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Hipótese 1: A utilização de prompts altera o comportamento de dar descarga 51

7.1 Método 49

7.2.1 Hipótese 1: A utilização de prompts altera o comportamento de dar descarga 51

São apresentados a seguir os resultados que buscam verificar a primeira hipótese do estudo, utilizar ou não a descarga na cabine e o comportamento masculino de dar descarga no mictório e na cabine.

Utilizar ou não a descarga na cabine Para verificar a influência das variáveis antecedentes no comportamento de dar descarga realizou-se duas regressões logísticas. O primeiro modelo foi utilizado para a comparação com os resultados do Estudo 1. O segundo modelo foi utilizado para investigar as hipóteses do presente estudo.

O primeiro modelo se refere às análises feitas com todos os participantes do estudo. A Tabela 7.2.1.1 mostra as variáveis antecedentes consideradas conjuntamente no modelo de regressão logística. A variável que se apresentou como preditora do comportamento de dar descarga foi o gênero (B = -2,67; Wald = 62,68; p <0,00). Verificou- se pela razão de chances que o impacto observado para a variável gênero (OR = -0,66;

IC 95% = 0,33-0,13) é significativo estatisticamente. A interpretação desse resultado deve se basear nos valores atribuídos para os tipos de banheiros na regressão. O banheiro masculino recebeu o valor “0”, enquanto que o banheiro feminino recebeu o valor “1”. Dessa forma, ser usuário do banheiro masculino diminui as chances de dar descarga em 34%.

Avaliando a adequação do modelo, o valor inicial do modelo vazio foi de 417,32. Verificou-se que com a introdução das variáveis antecedentes no modelo o valor diminuiu para 324,80. O modelo de predição explica entre 20 e 30% da variância do comportamento de dar descarga e indica que os preditores, como descritos, diferenciam quem dá e quem não dá descarga (Omnibus, χ²gl = 8, N = 431 = 92,52; p < 0, 000). O modelo

foi capaz de classificar corretamente com uma taxa de 82%, sendo capaz de classificar corretamente quem utiliza a descarga em 96,5%, mas não sendo capaz de predizer quem não dá descarga por ter um percentual de apenas 19,5% de predição correta.

Tabela 7.2.1.1. Regressão logística predizendo o comportamento de dar descarga a partir das variáveis gênero, prompt (cordial ou neutro), quantidade de pessoas antes e depois da entrada na cabine ou mictório, presença ou ausência dos suprimentos (sabão, papel toalha e papel higiênico) e fase experimental (linha de base e

intervenção).

Variáveis B Wald Gl P Exp(B) IC 95%

Baixo Alto Nº Pessoas antes -0,14 0,57 1 0,449 0,87 0,61 1,24 Nº Pessoas depois 0,04 0,05 1 0,826 1,04 0,74 1,47 Interação social -0,50 0,87 1 0,351 0,61 0,21 1,73 Gênero -2,67 62,68 1 0,000 0,07 0,04 0,13 Suprimentos -0,30 0,94 1 0,333 0,74 0,40 1,36 Prompt 0,35 1,32 1 0,250 1,42 0,78 2,60 F.Experimental -0,03 0,01 1 0,927 0,97 0,54 1,74 Constante 3,00 45,10 1 0,000 20,17

Pode-se concluir, comparando as Tabelas 6.2.1.1 (Estudo 1) e 7.2.1.1, que a intervenção dos prompts teve impacto sobre a variável interação social expressa, que deixou de ser preditora do comportamento de dar

descarga. O gênero continuou como variável preditora, sugerindo que as mulheres têm mais chances de dar descarga que os homens. A Tabela 7.2.1.2 esclarece o resultado da regressão logística, mostrando que 268 (94%)

mulheres utilizam a descarga, enquanto que, apenas 78 (54%) homens a utilizaram.

Tabela 7.2.1.2. Descrição das variáveis antecedentes em relação à média da quantidade de pessoas antes e depois do usuário sair da cabine ou mictório, frequência da interação social, gênero, suprimentos, prompt (cordial e neutro) e fase experimental (linha de base e intervenção) em função do comportamento de dar descarga.

Variáveis Dar descarga Antecedentes Sim Não Total Nº Pessoas antes   1,01 0,88 0,99 Nº Pessoas depois   1,29 1 1,23

Interação social Sim 41 6 47 Não 305 79 384 Gênero Fem. 268 18 286 Masc. 78 67 145 Suprimentos Sim 238 54 292 Não 108 28 136 Prompt Cordial 200 57 257 Neutro 146 28 174

Fase Experimental L. de base 177 34 211 Intervenção 169 51 220

O segundo modelo analisou apenas os participantes que utilizaram a descarga na cabine. Os resultados são apresentados na Tabela 7.2.1.3, que mostra as variáveis antecedentes consideradas conjuntamente no modelo de regressão logística. As variáveis que se apresentaram como preditoras do comportamento de dar descarga foram a quantidade de pessoas presentes assim que o usuário saiu da cabine (B = 0,44; Wald = 3,76; p <0,052) e o gênero (B = -1,82; Wald = 20,49; p <0,00).

