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Histórias de como os adultos se tornaram leitores e mediadores de leitura

positivamente essas práticas. Assim, a pesquisadora buscou compreender: como estes adultos perceberam a importância destas práticas? Como se constituíram mediadores e de que maneira envolveram-se com a leitura em suas próprias vidas? Estes aspectos serão abordados nos dois próximos núcleos que seguem.

Núcleo 2 – Histórias de como os adultos se tornaram leitores e mediadores de leitura

Este núcleo reúne relatos dos sujeitos que se consideram leitores de livros, apresentando excertos dos depoimentos sobre as histórias de como se envolveram com a leitura e como se tornaram mediadores ao longo de suas vidas. Durante as entrevistas eles relembram os livros marcantes, as práticas que envolviam a leitura na infância e adolescência e mencionam as pessoas que consideram relevantes em suas trajetórias de aproximação com a leitura.

A qualidade da mediação que tiveram foi percebida como importante para os vínculos afetivos que estabeleceram com os livros, inspirando-os na mediação que realizam com as suas crianças. Para eles, ser um mediador de leituras para as crianças pequenas é considerado um processo “natural”, visto que não lhes exigiu esforços, uma vez que já haviam desenvolvido a familiaridade com as práticas de leitura e o gosto pelos livros, além de sempre

terem tido acesso aos livros e costume de frequentar ambientes como bibliotecas, antes mesmo do nascimento das crianças. Nos depoimentos, é possível identificar que a família e os professores são os mediadores que mais marcaram a trajetória de leitura dos adultos.

*2.1 Mediação da família

Neste subnúcleo concentram-se os relatos dos sujeitos que dão ênfase à importância da família em sua história de constituição enquanto leitores de livros. Emergem as memórias das práticas de leitura na infância e o envolvimento afetivo com os familiares e os livros. Os adultos demonstram uma relação afetiva em relação ao ato de ler, desde a infância e a adolescência, que se mantém na vida adulta, estendendo-se também para as suas crianças.

Carla- Então, é... Eu gosto muito de ler né. (...) Meu pai sempre leu muito e eu gostava muito que ele contava história pra mim. E eu comecei a ler também porque meu pai sempre lia. Então, desde pequena, quando eu estava na escola, eu ia na biblioteca da escola. Eu pegava uns sete livros, mais ou menos, e aí eu pegava e ia com meu pai e a gente ia trocando os livros e lia em uma semana, duas semanas os sete livros.

Pesquisadora- Nossa!

C- Nós dois líamos. A gente trocava. “Ai eu li esse, agora lê esse!” Aí depois a gente comentava um pouco sobre cada um.

Pesquisadora- Que legal.

C- A gente sempre leu muito. (...) Meu pai estudou até a sexta-série só. E muita coisa que ele aprendeu, que ele faz, ele aprendeu lendo. Ele foi um autoconhecimento. Ele é autodidata. (...) Ele pegava muitos livros né, na época... muito tempo atrás do Círculo Viajante....

(...) E daí então a Estela (filha), desde pequenininha, a gente tem um monte de livrinho em casa né. Pra criança, aqueles livrinhos de banho, tudo. Então ela, desde pequenininha, ela gosta que a gente lê pra ela. Ela, até prá dormir, ela pega um livrinho e quer ficar lá folheando. Ela não dorme sem ler alguma coisa. É assim já. (risos). Do jeitinho dela.

(Depoimento de Carla)

Observa-se, no depoimento acima, que a mãe que frequenta com assiduidade a biblioteca com sua filhas pequenas - a mais velha com 3 anos e a outra recém-nascida – é frequentadora de bibliotecas desde a infância. Carla traz lembranças afetivas dos momentos em que seu pai lia para ela e dos empréstimos que fazia, objetivando a troca dos livros com ele e relembra das conversas que aconteciam após a leitura. Não apenas neste trecho da entrevista, bem como em diversos outros e até mesmo em conversas informais, a mãe relata que o incentivo que teve do pai para aproximação da leitura foi importante para que desenvolvesse o gosto pela leitura. A aquisição de livros, prática comum desde a infância, é mantida até os dias atuais, pois a família, além de frequentar a biblioteca para participar dos eventos, faz empréstimo de livros para leitura em casa, adquire livros em livrarias e nas Bienais do Livro de São Paulo. Assim, para a mãe, o interesse da filha pelos livros é visto

como “natural”, uma vez que desde pequena os livros infantis lhe são ofertados e a leitura faz parte de sua vida desde o nascimento.

