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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1.1 História da Administração

A administração se consolidou em campo do conhecimento científico no início do Século XX com a fundação da conhecida Escola de Administração Científica ou Escola Clássica. Sem dúvida, o surgimento desta escola constitui um marco histórico e importante para o desenvolvimento da administração, contudo, os eventos administrativos de planejamento, organização, processos, entre outros, já eram utilizados nos primórdios da civilização, antes mesmo da sistematização do conhecimento nesta área e sem que estes nomes tivessem sido inventados. A civilização egípcia, por exemplo, se desenvolveu e cresceu em torno do rio Nilo e sua monarquia sobreviveu por mais ou menos 3 (três) mil anos, tornando-se uma das instituições mais duradouras nos registros da história (BLAINEY, 2011).

Os egípcios, além de serem os pioneiros em diversas áreas, como por exemplo, a pictografia e a medicina, destacaram-se também pela construção das pirâmides que até hoje surpreendem as pessoas. De acordo com Blainey (2011), a primeira pirâmide foi construída por volta de 2.700 a.C. e uma delas foi projetada para ter 146 metros de altura, considerada a estrutura mais impressionante até então construída no mundo, exigindo o esforço de, aproximadamente, 100 mil trabalhadores. Apesar de, naquela época, não se ter nenhum conhecimento acerca do que seria a administração, certamente o povo egípcio utilizou as funções administrativas de planejamento e organização. A construção das pirâmides possui bastante relação com estas duas funções na medida em que era necessário planejar e organizar os materiais e a mão de obra necessária para sequencia ideal de realização dos trabalhos e a interação entre os trabalhos. E, além disso, provavelmente, havia dirigentes capazes de planejar e dirigir os esforços destes milhares de trabalhadores para que a construção fosse concluída.

Para melhor entender a Escola de Administração Científica faz-se necessário apresentar alguns elementos importantes do processo de modernização que antecederam o Século XX. A partir do fim da Idade Média, Motta e Vasconcelos (2002, p. 22) afirmam que o processo de modernização da sociedade foi lento e gradual, sendo que “o crescimento do comércio, a introdução de uma economia monetária e o crescimento das cidades a partir do Século XIV enfraqueceram a economia feudal [...]”.

Neste contexto, as corporações de ofício e a produção manufatureira e artesanal são substituídas pelo trabalho assalariado, emergindo o Estado Moderno, caracterizado pela economia industrial e

baseado na autoridade racional-legal. Surge, então, uma nova forma de acumulação primitiva do capital que consolidou o modo de produção capitalista industrial. A Revolução Industrial, no Século XVIII na Europa Ocidental, proporcionou grande crescimento econômico, consolidando a indústria e o capitalismo de livre concorrência (MOTTA; VASCONCELOS, 2002).

Motta (1982) salienta que foi no Século XVIII que o Racionalismo atingiu o seu apogeu, sendo aplicado no século seguinte às ciências naturais e, finalmente, às ciências sociais. O advento da máquina no modo de produção, fruto da Revolução Industrial, tornou o trabalho mais eficiente, porém ele ainda não havia sido afetado pela racionalização. Assim, “no início do século XX surgem os pioneiros da racionalização do trabalho e, como em muitos aspectos, suas ideias eram semelhantes, ficaram conhecidos como fundadores da Escola da Administração Científica ou Escola Clássica”. (MOTTA, 1982, p. 3).

Segundo Motta e Vasconcelos (2002), na passagem do Século XIX para o Século XX, os Estados Unidos já era considerado a principal potência industrial no mundo. Porém, como os empregados das indústrias americanas eram, na grande maioria, os antigos artesãos que trabalhavam nas corporações de ofício, ainda havia resquícios da autoridade tradicional presente na Idade Média. Na sociedade industrial, “[...] a legitimidade do exercício da autoridade não tem mais o caráter sagrado, costumeiro e religioso da sociedade tradicional”. (MOTTA; VASCONCELOS, 2002, p. 13).

Cruz Júnior (2006) reforça que os princípios de organização do trabalho começaram a ser definidos na época da Revolução Industrial, sendo que o desenvolvimento industrial no final do Século XIX demonstrou a necessidade de sofisticação dos princípios tradicionais de organização e do desenvolvimento de uma ciência da Administração. A fim de atender a esta necessidade, o autor afirma que foram efetivamente criados princípios e técnicas de Administração Científica, agrupados naquilo que hoje conhecemos como Teoria Clássica da Administração.

