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3. REVISÃO DE LITERATURA

3.3 HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA

A importância de introduzir a questão da prevenção das doenças, têm como base o modelo de Leawell & Clarck, no que se diz respeito ao esquema da História Natural das Doenças, conceituando a promoção da saúde como um cuidado direcionado ao comportamento do indivíduo, além de atitudes e hábitos que caracterizam os diferentes modos de vida (SUCUPIRA e MENDES, 2003).

Embora esse termo tenha sido inicialmente usado por Leawell & Clarck para caracterizar um nível de atenção da medicina preventiva, o seu significado foi transformado ao longo do tempo, com o foco voltado para o processo saúde-doença-cuidado (BUSS, 2003). Dessa forma, conjuntamente as predisposições fisiológicas do indivíduo, organização econômica, social e cultural do grupo em que se encontra inserido, apresenta relevância na determinação do estado saúde-doença (SOARES e SANTOS, 2013).

A promoção ficava restrita ao nível primário, já a prevenção deveria acontecer em todos os níveis da História Natural das Doenças (HND), seja prevenindo a doença ou as suas complicações nos diferentes momentos de evolução em que estiver transcorrendo (SUCUPIRA e MENDES, 2003).

No mais, para começar a entender a História Natural da COVID-19, julga-se prudente definir o quadro de evolução com mais clareza, por meio de alguns termos para melhor compreensão dessa pesquisa (JÚNIOR, 2020). Termos esses que envolvem a pré-patogênese e patogênese da doença.

3.3.1 Pré- Patogênese

O SARS-CoV-2 começou a ser disseminado pelo contato com carne de animais silvestres e depois entre humanos (SOUZA et al., 2020). Sendo assim, o vírus por ser uma partícula inerte fora da célula, permanece existindo na natureza até encontrar um hospedeiro, ou seja, enquanto as pessoas se isolam, o contágio diminui, mas quando as pessoas voltam a circular o vírus volta a se propagar (JÚNIOR, 2020).

Nesse caso, a proporção da sociedade imune a COVID-19 deve ser suficiente para prevenir a sua propagação. Quando isso ocorrer, as intervenções de emergência de saúde pública não serão mais necessárias (MENDES, 2020).

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Importante investir na prevenção dos agravos na lógica do direito de evitá-lo e impedir que avance para o contágio, na qual existem conhecimentos e procedimentos que possivelmente possam reduzir o agravamento da doença (SUCUPIRA e MENDES, 2003). Por essa razão, só existe uma maneira de uma epidemia terminar, quando a maior parte da população em torno de 80% já estiver apresentando anticorpos que combatam o vírus (JÚNIOR, 2020).

Devido a isso, no que se diz respeito a vacinação a média mundial de vacinados com apenas 1 dose totalizou em torno de 21,8% da população mundial, concentrando cerca de 2,7 bilhões de pessoas (SENHORAS, 2021).

No entanto, a maior preocupação se diz respeito a aglomeração de pessoas que podem transmitir o vírus para a população mais vulnerável (MENDES, 2020). Sendo assim, as campanhas de prevenção das doenças infecciosas são extremamente válidas, sendo efetivas na redução da incidência, por utilizarem conhecimentos e práticas da atenção primária que comprovadamente podem evitar o avanço da doença para a fase de patogênese (SUCUPIRA e MENDES, 2003).

No mais, um conjunto de 18 vacinas contra a COVID-19 foram utilizadas globalmente em 2021, compreendendo uma hierarquia assimétrica quanto a capacidade de produção e os destinos de distribuição (SENHORAS, 2021).

Importante ressaltar que a respeito do comportamento biológico do bioagente patogênico SARS-COV-2, existem apenas estimativas pela literatura, de maneira ampla, sem garantia de certeza (JÚNIOR, 2020).

3.3.2 Patogênese

A forma mais comum de contaminação por SARS-CoV-2 ocorre por meio da propagação do vírus pelo ar, na qual a pessoa contaminada tosse ou espirra espalhando aerossóis que ao chegar em um hospedeiro pode ficar incubado em média por 5 dias, até aparecer os sintomas (JÚNIOR, 2020). Avançando para a etapa de patogênese da doença, em que pode ocorrer a cura, ou avançar para complicações devido a infecção, e se não tratado levar a morte de acordo com o modelo de História Natural da Doença (HND) de Leavell&Clarck (PEREIRA, 2005).

Estudos disponíveis até o momento relatam que a população pediátrica representa cerca de 1% a 5% dos casos diagnosticados com COVID-19 (MANZOLI et

al., 2020). Visto que cada um dos coronavírus humanos podem levar a infecções graves do trato respiratório inferior. Importante salientar que a doença afeta todas as faixas etárias e é exacerbado em indivíduos com doenças mórbidas subjacentes (PYRC et al.