Entre outros relatos, o trecho extraído da entrevista com a Sra. Amélia, também uma sócia assídua da biblioteca - com o seu neto de 6 anos - demonstra a importância que o exemplo familiar teve para a sua constituição enquanto leitora apaixonada pelos livros.

Pesquisadora - E a senhora sempre gostou de ler?

Am- É. É uma questão de exemplo. Como eu falei pra ela, meu pai lia bem. Minha mãe também lia. Então a minha irmã lê bastante. Então é uma questão de exemplo. Eu acho que leitura é uma questão de exemplo!

P- Ah sei.

Am- Você vê seus pais lendo, se você tem uma família que lê, você automaticamente ...você acaba lendo. Os meus netos mais velhos lêem, meu filho também lê bastante.

P- Entendi. Então a senhora acha que isso foi passando de geração em geração? Am- Vai. Através do exemplo (...) A Elis Regina diz muito na música dela. A gente faz exatamente o que os nossos pais faziam. Você pode até brigar, mas você volta pro teu... Pra aquela tua diretriz. A menos que você tenha tanta raiva que você vá ao contrário.

P- É, é verdade!

Am- Mas quando você tem um lar, que a pessoa lê... e a pessoa curte. Como te falei: a minha primeira lembrança foi nós três (irmãos), com meu pai desenhando em uma lousa de ardósia. Contando história e fazendo bichinho. E desenhava. Ele desenhava muito bem. Então a gente tinha toda uma vivência que aí partimos pra ler.

(Depoimento de Amélia)

A avó relata suas lembranças com o pai que lia para ela e para os irmãos, inventava histórias e com eles brincava de adivinhação, ao desenhar na pequena lousa de ardósia. As lembranças são trazidas pela avó com um largo sorriso no rosto ao relatá-las, relembrando do afeto vivenciado pela família nos momentos da leitura e contação de histórias. Na sequência, a avó emociona-se ao falar do primeiro livro que ganhou, o qual motivou o aprendizado da leitura, visto que queria ser autônoma para ler suas próprias histórias.

Coisa que mais eu lembro também: o primeiro livro que eu tive na mão! A gente foi no circo do Piolim e eles estavam dando livrinhos. Nossa eu tinha loucura por aquele livro.

P- Foi o primeiro livro?

Am- Foi meu primeiro livro! Nossa! A minha irmã ganhou um, eu ganhei outro. Eu lia ele direto. Foi aí que eu aprendi a ler pra puxar aquilo que eu queria ler o livro, não queria escutar o livro.

P- Ahã. Que lindo!

Am- Devia ter uns quatro, cinco anos que eu ganhei esse livro. Foi uma campanha que eles deram livrinhos de história. Eram bem articulados, coloridos. Nossa! Se eu puxar eu sou capaz de lembrar da história!

P- risos.

Am- É muito bom! Tem que ser o exemplo. Tem que ser!

(Amélia)

Ao rememorar os momentos afetivos vividos com a família e com o seu primeiro livro, fala das outras aquisições. Segundo ela, os livros sempre estiveram presentes em seu lar.

Am- Meu pai me incentivou muito em criança comprando bons livros, na época quando era criança. Eu tenho 68 anos. Meu pai comprava as Edições Maravilhosas que era uma coisa linda. Todos os grandes clássicos desenhado a bico de pena. P- Ah!

Am- Eu tenho muita pena de ter sumido. Foi com umidade...

P- Nossa, que pena. E seus pais tinham condições financeiras na época?

Am- Meu pai era chofer de praça, minha mãe era do lar. Mas todos gostavam de ler. Meu pai era filho de português que também gostava de ler. Uma família de portugueses, então a gente já vem com a leitura...

P- E ele comprava esses livros ou ganhava?

