• Nenhum resultado encontrado

Histórico da Fonoaudiologia

CA PÍTULO 3 FONOAUDIOLOGIA

3.2 Histórico da Fonoaudiologia

A história da Fonoaudiologia está inserida dentro dos conhecimentos ortofônicos, que já eram usados nos tempos mais remotos dos povos orientais. A exatidão e distinção dos sons orais foram legadas inicialmente pelos bramanenses e hebreus. Aristóteles e Galeno iniciaram os estudos sobre as pertubações de linguagem (Figueiredo Neto, 1988).

No século XVIII, ao despertar da ciência fonética, ao surgimento de pedagogos que iniciaram o método de desmutização dos surdos, foi dado o nome de Ortofonia a este método, com suas raízes vindas do grego orthos = reto mais phone = voz. Na França, em 1880, Colombat publicou o Primeiro Tratado de Ortofonia , abordando os seguintes temas: Estudo da Fonação, Técnica Ortofônica do som estático, Pedagogia da Gagueira e Outros vícios da Palavra. Reeducação dos Surdos - mudos, Correção Vocal da criança retardada.

Souza (2000) conta a história da Fonoaudiologia no Brasil, vista, em épocas passadas, como educação especial. Segundo a autora, na época do império já se pensava em reabilitação. Em 1854 foi fundado um colégio para cegos, hoje Instituto Benjamin Constant. Em 1855, foi fundado o Colégio nacional, destinado à educação dos surdos, o qual passou por vários nomes e, em 1957, passou definitivamente a ser reconhecido pelo nome de Instituto Nacional de educação de Surdos, mais conhecido como INES. da correção dos defeitos da voz e da fala, sendo criado o Laboratório da Fonética Acústica, onde eram desenvolvidos estudos sobre lingüística, audição e ruído ambiental.

As pessoas responsáveis pela correção dos erros na fala eram chamadas de ortofonistas (Ferreira,1975) e, deveriam ser formadas ou trabalharem com o Magistério. A partir das atividades práticas ficou emergente perder o caráter educacional para enfim delinear o que não podia realmente ser diferente, já que a Fonoaudiologia surgiu para fazer aquilo que estas outras área não estavam conseguindo fazer pela pessoa com problemas de comunicação.

Zorzi (2001) expõe que a Fonoaudiologia começou a constituir-se como profissão, no Brasil, a partir da década de 60. Sua interface com outras profissões, como a Medicina, a

Psicologia, a Pedagogia e a Odontologia, sempre foi muito grande, mesmo porque foram profissionais de algumas destas áreas que sentiram a necessidade de surgir uma profissão que pudesse dar conta de uma série de problemas ligados à saúde e à educação, os quais, até então, não eram cuidados de forma adequada. Assim, surgiram os primeiros cursos de Fonoaudiologia, primeiramente na USP e, depois, na PUC-SP.

Embora, originalmente, os cursos tivessem sido concebidos como de nível técnico, de curta duração, preparando os profissionais para “prestar serviços” a profissões mais antigas que deveriam realizar o diagnóstico e indicar as condições de tratamento, Zorzi (2001) diz que, na década de 70, a partir do empenho de muitos fonoaudiólogos, os cursos foram reconhecidos como sendo de nível superior e não simplesmente técnico. Houve muita oposição, principalmente por parte de médicos que sempre acreditaram que o fonoaudiólogo deveria ser um técnico a eles subordinados.

Berberian (1995) enfoca que durante meados dos anos 60 e final da década de 70, a atuação fonoaudiológica estava praticamente restrita a uma prática curativa, desenvolvida nos consultórios particulares, em alguns poucos hospitais e em algumas instituições assistencialistas. Neste período, trabalhos institucionais e/ou públicos eram desenvolvidos por pessoas ou grupos isolados, sem maiores recursos.

Na década de 70, a preocupação com os reconhecimentos de cursos e com a oficialização da profissão, fez com que surgissem novas ações e novos campos de trabalho para o fonoaudiólogo.

A lei 6965 de 09 de Dezembro de 1981 sancionada pelo então Presidente João Figueiredo, regulamentou a profissão do fonoaudiólogo. O fonoaudiólogo, então, passou a ser, conforme aponta Zorzi (1999) : o profissional com graduação plena em Fonoaudiologia, que atua em pesquisa, prevenção, avaliação e terapia fonoaudiológica nas áreas da comunicação oral e escrita, voz e audição, bem como em aperfeiçoamento dos padrões de fala e da voz. Além de determinar a competência do profissional, esta lei foi a responsável pela criação dos Conselhos Federal e Regionais de Fonoaudiologia, objetivando principalmente a fiscalização do exercício profissional.

