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Este sistema tem como seu aparato jurídico principal a Convenção Americana de Direitos Humanos firmada em São José da Costa Rica no ano de 1969, no entanto só entrou em vigor em 1978, após atingir o número mínimo de 11 ratificações necessárias. Neste sentido se manifesta Piovesan (2004, p. 219) quando diz:

Cada qual dos Sistemas regionais de proteção apresenta aparato jurídico próprio. O sistema americano tem como principal instrumento a Convenção Americana de Direitos Humanos de 1969, que estabelece a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e a Corte Interamericana.

No mesmo sentido é importante destacar o que disse Thomas Buergenthal (apud PIOVESAN, 2004, p. 223):

A Convenção Americana de Direitos Humanos foi adotada em 1969 em uma Conferência inter-governamental celebrada pela Organização dos Estados Americanos (OEA). O encontro ocorreu em San José, Costa Rica, o que explica o porquê da Convenção Americana ser também conhecida como “Pacto de San José da Costa Rica”. A Convenção Americana entrou em vigor em julho de 1978, quando 11º instrumentos de ratificação foi depositado.

É importante destacar que há uma segunda linha de aparato jurídico que se baseia na Carta de Organizações dos Estados Americanos e na Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem, motivo pelo qual se costuma dizer que no Sistema Americano existe um sistema duplo de proteção aos direitos humanos. Porém há prevalência pelo regime instaurado pela Convenção Americana (PIOVESAN, 1998).

Conforme já exposto, apenas em 1978, após atingir o número mínimo de ratificações que a Convenção entrou em vigor, sendo que somente os estados membros da Organização dos Estados Americanos podem aderir a Convenção. Explica Ramos (2012, p. 63): adotada em 22 de novembro de 1969, a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica), só entrou em vigor internacionalmente em 18 de julho de 1978, após a ratificação do Peru (11ª ratificação).

Segundo Piovesan (2000, p. 253), o Brasil ratificou a Convenção em 25 de setembro de 1992, sendo que o marco inicial para a incorporação do Direito Internacional dos Direitos Humanos foi em 1984, conforme destaca:

O marco inicial do processo de incorporação do Direito Internacional dos Direitos Humanos pelo Direito brasileiro foi a ratificação em 1º de fevereiro de 1984, da Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher. A partir desta ratificação, inúmeros outros relevantes instrumentos internacionais de proteção aos direitos humanos foram também incorporados pelo direito brasileiro.

Ramos (2012, p. 63) fez um importante apontamento no que se refere a adesão feita pelo Brasil a Convenção Americana:

O Brasil foi extremamente lento para ratificar a Convenção, mesmo após a redemocratização. A mensagem presidencial solicitando a aprovação do Congresso Nacional (artigo 49, I) foi encaminhada pelo Presidente José Sarney em 1985. Somente em 26 de maio de 1992 foi editado o Decreto Legislativo n. 27, que aprovou o texto, abrindo as portas para sua ratificação internacional. O Brasil depositou a carta de adesão à Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica) em 25 de setembro de 1992, data de sua entrada em vigor internacional para o Brasil. Depois, foi editado o Decreto de Promulgação em 6 de novembro de 1992.

Comparato (2001) diz que o Brasil aderiu a Convenção ressalvando duas cláusulas facultativas, sendo elas, a expressa no art. 45, 1º, que dizia respeito à competência da Comissão Interamericana para examinar as queixas apresentadas por outros estados-partes sobre o não cumprimento das obrigações impostas pela Convenção, e a expressa no art. 62, 1º da Convenção que tratava sobre a jurisdição obrigatória da Corte Interamericana de Direitos Humanos. No entanto, a Convenção foi promulgado no Brasil, e através de um decreto o Congresso Nacional aprovou o reconhecimento da competência obrigatória da Corte Interamericana de Direitos Humanos. Neste sentido destaca Comparato (2001, p. 364):

A Convenção foi promulgada no Brasil pelo Decreto n° 678, de 6 de novembro do mesmo ano. Pelo Decreto Legislativo n° 89, de dezembro de 1998, o Congresso Nacional aprovou solicitação de reconhecimento da competência obrigatória da Corte Interamericana de Direitos Humanos, para fatos ocorridos a partir do reconhecimento.

