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2.2.1 A origem do Dinheiro

Antigamente, o homem procurava defender-se do frio e da fome, abrigando-se em cavernas e alimentando-se de frutos silvestres, ou do que conseguia obter da caça e da pesca. Ao decorrer dos séculos, com o desenvolvimento da inteligência, o homem passou então a sentir a necessidade de maior conforto e a reparar no seu semelhante. Desta forma, em decorrência das necessidades individuais da espécie humana, se deu início às trocas de mercadorias (GONÇALVES, 1989). Trocas estas que perduram até os dias atuais e são denominadas de escambo (FREITAS, 2005).

Na antiga Mesopotâmia começando a mais ou menos cinco mil anos as pessoas usavam fichas ou tabletes de argila para registrar transações que por ventura envolvessem produtos agrícolas, cera, lã, ou metais preciosos (FERGUSON, 2009). Estas fichas representavam a relação interpessoal entre credor e devedor e o produto a qual era motivo de pacto entre as duas partes. Podemos atualmente perceber semelhança entre este sistema e as notas bancárias como ressalta Ferguson.

Mundialmente percebe-se a utilização de mercadorias como dinheiro, mais precisamente hoje denominada commodity, normalmente este é precificado levando-se em consideração a lei da oferta e da procura. Em todo mundo artigos dos mais variados foram usados como dinheiro em diversas épocas da história.

No terceiro milênio antes de Cristo, aproximadamente a 2500 a.C., os indivíduos localizados na Mesopotâmia iniciaram o uso de lingotes de metais preciosos em troca de produtos (WEATHERFORD, 2005; FERGUSON, 2009), tabletes de argila de escrita mencionavam o uso da prata como pagamento às mercadorias. O sistema evoluiu demonstrando ser bastante eficaz para comerciantes acostumados a negociar uma quantidade significativa de mercadorias. Contudo não apresentou a mesma facilidade quando precisava ser trocado por comerciantes locais e pessoas comuns na compra de uma cesta de trigo ou um pouco de vinho (WEATHERFORD, 2005).

Ainda segundo Gonçalves (1989), vários objetos e metais tais como, peles, sal, fumo, mandíbulas de porco, conchas, gado, cobre, ferro, prata e ouro circularam como moeda.

Quando a tecnologia e organização social cresceram ao ponto de usar quantidades de ouro e prata de forma padronizada, o surgimento das moedas se deu em pouco tempo. De acordo com a maioria dos estudiosos, a primeira moeda apareceu na Lídia, na Ásia Menor. A descoberta do metal, fez com que o homem passasse a utilizá-lo também como moeda. Primeiramente o metal foi utilizado em seu estado natural e depois, sob a forma de barras e objetos (GONÇALVES, 1989; FERGUSON, 2009).

O processo de cunhagem concedeu grande impulso ao comércio dando lhe estabilidade. As moedas tornaram-se um parâmetro que criava um nivelamento, isto é, produtos e serviços podiam ser equacionados, medidos e trocados com maior facilidade e precisão (WEATHERFORD, 2005).

Embora a evolução dos tempos tenha levado à substituição do ouro e da prata por metais menos raros ou suas ligas, preservou-se, com o passar dos séculos, a associação dos atributos de beleza e expressão cultural ao valor monetário das moedas, que quase sempre, na atualidade, apresentam figuras representativas da história, da cultura, das riquezas e do poder das sociedades (GONÇALVES, 1989).

A necessidade de guardar as moedas em segurança deu surgimento aos bancos. Os negociantes de ouro e prata, por terem cofres e guardas a seu serviço, passaram a aceitar a responsabilidade de cuidar do dinheiro de seus clientes e a dar recibos escritos das quantias guardadas. Esses recibos (então conhecidos como "goldsmith´s notes") passaram, com o tempo, a servir como meio de pagamento por seus possuidores, por serem mais seguros de portar do que o dinheiro vivo. Assim surgiram as primeiras cédulas de "papel moeda", ou cédulas de banco, ao mesmo tempo em que

a guarda dos valores em espécie dava origem a instituições bancárias (GONÇALVES, 1989).

Os primeiros bancos reconhecidos oficialmente surgiram, respectivamente, na Suécia, em 1656; na Inglaterra, em 1694; na França, em 1700 e no Brasil, em 1808 (GONÇALVES, 1989), e a palavra "bank" veio da italiana "banco", peça de madeira que os comerciantes de valores oriundos da Itália e estabelecidos em Londres usavam para operar seus negócios no mercado público londrino (WEATHERFORD, 2005).

Com a evolução do comercio e da sociedade, torna-se necessária a adoção de valores de representação mais alta, geralmente expressos por cédulas, ficando as moedas, em consequência, destinadas ao troco ou a pagamentos de importância de expressão menor (GONÇALVES, 1989).

