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6 NAS ENTRELINHAS DAS VIVÊNCIAS NO CONTEXTO DO PIBID

6.4 O PIBID NO COMPARTILHAMENTO DE EXPERIÊNCIAS

Compartilhar momentos vividos pelo professor proporciona refletir e tomar consciência dessas vivências de forma que, reviver esses momentos permitem gerar discussões acerca do que foi vivenciado. Uma maneira eficiente adotada pelo PIBID é a submissão de trabalhos em eventos, de maneira que, relatam os estudos que fundamentam a atividade, a metodologia, e a experiência a respeito do que foi aplicado situando os pontos positivos e negativos. Percebe-se essa atividade nas colocações dos membros do subprojeto de Matemática.

Oportunidades de apresentação de trabalhos – artigos – em eventos e contato com outras metodologias de ensino, tendo a oportunidade de se capacitar e se atualizar constantemente, e consequente melhoria do próprio currículo também tem sido uma grande contribuição pra formação inicial do licenciando. (SOUSA, 2015)

No momento que você participa de um evento nacional de Educação Matemática você está partilhando o que você executou, um produto de suas atividades que teve todo um trabalho, todo um planejamento e execução. E você está adquirindo experiência porque você também está recebendo informações de pessoas que tiveram uma vivência similar com a sua. (MAIA, 2016)38

Nós tivemos o evento nacional das licenciaturas, aqui em Natal, o 5º ENALIC; evento grandioso com a participação de programas do país inteiro de todas as áreas, e a troca acontecem também nessas instâncias não só internamente, mas elas acontecem também nessa sistemática de rede de colaboração, presente no PIBID como um todo. (PONTES, 2015)

Enquanto eu estava apresentando o trabalho ele apareceu, perguntou e falou que tinha visto o trabalho na programação e que tinha vindo exclusivamente para ver aquele trabalho. Nós tivemos a oportunidade de sentar e conversar como realmente aquela atividade tinha acontecido nos seus mínimos detalhes, porque ele compartilhou comigo que ele tinha uma dificuldade muito grande de utilizar isso nas suas aulas. O objeto do meu trabalho era a utilização da informática na Matemática. (AMARANTE, 2016)

Nóvoa (1999) enfatiza a necessidade de encontrar processos que valorizem a sistematização de experiências vividas pelo próprio professor, para que se torne um conhecimento formalizado e de referência. O professor deve se assumir como produtor de conhecimento. E, este movimento que o PIBID de Matemática faz, de escrever um trabalho sobre a atividade aplicada, e baseada pressuposto teórico- metodológico, torna-se um mecanismo de produção para o que Nóvoa (1999) chama de “saber profissional”.

Além do mais, a participação nesses eventos permite a troca de experiências, e a partilha de saberes consolidam espaços de formação mútua, nos quais cada um é chamado a colocar-se como formador e formando. O diálogo entre professores e futuros professores é de extrema relevância para consolidar saberes da prática profissional.

Outras estratégias utilizadas pelo grupo para compartilhar conhecimentos é trazer para as Reuniões de Estudos o relato de atividades ou reproduzir a aplicação da própria atividade.

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MAIA, Henrique Silvestre. Entrevista concedida a Klêffiton Soares da Cruz. Natal, 16 junho de 2015. A entrevista na íntegra encontra-se textualizada no subcapítulo 5.8.

De forma informal nas reuniões, a partir de depoimentos orais nas reuniões (bolsistas licenciandos e supervisores) em que comentam como é que foi a atividade, fazem um relato breve e aí tentam externar os aspectos positivos e negativos até para compartilhar com os outros bolsistas. (...) Incentiva o próprio aluno ministrar cursos ou minicursos, não só para os próprios bolsistas, mas para outros professores da escola, professores de outras escolas e outros alunos da licenciatura. (SOUSA, 2015)

Uma rotina de apoio entre os colegas em momentos de discussão coletiva sobre as atividades propiciam um compartilhamento de propostas, assim como de experiências. Constata-se que a experiência é valorizada entre os membros do subprojeto por assumirem que é positivo ouvir os relatos dos integrantes do subprojeto, ocorridos na aplicação da atividade.

Existe uma troca muito grande entre os supervisores e os bolsistas e isso é nítido na medida com que as atividades vão se constituindo (PONTES, 2015).

Nós não estamos na escola todos os dias, ele é quem vivencia todas as turmas todos os dias, ele é quem conhece cada um dos alunos, sabe o ritmo de cada turma, onde é que pode avançar, onde é que devemos esperar. Então, quando planejamos uma atividade e levamos para o supervisor, ele é quem nos guia por onde podemos avançar, se atividade pode ficar sem alteração ou onde precisa melhorar. Ele é quem vai nos conduzindo. É um momento de troca de aprendizado, porque tanto eles como nós estamos tentando levar uma coisa diferente, e o suporte na aula do supervisor e a troca experiência de sala de aula com a gente que está chegando, estudando para ser professor e ir para uma sala de aula futuramente (MAIA, 2017).