Verificou-se pela razão de chances que o maior impacto foi da variável referente à quantidade de pessoas depois que o usuário sai da cabine (OR = 1,55; IC 95% = 1,00 - 2,41). O aumento de 1 ponto na quantidade de pessoas logo após a saída da cabine aumenta as chances em 55% no comportamento de dar descarga (Hair et al., 2009). A razão de chances para a variável gênero (OR = 0,16;

IC 95% = 0,07 - 0,36) deve ser analisada em função dos valores que cada gênero recebeu na regressão logística. Aos banheiros femininos foi atribuído o valor “0”, enquanto que os banheiros masculinos receberam o valor “1”. Deve-se inverter a interpretação da razão de chances para entender o resultado. Pertencer ao gênero masculino diminui em 84% a chance de dar descarga.

O valor inicial do modelo vazio foi de 251,159. Verificou-se que com a introdução das variáveis antecedentes no modelo o valor diminuiu para 218,631. O modelo de predição explica entre oito e 17% da variância do comportamento de dar descarga e indica que os preditores, como descritos, diferenciam quem dá a descarga e quem não dá descarga (Omnibus, χ²gl = 8, N = 362 = 32,53; p < 0, 000).

O modelo foi capaz de classificar corretamente, com uma taxa de 88,9%, sendo capaz de classificar corretamente quem lava as mãos em 100%, mas não é capaz de predizer quem não lava as mãos.

Comparando os resultados da Tabela 7.2.1.1 com os resultados da Tabela 7.2.1.3 o gênero feminino continua sendo preditor do comportamento de dar descarga. Por sua vez, o gênero masculino tende a ser preditor do comportamento de não dar descarga, mesmo que apenas se limitando a avaliar a utilização da cabine, dispositivo que é semelhante ao banheiro feminino.

Dar descarga na cabine está associada também à presença de outras pessoas no banheiro. Quando se investiga apenas os usuários da cabine, a presença de pessoas depois da utilização da cabine parece predispor a uma maior frequência em dar descarga na cabine. Além disso, o efeito da variável gênero aumenta, quando se investiga apenas quem utilizou a cabine, sendo esse aumento de 34% para 84% na razão das chances em não dar descarga no banheiro masculino.

Estudo 2: Experimento 53

Tabela 7.2.1.3. Regressão logística predizendo o comportamento de dar descarga com os participantes que utilizaram a cabine a partir das variáveis gênero, prompt, quantidade de pessoas antes e depois da entrada na cabine, interação social, presença ou ausência dos suprimentos (sabão, papel toalha e papel higiênico) e fase experimental (linha de base e intervenção).

Variáveis B Wald GL P Exp(B) IC 95%

Baixo Alto Nº Pessoas antes -,26 1,53 1 ,217 ,77 ,52 1,16 Nº Pessoas depois ,44 3,76 1 ,052 1,55 1,00 2,41 Interação social -,78 2,16 1 ,142 ,46 ,16 1,30 Gênero -1,82 20,49 1 ,000 ,16 ,07 ,36 Suprimentos -,25 ,41 1 ,523 ,78 ,36 1,68 Prompt ,46 1,38 1 ,240 1,59 ,73 3,46 F.Experimental ,28 ,59 1 ,443 1,33 ,64 2,75 Constante 2,47 24,01 1 ,000 11,81

O comportamento masculino de dar descarga no mictório e na cabine

Esta análise verificou a influência das variáveis antecedentes no comportamento de dar descarga do mictório e da cabine para a amostra masculina. O uso da descarga no mictório foi considerado como um comportamento do ambiente privado, como é o uso da descarga na cabine.

O modelo de regressão logística analisou apenas os participantes homens para o comportamento de dar descarga para comparar o efeito da localização da descarga. Os resultados são apresentados na Tabela 7.2.1.4, que mostra as variáveis antecedentes consideradas conjuntamente no modelo de regressão logística. A variável que se apresentou como preditora do comportamento de dar descarga foi a localização da descarga (B = 1,67; Wald = 17,40; p < 0,00). Verificou-se, pela razão de chances, que o impacto da variável referente à localização da descarga, se no mictório ou na cabine (OR = 5,31; IC 95% = 2,42 - 11,63), seguiu a seguinte razão, dar descarga na cabine aumenta as chances em 431% no comportamento de dar descarga (Hair et al., 2009). Quando todas as outras variáveis estão constantes, dar descarga na cabine indica um aumento em torno de 5 vezes nas chances do sujeito ser classificado no grupo que utiliza a descarga.

Avaliando o modelo, o valor inicial do modelo vazio foi de 194,267. Verificou-se que, com a introdução das variáveis antecedentes no modelo, o valor diminuiu para 168,621. O modelo de predição explica entre 17% e 22% da variância do comportamento de dar descarga e indica que os preditores, como descritos, diferenciam quem utiliza a descarga e quem não a utiliza entre os homens (Omnibus, χ²gl = 7, N = 145 = 25,646; p < 0, 001).

