar alguma ação/atividade especifica no PIBID? H: Eu senti um pouco de dificuldade quando entrei no projeto, era uma coisa nova para mim quando eu tive que trabalhar diretamente com os alunos. Eu tive que

trabalhar minha timidez, na vivência com os alunos. Então, isso foi um momento de aprendizado, que foi superado. Essa foi uma dificuldade que eu coloco, e que foi superada.

K: Você julga ter sido importante ter passado por essas experiências? Por quê? H: Foi importante sim. Eu considero importante porque, digamos que eu não tivesse passado pelo programa, que eu não tivesse tido o contato com esses alunos, que não tivesse superado essa barreira da timidez há três anos, hoje eu estaria no meu último período da minha graduação, prestes a entrar no mercado de trabalho: como é que seria? Eu iria ter que vencer essa barreira e poderia ser de uma forma, digamos, trágica, sem a vivência nas atividades do projeto. Foi importante porque tive essa experiência e foi antes de ir para o mercado de trabalho.

K: Gostaria que comentasse algo a respeito do PIBID de Matemática como espaço de formação inicial de professores?

H: O Programa como já citei aqui é muito vasto, um Programa que nos incentiva e nos capacita. O licenciando tem a oportunidade de entrar em um programa como esse um licenciando que realmente quer ser professor é uma oportunidade ímpar. Porque é ter certeza de que vai ter um currículo extenso, um currículo que vai além das atividades que são executadas nas escolas, que são planejadas para os nossos alunos, mas que também o PIBID abre a porta para você participar de eventos que envolvem Educação Matemática. Nesses eventos apresentam-se os produtos de nossas atividades e o programa incentiva que você cada vez mais desenvolva atividades e que apresente esses produtos, isso é uma forma de incentivo. Então, não existe um profissional completo, um trabalho acabado acerca de um profissional, seja ele de qual área for. Mas em relação às pessoas que não participam do projeto e as pessoas que participam do projeto, você sai com um currículo pronto para entrar no mercado de trabalho, um currículo vasto é só você saber aproveitar as oportunidades que o Programa oferece.

K: Por que você considera que participar desses eventos contribui para sua formação inicial?

H: No momento que você participa de um evento nacional de Educação Matemática você está partilhando o que você executou, um produto de suas atividades que teve

todo um trabalho, todo um planejamento e execução. E você está adquirindo experiência porque você também está recebendo informações de pessoas que tiveram uma vivência similar com a sua. Em um evento nacional pessoas de toda parte do Brasil participam, então cada região trabalha de certa forma e isso também lhe propícia alicerce, suporte para que você também traga outras atividades novas desses eventos. Então, é uma vivência muito rica participar desses eventos.