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HISTÓRIA DA MATEMÁTICA: ORIGENS E EVOLUÇÃO

2.4 História do ensino da Matemática no Brasil

A história do ensino de Matemática no país inicia-se no Brasil Colônia, segundo Valente (1999), devido às necessidades militares. Corre o ano de 1699, preocupada com a defesa da Colônia. A Coroa Portuguesa decide impulsionar a formação de militares em terras de além-mar. Era preciso ter, no Brasil, oficiais bem treinados no manuseio das peças de artilharia e com competência para construírem fortes. Cria-se, então, a Aula de Artilharia e Fortificações.

Apesar dessa deliberação, muitas dificuldades surgiram para que o curso de pronto tivesse início. A principal delas foi a falta de livros para a instrução militar. Mais precisamente, livros adequados são cursos criados.

Devido a essa demanda, o militar português, José Fernandes Pinto Alpoim, chega ao Brasil. É justamente graças à Ordem Régia de 19 de agosto de 1738 que o ensino militar conhece uma nova fase: torna-se obrigatório a todo oficial. Em outros termos, nenhum militar poderia ser promovido ou nomeado se não tivesse aprovação na Aula de Artilharia e Fortificações. José Fernandes Pinto Alpoim ministrou o curso desde 1738 até sua morte em 1765. Com a entrada da geometria como um dos exames parcelados aos cursos jurídicos, a Matemática muda oficialmente de importância no país. Inicialmente considerados como conteúdos de caráter técnico-instrumental, servindo prioritariamente ao comércio e à formação militar, os conteúdos matemáticos, por meio da geometria, ascendem à categoria de saber de cultura geral.

Definidas as condições de ingresso aos cursos jurídicos, por toda parte, aulas avulsas de francês, latim, retórica, filosofia e geometria passam a constituir o embrião de cursos preparatórios. A tais cursos caberia a preparação dos candidatos ao ensino superior; a preparação dos futuros bachareis, médicos, engenheiros. São esses cursos que deram a origem a um sistema que perdurou por cerca de 100 anos, atravessando o Império e as primeiras décadas da República.

No fim do século XIX e começo do século XX, a editora Francisco Alves, publicou cartilhas de vários autores, dentre eles, Abílio César Borges, Thomas Galhardo, Felisberto de Carvalho, Hilário Ribeiro e Francisco Viana. Dados apresentados em estudo por Hallewell (2005) nos mostram que no início do século XIX havia pouco investimento no mercado de livros para o Ensino Primário, pois o interesse do Governo Federal se voltou para a Educação Superior e os métodos primitivos de ensino usados por muitas escolas dispensavam inteiramente o uso de livros didáticos.

A primeira estruturação do ensino, conforme explica Valente (2004) põe fim aos preparatórios, e faz nascer essa disciplina até então inexistente. Resultado da fusão da aritmética, com a álgebra e a geometria, nasce a Matemática a partir da Reforma Francisco Campos, no primeiro governo de Getúlio Vargas.

Valente (1999) esclarece também que a criação do Colégio Pedro II revela o esforço de introduzir no país a referência de formação do homem culto, saído de um curso de formação geral, bacharel.

A partir de então, várias são as tentativas de exigência do bacharelado como condição de acesso aos cursos superiores. Isto é, diversos projetos acenavam para a obrigatoriedade do diplomado secundário seriado para ingresso nas faculdades.

Cada curso selecionava os pontos a serem estudados pelos candidatos dentro do conjunto das disciplinas. Um a um, os exames deveriam ser eliminados. A cada um deles, um certificado.

De posse do conjunto de certificados, que atestavam a conclusão das disciplinas, o candidato ganhava o direito de matrícula no ensino superior.

Pelo país, a partir dos anos de 1930, esclarece Valente (1999), começaram a proliferar os ginásios e liceus públicos. A população escolar, antes quase que exclusivamente formada por uma elite, aumenta de quantidade graças aos filhos de uma classe média crescente no país. Aumenta a produção editorial de livros didáticos, surgem as coleções de obras para serem usadas pelos alunos em cada uma das séries escolares; acirram-se os debates sobre conteúdos e metodologias a serem seguidos.