Berberian (1995) infere que neste momento em que ocorreu a institucionalização acadêmica da fonoaudiologia, os primeiros cursos universitários passaram a legitimar, na figura de um profissional especializado, as práticas de tratamento/reabilitação e controle da linguagem que vinham , há algumas décadas, sendo desenvolvidas no universo educacional.

Analisa o citado autor que, apesar de toda a polêmica e oposição, e conseguindo até mesmo derrubar projetos de lei que tornavam o fonoaudiólogo um “tecnólogo”, de acordo com as palavras da moda na época, graças à competência, seriedade e investimento científico com que os fonoaudiólogos passaram a exercer suas funções, a Fonoaudiologia foi ganhando espaço como profissão autônoma, capaz de produzir conhecimentos específicos.

Como conseqüência desse investimento acadêmico e científico, fonoaudiólogos começaram a titular-se na condição de mestres e doutores, o que configurou uma carreira universitária em sua plenitude, criando campos de saber específicos à profissão(Zorzi, 2001).

Giroto (2000) aponta que há uma polêmica em torno da ação fonoaudiológica em escolas, que é histórica. Data dos primórdios da Fonoaudiologia e tem perdurado ao longo de muitos anos, envolvendo questões que vão desde a habilitação legal para trabalhar com linguagem escrita até qual deveria ser a postura do profissional frente às dificuldades de aprendizagem, passando, logicamente, por trabalhos já consagrados, como os de triagem de alunos e saúde vocal dos professores.

No entanto, polêmicas "a parte", seguindo sua tendência inicial, a Fonoaudiologia tem crescido em todos os sentidos. Por um lado, numericamente. Zorzi (2001) aponta para cerca de 20.000 profissionais inscritos nos Conselhos. Novas faculdades estão surgindo e esta quantia tenderá a aumentar ainda mais. Entretanto, analisa o citado autor, se pensarmos em termos de demanda reprimida, ou seja, na parcela da população que não tem acesso a serviços de Fonoaudiologia, veremos que tal número de profissionais não seria capaz de dar conta de atender a todos que podem estar necessitando.

A Fonoaudiologia no Brasil, esclarece Giroto (2000) começou a firmar-se e a conquistar os seus espaços com seus avanços próprios, não pode, entretanto, circunscrever a linguagem do ser humano como seu universo exclusivo, quando a comunicação é uma área interdisciplinar. Trabalhando em conjunto com outros profissionais, a Fonoaudiologia muito tem aprendido e, por sua vez, também tem tido a oportunidade de ensinar, de mostrar seu valor e suas reais possibilidades.

A Fonoaudiologia, pois, enquanto ciência da linguagem contribui no âmbito do conhecimento técnico específico e do fazer terapêutico e a Educação, enquanto promotora do desenvolvimento e da integração do ser humano, a tem como um instrumento pedagógico.

Zorzi (1999) valida esta afirmativa, expondo que pesquisas nas áreas de atuação fonoaudiológica têm, atualmente, apresentado um crescimento significativo, o qual está dando condições para o surgimento e a consolidação da Fonoaudiologia como uma nova ciência. E o que é mais importante, a prática clínica começa a se interligar com a pesquisa, o que a tem tornado, de fato, um fazer de caráter científico.

3.2.1 O Currículo do curso de Fonoaudiologia

O Curso de Fonoaudiologia é reconhecido pelo MEC, portaria 212/89, com duração de 4 anos, num total de 3480 horas, e visa a formar o profissional da área de saúde, legalmente credenciado nos termos da Lei 6965, de 09/12/ 81, e pelo Decreto número 87.218,de 31/05/82, que atua na comunicação oral e escrita, voz e audição, pesquisando, prevenindo, avaliando, habilitando, reabilitando e aperfeiçoando.

O currículo do Curso enfatiza a formação clínico-terapêutica considerada fundamental para todas as atividades que o fonoaudiólogo desenvolve. No quarto ano o aluno pode optar por disciplinas de aprofundamento temático na sua área de interesse.

1) Disciplinas Básicas: Visando uma formação profissional completa, é oferecido desenvolvimento teórico-prático em Anatomia Humana, Odontologia,Otorrinolaringologia, Neurologia e Neuroanatomia, além de laboratórios em Histologia, Ciências Biológicas, Neuroanatomia e Anatomia Humana.

2) Disciplinas Profissionalizantes: Objetivando o aprimoramento teórico-científico para o reconhecimento das Patologias Fonoaudiológicas nas áreas da comunicação Oral e Escrita, Voz e Audição, voltado para uma qualificação prática.