2007; ZHENG et al. 2018; MACHHI et al., 2020).

No entanto, alguns estudos têm relatado casos de infecção em crianças, com uma perspectiva na qual 83% (275, intervalo de 52% -100%) das crianças tiveram um contato positivo com o vírus, principalmente com membros da família. (ZHANG et al., 2020;

SUN et al., 2020; ZIMMERMANN e CURTIS, 2020).

Em outra pesquisa, dos pacientes avaliados, 728 (34,1%) foram identificados como casos confirmados por laboratório, 1407 (65,9%) com suspeita de contaminação.

A idade média de todos os pacientes era de 7 anos em um intervalo interquartil de 2 a 13 anos. Entre esses pacientes, 1.208 casos (56,6%) eram meninos. (DONG et al.,2020)

No tocante aos estudos realizados com o intuito de auxiliar no diagnóstico, Zimmermann e Curtis (2020, p. 03) descrevem que, dentre os sintomas mais comuns estão: tosse em 48% (160, 19% –100%), febre em 42% com média duração de 3-6 dias, em um intervalo de 1-16 dias, faringite em 30% (99, 11% –100%) dos pacientes avaliados.

Então, é perceptível que a COVID-19 tem infecciosidade mais forte se comparado com os demais vírus da mesma família. Pois, crianças com SARS eram esporádicas e tinham uma história clara de exposição. Em contraste, as com COVID-19 que evidenciaram uma clara história de agrupamento em famílias e comunidade infectadas (ZHOU et al., 2020).

Além de que, características clínicas de COVID-19 em crianças variam em diferentes países, dados recentes dos EUA relatam que, em 27 de março de 2020, pelo menos 35 crianças necessitaram de ventilação mecânica e um bebê morreu (ZIMMERMANN e CURTIS, 2020).

Logo, crianças de todas as idades estão sensíveis a COVID-19 (DONG et al., 2020). Outros sintomas relatados por Zimmermann e Curtis (2020, p. 03) foram:

taquipneia (0% –100%), congestões nasais (0% –30%), rinorreia (0% –20%), respiração ofegante (33%), diarreia (8% –23%), vômitos (8% –50%), dor de cabeça (8% -13%) e fadiga (8% –13%).

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Nesse interim, os testes laboratoriais mostraram uma queda geral no lavor dos linfócitos sugerindo que o SARV-CoV-2 pode ter como alvo principal os linfócitos, espalhando-se pela mucosa respiratória, desencadeando respostas imunológicas, consequentemente revertidas em manifestações clínicas (YANG et al., 2020).

Apesar da existência de casos recentes de pacientes pediátricos em todo o país com síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica provavelmente de complicações vinculado a COVID-19 (MACHHI et al., 2020). Existem dados limitados sobre crianças com COVID-19. Portanto, há uma necessidade urgente de definir as características clínicas e a gravidade da doença, especialmente nos países que não têm dados com pacientes pediátricos (ZHOU et al.,2020).

Consideravelmente, as indicações atuais destacam que esse novo patógeno é mais transmissível do que os coronavírus anteriores (CHENG e WILLIAMSON, 2020).

Visto que essa síndrome inflamatória tem características que se sobrepõem àquelas vistas na doença de Kawasaki e na síndrome do choque tóxico, que pode ocorrer dias ou semanas após a doença aguda COVID-19 (ZHOU et al.,2020).

Sendo assim, será somente por meio da identificação das características clínicas, que será possível distinguir pacientes com COVID-19 daqueles com outras infecções virais respiratórias, incluindo influenza (CHENG e WILLIAMSON, 2020).

Portanto, estudos que priorizem características clínicas na fase infanto juvenil é importante para a identificação precoce de crianças infectadas por SARS-CoV-2, com o intuito de fornecer assistência hospitalar adequada e reduzir o impacto da pandemia (ZIMMERMANN e CURTIS, 2020). Impedindo que a doença evolua para um curso mais danoso de complicação ou morte (SUCUPIRA e MENDES, 2003). Pois, com base em estudos científicos, estima-se que foram registrados 521 óbitos de crianças no Brasil, em torno de 22% (SANTOS et al., 2021).

Em suma, compreender o mecanismo de proteção em crianças ajuda no desenvolvimento de objetivos terapêuticos principalmente para a população considerada de risco, como os idosos. Além disso, também é importante identificar os riscos em crianças para fazer recomendações sobre tratamentos em casos de infecção (DHOCHAK et al., 2020; MEDEIROS et al, 2020).

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