Am- Não. Meu pai comprava. Meu pai comprava não muitos livros, mas comprava essa, essas edições que eram muito caras.

P- Entendi.

Am- Elas eram muito caras, eram maravilhosas. Pena que não sobrou nenhuma. A pequenina, Pinduca...Quando eu era pequena a gente juntava os primos todos uma vez por semana na varanda da minha tia. A gente comprava bastante revista tudo e lia sem restrição. Eu lia desde X9, que era uma coisa de adulto, de crime, até... Todos os livros. Marvel... Então é um vício. (...) Tirando pornografia eu leio tudo (risos).

P- (Risos)

Am- É verdade. Gosto muito de biografia. Gosto de temas épicos. Já li toda coleção de Monteiro Lobato, tinha e doei já. Já li todo Machado de Assis. Li... olha... li coleções... Eu tinha Graciliano Ramos e li a coleção inteira (...)

(Amélia)

É evidente a paixão de Amélia pelos livros, expressa durante toda a sua entrevista, sentimento que se iniciou na infância quando, segundo ela, teve acesso aos diversificados livros comprados pelos pais, emprestados dos primos e de uma vizinha que também lia e sempre lhe emprestava os livros. Para ela, isso foi decisivo para se tornar uma ávida leitora e, hoje, ser reconhecida como tal por todos os funcionários da biblioteca, devido à sua constante presença em busca dos livros. Sua intensa prática de leitura e paixão por frequentar espaços de leitura fez com que seus filhos e netos sempre a acompanhassem. Em sua entrevista, segue dizendo:

Am- E o Douglas (neto de Amélia) ele já vinha aqui (na biblioteca) grávido (risos). Ele tem bastante livros.

P- É?

Am- Tem. A mãe comprava.

(...) Ele era pequeninho a gente já ia nas, como é que chama, nas livrarias pra comprar e ele ficava lendo. Eu tenho fotografias lindas dele lendo no carrinho (sorriso).

P- Entendi. Am- Muito bom!

(Amélia)

Nota-se, novamente, que a introdução da criança no mundo dos livros ocorreu cedo, visto que as práticas de leituras eram corriqueiras nas famílias. Nas conversas com Amélia, ela demonstra acreditar que o exemplo que teve de seus familiares foi importante para a

relação construída com a leitura e, por isso, quer oferecer aos netos vivências positivas com os livros nas livrarias, na biblioteca e em casa.

Nesse subnúcleo, portanto, pôde-se observar a importância que as famílias tiveram para a constituição dos adultos leitores, pois se evidencia que os familiares foram modelos marcantes de mediadores de leitura que sempre garantiram acesso aos livros, leram com os filhos e com eles compartilharam os livros lidos. Essas práticas de incentivo ao ato de ler e estar com os livros, apareceu, nos relatos desses sujeitos, impregnadas de lembranças e sentimentos positivos e pode-se inferir que foram decisivas para o estabelecimento de vínculos afetivos com a leitura dos livros para esse grupo. As trajetórias pessoais dos adultos relacionadas com a leitura parecem refletir nos modos como se tornaram mediadores de leitura para as crianças pequenas.

*2.2- Mediação dos professores

Este subnúcleo desvela as contribuições da mediação dos professores para a aproximação afetiva dos familiares com a leitura. Segundo os sujeitos desta categoria, os professores foram os seus principais mediadores de leitura, responsáveis por garantir experiências significativas de leitura nas escolas.

No seu relato, Eliana diz que, em casa, seus pais não tinham “hábitos” de leitura e nem condições de incentivá-los a ler, pois eram pouco escolarizados e trabalhavam demais. Ela relembra que sua trajetória de aproximação com a leitura começou na escola, onde teve professores que a marcaram.

Pesquisadora- Entendi. Então se você tivesse que analisar na sua história de vida quem foram as pessoas que incentivaram você pra ler, quem você...

E- Ah, os meus professores. P- Seus professores?

