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APÊNDICE X – Ciclo Ensino e Aprendizagem: material escrito disponibilizado

3.12 HIPÓTESES

3.12.2 Hipóteses secundárias:

a.1) Os sujeitos, independentemente da categorização da competência leitora – medida pelo desempenho nas ULs –, produzirão sínteses de maior qualidade, revelando melhoria de sua compreensão leitora, após o PEA.

a.2) Após o PEA, os sujeitos demonstrarão um desempenho melhor de sua compreensão em leitura na síntese elaborada para o texto sem pseudopalavras.

a.3) Os sujeitos que mais tempo empregarão na realização da tarefa de textos com pseudopalavras, desenvolverão sínteses de menor qualidade, tanto antes quanto depois do PEA. a.4) Os sujeitos valer-se-ão com mais frequência das estratégias

contextual e morfológica diante das pseudopalavras após a intervenção.

a.5) Os sujeitos valer-se-ão com mais frequência das estratégias contextual e morfológica diante das palavras registradas após a intervenção.

a.6) Os sujeitos utilizarão o dicionário num menor número de palavras registradas após a intervenção.

a.7) Os sujeitos utilizarão o dicionário num menor número de pseudopalavras após a intervenção.

a.8) Há uma correlação entre as variáveis (a) desempenho no teste de leitura, (b) síntese de leitura, (c) número utilizado de estratégias contextual e morfológica, (d) número de consultas ao dicionário e (e) tempo empregado para a leitura, no pré-teste e no pós-teste.

3.13 QUESTÕES

Considerando-se o design metodológico desta pesquisa, colocam- se as seguintes perguntas:

a. Há coerência entre as respostas dos sujeitos em relação: a) ao tempo dedicado para a leitura; b) a diversas atitudes e comportamentos relativos à leitura; c) a autoavaliação de seu processo de compreensão em leitura?

a.1) Há correlações entre o tempo empregado para a leitura por prazer e as atitudes e comportamentos que os sujeitos afirmam ter em relação à leitura?

a.2) Há coerência no grau de concordância entre as atitudes e comportamentos que os sujeitos afirmam ter em sua relação com a leitura?

a.3) Que materiais os sujeitos mais leem por sua escolha? a.4) Qual a percepção dos sujeitos sobre o seu processo de

compreensão leitora?

a.5) De que forma(s) os dados dos Think Aloud Protocols ampliam a compreensão dos mecanismos subjacentes aos dados coletados, i.e., o desempenho nas Unidades de Leitura, o desempenho nas Sínteses nas tarefas de leitura, o uso de estratégias de conhecimento lexical, o uso de dicionário e o tempo empregado para a realização da tarefa?

No intuito de responder às perguntas de pesquisa e confirmar ou rejeitar as hipóteses levantadas, foram escolhidos os métodos mistos – triangulação e aninhamento – por se julgar que a perspectiva de diálogo entre os dados enriquecerão a análise neste trabalho. Por isso, na perspectiva de complementaridade, os dados foram coletados, analisados e cruzados, a fim de se identificarem convergências e divergências nas análises de natureza quantitativa e qualitativa. Pretende-se pormenorizar essa discussão na próxima seção.

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

A seção anterior foi dedicada à apresentação da metodologia, em que se procurou detalhar as etapas percorridas para a elaboração e aplicação dos diferentes instrumentos que integraram os ciclos desta pesquisa. Nesta seção, voltar-se-á a atenção para a análise e discussão dos dados obtidos em cada um dos ciclos. Inicialmente, trabalhar-se-á com os dados do ciclo um, ou seja, os dados dos questionários e da ULs, etapa na qual trinta e um sujeitos participaram efetivamente. A partir da análise da competência leitora dos participantes, passar-se-á para a análise dos dados coletados nos ciclos dois e quatro, realizados antes e depois do PEA, respectivamente, com tarefas de leitura no

Translog. A análise dos dados desses ciclos está subdividida em

cinco aspectos: a avaliação dos especialistas das sínteses elaboradas; o emprego das estratégias contextual e morfológica; o uso do dicionário; o tempo utilizado para a leitura; a análise geral dos TAPs. Cada um desses aspectos foi analisado de acordo com suas peculiaridades. Assim, analisaram-se os dados, sempre que possível, de forma qualitativa e quantitativa, visando ao diálogo entre essas abordagens.

