• Nenhum resultado encontrado

Damião Ximenes Lopes, nascido em 25 de junho de 1969, no interior do Ceará, convivia com seus pais e seis irmãos, dentre eles Cosme, seu irmão gêmeo. Tiveram uma infância normal como de toda criança, sem apresentar qualquer tipo de doença aparente (PAIXÃO, 2007). No entanto, quando a adolescência chegou, Damião e seu irmão Cosme começaram a desenvolver problemas mentais, passando a terem várias crises causadas pelo desenvolvimento de uma deficiência mental orgânica, proveniente de alterações no funcionamento do cérebro. Sobre as crises de Damião explica Paixão (2007, p. 4) que:

Durante as crises, Damião ficava isolado, quieto, não se manifestava, tampouco escutava o que os outros diziam, um sintoma comum de Damião, segundo o relato de sua irmã, era olhar para determinado ponto e rir de forma que seu corpo tremia. As crises de Damião foram piorando até que, em dezembro de 1995, foi levado pela família à Casa de Repouso Guararapes, em Sobral - CE. Nessa oportunidade, ficou internado por dois meses e desde então passou a fazer uso constante de medicação.

Após retornar desta clínica, Damião apresentava feridas e escoriações, e mesmo de forma tímida relatou que sofria agressões por parte dos funcionários da clínica. No entanto a clínica se defendeu dizendo que os ferimentos eram decorrentes de uma tentativa de fuga de Damião da clínica (MONTEIRO, 2015).

Mesmo assim, a família de Damião decidiu por não mais interná-lo, uma vez que estava fazendo tratamento com medicamentos, e as crises haviam cessado. Porém, em março 1998, Damião teve uma forte crise, e sua mãe teve que lhe levar até Fortaleza para consultar. Ao retornar para casa, Damião se encontrava em um crítico estado de agitação, o que fez com que o motorista do carro perde-se o controle do veículo, vindo a colidir. Então, Damião saiu vagando pela estrada, e sua mãe, desesperada, pediu ajuda a polícia, que localizou Damião. Pelo estado que Damião se encontrava, necessitava ser internado, e o local mais próximo era novamente a Clínica de Repouso de Guararapes, em Sobral. Durante esta segunda internação, Damião novamente apareceu com ferimentos, momento em que sua família pôde ter certeza das condições insalubres da clínica (PAIXÃO, 2007).

Após dar alta, Damião não era mais a mesma pessoa, pois não tinha mais disposição para questões do cotidiano, tampouco sonho ou desejos, segundo relatos de sua irmã Irene. Mas a situação veio a piorar, pois a medicação passou a provocar náuseas e mal estar a Damião, motivo pelo qual teve o tratamento interrompido.

Com o tratamento interrompido, a saúde de Damião passou a pior, uma vez que não dormia e nem se alimentava, não deixando outra alternativa à sua mãe a não ser interná-lo novamente. Em outubro de 1999, Damião foi levado à clínica de Repouso de Guararapes, por sua mãe. Ao chegarem na clínica, não havia médico para fazer a consulta, no entanto, como Damião estava em crise, a mãe decidiu deixá-lo internado, certa que logo Damião seria atendido por um médico, diante da gravidade de sua situação. Monteiro (2015, p. 97) relata de que forma ocorreu a internação:

Ele nunca agrediu ninguém, era meigo, gostava de televisão e das músicas do Roberto Carlos. Ele era depressivo, vivia com depressão, aí se isolava, aí a depressão também deixa a pessoa sem dormir né, e sem tomar a medicação então fica inquieto, aí ele passava a noite levantando, aí passava pra um lado e não deixava ninguém dormir, quem que podia dormir vendo uma pessoa em casa inquieta, andando acendendo luz, abrindo porta, aí ela temia que aquilo dali, e ela pensou correto, ele ficando inquieto, sem dormir, ele já tá agitado, começando uma agitação nele, ele pode vir ficar bastante agitado e acontecer alguma coisa né, é isso que ela temia, aí ela foi, mas sabia que na última vez ela não foi pra internar ele, ela não foi com a intenção de internar ele, foi pra fazer uma consulta, só que quando chegou lá não tinha médico de plantão, não tinha médico, nem vaga tinha, foi aí que ela ficou esperando um pouco até que ela disse que chegou uma ligação dizendo que podia internar, então ela deixou ele lá pra assim, no final de semana ela sabia que aparecia médico e ia consultar e segunda-feira ela pensava que já trazia ele. (Irene Ximenes).