E- Eu tinha uma professora de Português que era muito boa, de História. E eu sempre gostei de História também. História da Grécia, História Romana. Então, até fui presenteada por alguns professores com livros que eu até tenho. Apartheid mesmo é um livro que eu mais gosto e que eu tenho desde quando tava na quinta série... faz tempo hein. Mas é muito gostoso. Eu acho legal. (...) Eu tinha a professora Sueli. A gente tinha, a gente lia História e eu gostava muito dessas coisas de Apartheid, Revolução Francesa. Então o livro didático só, em si, não traz muita coisa assim né. Então, pra você saber mais detalhe, você tem que ler o livro né. Aí foi quando ela me deu esse livro do Apartheid, Nelson Mandela, assunto que eu gostei da História. Daí que eu comecei a ir mesmo à biblioteca, comecei a saber sobre Martin Luther King que também é muito, muito importante e auxilia você também a se entender, porque...porque são histórias que aconteceu com eles lá atrás que muitas das vezes cabe prá nos no dia-a-dia de hoje né.

(Eliana)

Para ela, seus professores foram as pessoas que contribuíram para a sua aproximação com os livros. Eles incentivavam a leitura de diversos livros, extrapolando o livro didático,

comentavam sobre os livros relacionados aos conteúdos trabalhados e presenteavam Eliana com alguns deles. Os livros que ganhou desses professores ela guardou até os dias atuais e quando relembra dos mesmos, suas falas estão carregadas de afeto. Para ela, era nítida a preocupação dos docentes com a aprendizagem dos alunos em sua época escolar.

A gente vai pra escola, os professores... Na minha época, os professores se preocupavam muito com os alunos, queriam que a gente aprendesse né. Então teve aquela coisa de incentivo de professor e é uma coisa que eu sempre gostei de Português né. Eu sempre gostei, então acabei tomando gosto mesmo e eu sempre quis passar para os meus filhos, que eu acho importante né. Que é uma forma deles descobrirem mundos diferentes né.

(Eliana)

Evidencia-se, em sua entrevista, que a mediação de seus professores parece ter sido decisiva para os laços afetivos estabelecidos com a leitura. Para ela, eles estavam preocupados em fomentar o interesse pela leitura, de modo que ela sentia vontade de ler as obras citadas pelos docentes e, concomitante às leituras escolares, passou também a ler livros como “Sabrina”, “Pollyanna” que adquiria nas bancas de jornal, com o dinheiro que ganhava da mãe. Percebendo a importância de seus professores para sua trajetória de constituição enquanto leitora, ela expressa desejo de igualmente incentivar os seus filhos para a leitura.

Daí eu... sabe... Eu queria que meus filhos sentissem a mesma emoção que eu né. Porque se você lê o livro, depende da forma como ele tá escrito... Você entra realmente na história, como se você tivesse lá, vivenciando cada momento né. Quando você realmente consegue encontrar um autor que consegue te levar ao mundo do livro é muito gostoso. E eu quero que eles também tenham esse amor, né. Ter cuidado também, né.

(Eliana)

Nota-se, em suas falas e em algumas de suas práticas no espaço da biblioteca, a preocupação de Eliana em ser o modelo de leitura que não teve dos pais, mas encontrou em seus professores. Assim, para essa mãe, estar com os filhos na biblioteca, emprestar livros, valorizar as leituras que as escolas enviam para casa e ler para os filhos é importante e, por isso, são práticas que realiza semanalmente.

Assim como Eliana, a avó Marisa, que frequenta a biblioteca com os netos, traz em suas memórias a importância que os professores tiveram em sua vida para a sua aproximação afetiva com a leitura.

Pra você ter uma idéia, com ela (professora que ministrou o curso) eu vivi dois momentos assim que me marcaram muito. Primeiro essa questão da poesia. Como eu falei, eu não tinha sensibilidade pra sentir poesia e pra trabalhar com poesia e com ela as coisas se abriram de uma forma!

Pra você ter uma idéia de como ela agia: a cada módulo a gente tinha que apresentar um trabalho de conclusão dos módulos. Daí na dela eu fiquei pensando... tinha uns parâmetros que você tinha que analisar, uma poesia dentro das situações que ela

tinha discutido e aí eu falei: Ai, o que que eu vou fazer meu Deus? Estava ouvindo lá: “Olá, como vai? Eu vou indo, e você tudo bem?” Aí eu falei: Puxa, ta aí! Arrisquei e fiz tudo que eu senti em relação à poesia dessa música, entendeu? Eu tirei A com ela e com observações do lado, a lápis: Gostei muito! Interrogação, tipo: O que você quis dizer?...