Esse contato com outras pessoas, ouvindo outras experiências o que deu certo em outras escolas, isso faz com que a gente reflita sobre nossa prática e melhore (GONDIM, 2016).

Momentos de planejamento coletivo de práticas pedagógicas propiciam o compartilhamento de propostas, assim como, de experiências. Já que os licenciandos não estão isolados, existe o acompanhamento dos supervisores, e por sua vez, dos coordenadores sobre o grupo; para “apontar caminhos, fazê-los refletir sobre uma determinada atividade, orientar a prática” (GONDIM, 2016). O que não impede o compartilhamento recíproco, experiências vivenciadas pelo licenciando do Programa são levadas em conta. Compreende-se dessa maneira a partir de colocações dos membros.

Reunimos-nos no dia do planejamento, até porque alguns dos bolsistas sob minha supervisão já foram bolsistas em outras escolas, já tem experiência de discernir o que pode funcionar, o determinado conteúdo que deu certo, a

forma trabalhada na determinada escola, pode estar trazendo e compartilhando (GONDIM, 2016)

Nessa atividade entre outros objetivos estão à valorização da coletividade na construção, as parcerias. Não são atividades pontuais, são atividades planejadas em grupo, construídas em grupos e executadas em grupo. Compreendemos que esse fazer coletivo é extremamente importante na construção do professor de Matemática. São ações formativas no sentido de que precisamos aprender trocar experiência, aprender com o colega, aprender com a comunidade. [...] tivemos algumas boas experiências, de, por exemplo, uma atividade onde dois colegas elaboraram uma oficina sobre o cubo mágico, ensinaram a montar o cubo mágico e fizeram uma exploração matemática. Já temos programado outra oficina que vai ser realizada por outros dois bolsistas, a utilização de xadrez no ensino de Matemática e muitas outras experiências. Então, tentamos ao máximo estimular que eles aprendam juntos. Quem tem uma determinada habilidade quem tem um determinado conhecimento coloque aquilo ali a disposição do grupo como um todo (PONTES, 2015)

É fundamental essa dinâmica de formação, que estimula o diálogo entre professores e futuros professores, pois partilha saberes que consolida em uma formação mútua. A escola, mais uma vez, mostra-se eficiente para formação inicial e pela promoção de atividades nesse espaço. Percebe-se nas falas de alguns membros a dedicação em levar o máximo possível das aprendizagens a partir das experiências, vivenciadas ou no momento em que vão colocar em prática, para os demais da equipe.

[...] quando estou na escola e na sala de aula, tenho muita preocupação do meu fazer porque estou vendo que estou sendo “espelho”; não é que eu tenha que ser impecável, mas eu tento ao máximo me esmerar no meu fazer, porque vai ser uma referência para eles que estão na iniciação à docência. (CARVALHO, 2015)

[...] a partir do momento que eu oriento e estou perto para qualquer coisa que não dê certo, eles vão se sentir mais confiantes, mas ao mesmo tempo eles vão ter a possibilidade de "andar com as próprias pernas". [...] quando estou dando encaminhamentos de como determinada atividade funciona melhor, de como se preparar para determinada atividade, de como lidar em determinada situação com o aluno que é indisciplinado, quais são as possibilidades que a gente tem em sala de aula para fazer determinada atividade. (GONDIM, 2016)

[...] sempre procuro mostrar para eles algumas maneiras de agir em algumas situações, como que é a vivência escolar, sempre tento auxiliar eles no que é possível, discutir sobre algum tema, algum problema que a escola está passando, está precisando resolver, como devemos proceder nessas eventuais situações. (OLIVEIRA, 2015)

Eles têm a liberdade de ministrar uma aula sobre minha supervisão, com isso vou vendo a postura deles também, se eles se identificam, se eles têm uma boa didática, o que eles têm que melhorar, a gente conversa sobre isso também. Como fazer isso, até questões de postura em sala de aula, da

postura visual, a gente também procura passar para eles (NOGUEIRA, 2015)39

Inicialmente eles veem a realidade, vivenciam àquela realidade do dia a dia do aluno, o que nós temos que procurar para motivá-los. Ainda se existe muito disso, procurar motivar esses alunos com atividades diferenciadas. E os futuros professores têm oportunidade de ver o que nós precisamos colocar em prática. O ensino tradicional tem que caminhar junto com o novo. O aluno hoje quer mexer com o computador, quer mexer no celular, então fazemos esse caminho para motivar o aluno dessa maneira. (NOGUEIRA, 2015)

Esta gama de experiências dentro e fora das escolas destaca-se como método de ensino do estudante de graduação, relativas à postura do professor diante as situações imprevistas, relacionamento professor-aluno, motivação dos alunos no processo de aprendizagem. As situações enfrentadas e resolvidas pelos professores apontam características únicas, as quais exigem respostas únicas, então é fundamental lançar um olhar positivo para os saberes de que o professor possui.