A cartilha, por ser um material didático muito utilizado desde o século XIX no processo de alfabetização das crianças tornou-se um documento histórico, factível de múltiplas análises, entre elas, a que se insere em um contexto sociocultural-histórico e também econômico, que procura reconstruir sob opiniões diversas as bases que a mantiveram como referência para o processo de alfabetização no Brasil, por um vasto período de espaço temporal. Sendo assim, torna-se relevante nesta pesquisa verificar os fatos históricos que serviram como pano de fundo ao cenário educacional brasileiro.

Afirma ainda Valente (1999) que o ministro da Educação, Gustavo Capanema, no vigor do Estado Novo (1937-1945), realizou novas reformas de ensino, regulamentadas por decretos-leis assinados entre 1942 a 1946 e nomeados de Leis Orgânicas do Ensino. Essas leis definiam as diretrizes para o Ensino Secundário, que deveria acontecer em sete anos, sendo o ginásio em quatro anos e o colegial em três.

O ministro da Educação, Clemente Mariani, que levou em consideração o trabalho desenvolvido por uma comissão constituída por diversos educadores, de diversas tendências, conduziu ao presidente da República para que fosse analisado pelo Congresso Nacional, um projeto que somente depois de uma vasta e longínqua discussão e agitada tramitação, tornou- se a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), a Lei n. 4.024/61, que foi promulgada em 20 de dezembro de 1961.

Nesse contexto, conforme Valente (2008) surgem novos livros didáticos. O primeiro deles passa a ser utilizado por todo o Brasil: o livro de Osvaldo Sangiorgi. Lançado em 1963, o primeiro de uma série de quatro, faz escola entre os professores e constitui guia para o trabalho de ensinar Matemática moderna. Em cena, nas aulas, os conjuntos, as estruturas algébricas. Acompanha cada exemplar um “Guia para uso dos professores”. Afinal, tudo é divulgado como novidade, era necessário reaprender Matemática, a Matemática moderna.

A partir da década de 70 foram criados inúmeros decretos e leis, entre eles, a LDBEN (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), no 5.692, de 1971, que fundamentou a Reforma do Ensino de Primeiro e Segundo Graus, cujo objetivo geral era a qualificação para o trabalho e o preparo para o exercício consciente da cidadania. O curso Primário e Secundário fundia-se, formando-se assim o Ensino Fundamental de oito anos.

A lei extinguia a distinção entre as escolas técnica e secundária, além da obrigatoriedade de realizar o Curso Fundamental.

O Ensino de Primeiro Grau, de acordo com Nagle (1976), ao fazer a integração do Primário e do Ginásio, proporcionou uma gradativa adequação dessas divergências, organizada de acordo com a nova organização curricular que conjeturava a existência de um

núcleo comum de formação geral, abarcando Comunicação e Expressão (língua portuguesa), Estudos Sócias (Geografia, História, Organização Social e Política do Brasil), Ciências (Matemática e Ciências Físicas e Biológicas), e também Educação Física, Educação Moral e Cívica, Educação Artística, Ensino Religioso, Programas de Saúde, Língua Estrangeira a partir da quinta série e uma parte diversificada que deveria considerar diversos conteúdos e também integrar a formação especial, na qual deveriam se inserir as áreas de Artes ou Práticas Industriais, Práticas de Serviços, Prática de Comércio, Práticas Agrícolas e Práticas Integradas do Lar.

De acordo com os autores Guilherme (2002) e Redua (2003) apesar das diversas medidas tomadas pelos órgãos competentes como a alteração do trabalho docente e a inserção as diversas práticas diferenciadas no cotidiano escolar, a lógica da série ainda persiste e o ano letivo ainda continua como o demarcador primordial da organização curricular.

Alguns estados estão buscando desenvolver algumas medidas para reestruturar a escola de Ensino Fundamental, apoiados pela LDBEN nº 9.394/96. Atitudes como: progressão continuada e a implantação do regime escolar em ciclos são vistas como possibilidades para romper com os problemas que persistem na educação primária nacional. Portanto, vários desafios ainda permanecem nesse século XXI para todas as áreas, inclusive, para o ensino e aprendizagem da Matemática.