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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO

3 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

3.1 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NA BAHIA.

Nesta seção serão apresentadas origens e trajetória da educação profissional e, posteriormente, tecnológica13 no Estado da Bahia. O foco da discussão será as principais instituições que trabalham com este tipo de educação no estado. Assim será traçada a trajetória histórica do Instituto Federal da Bahia [(ex Liceu de Artes e Ofícios (1819), ex Escola de Aprendizes Artífices (1909), ex Liceu Industrial de Salvador (1937), ex Escola Técnica de Salvador (1942), ex Escola Técnica Federal da Bahia (1965), ex Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia (1992)], do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI (1942) e do Centro de Educação Tecnológica – CENTEC (1975), além de sua interação com o mundo do trabalho. Sem uma contextualização histórica, a compreensão de processos de construção da educação tecnológica, seus aspectos legais e interação com a comunidade tornam-se difíceis.

Como em todo o Brasil, o ensino técnico na Bahia, e consequentemente a educação técnica profissional como hoje conhecemos e concebemos, remonta a Idade Média, com a criação das Corporações de Ofício.

Pode-se tomar como referência do inicio das atividades pedagógicas ligadas à profissionalização, desenvolvidas de modo sistemático, a fundação em 1819 do Seminário dos Órfãos (FONSECA, 1961, p. 114), onde eram ministrados cursos de mecânica. Passam-se 46 anos para a criação em Salvador do Liceu de Artes e Ofícios, destinado ao ensino dos ofícios aos órfãos e desvalidos (CUNHA, 2000b, p. 91)

Em 1826, é instituída no país a primeira lei sobre o ensino dos ofícios, além da definição dos níveis de aprendizagem. Em 1872, é criada em Salvador a Associação Liceu de Artes e Ofícios, “destinada a amparar órfãos e desvalidos e ministrar ensino de artes e ofícios” (LESSA, 2002, p. 10). Neste mesmo ano, inicia-se o ensino de ofícios na Casa Pia do Colégio dos Órfãos de São Joaquim. (LESSA, 2002, p. 11)

Em 1909, o então Presidente da República, Nilo Peçanha, institui o ensino profissional, mantido pela União e cria 19 Escolas de Aprendizes Artífices no Brasil. Como dito na seção

13 Aqui entendida como preconiza a lei 9.394/96 Art. 39. A educação profissional e tecnológica, no

cumprimento dos objetivos da educação nacional, integra-se aos diferentes níveis e modalidades de educação e às dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia.

anterior, estas escolas destinavam-se à formação de artífices, operários e contramestres, majoritariamente através do ensino prático, sendo sua oferta direcionada a partir das demandas do setor produtivo. Nota-se que já a partir dos primeiros momentos, a educação profissional guarda uma forte relação com o mundo do trabalho. Segundo Ferreira, a formação dos ofícios mais necessários ao desenvolvimento regional é um “fato que se constitui num dos marcos iniciais da política de intervenção estatal na formação da força de trabalho no Brasil” (2002, p. 33).

Esperava-se que as Escolas de Aprendizes Artífices promovessem,

a formação de operários e contramestres, mediante ensino prático e conhecimentos técnicos necessários aos menores que pretendessem aprender um ofício, em oficinas de trabalho manual ou mecânico que fossem mais convenientes e necessários ao estado, à escola, consultadas, quanto possível, as especialidades das indústrias locais (CUNHA, 2000, p. 63).

No estado da Bahia, a implantação da Escola de Aprendizes Artífices ocorre em julho de 1910 no Edifício do Centro Operário da Bahia. Segundo Fonseca (1986), a escola inicialmente localizada no distrito da Sé é transferida posteriormente para o Largo dos Aflitos. Na Bahia, a escola foi apelidada de escola do mingau, devido ao fato deste tipo de refeição ser servida aos alunos.

Em 2 de julho de 1923, foi lançada a pedra fundamental do novo prédio em terreno próximo ao Largo do Barbalho. Em 1º de maio de 1926, a Escola foi transferida para o novo prédio do Barbalho, sendo que a sua inauguração ocorreu em 15 de novembro de 1926. Neste período, a Escola oferecia os cursos de Alfaiataria, Encadernação, Ferraria, Sapataria e Marcenaria (LESSA, 2002, p. 17).

A partir de 1930, houve profundas mudanças no mundo em grande parte devido à crise financeira de 1929, que levou a uma série de transformações na estrutura sócio-econômica do País. Neste novo cenário, a Escola de Aprendizes Artífices sofre várias modificações, que vão desde sua proposta pedagógica às instalações físicas, sendo ampliada a oferta do ensino profissional. Com a série de mudanças na sociedade, a Escola de Aprendizes Artífices da Bahia passa a ser denominada, Liceu Industrial de Salvador, no ano de 1937 (LESSA, 2002).

Decorridos alguns anos e seguindo as evoluções sociais, econômicas e técnicas aliadas às cobranças por novas oportunidades de educação, o Liceu Industrial de Salvador, passa a ser denominado Escola Técnica de Salvador. Esta mudança ocorre em 1942, já com a

implantação de dois cursos técnicos, Desenho de Arquitetura e Desenho de Máquinas e de Eletrotécnica. (LESSA, 2002)

A ligação com o mundo do trabalho e sua estreita vinculação com o mundo produtivo se mostrava tão forte que no Hino da instituição, citado por Lessa (2002, p. 28), são enfatizados estes elementos:

Coro

Trabalho é a fonte suprema

Donde brotam a Ordem e o Progresso Gera a força, a riqueza e o valor, Criadores do Bem no Universo.

Trabalhar, Trabalhar - eis o lema

Que, unidos, devemos seguir. Homens fortes, capazes, serenos, Para bem nossa pátria servir.

Canto

Nesta escola, regaço de luz, Onde imperam as leis do trabalho Forjaremos o nosso ideal

Dentre a orquestra da serra e do malho. (Grifos do Autor)

A preocupação com a educação para o trabalho é tão grande na década de 1940 que, segundo Manacorda (2002), na Declaração Universal dos Direitos do Homem, aprovada pela Assembleia Geral de 10 de dezembro de 1948, no seu 26o Artigo de um total de 35 artigos, é sancionado o direito a educação:

“1. Cada indivíduo tem direito a instrução. A instrução deve ser gratuita pelo menos para as classes elementares e fundamentais. A instrução

elementar deve ser obrigatória. A instrução técnica e profissional deve ser colocada ao alcance de todos (...).