A Escola de Administração Clássica foi o marco inicial dos estudos científicos da administração. Surgida por volta de 1900, “os principais teóricos dessa escola focam a sua análise no aperfeiçoamento das regras e estruturas internas da organização.” (MOTTA; VASCONCELOS, 2002, p. 31). As grandes figuras desta escola foram o engenheiro Frederick Winslow Taylor, que, em 1903, publicou nos Estados Unidos o livro Shop Management e, em 1911, publicou o seu livro mais conhecido: Princípios da Administração Científica, e Henri

Fayol, que, embora também fosse engenheiro, era mais um administrador de cúpula, publicando, em 1916, na França, o livro Administração Geral e Industrial (MOTTA, 1982).

Ao comparar o estilo de Taylor e Fayol, Motta (1982) reforça que a formação americana de Taylor, e suas atividades como consultor técnico da época, levaram-no a se interessar mais pelos métodos e sistemas de racionalização do trabalho, enquanto que a formação francesa de Fayol e sua experiência, como administrador de cúpula, conduziram-no a uma análise lógico-dedutiva para estabelecer os princípios da boa administração.

Além de Taylor e Fayol, Cruz Júnior (2006) considera importante também para o desenvolvimento desta escola, o alemão Max Weber, sendo os três conhecidos como os pais da Administração. O trabalho destes três autores é em grande parte complementar e, segundo Cruz Júnior (2006, p. 99), pode ser resumido da seguinte forma:

- as organizações são entidades racionais que criam e operam estruturas formalizadas e diferenciadas, para atingirem objetivos pré- determinados;

- a estruturação (design) de uma organização é uma atividade científica, praticada por meio da observação e da experimentação. E, assim sendo, existe uma forma ótima, ou seja, uma melhor maneira de organizar cada empresa (the one best way). As organizações são concebidas como máquinas, funcionando sem qualquer relação com o exterior; e

- as pessoas são seres economicamente racionais, que procuram o máximo de ganho com o mínimo de trabalho. Por isso, este deve estar de tal forma estruturado que evite o arbítrio individual e maximize o controle. Sobre as diversas formas de autoridade, Motta e Vasconcelos (2002) relatam os estudos de Max Weber referentes ao assunto, já que ele viveu no início do Século XX e presenciou uma época de mudanças e crescimento rápido, tanto na Europa como nos Estados Unidos, devido ao surgimento da sociedade de consumo de massa. De acordo com os autores, Weber identificou três tipos de autoridade: racional-legal, tradicional e carismática, sendo que seus estudos evidenciaram que a autoridade racional-legal adapta-se mais rápido que a autoridade

tradicional ao surgimento da sociedade industrial e às mudanças sociais dela decorrentes.

A transição para o novo sistema burocrático provocou nos trabalhadores certo desconforto, pois ainda estavam acostumados com a autoridade tradicional e resistência ao novo sistema. Para Motta e Vasconcelos (2002), o profissional que resistia à autoridade racional- legal e à legitimação burocrática, ameaçava o exercício da autoridade do proprietário da fábrica sobre os seus empregados e o controle sobre o processo de produção. Foi este o contexto social com que Taylor deparou-se para formalizar a sua teoria da administração científica, sendo que o seu objetivo foi substituir os sistemas tradicionais por estruturas burocráticas que garantissem a funcionalidade e a eficiência do processo produtivo (MOTTA; VASCONCELOS, 2002).

Frederick Taylor acreditava que a eficiência do trabalho operacional seria alcançada com a aplicação de métodos de pesquisa para identificar a melhor maneira de trabalhar na linha de produção. Considerava que o homem era um ser eminentemente racional, previsível e controlável, egoísta e utilitarista. Esta concepção de homem emergiu da figura do Homo Economicus, que surgiu com a consolidação do capitalismo e embasou o pensamento da escola clássica. Taylor afirmava também que era preciso analisar os tempos e os movimentos dos funcionários durante a execução de suas atividades, pois havia uma única maneira certa de executar o trabalho de maneira a verificar melhores formas de desenvolvê-las e maximizar a eficiência do trabalho (MOTTA; VASCONCELOS, 2002).

Segundo Taylor (1979), a administração científica não constitui elemento simples, mas uma combinação global dos seguintes pressupostos:

a) Ciência, em lugar de empirismo; b) Harmonia, em vez de discórdia; c) Cooperação, não individualismo;

d) Rendimento máximo, em lugar de produção reduzida; e

e) Desenvolvimento de cada homem, no sentido de alcançar maior eficiência e prosperidade.