4.1 PARTICIPANTES: QUEM FORAM

Os participantes, desta pesquisa, conforme se mencionou na seção 3.1, foram trinta e cinco alunos do primeiro ano de um dos cursos da Área das Ciências Humanas e Sociais de uma universidade do Oeste de Santa Catarina. Diante das falhas por ausência às aulas e, portanto, em razão de lacunas nas etapas da coleta de dados, apenas trinta e um tomaram parte no ciclo um da pesquisa. Desse contingente, 45% eram mulheres jovens e 55% homens jovens, com média de idade de 19,4 anos e todos solteiros.

Além das atividades acadêmicas, 67,74% deles integravam o mercado de trabalho e 32,26% estavam procurando emprego. No Gráfico 2, mostra-se a distribuição do tempo dos participantes para o trabalho, no momento da coleta.

Gráfico 2 – Os participantes e o trabalho: tempo diário Fonte: a autora.

Todos eles tiveram a oportunidade de participar do ciclo 3; contudo, a participação nos ciclos 2 e 4 foi limitada a um grupo de onze sujeitos que foram convidados com base no seu desempenho no ciclo 1 (veja seções 3.2.2.3.3 e 4.3.3 para detalhamento). Importa, ainda, observar que, embora muitas pesquisas optem pela subdivisão dos participantes de acordo com seu desempenho, para o tratamento estatístico dos dados, este estudo optou por não adotar essa medida, em virtude do reduzido número de sujeitos.

4.2 QUESTIONÁRIOS

Conforme se expôs na seção 2, deste trabalho, com base nos dados gerados no primeiro ciclo, procurou-se conhecer melhor os sujeitos e a sua relação com a leitura. Diferentes aspectos foram observados ao se realizar o cruzamento dos dados, pois se desejava saber não só o que os sujeitos pensavam a respeito da leitura, mas também se suas respostas seriam consistentes e coerentes. Buscou-se, então, conhecer esses dois aspectos – a consistência e a coerência – por meio de diferentes perguntas, que focaram aspectos da leitura muito próximos ou, até mesmo, opostos. Por exemplo, a ST18Q01 buscou saber quanto tempo os sujeitos empregavam em leitura por prazer e a ST19Q01, numa de suas asserções, enfocou a leitura por obrigação (veja Apêndice C).

Assim, o resultado esperado para o cruzamento dessas duas questões, por exemplo, era um coeficiente de correlação negativo moderado a forte e significativo. Afinal, esperava-se que os participantes que tivessem afirmado não ler por prazer também concordassem mais com a afirmação de que só leem se forem obrigados, indicando, assim, consistência e coerência entre suas respostas.

Importa ressaltar que nem todos os dados coletados nos questionários entrarão nessa análise, em virtude do grande número de informações levantado. Selecionaram-se algumas – ST18Q01;

ST19Q01-Q09; ST21Q01; ST22Q01; ST30Q05-Q011 – que

contribuirão para as respostas às perguntas elaboradas e à compreensão deste estudo. Os demais dados serão abordados em futuros trabalhos, alguns em andamento, e.g., Finger-Kratochvil (em preparação).

4.2.1 Tempo de leitura por prazer e atitudes e posicionamentos referentes à leitura

Em questão específica, ST18Q01, sondaram-se os sujeitos a respeito do tempo investido, diariamente, em leitura por prazer, pois, diante da jornada de atividades profissionais e acadêmicas (veja seção 4.1), acreditava-se que pouco tempo lhes restaria para investir em leituras por opção e desejo. Os resultados obtidos, apresentados no Gráfico 3, são intrigantes.

Gráfico 3 – ST18: Tempo diário investido em leitura por prazer Fonte:a autora.

