• Nenhum resultado encontrado

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 HISTÓRICO DO COOPERATIVISMO

O cooperativismo, com a sua configuração atual, teve origem oficial na Inglaterra no século XVII, este período foi marcado pela Revolução Industrial. A forte crise relacionada diretamente aos baixos salários, longa jornada de trabalho afetou os trabalhadores, principalmente a classe operária que mais sentia as dificuldades socioeconômicas. Com o objetivo de encontrar alternativas, lideranças das classes mais atingidas começaram a formar associações de caráter assistencial, porém não tiveram êxito e os resultados almejados.

Conforme OCB (2014) o surgimento dos primeiros relatos baseado nas cooperativas hoje existentes, deu-se da seguinte maneira:

a) no século XVIII aconteceu a Revolução Industrial na Inglaterra. A mão-de-obra perdeu grande poder de troca. Os baixos salários e a longa jornada de trabalho trouxeram muitas dificuldades socioeconômicas para a população. Diante dessa crise surgiram, entre a classe operária, lideranças que criaram associações de caráter assistencial. Esta experiência não teve resultado positivo;

b) com base em experiências anteriores, buscaram novas formas e concluíram que, com a organização formal chamada cooperativa, era possível superar as dificuldades. Isso desde que fossem respeitados os valores do ser humano e praticadas regras, normas e princípios próprios. Então, 28 operários, em sua maioria tecelões, se reuniram para avaliar suas ideias. Respeitaram seus costumes, tradições e estabeleceram normas e metas para a organização de uma cooperativa;

c) após um ano de trabalho acumularam um capital de 28 libras e conseguiram abrir as portas de um pequeno armazém cooperativo, em 21-12-1844, no bairro de Rochdale-Manchester (Inglaterra). Nascia a Sociedade dos Probos de Rochdale, conhecida como a primeira cooperativa moderna do mundo. Ela criou os princípios morais e a conduta que são considerados, até hoje, a base do cooperativismo autêntico. Em 1848, já eram 140 membros e, doze anos depois chegou a 3.450 sócios com um capital de 152 mil libras.

O surgimento do cooperativismo é retratado no livro “Os 28 Tecelões de Rochdale” de HOLYOAKE, G.J. Traduzido por ARCHIMEDES TABORDA (1933), retrata os primeiros passos do surgimento da cooperativa, segue relato da fundação Os 28 Tecelões de Rochdale (TABORDA, 1933):

a) a sociedade foi registada em 24 de outubro de 1844, com este título: “Rochdale Society of Equitable Pioneers”: Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale (Acts. of Parlament, 10th., Geo. IV c. 56 and 4th, William IV, c. 40);

b) por mais maravilhoso que seja o êxito atual, o sonho dos fundadores, no começo da Sociedade, era ainda mais extraordinário. Com efeito, aspiravam a transformação do mundo;

c) foram necessários anos de intenso trabalho para realizar apenas uma parte desse projeto. Seguia-se uma proposição de escassa importância, mas característica: “Com o fim de propagar a sobriedade, a Sociedade estabelecerá numa de suas casas um salão de temperança”. Para que todos esses grandes projetos apresentassem alguma possibilidade de realização antes da abstinência universal e da Carta do Povo, evidentemente se tornava necessário tornar efetiva o mais depressa possível a subscrição semanal de dois “pence”. Em todos os movimentos das classes operarias, a dificuldade principal é a obtenção dos meios de ação. Naquele momento, os membros da Sociedade dos Probos Pioneiros se tinham elevado de 28 a 40, mas estavam disseminados por todos os arrabaldes da cidade e, sobretudo, pelos subúrbios. O cobrador de 40 prestações tinha de caminhar pelo menos vinte milhas, de maneira que somente um homem animado pela abnegação, verdadeiro missionário, podia tomar a seu cargo tal tarefa. Nessa situação, custaria menos, ao coletor, entregar, do seu bolso, a importância total, do que ir pedi-la na residência de cada sócio. Entretanto, ainda mesmo sendo pesado o encargo, como não havia outra maneira de recolher o capital, alguns sócios se ofereceram como cobradores e cumpriram, pontual e escrupulosamente, com o seu dever. A cidade foi dividida em três distritos e três arrecadadores foram designados para visitar os sócios, todos os domingos, em seus domicílios. Com o fim de apressar a formação do capital inicial introduziu-se uma inovação que deu muito que falar. A quota de dois “pence” por semana foi elevada a três. Parece que os cooperadores se estavam tornando muito ambiciosos! O capital finalmente, ascendeu a enorme soma de 28 libras e, com esta soma inaugurou-se um novo mundo.