Em relação aos Direitos econômicos, sociais e culturais, estes foram adotados através de um protocolo adicional que foi aprovado em 17 de novembro de 1988 em uma Conferência Interamericana de São Salvador, motivo pelo qual ficou conhecida como Protocolo de San Salvador (COMPARATO, 2001).

Comparato (2001) traz um importante dado acerca do Sistema Interamericano, que diz respeito ao princípio da prevalência dos direitos mais vantajosos para a pessoa humana; ou seja, em casos de conflitos sobre a aplicação dos sistemas normativos, deverá se aplicar aquele que melhor proteger o ser humano.

Um exemplo da importância deste princípio é o caso de morte como pena, onde a Convenção proibiu o restabelecimento desta pena em países que já há tivessem abolido, ampliando ainda em relação a aplicação desta pena em crimes políticos, ou crimes comuns a ele conexos (COMPARATO, 2001).

A Convenção Americana elenca vários direitos, sendo que cabe aos Estados-partes garantir o livre exercício desses direitos e liberdades, sem qualquer forma de discriminação, lhe incumbindo ainda adotar medidas legislativas e de qualquer outra natureza para garantir a efetividade aos direitos e liberdades enunciados na Convenção e seus protocolos adicionais. (PIOVESAN, 2004).

Para que os Estados-partes possam pôr em exercício o seu dever de garantir a aplicabilidade dos direitos humanos sem violações e de implementar medidas necessárias para a garantia de tais direitos, foram criados dois órgãos, sendo um de fiscalização e o outro de julgamento (PIOVESAN, 2009). Esses órgãos tratam-se da Comissão Interamericana de Direitos Humanos que tem competência de investigar os fatos de violação das normas da Convenção e da Corte Interamericana de proteção aos Direitos Humanos que tem competência de julgar os litígios decorrentes das violações dos direitos humanos (COMPARATO, 2001). Esses dois órgãos atuam de forma autônoma, sem ligação a qualquer governo especifico, constituindo-se em um aparato que objetiva monitorar e julgar os Estados-partes que aceitaram a Convenção de acordo com seu art.62, §1.

Nas palavras de Piovesan (2009, p. 60): “Outra medida importante é assegurar a elevada independência dos membros integrantes da Comissão e da Corte Interamericana, que devem atuar a título pessoal e não governamental.”

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos foi criada pela Convenção Americana de Direitos Humanos, sua competência alcança todos os Estados-partes da Convenção Americana, e todos os direitos nela previsto e também alcança os estados participantes da Organização dos Estados Americanos (OEA) (PIOVESAN, 1998).

Segundo Piovesan (1998), a Comissão é composta por sete membro de alta moralidade moral e alto conhecimento em matérias de direitos humanos, os quais podem ser nacionais ou de qualquer outro Estado integrante da Organização dos Estados Americanos.

Os membros da Comissão são eleitos a título pessoal, pela Assembleia geral, por um período de quatro anos, podendo ser reeleitos uma só vez. Sendo que os candidatos são indicados pelos governos dos Estados Partes, podendo cada governo indicar o número três nomes, os quais serão eleitos pela Assembleia Geral (PIOVESAN, 1998).

A Comissão possui um presidente, um primeiro vice-presidente e um segundo vice- presidente, que exercem seus cargos pelo período de um ano. Eles podem ser reeleitos apenas uma vez em cada período de quatro anos.

A Comissão tem como principal função a promoção de observâncias dos direitos humanos, podendo fazê-la através de recomendações aos governos dos Estados-partes; preparo de estudos e relatórios que se mostrem necessários; solicitar aos governos informações relativas às medidas por eles adotadas; submeter um relatório anual a Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos, bem como examinar as comunicações, encaminhadas por indivíduo ou grupos, que contenham denúncia de violação aos direitos protegidos (PIOVESAN, 2009).

Em outro livro Piovesan (1998, p. 227) já se manifestava sobre a função da Comissão Interamericana:

Promover a observância e a proteção dos direitos humanos na América é a principal função da Comissão Interamericana. Para tanto, cabe a Comissão fazer recomendações aos governos dos Estados-partes, prevendo a adoção de medidas adequadas á proteção desses direitos; preparar estudos e relatórios que se mostrem necessários; solicitar aos governos informações relativas ás medidas por eles adotadas concernentes à efetiva aplicação da Convenção; e submeter um relatório anual à Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos.