Caso se considere a rotina dos sujeitos com trabalho em tempo integral (entre oito e nove horas diárias) e a assistência às aulas (outras quatro horas), poder-se-ia afirmar que a leitura por prazer, dificilmente, teria espaço no dia-a-dia de 54,83% dos sujeitos. Os demais, perante uma carga parcial de trabalho, ou ainda procurando trabalho, poderiam investir algum tempo lendo por fruição. O dado intrigante, entretanto, foi o percentual de 83,87% que sinalizaram investir algum tempo, todos os dias, para ler pelo desejo de ler, conforme se visualiza no Gráfico 3. Para um trabalho de pesquisa como este, não há outra maneira viável de se verificar se, de fato, os sujeitos se dedicam, diariamente, à leitura por prazer que não o próprio testemunho dado a esse respeito. Assim, considerando esses percentuais verdadeiros, constatou-se que os participantes afirmaram dedicar tempo para a leitura, no seu cotidiano, maior do que o esperado, pois apenas 16,12% declararam não ler por prazer, sem se saber quais seriam as razões. Contudo, caso se avaliem aqueles resultados como superestimados, pode-se perceber que, ao menos, ideologicamente, a leitura conquistou espaço na rotina dos participantes, fazendo com que acreditem investir, todos os dias, tempo para a realização dessa atividade.

Prosseguindo com a análise do questionário, fez-se o cruzamento dos dados das questões ST18 e ST19, pois se esperava encontrar ligações entre o tempo que os participantes afirmavam empregar para a leitura e atitudes e posicionamentos relativos a ela. Por exemplo, quanto menos tempo os participantes tivessem afirmado que empregavam na leitura por prazer, mais se esperava que concordassem que eles só leem por obrigação. Nesse caso, ter-se-ia uma correlação negativa moderada a forte, e esperava-se que fosse significativa. A maioria dos coeficientes encontrados sugere a existência dessa correlação. A Tabela 3, a seguir, mostra o coeficiente de correlação de Spearman (rho) e os valores de p entre as questões, que serão discutidos na sequência.

Tabela 3 – Coeficientes de correlação de Spearman e valores p para leitura por prazer e atitudes e posicionamentos em relação à leitura

(continua)

ST19 rho (ρ) p

Q1. Eu leio somente se sou obrigado(a). -0,536** 0,002

Q2. A leitura é um dos meus hobbies (passatempos favoritos).

0,616** < 0,001

Q3. Eu gosto de conversar sobre livros com outras pessoas.

0,593** < 0,001

Q4. Eu acho difícil terminar livros. -0,508** 0,004

Q5. Sinto-me feliz quando recebo livros como presente.

Tabela 3 – Coeficientes de correlação de Spearman e valores p para leitura por prazer e atitudes e posicionamentos em relação à leitura

(conclusão)

ST19 rho (ρ) p

Q6. Para mim, ler é uma perda de tempo. -0,185 0,329

Q7. Eu aprecio ir a uma livraria ou a uma biblioteca.

0,497 0,004

Q8. Eu leio somente para extrair a informação de que eu preciso.

-0,426* 0,017

Q9. Eu não consigo me sentar e ficar parado(a) e ler mais do que por alguns minutos.

-0,654** 0,001

Fonte: a autora. Nota: * p < 0,05. ** p < 0,01.

De forma geral, ao se observar a Tabela 3, verificam-se correlações moderadas e significativas entre as asserções a respeito da leitura e o tempo dedicado a essa atividade por prazer, com exceção da Q6. Esses resultados revelam que, quanto mais tempo o sujeito afirma ler por prazer, coerentemente, ele concorda mais, ou menos com as asserções dispostas na Tabela 3, gerando correlações positivas ou negativas. Observe-se uma a uma.