Três dias após a internação de Damião, sua mãe, Albertina, retornou à clínica para lhe ver, sendo impedida. Desesperada, passou a gritar por Damião, até que este surgiu, “cambaleante, com as mãos amarradas para trás roupa toda estragada, a mostrar a cueca, corpo sujo de sangue, fedia a urina, fezes e sangue podre. Nas fossas nasais bolões de sangue coagulado. Rosto e corpo apresentavam sinais de ter sido impiedosamente espancado.”

Albertina Viana Lopes Ximenes, mãe de Damião: Relata que Damião adoeceu e o levou para o hospital para que fosse medicado e no quarto dia, ao visitá-lo, encontrou seu filho quase morto [...] procurou seu filho, gritou o nome dele e este veio caindo aos pés da mãe com as mãos amarradas para trás, todo rasgado, cheio de mancha roxas, perguntou ao filho o que significava aquilo e ele só dizia ‘polícia, polícia, polícia’ [...] comprou um refrigerante, colocou em um copo e ele tomava como se estivesse morrendo de fome ou sede. (BORGES, 2009, p. 45).

Após ver o filho nesta situação, pediu para falar com um médico, sendo encaminhada ao Dr. Francisco Ivo de Vasconcelos, diretor clínico e médico da Casa de Repouso Guararapes, o qual sem ao menos ver Damião lhe receitou um medicamento injetável e logo após deixou a clínica.

Sem ter o que fazer, Dona Albertina (mãe de Damião) retornou para sua casa em Varjota, 72 km de Sobral. Quando chegou em casa já havia um telefonema da Casa de Repouso de Guararapes, solicitando sua presença, pois Damião havia falecido. Monteiro (2015, p. 89) transcreve o relato feito pela irmã de Damião, Irene:

Bem, a notícia veio na hora do almoço, eu estava almoçando com o meu esposo, o Airton meu grande parceiro nessa história [...]. Então ele atendeu o telefone, pela conversa eu vi que estava acontecendo algo bastante grave, eu disse me dá o telefone, eu praticamente tomei o telefone da mão dele, aí quando eu tomei ela (a mãe) estava chorando, estava assim aos gritos mesmo, disse que tinha acabado de

chegar do Guararapes e tinha encontrado Damião quase morto, ela contou assim com todos os detalhes, como era que ele estava, todo sujo, rasgado, cheio de hematomas, a cabeça inchada, pelo que ela descreveu eu disse assim: pronto tá quase morto, não vai resistir [...] quando ela chegou em casa já tinha uma ligação do Guararapes pedindo para ela retornar, só que não disseram o que aconteceu, só pediram a presença dela no Guararapes.

No laudo de falecimento, o Dr. Ivo (responsável pela clínica) atestou que a morte de Damião havia sido natural, resultante de uma parada cardiorrespiratória e que o corpo não apresentava lesões externas. Inconformados com o laudo, a família procurou a Polícia Civil e pediu para que o laudo de necropsia fosse feito em Fortaleza. Para a surpresa da família, o médico responsável pelo Instituto Médico Legal de Fortaleza era ninguém menos que o Dr. Ivo. No novo laudo médico foram indicados os ferimentos externos no nariz, ombro, face, joelho, pé e punhos, no entanto, foram descritos como compatíveis com uma contenção física padrão praticada na casa de repouso. Nos exames, nos órgãos internos, não foram percebidas lesões nem traumas. Não tendo causa da morte, pois foi considerada indeterminada por falta de elementos (MONTEIRO, 2015).

