• Nenhum resultado encontrado

Algoritmos clássicos para identificação de árvore geradora de custo mínimo, a exemplo de Prim (PRIM, 1957) e Kruskal (KRUSKAL, 1956), já foram bastante empregados na resolução de diversos problemas relacionados às redes. Entretanto, o comportamento desses algoritmos para problemas mais complexos e redes de grande escala pode ocasionar buscas tendenciosas

1 2 3 4 5 6 9 8 7

1

3

2

a b c d e f g h i j l m n

a

cd

e

h

i

gj

40

que priorizam as configurações menos ramificadas/dispersas/esparsas/disseminadas e, portanto, com ramais mais longos. É importante comentar que as configurações com ramais muito longos podem ser tecnicamente inviáveis ou mesmo mais vulneráveis às prováveis faltas, ampliando inclusive os efeitos de uma falta para uma área mais abrangente o que afetaria maior número de cargas.

3.8.1 Detecção de Ciclos

A detecção dos ciclos fundamentais (MENDOZA et al., 2006; BRAZ e SOUZA, 2011; SWARNKAR

et al., 2011) faz parte de um pré-processamento que leva à simplificação tanto da codificação

das soluções quanto à redução da complexidade dos operadores genéticos projetados para o AE. Apesar de mais complexa do que o esquema de representação binária convencional, a detecção de ciclos quando obtém êxito supera em desempenho outros esquemas aplicados ao problema de reconfiguração de sistemas de distribuição radiais. A heurística de detecção de ciclos fundamentais é explicada a seguir em cinco passos (REIS et al., 2012), sendo estes repetidos até que todos os supernós tenham sido sondados:

1) Cômputo das distâncias de cada supernó ao supernó da subestação (NPP) que

corresponderá à raiz da árvore. Os supernós vizinhos imediatos do NPP recebem um valor de distância igual a 1. Os supernós vizinhos aos vizinhos do NPP têm distância igual a 2 e, assim por diante, em um procedimento de sondagem que segue o padrão da busca em largura (BFS).

2) Determinação do(s) máximo(s) absoluto(s). Se existir um supernó com conectividade igual

ou maior do que 2, e sua distância for maior do que a de todos os seus vizinhos que já tenham suas respectivas distâncias definidas, então esse supernó é um máximo absoluto. Essa verificação é feita de forma concomitante à atribuição das distâncias aos supernós do grafo. Nesta etapa, duas situações podem ocorrer (Figura 3.6): um supernó ter a maior distância dentre todos os vizinhos ou um grupo de supernós ter distâncias idênticas, sendo esta a maior distância em relação aos demais vizinhos. Um ou dois máximos formarão o que se denomina a base de um ciclo.

3) Realização do percurso reverso a partir do(s) máximo(s) encontrado(s) no passo anterior.

Cada ciclo a ser detectado deve obrigatoriamente conter a base do ciclo. Durante esse procedimento, as distâncias relativas dos supernós em relação a esse(s) máximo(s) são calculadas de forma similar àquela realizada no Passo 1. Ao menos dois caminhos são sondados simultaneamente e cada um deles é identificado por um rótulo exclusivo.

4) Identificação do ciclo formado. Ao percorrer os dois caminhos descritos no Passo 4 na

direção do NPP (direção reversa), estes se encontrarão em algum supernó comum situado mais próximo do NPP. É possível ainda que haja pequenos ciclos ao longo de uma das duas sondagens reversas. Neste caso, o supernó associado à conjunção será ignorado, uma vez que tenha sido alcançado por sondagens de mesmo rótulo. A sondagem deverá então prosseguir para o próximo supernó ascendente. A partir da detecção do ciclo, o histórico de superarestas visitadas é recuperado para ambos os caminhos.