Para complementar os estudos de Taylor (1979), que se ateve mais às tarefas, Henry Fayol (1978) analisou o organização no seu todo, estudando mais o nível tático e enfatizando a estrutura organizacional e o papel do dirigente.

Fayol (1978) afirma que, independente do tipo de empresa, seja ela simples ou complexa, pequena ou grande, existe um conjunto de operações inerentes a todas, as quais o autor aglutinou em funções essenciais, a saber: função técnica, função comercial, função financeira, função de segurança, função de contabilidade e função administrativa.

Na visão do referido autor, dentre todas as funções, a função administrativa pode ser considerada a mais complexa, pois “tem o encargo de formular o programa geral de ação da empresa, de constituir o seu corpo social, de coordenar os esforços, de harmonizar os atos” (FAYOL, 1978, p. 16), por isso merece maior atenção. Essas atribuições fazem parte da função designada de administração.

Para Fayol (1978, p. 15), “administrar é prever, organizar, comandar, coordenar e controlar”. Essa definição é hoje conhecida como as funções administrativas de Fayol, representadas pela sigla POC3: Planejar, Organizar, Comandar, Coordenar e Controlar, descritas no Quadro 1 - Funções administrativas.

Quadro 1: Funções administrativas Funções

Administrativas Definição

Prever Perscrutar o futuro e traçar o programa de ação.

Organizar Constituir o duplo organismo, material e social, da empresa.

Comandar Dirigir o pessoal

Coordenar Ligar, unir e harmonizar todos os atos e todos os reforços. Controlar Velar para que tudo corra de acordo com as regras estabelecidas e as ordens dadas. Fonte: Adaptado de Fayol (1978).

A função administrativa é responsável pelo corpo social das empresas e, para manter a sua saúde e o bom funcionamento é necessário certo número de condições que Fayol (1978) denominou de princípios da administração, os quais devem proporcionar a devida sustentação para as atividades administrativas nas empresas. São quatorze os princípios para a administração eficaz: divisão do trabalho, autoridade e a responsabilidade, disciplina, unidade de comando, unidade de direção, subordinação do interesse particular ao interesse geral, remuneração do pessoal, centralização, hierarquia, ordem, equidade, estabilidade do pessoal, iniciativa, união do pessoal.

Na sequência, o Quadro 2 - Princípios da organização apresenta uma breve descrição a respeito de cada um dos princípios da administração na visão de Cruz Júnior (2006):

Quadro 2: Princípios da organização

Princípio Descrição

Divisão do trabalho Indispensável para que se produza mais e melhor, com o mesmo esforço; Autoridade e a

responsabilidade

Autoridade é o direito de mandar; a este direito corresponde a responsabilidade, que é a obrigação de obedecer;

Disciplina é essencialmente o comportamento regulado pelas regras estabelecidas dentro da empresa;

Unidade de comando

quem executa qualquer função deve receber ordens exclusivamente de um único chefe. Nenhum subordinado deve ser submetido à dualidade de comando, que, inclusive, é fonte de conflitos;

Unidade de direção propõe que deve haver, obrigatoriamente, um só chefe e um só programa de ação para um conjunto de operações que visam o mesmo objetivo; Subordinação do interesse

particular ao interesse geral

os interesses individuais, ou seja, das pessoas, devem subordinar-se aos interesses gerais da organização;

Remuneração do pessoal a remuneração deve ser proporcional ao esforço dispendido; Centralização

tal como a divisão de trabalho, a centralização é um princípio natural da organização. Deve haver um centro que comanda, tal como o cérebro comanda o organismo;

Hierarquia é a cadeia de comando ao longo da qual as ordens são dadas e a unidade de comando se desenvolve; Ordem propõe que deve haver um lugar para cada coisa, e que cada coisa deve estar no seu lugar;

Equidade tratamento justo para todos empregados por parte da direção;

Estabilidade do pessoal

de forma geral, a estabilidade de pessoal tende a garantir o sucesso da organização por assegurar condições mais efetivas de alcance dos objetivos; Iniciativa o estímulo à criatividade é, normalmente, o segredo do sucesso; União do pessoal propõe o incentivo ao desenvolvimento do espírito de equipe, ou harmonia e entendimento entre os

membros da organização. Fonte: Adaptado de Cruz Júnior (2006).