Desde então começou a luta pelo esclarecimento sobre a morte e punição dos responsáveis. O Ministério Público chegou a pedir ao Instituto Médico Legal (IML) para que descrevesse melhor as lesões sofridas por Damião, que informou que as lesões encontradas no cadáver poderiam ter sido causadas por espancamento ou por tombos, sendo impossível afirmar com precisão a especificidade da causa (PAIXÃO, 2007).

A luta pelo esclarecimento persistiu e, em 2002, a justiça de Sobral pediu a exumação do cadáver de Damião em uma nova tentativa de esclarecer as causas da morte. Mais uma vez a tentativa foi frustrada sob a alegação de que o cadáver estava em alto estado de decomposição, e à suposta falta de fraturas ósseas, o resultado do laudo foi mais uma vez morte por causa indeterminada (PAIXÃO, 2015).

Buscando reparação e punição dos responsáveis pela morte de Damião Ximenes Lopes, a família de Damião procurou a justiça brasileira e ajuizou ação criminal e ação civil indenizatória contra o proprietário da clínica. Percebendo a dificuldade de se conseguir uma investigação justa e imparcial, a irmã de Ximenes Lopes apresentou uma denúncia contra o Estado brasileiro perante o Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos.

Ainda, no final do ano de 1999, mais precisamente dia 22 de novembro, a irmã Irene de Damião apresentou a denúncia a Comissão, relatando que no dia 04/10/1999 seu irmão foi morto em uma Casa de Repouso, quando fora internado pela terceira vez por problemas mentais. Desta vez ele havia parado de tomar seus medicamentos, tento crises, ato comum em pessoas com doenças mentais (BORGES, 2009).

Irene também relatou na sua denúncia que sua mãe levou Damião para fazer uma consulta, e não interná-lo, mas como na clínica não havia médico responsável no momento resolveu deixá-lo, para quando o médico chegasse consultasse Damião, e, na segunda- feira, voltaria para buscá-lo. Mas, quando chegou “encontrou o Damião quase morto. Ele havia sido impiedosamente espancado, estava com as mãos amarradas para trás e seu corpo coberto de sangue [...].” (BORGES, 2009, p. 28).

Sua irmã ainda relata na denúncia que “ele ainda conseguiu falar, numa expressão de pedido de socorro: polícia, polícia, polícia, [...]” (BORGES, 2009, p. 28). Sua mãe, de imediato, procurou o médico responsável, que mandou aplicar um medicamento injetável em Damião sem ao menos consultar, e mandou voltar para casa. Assim o fez, e, ao chegar em sua residência, já havia a notícia da morte de Damião

Na denúncia Irene fez um alerta e um pedido:

Quero tornar público que no Guararapes reina a humilhação e a crueldade. Seres humanos são tratados como bichos. As famílias das vítimas são pessoas pobres, sem voz e sem vez. E a impunidade continua. [...] As mulheres são igualmente agredidas e estupradas. [...] Neste sistema, inocentes perecem, perdem a vida e tudo fica no anonimato. Provas nunca existem. Assim como eu, muitos clamam por justiça e estão prontos a dar seu depoimento. Em nome da JUSTIÇA e dos DIREITOS HUMANOS, AJUDEM-ME!! [...] Irene Ximenes Lopes Miranda. (BORGES, 2009, p. 28).

Alguns dias após o envio do e-mail, Irene foi contatada pelo advogado da OEA responsável pelas denúncias efetuadas no estado Brasileiro, o qual lhe informou que sua denúncia havia sido recebida. Em 14 de dezembro de 1999, a Comissão entrou com a petição nº 12.237. De acordo com Borges (2009 apud MONTEIRO, 2015),

no início de dezembro de 1999, alguns dias após o envio da denúncia à OEA, a irmã de Damião recebeu uma ligação do 109 advogado que acompanha os casos relativos ao Estado brasileiro, no qual dava ciência da denúncia. Ainda segundo a autora, no dia 14 de dezembro de 1999, ‘a comissão iniciou o tramite da petição sob o número 12.237’.

Através desta petição, foi remetida a denúncia ao Estado Brasileiro e concedido o prazo de 90 dias para resposta. No entanto, o Brasil permaneceu em silêncio não se manifestando sobre o caso. Com base nisto e nos demais requisitos de admissibilidade, a Comissão admitiu a denúncia e aprovou os quesitos de admissibilidade da petição (PAIXÃO, 2007).