O tempo para ler por prazer apresentou uma correlação moderada negativa e significativa com a Q1, i.e., leitura por obrigação. Assim, quanto mais tempo o participante afirmou ler por prazer, menos ele concordou com a asserção em Q1. Contudo, em Q2, Q3, Q5 e Q7, verificaram-se correlações positivas moderadas, todas significativas. Esses dados parecem indicar que quem lê por prazer associa à leitura atitudes e posicionamentos positivos. Veja que, em Q4, Q8 e Q9, foram encontradas outras correlações moderadas negativas, também significativas. Desse grupo, a Q9 chamou a atenção, pois mostrou que quanto mais tempo os sujeitos empregaram na leitura por prazer, menos eles concordaram com a dificuldade de parar para ler, calmamente, por tempo mais longo que alguns minutos. Os coeficientes de correlação parecem revelar que o ter prazer na leitura está atrelado a várias outras experiências positivas com o ato de ler,

e.g., gostar de conversar sobre livros, considerar livros um bom

presente, ter conseguido começar e terminar a leitura de uma obra, mostrando também que essa relação é uma construção marcada por sucessos (ou frustrações).

4.2.2 Coerência entre posicionamentos e atitudes em relação à leitura

Verificar a existência de ligações entre as respostas dadas pelos participantes na ST19, ou seja, a coerência entre posicionamentos e atitudes, em relação à leitura, integra os objetivos deste trabalho. Assim, procurou-se pela existência de correlações entre as asserções propostas na questão, observando sua magnitude e intensidade. Na tabela que se encontra no Apêndice L, mostra-se que se estabeleceram muitas correlações moderadas, positivas e negativas, e várias delas significativas. Discutem-se esses relacionamentos nesta seção.

A Q01 apresentou correlações moderadas negativas com a Q2 (rho = -0,548, p = 0,001), Q3 (rho = -0,599, p < 0,001) Q5 (rho = -0,649, p < 0,001) e todas foram significativas. Com a Q7, a correlação foi alta e negativa (rho = -0,771, p < 0,001). O nível de probabilidade associado de 0,001 indica que é improvável que o resultado tenha ocorrido por erro. Assim, apreciar ir a uma biblioteca ou livraria está, fortemente, relacionado a não ler só quando se é obrigado e sim, a ler por gostar de ler. As correlações com a Q4 (rho = 0,418, p = 0,019), a Q8 (rho = 0,586, p = 0,001) e a Q9 (rho = 0,569, p = 0,001) foram positivas moderadas, e todas significativas. Quem é obrigado a ler é bem provável que tenha dificuldades para terminar a leitura de livros, lerá somente para conseguir a informação de que precisa e não passará horas lendo, por encontrar dificuldades em parar para realizar essa atividade. A correlação com Q6 foi positiva e fraca e marginalmente significativa (rho = 0,335, p = 0,054). Diante de inúmeras vozes que se encontram, na sociedade letrada, reiterando acerca do importante papel da leitura, seria difícil, mesmo que no anonimato, concordar deliberadamente com uma afirmação que desvaloriza a leitura de forma clara. Infere-se que, embora, ideologicamente, atribua-se valor positivo à leitura, ao mesmo tempo, boa parte só lerá se for obrigada.

Encontraram-se, entre Q2 e as outras questões, várias correlações moderadas, ora positivas, ora negativas. A leitura como hobby (Q2) e gostar de conversar sobre livros (Q3) tiveram um relacionamento positivo moderado e significativo (rho = 0,580, p = 0,001). Apresentando a mesma tendência, verificou-se que relação entre a leitura como hobby (Q2) e ser presenteado com livros (Q5) também foi positiva moderada e significativa (rho = 0,558, p = 0,001). Por fim, parece plausível que a apreciação por bibliotecas e livrarias (Q7) seja compatível com quem considera a leitura um passatempo (Q2). Entre

essas variáveis, encontrou-se um coeficiente de correlação positivo moderado e significativo (rho = 0,527, p = 0,002).