Henry Ford também contribuiu de forma importante nesse período, ao desenvolver o sistema de trabalho em linhas de montagem por meio da fabricação em série do Ford bigode preto, fabricado em larga escala e a baixo custo, o que permitiu a popularização dos automóveis na época (MOTTA; VASCONCELOS, 2002).

O sistema de trabalho utilizado por Ford era organizado segundo as prescrições da administração científica, e suas inovações permitiram eliminar quase todos os movimentos desnecessários das ações dos trabalhadores. De acordo com Motta e Vasconcelos (2002, p. 41), “o fordismo permitiu a generalização da linha de montagem e de um sistema econômico fundamental para a consolidação da sociedade industrial”. Entretanto, apesar de ser um sistema eficiente, ele não favorecia a inovação e a adaptação ao mercado.

De modo geral, a escola clássica ou escola da administração científica, “[...] considerava a administração uma ciência com princípios próprios, com base, de um lado, na experiência científica e no trabalho, e, de outro, no método lógico-dedutivo.” (MOTTA; VASCONCELOS, 2002, p. 39). Ainda nessa linha, Cruz Júnior (2006) afirma que Taylor, Fayol e Weber adotavam uma abordagem semelhante e os seus pontos de vistas eram complementares, pois na verdade, os três estudaram como criar uma organização que alcance os seus objetivos de forma eficiente. “Taylor concentrou sua pesquisa na análise do trabalho. Fayol refletiu sobre a administração e controle das organizações. E Weber analisou as organizações no seu contexto social e os princípios que informam o seu funcionamento”. (CRUZ JÚNIOR, 2006, p. 107).

Contudo, esta escola recebeu algumas críticas, pois tinha uma visão simplista sobre o homem, limitando-o ao aspecto econômico do trabalho. Neste sentido, Muniz (1988, p. 31) reforça que “Taylor funda- se no estudo de tempos e movimentos na procura de uma capatazia funcional, no uso de incentivos econômicos, tarifa diferencial de salário. O taylorismo permite altos lucros com baixo nível salarial a curto prazo, a custa de tensões”.

Nesta perspectiva crítica, pouco a pouco, novos estudos organizacionais foram mostrando que o ser humano não é totalmente previsível e controlável e que existem outros aspectos ligados à motivação e às afetividades humanas (MOTTA, VASCONCELOS, 2002).

Na década de 20, Mary Parker Follett concluiu que existiam três métodos para solucionar o conflito industrial: o método da força, da barganha ou da integração. A escola clássica pensava na solução dos conflitos em termos de força, já Follett acreditava que a melhor solução

seria por meio da integração dos interesses de ambas as partes. Foi nessa época também que começou a considerar a existência de grupos informais dentro das empresas, que apresentavam grande poder sobre o desempenho dos trabalhadores (MOTTA, 1982).

Estas conclusões podem ser consideradas o pontapé inicial para o surgimento da Escola de Relações Humanas, que se consolidou na década de 30, por meio de estudos e experiências realizadas por professores da Universidade de Harvard na Western Eletric, fábrica de equipamentos telefônicos de Hawthorne, a partir de 1927. Naquela época, devido à grande crise que assolou o mundo capitalista a partir de 1930, as ideias desta Escola se desenvolveram rapidamente (MOTTA, 1982).

O autor-referência da Escola de Relações Humanas foi o psicólogo industrial Elton Mayo, que baseado nas conclusões da experiência de Hawthorne, conclui que o sistema social formado dentro das empresas determina os resultados individuais e que o indivíduo é mais fiel ao grupo do que à administração, emergindo, assim, os grupos informais. Além disso, esta escola criticou o modelo de homo economicus adotado pela escola clássica e sugeriu para substituí-lo, o modelo de homo social (MOTTA, VASCONCELOS, 2002).

A escola de relações humanas revelou a importância dos fatores afetivos e sociais, além dos econômicos, no ambiente do trabalho. Porém, os autores desta escola consideravam o ser humano como um ser passivo que reage de forma padronizada aos estímulos aos quais são submetidos na organização. Assim, de acordo com Motta e Vasconcelos (2002), em seguida surgem estudos de vários autores que propõem reformas mais profundas no trabalho e nas estruturas organizacionais, tendo em vista a necessidade de autorrealização.

A partir destes estudos, ao afirmar que o homem tem necessidades múltiplas, não só a necessidade de associação e filiação a grupos informais, surge o conceito de homem complexo, que vai além do conceito de homo social. Destacam-se os trabalhos de autores como Abraham Maslow, com a teoria sobre a hierarquia de necessidades e Douglas McGregor, com a Teoria X e a Teoria Y, entre outros (MOTTA, VASCONCELOS, 2002).