Em seguida, a Comissão aplicou o que dispõe o art.48 da Convenção Americana:colocou-se à disposição das partes para o procedimento de solução amistosa. Mas uma vez o Estado Brasileiro permaneceu inerte em relação ao caso, atitude esta que levou a aprovação do relatório de admissibilidade pela Comissão, atribuído responsabilidade ao Brasil pela violação de seus direitos à integridade pessoal, à vida, à proteção judicial e às garantias judiciais, todos assegurados na Convenção Americana, violadas no caso Ximenes Lopes (CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS, 2006).

Sendo assim, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos fez inúmeras recomendações e medidas reparatórias ao estado Brasileiro, dando-lhe o prazo de dois meses para que informasse sobre o cumprimento das recomendações. No entanto nenhuma medida foi adotada pelo estado Brasileiro, o qual ainda pediu prorrogação do prazo, sendo lhe concedido, e ao final apresentou apenas relatório parcial sobre sua atuação na efetivação das recomendações, além de sua contestação ao Relatório de Admissibilidade aprovado pela Comissão (CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS, 2006).

Cabe ressaltar que se o estado tivesse adotados as medidas recomendadas, o caso poderia ser encerrado, no entanto o Estado enviou apenas um relatório parcial, que não satisfazia a Comissão, nem a parte litigante (PAIXÃO, 2007).

Em 2004, os autores da denúncia encaminharam uma petição a Comissão sustentando a importância do envio do caso a Corte, uma vez que o Estado Brasileiro não cumpriu com as recomendações efetuadas pela Comissão, sendo atendidos em 30 de setembro de 2004, quando a Comissão decidiu submeter o caso a Corte Interamericana de Direitos Humanos.

Finalmente o caso da tortura e morte de Damião Ximenes Lopes, iria a julgamento perante a Corte. Assim expresso na Sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos (2006, p. 12):

Em 16 de janeiro de 2004, o Estado brasileiro solicitou a inclusão do caso de Damião Ximenes dentro no programa de audiências e sessões de trabalho que seriam celebradas durante o 119º período de sessões da Comissão Interamericana. Mediante comunicação de 2 de fevereiro, a CIDH convocou a ambas partes a uma reunião de trabalho para o dia 1 de março de 2004 em Washington, D.C.

Com a denúncia enviada a Corte o seguinte procedimento foi enviado, segundo Paixão (2007, p. 10),

De posse das informações encaminhadas pela Comissão, o Secretário Geral da Corte notificou os possíveis interessados acerca do caso, dentre eles: as vítimas e/ou seus representantes, a Comissão, o Brasil - Estado acusado de ter violado a Convenção - e os juízes. D. Irene e seus representantes, no caso Justiça Global, foram informados acerca do prazo de 30 dias para apresentar suas moções, argumentos e evidências, bem como a indicação de possíveis testemunhas. Foi solicitada a indicação dos delegados da Comissão e do Estado perante a Corte no prazo de 1 (um) mês e ao Brasil foi concedido o prazo de 2 (dois) meses para submeter suas objeções preliminares.

O pedido da Comissão era para que a Corte decidisse se o estado era responsável pela violação dos arts. 4 (direito à vida), 5 (direito à integridade pessoal), 8 (garantias judiciais) e 25 (proteção judicial) da Convenção Americana, com relação à obrigação estabelecida no artigo 1.1 (obrigação de respeitar os direitos) do mesmo instrumento. Assim demo nstra a Sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos (2006, p. 14):

A Comissão Interamericana considera de suma importância o reconhecimento judicial dos fatos no caso de Damião Ximenes. Este constitui o pronunciamento sobre as violações em que incorreu o Estado através das ações ilícitas e omissões de seus agentes, fonte de responsabilidade internacional. Também é um mecanismo de dignificação e um meio legítimo de publicação da verdade que foi negada sob a figura da impunidade. Por último, constitui o fundamento necessário para o estabelecimento das reparações correspondentes.