Para Piovesan (2009, p. 48), “Os Estados, ao se tornar parte da Convenção, aceita automática e obrigatoriamente a competência da Comissão para examinar estas comunicações, não sendo necessário elaborar qualquer declaração expressa e específica para este fim.”

Piovesan (2009, p. 49) ainda destaca que “a Comissão exerceu um importante papel na realização de investigações in loco, denunciando, por meio de relatórios, graves violações de direitos durante regimes ditatoriais na América Latina.”

Pode-se se citar como exemplo da importância das investigações in loco, a investigação realizada em 1979 sobre os desaparecidos na Argentina, onde a Comissão teria efetuado 11 visitas in loco, emitindo relatórios.

Conforme o art. 41 da Convenção Americana a Comissão Interamericana de Direitos Humanos pode promover a observância e a proteção dos diretos humanos, não somente nos estados membro da OEA, mas sim em todos os estados independentemente de fazerem parte da Convenção ou não.

Neste sentido, destaca Piovesan (2004, p. 62): “Os estados que não tenham ratificado a Convenção Americana poderão ser supervisionados e responsabilizados internacionalmente pela Comissão por violações aos direitos humanos previstos na Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem.”

Pode-se destacar como sendo a uma das mais importante função da Comissão Interamericana, a que consta expressa no art.44, que refere-se a examinar as petições encaminhadas por indivíduos ou grupos de indivíduos, que contenham denúncias de violação aos direitos consagrados na Convenção.

O Art. 44 da Convenção Americana dispõe que:

Qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade não-governamental legalmente reconhecida em um ou mais Estados membros da Organização, pode apresentar à Comissão petições que contenham denúncias ou queixas de violação desta Convenção por um Estado Parte. (CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS, 1969).

A Convenção Americana de Direitos Humanos (1969) também traz em seu art. 41 algumas das funções da Comissão, sendo elas:

Art. 44: A Comissão tem a função principal de promover a observância e a defesa dos direitos humanos e, no exercício do seu mandato, tem as seguintes funções e atribuições:

a. Estimular a consciência dos direitos humanos nos povos da América;

b. Formular recomendações aos governos dos Estados membros, quando o considerar conveniente, no sentido de que adotem medidas progressivas em prol dos direitos humanos no âmbito de suas leis internas e seus preceitos constitucionais, bem como disposições apropriadas para promover o devido respeito a esses direitos; c. Preparar os estudos ou relatórios que considerar convenientes para o desempenho de suas funções;

d. Solicitar aos governos dos Estados membros que lhe proporcionem informações sobre as medidas que adotarem em matéria de direitos humanos; e. Atender às consultas que, por meio da Secretária-geral da Organização dos Estados Americanos, lhe formularem os Estados membros sobre questões relacionadas com os direitos humanos e, dentro de suas possibilidades, prestar-lhes o assessoramento que eles lhe solicitarem;

f. Atuar com respeito às petições e outras comunicações, no exercício de sua autoridade, de conformidade com o disposto nos artigos 44 a 51 desta Convenção; e g. Apresentar um relatório anual à Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos.

Ainda ao que se refere ao art. 44 que possibilita a que um indivíduo possa peticionar, é importante destacar que existem um grau de admissibilidade que está expresso no art. 46 da Convenção Americana de Direitos Humanos (1969) que diz que para ser admitida a petição pela Comissão será necessário:

Primeiro: “que hajam sido interpostos e esgotados os recursos da jurisdição interna, de acordo com os princípios de direito internacional geralmente reconhecidos”;

Segundo: “que seja apresentada dentro do prazo de seis meses, a partir da data em que o presumido prejudicado em seus direitos tenha sido notificado da decisão definitiva”;

Terceiro: “que a matéria da petição ou comunicação não esteja pendente de outro processo de solução internacional”; e

Quarto: “que, no caso do artigo 44, a petição contenha o nome, a nacionalidade, a profissão, o domicílio e a assinatura da pessoa ou pessoas ou do representante legal da entidade que submeter a petição.” No entanto, não se aplicaram os dispositivos nas alíneas primeira e segunda acimas elencados com houver as hipóteses de:

1º não existir, na legislação interna do Estado de que se tratar, o devido processo legal para a proteção do direito ou direitos que se alegue tenham sido violados; 2º não se houver permitido ao presumido prejudicado em seus direitos o acesso aos recursos da jurisdição interna, ou houver sido ele impedido de esgotá-los; e

3º houver demora injustificada na decisão sobre os mencionados recursos. (CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS, 1969).