Outra evolução nos processos bancários foi a criação das letras de câmbio, uma espécie de título de crédito, que garantia o recebimento de valores na moeda designada

(WEATHERFORD, 2005). Esta evolução ocorreu devido à dificuldade logística de se transportar moedas, devido ao peso e possibilidade de roubo das mesmas, e o dinheiro em papel que poderia ser roubado também, além do pagamento de escolta para bens tão valiosos. As letras de câmbio criaram um novo dinheiro, acabando com as limitações físicas impostas pelo uso de cédulas, ou de moedas e facilitando a troca por diferentes moedas (WEATHERFORD, 2005). Com o surgimento dos bancos e a evolução do sistema bancário, não demorou muito e as letras de câmbio para pagamento à vista evoluíram para os cheques. Vindo a facilitar a transição de dinheiro sem a real necessidade de se realizar um saque em espécie. Como citado por Freitas (2005) foi em 1762 que possivelmente o banqueiro inglês Lawrence Childs imprimiu os primeiros cheques, antes disso os cheques eram totalmente preenchidos a mão.

O desenvolvimento da estrutura bancária e o crescimento do fluxo de negócios deram origem a uma política econômica tendo como pilar a criação dos Bancos Centrais, ou nomeações de bancos privados já existentes. Banco Central, como citado em Vasconcellos e Garcia (2004), “é uma autarquia delegada a gerir a política econômica de um país, tem o objetivo de manter a estabilidade e o poder de compra da moeda, mantendo a liquidez do sistema financeiro”. O primeiro Banco Central foi o Banco da Inglaterra em 1694. O Banco Central é um banco do governo, é nele que deposita grande parcela de seus recursos.

No começo os bancos lastreavam suas transações financeiras usando como base a quantidade de ouro e prata que detinham de seus depósitos. Este modelo evoluiu e ficou conhecido mais tarde como padrão-ouro (WEATHERFORD, 2005). O padrão-ouro foi o sistema monetário que perdurou pelo século XIX até a primeira Guerra Mundial, onde cada país

determinava sua oferta monetária baseada na quantidade de reservas de ouro que dispunha (FERGUSON, 2009). Com o passar do tempo este modelo foi perdendo força e a relação fixa do ouro com cada moeda foi dissolvida.

A evolução tecnológica, ressaltando a eletrônica e a informática, permitiu o surgimento do dinheiro eletrônico, especialmente o cartão magnético que pode ser de débito ou crédito, ou os dois ao mesmo tempo (FREITAS, 2005).

Essa evolução continuou com a criação de uma infinidade de moedas por todo mundo digital, seja para jogar num cassino ou para comprar um item de jogo na Play Station Store. No começo, o dinheiro convencional podia ser usado para comprar estas unidades de moeda cibernética, ou elas poderiam ser ganhas de alguma forma, sempre associado a algum serviço ou compra. Pontos de relacionamento, que podem ser trocados por serviços ou produtos, exemplificam bem essa questão.

Atualmente, um forte exemplo de internacionalização de moeda é o BITCOIN, uma moeda digital que não precisa ser emitida por nenhum governo ou Banco Central (ULRICH, 2014).

2.2.2 O dinheiro no Brasil

De acordo com (BANCO CENTRAL, 2014), o primeiro dinheiro a ser utilizado no Brasil foi a moeda-mercadoria, uma moeda cujo valor vem da mercadoria da qual ela é feita. A circulação deste tipo de moeda aumentou com o avanço da colonização portuguesa.

A partir de 1580, com a união das coroas de Portugal e Espanha, moedas de prata espanholas passaram a circular no Brasil em grande quantidade. Assim, em 1694, foi criada a primeira Casa da Moeda, localizada na Bahia. Na época, todas as moedas de ouro e de prata em circulação na Colônia deveriam ser enviadas à Casa da Moeda para serem transformadas em moedas provinciais.

Com as dificuldades e os riscos inerentes ao transporte fizeram com que a Casa da Moeda fosse transferida de uma região mais próxima do centro de maior concentração financeira da época. Assim, em 1699, a Casa da Moeda mudou-se para o Rio de Janeiro; no ano seguinte, para Pernambuco; e de novo para o Rio, em 1703 (BANCO CENTRAL, 2014).

No entanto, devido à queda na produção de ouro e ao crescimento dos gastos com a implantação da administração no Rio de Janeiro, a quantidade de moedas em circulação tornou-

se insuficiente. Em 1810, os primeiros bilhetes de banco, precursores das cédulas atuais, foram lançados pelo Banco do Brasil. (BANCO CENTRAL, 2017).

No decorrer do século XIX, devido ao aumento da população e o alto custo dos metais preciosos utilizados na fabricação de moedas, as cédulas passaram a se tornar cada vez mais necessárias, consolidando-se como a principal moeda (BANCO CENTRAL, 2014). Desta forma, identificou-se a necessidade de criação de uma fábrica para essas moedas, surgia, assim, a Casa da Moeda do Brasil (CMB).

A CMB é uma empresa pública vinculada ao Ministério da Fazenda. Fundada em 8 de março de 1694, acumula 324 anos de existência. Inicialmente foi instalada na praça da república no centro do Rio de Janeiro. A empresa é uma das mais antigas instituições públicas do país.

Atualmente a Casa da Moeda do Brasil está localizada no Distrito Industrial de Santa Cruz, Zona Oeste do Rio de Janeiro, contendo unidades para a produção de moedas e medalhas, cédulas, impressos e passaportes.

Em 1994, a CMB participou ativamente da implantação do Plano Real, produzindo, em curto espaço de tempo, todo o padrão monetário brasileiro. A partir de 2008, a empresa passou por um forte processo de modernização, marcado pela aquisição de modernas linhas de produção de cédulas, que permitiram o lançamento da segunda família do Real, mais sofisticada e segura.

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