Olha está nos meus arquivos que é uma coisa assim... demais!

Outra coisa: ela dava aula assim e de repente ela falava “Sabe gente, eu lembrei de uma coisa. Tem um livro assim, assim, assim”...acabou que aquilo chamava nossa atenção...Eu lembro que um dia ela falou assim: “Sabe Incidente em Antares, olha é um livro que me chamou tanta atenção sabe! Aqueles defuntos eles não morreram, quer dizer, eles estavam mortos, eles não ressuscitaram. E a cena que me marcou deles descendo daquela ladeira para reivindicar seus direitos” (fala imitando a professora)... isso é uma coisa que eu não esqueço nunca. Daí sai correndo e fui pegar o livro e devorei o livro assim, com aquela sede, aquela coisa. Demais, demais. Fantástico!

(Marisa)

Nesse trecho da entrevista, a avó, que é professora de língua portuguesa, relembra a importância que teve a professora do curso de especialização, realizado na UNICAMP, para sua aproximação com a poesia. Para ela, o modo de a professora conduzir a disciplina, de apresentar as obras literárias, contribuiu para que ela mudasse sua relação com os livros. Admirava o modo de ministrar a disciplina da professora, a interlocução que tinha com a mesma e o encantamento que a docente tinha pelas obras que lia e comentava com a turma. A seguir, ela continua com suas recordações a respeito da importância da mediação dessa mesma professora.

Marisa- Outra coisa. Vidas Secas. Eu tinha lido na faculdade, achava horroroso. Que coisa... Eu era professora de literatura e eu não tinha paixão pelas obras, nossas obras. Eu não conseguia! Com ela... e antes um pouco eu já tinha mudado meu perfil sobre isso, mas com ela, ela falou...

Pesquisadora- Com a Suzi? (está se referindo a Suzi Frankl Sperber, professora do IEL UNICAMP)

M- Com a Suzi, ela falou: Vocês vão ler o Vidas Secas e ver o que vocês sentiram. Então eu fui lendo e falei: Gente, o que que é isso? Que é isso? Eu me arrepiava a cada, a cada movimento do livro. E o que me chamava a atenção é que eu tinha vontade de falar: Fabiano, fala homem! Desengasga!

Eu sentia reações na garganta, de vontade de falar pro Fabiano: Fala! A secura que eles passam, claro, contagia! Mas pra mim isso marcou, marcou. Então aí fomos fazer a discussão do livro e ela foi questionando e as pessoas foram colocando o que chamava a atenção e todo mundo: a secura e isso e aquilo e eu lá quietinha. Aí eu também levantei a mão, daí eu falei: “Olha tudo bem. A secura pegou bastante, mas eu não consegui. Eu tive vontade de bater nas costas do Fabiano pra ele falar, fazer ele falar!”

Ela abriu um sorriso deste tamanho e falou: Pra mim também! (risos). (Ela faz a expressão que a professora teria feito no episódio narrado)

Sabe, assim...

Nossa, são momentos tão raros! (...) Eu já tô naquela fase de velha, de você ficar lembrando assim. Que gostoso, que bom ter essas coisas pra lembrar (Marisa).

Neste trecho, observa-se novamente a importância que essa professora teve para o incentivo à leitura de livros, bem como para mudar a relação da avó com algumas obras já lidas. A avó assume, em seu relato, que não tinha paixão pelas obras e que isso se modificou ao longo do tempo após as diferentes mediações vivenciadas, mas, sem dúvida, a professora acima citada foi decisiva para esse processo. Atualmente, ela gosta de ler diferentes livros e tenta fazer com que seus netos também desenvolvam um relacionamento positivo com os materiais. Por isso, além de ler para eles quando estão em sua casa, ela tem a preocupação de levá-los para a biblioteca, com a intenção de oferecer vivências positivas com os livros, como