Entre Q2 e as demais proposições, as correlações foram negativas. A correlação com a Q7 destacou-se nesse grupo. Ela foi negativa, forte e significativa (rho = -0,719, p < 0,001), apontando para uma visão bastante pragmática da leitura; ou seja, aqueles que não têm na leitura um hobby, lerão para buscar a informação de que precisam. Talvez, também, por essa razão, não julguem a leitura uma perda de tempo (Q6). Verificou-se uma correlação negativa fraca, marginalmente significativa entre Q2 e Q6 (rho = -0,331, p = 0,074). Entretanto, despender tempo para ler por fruição parece uma perspectiva distante para os sujeitos que veem a leitura de maneira pragmática. As correlações com Q4 (rho = -0,583, p = 0,001) e Q9 (rho = -0,505, p = 0,004) indicaram que deve ser difícil parar para ler e, assim, terminar leituras que exijam um fôlego maior, e.g., livros, para quem não tem na leitura uma fonte de prazer. As correlações encontradas, partindo da Q3, apresentaram, outra vez, coeficientes negativos ou positivos moderados, mas todos significativos. Os resultados parecem refletir a coerência dos sujeitos ao responder ao questionário. Apontem-se algumas razões. Entre Q3 e Q5, constatou-se uma correlação positiva moderada e significativa (rho = 0,698, p < 0,001). É muito provável que quem goste de conversar sobre livros fique satisfeito em recebê-los como presente. Da mesma forma, o gostar de conversar sobre livros dirige-se para uma associação positiva com a leitura e não se associaria a dificuldades para terminar livros de modo geral. Assim, observou-se, entre Q3 e Q4 (rho = -0,687, p < 0,001), uma correlação negativa moderada e significativa.

Livrarias e bibliotecas são locais para apreciadores da cultura livresca. Investir horas passeando entre títulos, sumários, orelhas, entre outros (mares a desbravar), sentar para ler um trecho, antes de se decidir pela escolha de um novo companheiro (mesmo que seja por um tempo curto), são comportamentos positivos em relação à leitura e que, provavelmente, ligam-se a outro: o conversar sobre o mundo dos livros. O valor do coeficiente de correlação gerado entre Q3 e Q7 (rho = 0,479, p = 0,006) revelou que há uma associação positiva moderada e significativa entre essas questões, indicando que quem gosta de conversar a respeito de livros, provavelmente, frequenta espaços como bibliotecas e livrarias,

i.e., é provável que seja um apreciador do mundo do livro.

Gostar de conversar sobre livros e achar a leitura uma perda de tempo são posicionamentos antagônicos. Da mesma forma, conseguir parar para ler por tempo superior a alguns minutos, ou ler em busca apenas da informação necessária estabelecem relações distintas com

gostar de conversar sobre livros. Os resultados do teste de correlações sugerem essa distinção. Entre Q3 e Q6 (rho = -0,482, p = 0,007), Q3 e Q8 (rho = -0,550, p = 0,001) e Q3 e Q9 (rho = -0,608, p < 0,001), observaram-se correlações negativas moderadas e significativas, indicando uma tendência opositiva entre as asserções. Realmente, seria pelo menos estranho valorizar bate-papos a respeito de leituras e acreditar que ler é perder tempo ou, então, ter dificuldades para se sentar e ler.

Na Tabela 4, observam-se os coeficientes de correlação e os valores p obtidos no cruzamento dos dados entre a ST19Q04 e a ST19Q05, e a ST19Q06, e a ST19Q07, e a ST19Q08, e a ST19Q09. Com base nesses dados, verificou-se apenas uma correlação não significativa apresentando valor p = 0,107. As demais foram todas significativas com p = ou < 0,05. Os posicionamentos e atitudes favoráveis em relação à leitura revelaram correlações positivas de moderadas a baixas, e os antagônicos, uma correlação moderada negativa, mantendo, assim, a coerência entre as questões analisadas até esse momento.

Tabela 4 – Coeficientes de correlação de Spearman e valores p entre ST19Q04 e algumas proposições rho (ρ) P ST19Q05 - 0,472 0,007 ST19Q06 0,364 0,048 ST19Q07 - 0,295 0,107 ST19Q08 0,480 0,006 ST19Q09 0,525 0,002 Fonte: a autora. Nota: * p < 0,05. ** p < 0,01.