3) Estágio Prático: É feito em clínica para a adequação teórico-prática, através do atendimento terapêutico a pacientes supervisionados por professores fonoaudiólogos. O estágio pressupõe o desenvolvimento de um conjunto de atividades cumpridas num tempo estipulado que têm por finalidade a continuidade da formação escolar, permitindo ao estudante acesso ao futuro campo de atuação profissional, num contato "in locus" com questões teórico/ práticas.Existem no curso de Fonoaudiologia dois tipos de estágios: o obrigatório (previsto no currículo) e o opcional (desenvolvido por iniciativa própria do aluno). Os estágios possuem regras que precisam ser conhecidas e cumpridas. Ao assumir estágios opcionais o aluno deve ter o cuidado de não compactuar com distorções provocadas pelos setores de produção e serviços.

4) Campo de Atuação:

? Na área de comunicação oral e escrita, voz e audição: pesquisar, avaliar, prevenir, planejar, habilitar, reabilitar, aperfeiçoar, elaborar laudos e orientar e dar parecer;

? Em Hospitais: supervisionar alunos e realizar tratamentos;

? Em Entidades Públicas, Privadas, Autarquias e Mistas: realizar Pesquisas, dar assessoria, realizar o aperfeiçoamento dos padrões de voz e fala, dirigir serviços e participar de equipes de diagnóstico;

? Em Instituições de ensino : lecionar teoria e Prática fonoaudiológica - atuando na docência de nível superior e na pesquisa.

QUADRO 3.2.1 - Grade Curricular Básica do Curso de Fonoaudiologia

1o. Período 2o. Período

-Fundamentos Biológicos: Morfofisologia Humana - Fundamentos Biológicos: Fala I

- Fundamentos Biológicos: Audição - Física Acústica I - Teoria Linguística I - Fonética e Fonologia I - Fundamentos Epistemológicos - Introdução à Psicologia - Antropologia I

- Introdução ao Pensamento Teológico I - Corpo, Motricidade e Movimento

- Fundamentos Biológicos: Morfofisiologia Evolutiva

- Fundamentos Biológicos: Fala II

- Fundamentos Biológicos: Sistema Nervoso I - Patologia do Sistema Auditivo

- Física Acústica II - Teoria Linguística II - Fonética e Fonologia II

- Fundamentos Epistemológicos II -Aquisição de Linguagem Oral I - Princípios e Métodos Terapêuticos - Introdução à Psicanálise I

- Antropologia II

- Introdução ao Pensamento Teológico II - Aquisição de Linguagem Escrita I

3o. Período 4o. Período

-Aquisição de Linguagem Oral II - Aquisição de Linguagem Escrita II

- Fundamentos Biológicos: Sistema Nervoso II - Foniatria I

- Introdução à Audiologia I

- Seminários de Pesquisa em Fonoaudiologia I - Métodos Fonoaudiológicos: Problemas de Linguagem Oral I

- Métodos Fonoaudiológicos: Problemas de Sistema Sensório Motor Oral

- Métodos Fonoaudiológicos: Problemas de Fluência

- Introdução à Psicanálise I I

- Abordagem Corporal em Fonoaudiologia I - Psicopatologia e Psicodiagnóstico

- Patologia da Linguagem I - Avaliação da Linguagem I

- Métodos Clínico - Terapêuticos em Audiologia I - Introdução à Psicanálise III

- Introdução à Audiologia II

- Seminários de Pesquisa em Fonoaudiologia II - Foniatria I I

- Patologia do Sistema Nervoso I

- Métodos Fonoaudiológicos: Problemas de Linguagem Oral II

- Métodos Fonoaudiológicos: Problemas de Leitura e Escrita

- Métodos Fonoaudiológicos: Problemas de Voz - Abordagem Corporal em Fonoaudiologia II

5o. Período 6o. Período

- Patologia da Linguagem II - Avaliação da Linguagem II

- Métodos Clínico – Terapêuticos em Audiologia II - Audiologia I

- Foniatria III

- Supervisão Clínica em Fonoaudiologia - Patologia do Sistema Nervoso II - Ética

- Seminários de Pesquisa em Fonoaudiologia III

- Avaliação da Linguagem III

- Métodos Clínico - Terapêuticos em Audiologia III - Audiologia II

- Supervisão Clínica em Fonoaudiologia - Fonoaudiologia e Educação

- Seminários de Pesquisa em Fonoaudiologia IV - Foniatria IV

- Família e Processo terapêutico em Fonoaudiologia -Introdução à Saúde Pública

7o. Período 8o. Período

- Supervisão Fonoaudiológica no Serviço Público de Saúde

- Fonoaudiologia e Instituição Educacional - Uso Profissional da Voz

- Métodos Fonoaudiológicos: Técnicas de Prevenção Auditiva

- Métodos Fonoaudiológicos: Técnicas de Conservação Auditiva

- Módulos - Módulos

- Supervisão Fonoaudiológica no Serviço Público de Saúde

-Fonoaudiologia e Instituição Educacional - Uso Profissional da Voz

- Módulos - Módulos