• Nenhum resultado encontrado

3.4 HEROÍNAS ANÔNIMAS PEQUENAS BIOGRAFIAS DAS ENTREVISTADAS

3 – A BUSCA DE POSSÍVEIS INTERLOCUÇÕES

3.4 HEROÍNAS ANÔNIMAS PEQUENAS BIOGRAFIAS DAS ENTREVISTADAS

Segue uma pequena apresentação das educadoras entrevistadas nas duas creches. Tal apresentação tem o objetivo de fornecer um breve conhecimento a respeito das particularidades e certas especificidades de suas histórias de vida. A seleção do que fornecer como informação relevante de suas vidas foi feita baseada no recorte da pesquisa e em seus objetivos.

21

As depoentes permitiram o uso de seus nomes verdadeiros, porém optei por usar pseudônimos para preservá-las da identificação.

Educadoras da Creche Área de Saúde (CAS)

Nome da Educadora Formação Escolar Tempo na Instituição

Idade das crianças com que trabalha

Elizabeth Magistério

em curso catorze anos

três anos

Leda

Primeiro Grau incompleto

onze anos um ano

Sofia

Superior em Pedagogia

três anos dois anos

Educadoras da Creche Mãe Luiza (CML)

Nome da Educadora Formação Escolar Tempo na Instituição

Idade das crianças com que trabalha

Carla Magistério

completo nove meses

dois anos Sara Superior trancado na ocasião um ano três anos Valéria Segundo Grau completo

cinco anos um ano

ELIZABETH – Tem quarenta e oito anos de idade, é viúva, tem três filhos, sendo uma mulher e dois homens. Seu neto freqüentou a creche onde trabalha até um ano de idade. Possui o segundo grau completo. Ingressou na CAS por concurso público em 1990, fazendo parte da primeira equipe de trabalho na creche. Possui vivência anterior com crianças, pois trabalhou em orfanato na década de 80, e também tem experiência em creche-empresa na CATI22. Ingressou no Magistério em 2003 por intermédio do convênio Unicamp/Paulínia. Na CAS sua experiência maior é com criança de dois a quatro anos no período da tarde.

22

LEDA – É casada, tem três filhos e quarenta e seis anos de idade. Cursou até a quinta série do Curso Fundamental. Ingressou na CAS em 1992 por indicação de outra funcionária da creche, sendo contratada pelo convênio entre Unicamp e Funcamp23. Sua vivência anterior com criança deu-se por meio de atividades religiosas na Igreja Evangélica que freqüenta há mais de trinta anos. Na CAS, sua experiência mais intensa foi com crianças de um a dois anos no período da tarde. Trabalhou na creche até fevereiro de 2004, sendo demitida por decisão da Unicamp de encerrar o contrato de trabalho das recreacionistas através do convênio Funcamp. Houve um concurso para professor de Educação Infantil e, como ela não tinha o grau de escolaridade exigido, não pôde se inscrever e teve o contrato de trabalho encerrado.

SOFIA – Tem trinta e cinco anos, é solteira, não tem filhos, mora sozinha. Ingressou na CAS como bolsista primeiramente em 2000, permanecendo nessa função por seis meses. Após dois meses de afastamento, foi admitida por contrato temporário de dois anos. Nesse período, concluiu o curso de Pedagogia na Universidade Estadual de Campinas. Sua vivência anterior com criança estava pautada nos cuidados de casa com irmãos e primos menores. Na CAS, sua experiência maior foi com crianças de dois meses e meio a um ano e de dois anos a quatro anos no turno da tarde.

CARLA - Tem vinte e um anos de idade, é solteira, tem um filho de dois anos e dois irmãos mais velhos e um irmão pequeno que chegou no início de sua juventude. Foi por conta do nascimento do irmão que ingressou no Magistério. A mãe ficou em depressão por problemas no final da gestação. Com a chegada da criança, ela assumiu, junto com o pai, o comércio da família e, por esse motivo, teve que estudar à noite. A escola mais próxima que tinha vaga era o Colégio Carlos Gomes24. Como ela já gostava de brincar de professora na infância, conciliou a brincadeira com a necessidade. Ingressou na CML por acaso, também. Sua mãe, ao procurar vaga para o filho, perguntou na instituição se não estavam precisando de professora e a resposta foi que havia vaga para monitora. Daí seu ingresso na instituição.

23

Fundação para o Desenvolvimento da Unicamp.

24

SARA – Não revelou explicitamente a idade. Confessa ter mais de quarenta anos. Tem duas filhas que cursam Pedagogia, uma em universidade pública e outra em universidade privada. Por conta de uma situação particular, ingressou na área da Educação Infantil. Por insistência da filha, que fazia o curso de educadora infantil no Educandário Eurípedes, matriculou-se e concluiu o curso. Na ocasião tinha trancado matrícula no curso de Pedagogia. Ingressou na CML como educadora, em 2003. A experiência anterior com crianças deu-se através das atividades religiosas na Igreja Evangélica. Destacou que tal instituição tinha uma boa organização educacional, com reuniões, planejamentos supervisionados por uma pedagoga, que a instigava a fazer o curso de Pedagogia.

VALÉRIA – É uma jovem que se revelou fascinada por criança desde sua infância. Em companhia de irmãos mais velhos, saía para vender doces e guloseimas na rua e, ao ver uma criança, ficava brincando com ela até que a transação fosse concluída. Abandonou a escola cedo, pois não tinha interesse em continuar estudando e os familiares não se importavam com questões educacionais. No final da adolescência, ao chegar em Campinas, realizou as etapas faltantes da escolarização e concluiu o Curso Médio. Trabalhou no comércio e tem muita facilidade com números (talvez pelo raciocínio despertado desde cedo pelas andanças com os irmãos na venda das guloseimas). Ocupou postos de trabalho no comércio, como operadora , fiscal de caixa e tesoureira, mas sua paixão por crianças a fez matricular-se no curso de Educadoras de Creche, promovido pelo Educandário Eurípides, ingressando posteriormente na creche. Pretende, em 2006, ingressar na faculdade. Para tanto está freqüentando aulas no curso pré-vestibular, incentivada pela equipe técnica da CML.

No capítulo seguinte, apresento as duas instituições dentro do contexto educacional infantil no município de Campinas e procuro avançar na análise comparativa proposta por este estudo. A partir disso, trago os depoimentos das educadoras para refletir sobre suas práticas cotidianas e seu processo de formação em serviço.