Na ilustração da Figura 1 é possível visualizar o armazém onde ocorreu a fundação da cooperativa, na Inglaterra.

Figura 1 – O armazém de Toad Lane

Fonte: Os 28 Tecelões de Rochdale Taborda (1933).

É possível encontrar relatos sobre experiências de cooperação no período da Hegemonia Jesuítica compreendido com a chegada dos Jesuítas no Brasil em 1549 até a expulsão em 1759, onde se pratica atividades em conjunto. Existem estudiosos que entendem que a experiência da cooperação já existia no período de Jesus Cristo.

2.1.1 Histórico do cooperativismo no Brasil e a sua evolução

A cultura da cooperação teve seus primeiros passos oficialmente durante o período da colonização portuguesa, no final do século XIX. No Brasil, esse processo teve suas bases

desencadeada por funcionários públicos, militares, profissionais liberais e operários visando o atendimento das suas necessidades.

É possível ter um entendimento de como ocorreu o desenvolvimento do cooperativismo em solo brasileiro conforme OCB (2014):

a) o movimento iniciou-se na área urbana, com a criação da primeira cooperativa de consumo de que se tem registro no Brasil, em Ouro Preto (MG), no ano de 1889, denominada Sociedade Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto. Depois, se expandiu para Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, além de se espalhar em Minas Gerais;

b) em 1902, surgiram as cooperativas de crédito no Rio Grande do Sul, por iniciativa do padre suíço Theodor Amstadt. A partir de 1906, nasceram e se desenvolveram as cooperativas no meio rural, idealizadas por produtores agropecuários. Muitos deles de origem alemã e italiana. Os imigrantes trouxeram de seus países de origem a bagagem cultural, o trabalho associativo e a experiência de atividades familiares comunitárias, que os motivaram a organizar-se em cooperativas;

c) com a propagação da doutrina cooperativista, as cooperativas tiveram sua expansão num modelo autônomo, voltado para suprir as necessidades dos próprios membros e assim se livrarem da dependência dos especuladores;

d) embora houvesse o movimento de difusão do cooperativismo, poucas eram as pessoas informadas sobre esse assunto, devido à falta de material didático apropriado, imensidão territorial e trabalho escravo, que foram entraves para um maior desenvolvimento do sistema cooperativo;

e) em 2 de dezembro de 1969 foi criada a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e, no ano seguinte, a entidade foi registrada em cartório. Nascia formalmente aquela que é a única representante e defensora dos interesses do cooperativismo nacional: sociedade civil e sem fins lucrativos, com neutralidade política e religiosa;

f) a Lei 5.5764/71 disciplinou a criação de cooperativas, porém restringiu a autonomia dos associados, interferindo na criação, funcionamento e fiscalização do empreendimento cooperativo. A limitação foi superada pela Constituição de 1988, que proibiu a interferência do Estado nas associações, dando início à autogestão do cooperativismo;

g) em 1995, o cooperativismo brasileiro ganhou o reconhecimento internacional. Roberto Rodrigues, ex-presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras, foi

eleito o primeiro não europeu para a presidência da Aliança Cooperativista Internacional (ACI). Este fato contribuiu também para o desenvolvimento das cooperativas brasileiras;

h) no ano de 1998 nascia o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop). A mais nova instituição do Sistema “S” veio somar à OCB com o viés da educação cooperativista. É responsável pelo ensino, formação, profissional, organização e promoção social dos trabalhadores, associados e funcionários das cooperativas brasileiras;

i) o cooperativismo brasileiro entrou no Século XXI enfrentando o desafio da comunicação. Atuante, estruturado e fundamental para a economia do país tem por objetivo ser cada vez mais conhecido e compreendido como um sistema integrado e forte.

Portanto, o cooperativismo no Brasil tomou rumos distintos. A sua jornada é marcada por momentos de altos e baixos, onde sofre diretamente os reflexos econômicos e sociais do país, onde, em muitos momentos, é o grande responsável por manter a estabilidade econômica. É o grande responsável pelo desenvolvimento das comunidades em que atua. Por ser um movimento local, em grande parte destas comunidades, as cooperativas são as promotoras do desenvolvimento social e econômico, em face de inoperância do estado que não consegue estar presente em muitos casos.