O modelo foi capaz de classificar corretamente com uma taxa de 69,5%, sendo capaz de classificar corretamente quem utiliza a descarga em 73% e sendo capaz de predizer quem não utiliza a descarga com um percentual de 66% de predição correta. O modelo teve um bom ajuste aos dados, o que confirma que a variável localização da descarga, cabine ou mictório, tenha efeito sobre o comportamento de dar descarga para os homens. Das variáveis antecedentes esta foi a única que se mostrou estatisticamente significativa.

Foi testado o modelo que prediz o comportamento de lavar as mãos dos homens que utilizaram o mictório. No entanto, o poder preditivo do modelo se mostrou fraco (Omnibus, χ² gl = 6, N = 67 = 2,82; p < 0, 831) e

nenhuma das variáveis antecedentes se mostrou preditora. Pode-se concluir a respeito do comportamento de dar descarga ao se observar, na Tabela 7.2.1.2, que a frequência diminuiu entre a linha de base n = 177 (84%)

e a intervenção n = 169 (77%) e que o comportamento de não dar descarga aumentou entre a linha de base n = 34 (16%) e a intervenção n = 51 (23%). No entanto, essa alteração não foi suficiente para que a variável fase experimental fosse estatisticamente significativa no modelo de regressão logística

(Tabelas 7.2.1.1 , 7.2.1.3 e 7.2.1.4). Sobre a efetividade dos dois tipos de prompts utilizados, cordial e neutro, os dados da Tabela 6.2.2.2 mostram que a frequência foi maior na condição neutra n = 146 (84%) que na condição cordial n = 200 (77%).

Tabela 7.2.1.4. Regressão logística predizendo o comportamento de dar descarga na cabine e no mictório com os participantes masculinos a partir das variáveis prompt (cordial ou neutro), quantidade de pessoas antes e depois da entrada na cabine, presença ou ausência dos suprimentos (sabão, papel-toalha e papel higiênico), fase experimental (linha de base e intervenção) e local de dar descarga (cabine ou mictório).

Variáveis B Wald GL P Exp(B) IC 95%

Baixo Alto Nº Pessoas antes -0,11 0,13 1 0,717 0,90 0,50 1,61 Nº Pessoas depois -0,16 0,27 1 0,601 0,85 0,47 1,55 Interação social 0,01 0,00 1 0,994 1,01 0,08 12,48 Suprimentos 0,18 0,18 1 0,667 1,20 0,53 2,69 Prompt 0,54 1,61 1 0,205 1,72 0,75 3,95 F.Experimental -0,27 0,45 1 0,504 0,76 0,34 1,70 Cabine/Mictório 1,67 17,40 1 0,000 5,31 2,42 11,63 Constante -0,62 1,32 1 0,251 0,54

Foi testado o modelo que prediz o comportamento de lavar as mãos dos homens que utilizaram o mictório. No entanto, o poder preditivo do modelo se mostrou fraco (Omnibus, χ² gl = 6, N = 67 = 2,82; p < 0, 831) e

nenhuma das variáveis antecedentes se mostrou preditora. Pode-se concluir a respeito do comportamento de dar descarga ao se observar, na Tabela 7.2.1.2, que a frequência diminuiu entre a linha de base n =177 (84%) e a intervenção n =169 (77%) e que o comportamento de não dar descarga aumentou entre a linha de base n = 34 (16%) e a intervenção n = 51 (23%). No entanto, essa alteração não foi suficiente para que a variável fase experimental fosse estatisticamente significativa no modelo de regressão logística (Tabelas 7.2.1.1 , 7.2.1.3 e 7.2.1.4). Sobre a efetividade dos dois tipos de prompts utilizados, cordial e neutro, os dados da Tabela 6.2.2.2 mostram que a frequência foi maior na condição neutra n = 146 (84%) que na condição cordial n = 200 (77%).

Apesar de, em nenhum dos modelos de regressão logística testados, a variável prompt ter sido estatisticamente significativa para o comportamento de dar descarga, deve-se ressaltar, no entanto, que descarga na cabine está associada também à presença de outras pessoas no banheiro e ao gênero (Tabelas 7.2.1.1 e 7.2.1.3). O gênero feminino foi preditor do comportamento de dar descarga e o gênero masculino foi preditor do comportamento de não dar descarga. Quando comparados os banheiros feminino e masculino apenas em relação à utilização da cabine, a presença de pessoas depois que o usuário saiu da cabine também foi preditora do comportamento de dar descarga (Tabela 7.2.1.3).

Analisou-se, também, o item mictório, que pode tanto ser considerado da área pública como um item do privado (Tabela 7.2.1.4). Quando analisado o comportamento de dar descarga na cabine e no mictório, tratando como se fossem dois comportamentos da área privada, o preditor encontrado foi a

Estudo 2: Experimento 55

localização da descarga. Quem utiliza a descarga na cabine, tem maior chance de pertencer ao grupo dos que dão descarga, enquanto que, quem usa no mictório tem maior chance de não dar descarga (Tabela 7.2.1.4).

7.2.2 Hipótese 2: A utilização de prompts altera o