Seguindo a mesma lógica, na análise das relações entre as proposições da ST19, restam, ainda, dez cruzamentos de dados a serem abordados. Cinco deles apresentaram correlações negativas moderadas e significativas, quatro correlações baixas negativas ou positivas, mas todas significativas e uma correlação alta significativa. Por exemplo, entre Q05 e Q06 (rho = -0,451, p = 0,012), verificou-se um coeficiente de correlação negativo moderado, apontando que, quando se aprecia receber livros como presente, é mais difícil se considerar a leitura uma perda de tempo. As outras duas correlações, Q05 e Q08 (rho = - 0,432, p = 0,015) e Q05 e Q09 (rho = -0,611, p < 0,001), reforçaram a ideia de que, quando se concebe a leitura e seu entorno de

forma positiva, como gostar de ser presenteado com livros, é menos provável que se tenha uma visão tão pragmática da leitura e que não se consiga dedicar mais do que alguns minutos para parar e ler. A correlação positiva alta e significativa que se verificou estabeleceu-se entre Q05 e Q07 (rho = 0,761, p < 0,001), revelando uma associação forte entre sentir-se feliz ao ser presenteado com livros e apreciar ir a uma livraria ou uma biblioteca. Certamente, quem não percebe o tempo passar ao entrar em uma biblioteca e sente uma grande tentação em uma livraria, facilmente consideraria livros um bom presente.

Entre as questões Q6 e Q7 (rho = -0,362, p = 0,049), Q06 e Q08 (rho = 0,398, p = 0,029) e Q06 e Q09 (rho = 0,379, p = 0,039) constataram-se uma relação negativa e duas positivas, todas baixas e significativas. A primeira delas indica que quanto mais se concorda com a afirmação “gostar de frequentar uma livraria e/ou biblioteca”, mais se discorda da ideia de que “ler é perda de tempo”, por isso se encontrou um coeficiente negativo. Para as duas últimas, as correlações foram positivas e mostraram que quanto mais se discorda da afirmação de que ler é perder tempo, tanto mais se discorda da visão de leitura utilitarista –

i.e., a leitura apenas para se chegar à informação da qual se necessita –, ou,

ainda, discorda-se da asserção de não se conseguir parar para ler por muito tempo. Por fim, encontrou-se entre Q08 e Q09 (rho = 0,391, p = 0,030) um coeficiente de correlação positivo baixo e significativo, mostrando, assim, um índice de concordância entre a visão pragmática da leitura e não conseguir parar para ler. Embora baixas, essas correlações indicam uma tendência e, diante do valor de p, não devem ter ocorrido por algum tipo de erro.

4.2.3 O que leem nossos participantes e com que frequência

Sabendo que os sujeitos não consideram ler uma perda de tempo, sem, contudo, fazer da leitura um de seus passatempos favoritos, interessa conhecer que materiais eles leem e sua frequência para, então, quem sabe, entender melhor esse posicionamento. A ST20Q01 a Q06 apresentaram tanto as categorias da frequência (eixo X) quanto alguns gêneros (eixo Y) aos quais os sujeitos afirmaram dedicar a leitura (revistas, gibis, ficção, não-ficção (romances, narrativas, histórias), e-

mails e páginas da Internet e jornais). Representam-se as respostas dos

Gráfico 4 – Frequência e materiais de leitura Fonte: a autora.

A disposição das cores referente à frequência da leitura, no Gráfico 3, deixa evidente o destaque que os e-mails e as páginas da Internet receberam se comparados às outras mídias. Uma parcela de 83,87% afirmou ler por essa mídia, várias vezes, na semana. Os jornais foram a segunda fonte de leitura mais frequente, seguidos das revistas. Embora os sujeitos afirmassem ler, semanalmente, mais jornais do que revistas, o percentual de sujeitos/mês leitores de revistas (48,39%) foi superior ao de jornais (45,16%). Isso pode ter sido um reflexo da periodicidade da própria mídia. Poucos se sentirão atraídos por um jornal da semana anterior, mas não se importarão em ler algum artigo na revista da semana anterior. Perguntou-se, ainda, qual a frequência da leitura, por escolha própria, de obras de ficção e não-ficção. Com base nas respostas, percebe-se que a leitura de ficção e não-ficção, com frequência semanal, restringiu-se ao percentual de 6% a 12% dos sujeitos, um percentual baixo, se comparado às mídias já mencionadas.