Neste sentido manifesta-se Ramos (2012, p. 65):

Em relação à Convenção Americana de Direitos Humanos, a Comissão pode receber petições individuais e interestatais contendo alegações de violações de direitos humanos. O procedimento individual é considerado de adesão obrigatória e o interestatal é facultativo. Essa regra inverte o disposto na Convenção Europeia de Direitos Humanos antes do Protocolo n. 11, quando o sistema de petição individual era facultativo e o sistema de petição interestatal era obrigatório. Além disso, ao contrário da Convenção Europeia de Direitos Humanos, a Convenção Americana de Direitos Humanos dispõe que qualquer pessoa – não só a vítima – pode peticionar à Comissão, alegando violação de direitos humanos de terceiros.

Desta forma, a possibilidade de um indivíduo elaborar uma petição a Comissão se torna umas das mais importantes ferramentas de acesso aos Direitos Humanos, o que podemos afirmar através das palavras de Trindade (2003, p. 101), quando diz:

Sem o direito de petição individual, e o consequente acesso à justiça no plano internacional, os direitos consagrados nos tratados de direitos humanos seriam reduzidos a pouco mais do que letra morta [...] O direito a petição individual abriga, com efeito, a última esperança dos que não encontram justiça em nível nacional. Não me omitiria nem hesitaria em acrescentar – permitindo-me a metáfora – que o direito de petição individual é indubitavelmente a estrela mais luminosa do firmamento dos direitos humanos.

Após receber a petição a Comissão irá fazer a análise de admissibilidade, se entender que a petição é inadmissível ou a denúncia recebida for infundada, poderá arquivar a denúncia, sem direito de recurso sobre esta decisão (RAMOS, 2012).

Outro ponto importante, que diferentemente do Sistema Europeu, no Sistema Interamericano não tem a possibilidade que os indivíduos se dirijam diretamente a Corte, devendo usar sempre a Comissão como órgão de ligação. Este também é um dos requisitos de admissibilidade da petição, ser reportada a Comissão e não a Corte. Ramos (2012, p. 65) destaca que:

A vítima (ou seus representantes) possui somente o direito de petição à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. A Comissão analisa tanto a admissibilidade da demanda (há requisitos de admissibilidade, entre eles, o esgotamento prévio dos recursos internos) quanto seu mérito. Caso a Comissão arquive o caso (demanda inadmissível, ou quanto ao mérito, infundada), não há recurso disponível à vítima. Outra hipótese de ser o caso apreciado pela Corte ocorre se algum Estado, no exercício de uma verdadeira actio popularis, ingressar com a ação contra o Estado violador. Mesmo nesse caso, o procedimento perante a Comissão é obrigatório.

Desta forma, a Comissão é provocada através de uma petição escrita, que deverá conter o nome completo da vítima da violação a algum direito humano, a descrição do fato e se possível a descrição de alguma autoridade que tenha sido informada do caso ocorrido, e também os outros requisitos expressos no art.44 da Convenção Americana.

Conforme Piovesan (1998, p. 230-231),

A petição, tal como no sistema global, deve responder a determinados requisitos de admissibilidade, como o prévio esgotamento dos recursos internos, salvo no caso de injustificada demora processual, ou no caso da legislação doméstica não prover o devido processo legal. Outro requisito de admissibilidade é a inexistência de litispendência internacional, ou seja, a mesma questão não pode estar pendente em outra instância internacional.

