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HISTÓRIA DA MATEMÁTICA: ORIGENS E EVOLUÇÃO

2.5 O ensino da Matemática: ciência em desenvolvimento

A Matemática é uma ciência que está em constante desenvolvimento. No ensino dessa disciplina, destacam-se dois aspectos básicos: um consiste em relacionar observações do mundo real com representações (esquemas, tabelas, figuras); outro tem a ver com relacionar essas representações com princípios e conceitos matemáticos. Nesse processo, a comunicação tem grande importância e deve ser estimulada, levando o aluno a “falar” e a “escrever” sobre Matemática, a trabalhar com representações gráficas, desenhos, construções, a aprender como organizar e tratar dados.

Sobre esses aspectos inerentes à aprendizagem, Brasil (1997) assevera:

A aprendizagem em Matemática está ligada à compreensão, isto é, à apreensão do significado; apreender o significado de um objeto ou acontecimento pressupõe vê-lo em suas relações com outros objetos e acontecimentos. Assim, o tratamento dos conteúdos em compartimentos estanques e numa rígida sucessão linear deve dar lugar a uma abordagem em

que as conexões sejam favorecidas e destacadas. O significado da Matemática para o aluno resulta das conexões que ele estabelece entre ela e as demais disciplinas, entre ela e seu cotidiano e das conexões que ele estabelece entre os diferentes temas matemáticos (BRASIL, 1997, p. 15).

Da forma como está exposta na maioria dos livros didáticos, a Matemática é apresentada diretamente por sua estrutura formalizada e repleta de abstrações. No entanto, abstração e formalismo não são imediatamente desenvolvidos pelos educandos e a didática do ensino da Matemática mecânica já provou que não funciona.

De acordo com os PCN (BRASIL, 1997), ao introduzir o conhecimento por uma apresentação abstrata e formal, os alunos deparam-se com dificuldades em relacionar esse novo conhecimento com algum outro saber prévio existente em sua estrutura cognitiva, visto que, epistemologicamente, existe um longo caminho entre a intuição de um matemático sobre uma possível teoria, até a sua exposição final, formal e abstrata. Essa matéria deveria ser ensinada em uma sequência condizente com a de sua criação, permitindo que o educando passe pelos estágios de desenvolvimento e de elaboração de um conhecimento matemático, fazendo com que experimente a rotina de um cientista e perceba como se cria e se desenvolve uma teoria, passando a ter um papel ativo na construção do conhecimento.

Mas para isso, os métodos de abordagem docente são extremamente importantes para que o ensino e a aprendizagem obtenham êxito em sua aplicação junto aos educandos.

Quanto à questão metodológica, a Matemática tem sido, ao longo dos anos, trabalhada nas escolas como um amontoado de regras e fórmulas a serem decoradas e, oportunamente, utilizadas sem qualquer aplicabilidade no cotidiano do aluno, fora da escola. Isso contribui para o desestímulo do estudo da disciplina por parte do educando e gera consequentemente, uma possível repetência da série, o que pode vir a ser responsável por uma parcela da evasão escolar.

Considerando esses aspectos Araújo (2011) afirma:

Embora a Matemática seja uma importante área do conhecimento humano, enquanto disciplina escolar é apontada como uma das causas do baixo rendimento da aprendizagem, estando, na maioria das vezes, associada à repetência e à evasão de uma significativa parte dos alunos. Aos fatores descritos acima, alia-se também, a questão da defasagem do currículo para o ensino da Matemática no Ensino Fundamental. No atual contexto escolar, conteúdos como estudo de números (naturais, inteiros, racionais e reais), unidades de medidas e a geometria, são trabalhados por meio de uma linguagem simbólica e formal, que, além de complexa, está muito distante do que as crianças e jovens vêem, ouvem e falam no cotidiano (ARAÚJO, 2011, p. 03).

Ensinar Matemática é uma habilidade de múltiplos conhecimentos que agreguem o lúdico, para incentivar a expressão do pensamento do educando através: de jogos; da interatividade e do uso de materiais concretos, como recurso de ensino; do uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s), como formas de fomentar o interesse e participação dos educandos, da exploração de conteúdos, como o da História da Matemática, que é uma alternativa metodológica de ensino, entre outros.

As atividades investigativas, outra opção como recurso metodológico, dão ênfase aos processos matemáticos, como a busca de regularidades, formulação, tese, justificativa e demonstração de ideias. Umas das peculiaridades desse processo é a motivação e a atmosfera de desafio.

Dessa forma, as metodologias que são ensinadas cotidianamente em sala de aula são: a exposição oral do conteúdo; a mostra concreta do conteúdo (através da lousa); o uso do caderno e do livro; atividades relacionadas ao cálculo mental com o uso de materiais concretos.

Contudo, segundo Nacarato et. al. (2004), a visão do professor como autoridade em sala de aula que mostra, explica e justifica sem nada a querer receber de informações do educando é que contribui para a construção de valores negativos em relação à Matemática. Essa dificuldade em entender o processo de ensino e aprendizagem faz com que o docente não tenha como avaliar seu trabalho, buscar o porquê, uma maneira de intervir de forma consciente a reconstrução dos códigos matemáticos.

O ponto de partida para esse (re) pensar é buscar com persistência e estudo o (re) conhecimento de teorias que conduzam de modo muito competente a uma prática pedagógica em que os conceitos de calcular, contar e resolver problemas sejam modificados não só teoricamente, mas na prática da sala de aula.

Uma aprendizagem mecânica da Matemática, como a memorização, que não se fundamenta nas ideias e nos conhecimentos adquiridos pela criança sobre a Matemática e não vem acompanhada de uma real compreensão dos usos e de suas funções é seguramente inútil. Assim, além de retirar o educando da condição de passividade, o tratamento contextualizado vai contribuir para a formação de um novo conceito matemático.

Cabe, portanto, ao docente, trabalhar os conteúdos sob esse enfoque para que proporcione uma relação de reciprocidade, contribuindo para que o aluno domine o conhecimento matemático de forma significativa, compreendendo sua aplicabilidade na vida pessoal e profissional, conforme ressalta os PCN: “o tratamento contextualizado do

conhecimento é o recurso que a escola tem para retirar o aluno da condição de espectador passivo” (BRASIL, 1997, p. 78).

A interação possibilita a constituição de uma nova e promissora realidade escolar. O problema é que a escola, como instituição, está ainda marcada pela lógica da transmissão, fazendo colidir a lógica das TIC e a de ensino.

Portanto, há de se refletir sobre essa questão, o que pode ocasionar numa nova programação e planejamento do projeto pedagógico, além de auxiliar na construção de perspectivas para a efetivação de um processo de ensino e aprendizagem que contemple o educando em seu entendimento para a educação Matemática.

Nesse sentido, tais estratégias precisam ser pautadas de acordo com as informações fornecidas pelo diagnóstico do ensino e aprendizagem da Matemática nos dias atuais e o resultado dessas avaliações.