41

(a) (b)

Figura 3.6 – Casos em que ciclos do supergrafo apresentam (a) único máximo ou (b) vários máximos. Nas duas situações mencionadas no Passo 2, percebe-se que a presença de vizinhos em torno de um máximo indica que este é base para ciclos. Se há dois máximos, dois caminhos podem ser obtidos a partir de cada máximo percorrendo-se os supernós nas direções em que as distâncias absolutas decrescem monotonicamente. No procedimento de detecção dos ciclos, podem ser necessárias sondagens complementares para se identificar todos os ciclos fundamentais, visto que o procedimento descrito acima pode falhar para algumas estruturas de grafos mais complexas. Enquanto houver problemas na detecção de todos os ciclos, novas tentativas são realizadas com relaxação de restrições grafológicas. As restrições admitidas durante as sondagens são: (i) qualquer superaresta do grafo deve pertencer a não mais do que dois ciclos; (ii) ao se percorrer o caminho reverso, supernós vizinhos com distância absoluta igual ou superior à do máximo são desconsiderados; (iii) o próximo supernó adjacente a ser visitado durante a realização do percurso descrito no Passo 3 deve ter distância absoluta sempre menor do que o supernó atual.

Considerando o supergrafo mostrado na Figura 3.5(b), é possível identificar os seguintes ciclos fundamentais: (I) superarestas {a,cd, e}, (II) superarestas {h, cd, i} e (III) superarestas {e, gj, i}. São necessariamente três ciclos fundamentais, porém a sequência das superarestas para cada um deles pode variar. Assim, não há um conjunto único de ciclos fundamentais associados a um sistema. Na Figura 3.5(b), nota-se que há superarestas comuns entre dois ciclos adjacentes como, por exemplo, a superaresta cd, presente nos ciclos I e II. Para a configuração radial final representada pelo GES, cada superaresta admitida como fechada deverá ter somente uma aresta de seu conjunto incluída no GES.

3.8.2 Diagrama de Ciclos

O Diagrama de Ciclos (DC) é um modo de representação conciso, similar a um grafo, que retrata a interdependência entre os ciclos fundamentais detectados previamente. Nele, cada nó corresponde a um dos ciclos identificados pela Heurística de Detecção de Ciclos Fundamentais (HCF), e cada aresta entre pares de nós representa superarestas do supergrafo que são compartilhadas entre dois ciclos. Com o DC, a eliminação dos ciclos detectados e a análise de configurações radiais tornam-se procedimentos computacionais bastante simplificados. A Figura 3.7(a) exibe o DC equivalente ao supergrafo mostrado na Figura 3.5(a), onde a existência do compartilhamento da superaresta cd pelos ciclos I e II é notada. Verifica- se também no DC, entre os ciclos I e III, o compartilhamento da aresta e, e entre os ciclos II e III, que a aresta i é compartilhada. O DC completo é representado pelo grafo não-direcionado (Figura 3.7(a)) e ele reúne todas as possibilidades para o supergrafo equivalente. Se uma

máximo mínimo Vizinho 1 Vizinho 2 Vizinho 3 Vizinho 4 Laço 2-3 Laço 1-2 Laço 3-4 máximos Vizinho 1 Vizinho 2 Vizinho 3 Vizinho 4 Laço com máximo 5 Laço com máximo 6 Laço com máximos 5 e 6 3’

42

configuração radial particular é representada, o DC torna-se um grafo direcionado que pode corresponder a uma configuração radial (Figura 3.7(b)) ou não radial (Figura 3.7(c)).

(a) (b)

(c)

Figura 3.7 – (a) Diagrama de ciclos. (b) Exemplo de configuração factível derivada do DC cujos genes são [a,cd,i]. (c) Exemplo de configuração infactível derivada do DC cujos genes são [cd,e,i].

A auto-referência mostrada na Figura 3.7(b) indica que uma superaresta não-compartilhada entre ciclos, ou dita exclusiva, foi uma dentre as escolhidas. Neste caso, a superaresta a. Portanto, para se criar uma configuração, uma superaresta em cada ciclo deve ser escolhida, seja ela exclusiva ou compartilhada. Se uma superaresta compartilhada é escolhida, então será definida no DC uma aresta orientada entre os ciclos envolvidos cujo sentido reflete a dependência entre os mesmos. Após arestas e superarestas terem sido escolhidas, a configuração resultante será radial caso não se tenha gerado um ciclo de dependências no DC. Já as auto-referências, simbolizadas por laços, podem existir e não significam necessariamente uma infactibilidade topológica. Nesse sentido, a Figura 3.7(b) retrata uma configuração radial, uma vez que não foi formado ciclo. Em termos computacionais, a detecção é facilitada pelo direcionamento existente no grafo. Por outro lado, uma configuração não radial é ilustrada na Figura 3.7(c), onde se percebe a existência de um ciclo definido pelo sentido das setas.