Após a instrução, foi solicitada a Corte para que esta ordenasse ao Estado Brasileiro a adoção de medidas de reparação, bem como o ressarcimento das custas e gastos. Os peticionários da Comissão também solicitaram que o Estado Brasileiro fosse ordenado a

efetuar uma séria investigação em relação aos fatos que levaram a morte de Damião, no intuito de responsabilizar os envolvidos (PAIXÃO, 2007).

Outras indicações foram feitas pela Comissão, segundo Paixão (2007, p.11), que a Corte estipulasse as indenizações a serem pagas, bem como as medidas a serem adotadas pelo Estado brasileiro para evitar e garantir que casos como o de Damião, não voltassem mais a reincidir. Cabe ressaltar que tal procedimento encontra-se amparado no art.63.1 da Convenção Americana de direitos Humanos (1969):

Artigo 63 - 1. Quando decidir que houve violação de um direito ou liberdade protegidos nesta Convenção, a Corte determinará que se assegure ao prejudicado o gozo do seu direito ou liberdade violados. Determinará também, se isso for procedente, que sejam reparadas as consequências da medida ou situação que haja configurado a violação desses direitos, bem como o pagamento de indenização justa à parte lesada.

O Estado brasileiro então interpôs uma exceção preliminar de não esgotamento das vias internas de recursos, uma impugnação em relação ao atendimento de pré-requisitos necessários à intervenção da Corte, e sua contestação da demanda. No entanto cabe observarmos o que diz o art. 46 da Convenção Americana de Direitos Humanos (1969):

Artigo 46 - Para que uma petição ou comunicação apresentada de acordo com os artigos 44 ou 45 seja admitida pela Comissão, será necessário:

a) que hajam sido interpostos e esgotados os recursos da jurisdição interna, de acordo com os princípios de Direito Internacional geralmente reconhecidos;

b) que seja apresentada dentro do prazo de seis meses, a partir da data em que o presumido prejudicado em seus direitos tenha sido notificado da decisão definitiva; c) que a matéria da petição ou comunicação não esteja pendente de outro processo de solução internacional; e

d) que, no caso do artigo 44, a petição contenha o nome, a nacionalidade, a profissão, o domicílio e a assinatura da pessoa ou pessoas ou do representante legal da entidade que submeter a petição.

2. As disposições das alíneas ‘a’ e ‘b’ do inciso 1 deste artigo não se aplicarão quando:

a) não existir, na legislação interna do Estado de que se tratar, o devido processo legal para a proteção do direito ou direitos que se alegue tenham sido violados; b) não se houver permitido ao presumido prejudicado em seus direitos o acesso aos recursos da jurisdição interna, ou houver sido ele impedido de esgotá-los; e

c) houver demora injustificada na decisão sobre os mencionados recursos.

O presidente da Corte, em 22 de setembro de 2005, expediu uma resolução a qual convocava a Comissão, os representantes da vítima e o Estado, para uma audiência pública, e

também estabelecia o termo final para apresentarem suas alegações finais escritas com relação à exceção preliminar e eventuais questões de mérito, reparações e custas (PAIXÃO, 2007).

Finalmente, em 30 de janeiro de 2005, foi realizada a audiência pública na Corte Interamericana. Assim refere-se Paixão (2007, p. 12):

Em 30 de novembro e 1º de dezembro de 2005, foi celebrada audiência pública na Corte Interamericana. Nessa oportunidade, o Estado reconheceu os maus-tratos de que Ximenes Lopes foi vítima antes de sua morte, em violação dos artigos 5 da Convenção, mas não reconheceu sua responsabilidade internacional pela suposta violação dos artigos 8 (garantias judiciais) e 25 (proteção judicial) da Convenção Americana, em detrimento dos familiares do senhor Damião Ximenes Lopes. Nessa audiência, a Corte negou provimento à exceção preliminar de não-esgotamento dos recursos internos interposta pelo Estado.

Sendo assim, passamos a analisar de que forma a Corte Interamericana prolatou sua sentença de condenação ao Estado Brasileiro, e se as penalidades ali impostas foram cumpridas.

Documentos relacionados