Se preenchidos todos os requisitos de admissibilidade e a denúncia for recebida, a Comissão irá tentar resolver de forma amistosa o conflito, surtindo efeito será elaborado um informe constando um breve relato dos fatos e a solução alcançada, informe este que será transmitido ao peticionário e aos Estados- partes e posteriormente comunicado à Secretaria da Organização dos Estados Americanos. Esta resolução amistosa do conflito impede que o procedimento seja finalizado, evitando assim um sanção tanto quanto vexatória, que é a possibilidade de publicação do relatório final de condenação no relatório anual da Comissão Interamericana. De acordo com Ramos (2012, p. 66),

Passada a fase da admissibilidade da petição perante à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, ingressa-se na fase conciliatória. A Convenção Americana de Direitos Humanos, em seu artigo 48, “f”, destaca o papel da conciliação como fórmula de solução de litígios, exigindo que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos tente estabelecer uma solução amistosa do litígio, após superada a fase de admissibilidade da petição, sempre respeitando os direitos reconhecidos na Convenção. Caso tenha sido obtida a solução amigável, a Comissão elabora seu relatório, contendo os fatos e o acordo alcançado, sendo o mesmo remetido ao peticionário, aos Estados e também ao Secretário-Geral da OEA.

Não sendo possível a resolução amistosa do conflito o art. 51 da Convenção estabelece primeiramente que no prazo de três meses, a partir da remessa aos Estados interessados do relatório da Comissão, o assunto não houver sido solucionado ou submetido à decisão da Corte pela Comissão ou pelo Estado interessado, aceitando sua competência, a Comissão poderá emitir, pelo voto da maioria absoluta dos seus membros, sua opinião e conclusões sobre a questão submetida à sua consideração (RAMOS, 2012).

A segunda medida prevista no art. 51 da Convenção refere-se que a Comissão fará as recomendações pertinentes e fixará um prazo dentro do qual o Estado deve tomar as medidas que lhe competirem para remediar a situação examinada (PIOVESAN, 1998).

Por último, também com base no art. 51 da Convenção, transcorrido o prazo fixado, a Comissão decidirá, pelo voto da maioria absoluta dos seus membros, se o Estado tomou ou não medidas adequadas e se pública ou não seu relatório. Nas palavras de Piovesan (1998, p. 233): “Durante este período de três meses, o caso pode ser solucionado pelas partes ou encaminhado a Corte Interamericana de Direitos Humanos.”

Após serem adotadas todas essas medidas, e ainda não cumpridas as medidas definidas pela Comissão, poderá está decidir encaminhar o caso para a Corte Interamericana de Direitos Humanos, podendo a Comissão decidir sobre o envio ou não do caso a este outro órgão. De acordo Ramos (2012, p. 68):

Se em até três meses após a remessa ao Estado do primeiro relatório da Comissão, o caso não tiver sido solucionado (reparação dos danos pelo Estado), pode ser submetido à Corte, se o Estado infrator houver reconhecido sua jurisdição obrigatória e se a Comissão entender conveniente para a proteção dos direitos humanos no caso concreto. A prática interamericana contempla a prorrogação do prazo de 3 meses, bastando a anuência da Comissão e do Estado. O Estado é beneficiado pela prorrogação do prazo, pois teria mais tempo para evitar uma ação da Comissão perante a Corte de San José. Não pode, depois, justamente alegar perante a Corte IDH a decadência do direito da Comissão em propor a ação. Seria mais um exemplo do princípio do estoppel ou a proibição de venire contra factum

proprium.

Cabe ressaltar que durante este processo investigatório de supostas violações aos direitos humanos, o Estado-parte que está sendo analisado, poderá exercer o contraditório, reunindo provas que eventualmente comprovem que a violação não ocorreu (RAMOS, 2012).

A título de curiosidade até o ano de 2000 haviam mais de oitocentos casos sendo processados pela Comissão, enquanto que na Corte tramitavam apenas vinte. Sendo assim somente após o esgotamento das vias conciliativas e coercitivas impostas pela Comissão que os casos poderão ser levados a Corte (PIOVESAN, 1998).

A Corte Americana de Direitos Humanos Segundo o art. 52 da Convenção Americana a Corte será composta de sete juízes, nacionais dos Estados membros da Organização, eleitos

a título pessoal dentre juristas da mais alta autoridade moral, de reconhecida competência em matéria de direitos humanos, que reúnam as condições requeridas para o exercício das mais elevadas funções judiciais, de acordo com a lei do Estado do qual sejam nacionais, ou do Estado que os propuser como candidatos, sendo vedado haver dois juízes da mesma nacionalidade (PIOVESAN, 1998).

O Art. 53 da Convenção estabelece que as eleição desses sete juízes será em votação secreta e pelo voto da maioria absoluta dos Estados Partes na Convenção, na Assembleia

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