Motta (2002, p. 36) ainda afirma que a Escola de Relações Humanas evoluiu para um segundo estágio que ficou conhecido como o behaviorismo, pois “[...] embora compartilhasse da maioria das ideias de relações humanas, não aceitava sua concepção ingênua de que a satisfação do trabalhador gerava por si só a eficiência”.

A abordagem behaviorista ou comportamental pode ser considerada como o aperfeiçoamento da Teoria das Relações Humanas, e teve como maior expoente Herbert A. Simon, que em 1945 publicou um dos seus principais livros, intitulado: Comportamento Administrativo, cujo inspirador foi Chester Barnard, ex-presidente da Rockfeller Foundation (MOTTA, 1982). Esta escola ressaltou a importância de integrar os objetivos dos trabalhadores aos objetivos da empresa, tendo como verdade que “[...] a forma ideal de administrar é a que prioriza a importância de compreender e conhecer os subordinados e suas necessidades, de modo a motivá-los e a obter melhores resultados por meio deles”. (LACOMBE; HEILBORN, 2006, p. 41).

A ideologia behaviorista foi criticada nas obras de alguns estruturalistas pelo seu caráter marcadamente prescritivo e paternalista, e, principalmente, pelo fato de os teóricos de relações humanas “[...] haverem se concentrado em muito poucas variáveis em seus estudos, demonstrando-se incapazes de relacioná-las com outras de grande significação”. (MOTTA, 1982, p. 56). Surge, então, o Estruturalismo, com foco na análise dos aspectos estruturais e internos dos sistemas organizacionais. Em ciências sociais, as correntes estruturalistas podem ser organizadas em quatro grandes grupos: estruturalismo abstrato, estruturalismo concreto, estruturalismo fenomenológico, estruturalismo dialético (MOTTA, 1982).

No estudo das organizações, Motta (1982) e Motta e Vasconcelos (2002) consideram a corrente do estruturalismo fenomenológico, que teve como primeiro teórico significativo Max Weber. Para esta corrente, “estrutura é um conjunto que tem um sentido e que oferece, pois, à análise intelectual, um ponto de apoio, mas que ao mesmo tempo não é uma ideia, porque se constitui se altera ou se organiza frente a nós como um espetáculo”. (MOTTA, 1982, p. 55).

Na concepção de Max Weber, de acordo com Motta e Vasconcelos (2002, p. 138), a burocracia “[...] é uma tentativa de formalizar e coordenar o comportamento humano por meio de exercício da autoridade racional legal, para o atingimento de objetivos organizacionais gerais”. Os estudos de Weber consolidaram a Teoria da Burocracia, que alguns autores consideram como uma abordagem estruturalista e outros como uma abordagem clássica. A estrutura burocrática procura fazer com que as empresas alcancemo desempenho máximo por meio da estabilidade, da previsibilidade e da padronização de comportamentos, baseando-se nas seguintes características (MOTTA; VASCONCELOS, 2002): funções definidas e competências estabelecidas por lei; definições de hierarquia e especialização de

funções; impessoalidade nas relações; objetivos explícitos e estrutura formalizada; racionalidade instrumental, entre outras.

Contudo, outros autores estruturalistas de grande importância na teoria das organizações, como Merton, Selznick e Gouldner criticam e analisam a forma organizacional descrita por Weber, adaptando o modelo weberiano da burocracia à variável comportamental introduzida pela Escola de Relações Humanas (MOTTA, 1982). Além desses autores, destaca-se o estruturalista Amitai Etzioni, que foi o pioneiro do pensamento sistêmico e criticou a teoria de Weber, pois levava as empresas à tendência da transformação em sistemas fechados (LACOMBE; HEILBORN, 2006). Para Etzioni, as relações entre as partes da organização são de grande importância, em especial as relações entre organização formal e organização informal, utilizando, preferencialmente, a abordagem comparativa (MOTTA, 1982).

De acordo com Cruz Júnior (2006), a escola de relações humanas tornou-se popular ao sublinhar a importância do homem e rejeitar a concepção do trabalhador como peça de uma máquina, conforme previa a escola clássica. Contudo, ela recebeu algumas críticas, dentre as quais destacam-se a falta de cientificidade das propostas e a aceitação do pressuposto da escola clássica de que é possível descobrir a melhor