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HISTÓRICO DO PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO ESTRATÉGICA

CAPÍTULO II – PLANEJAMENTO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

II.1. HISTÓRICO DO PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO ESTRATÉGICA

A partir das reflexões presentes na literatura especializada no tema, principalmente Huertas (1996), Mintzberg (2004 e 2010), Migliato et al (2003), Artmann (2000) e Zeller (2008), a construção do Plano de Manejo do Parque Nacional das Sempre-Vivas que teve como fio condutor o roteiro metodológico do ICMBio de 2011 e, conforme diretrizes do próprio roteiro, de que “as orientações são flexíveis, podendo ser observadas total ou parcialmente (...)”, foram realizadas algumas mudanças, sendo que as mais significativas se deram no processo de planejamento (ICMBio 2011c, p.5).

II.1.1. Princípios Orientadores do Planejamento do PNSV

O presente planejamento foi elaborado pela equipe da UC com apoio da COMAN, refletindo a visão do ICMBio bem como dos demais atores envolvidos em sua elaboração e foi realizado a partir do levantamento, priorização e desdobramento dos problemas existentes hoje no PNSV. Nesta perspectiva, o planejamento deverá ser contínuo e prever avaliações e monitorias frequentes para que possa ser (re)adequado à novas realidades que surgirem. O plano foi construído, ainda, com base no conceito de momentos que não são necessariamente sequenciais, podendo acontecer simultaneamente. Por fim, a formalização do plano seguiu os trâmites necessários sem, no entanto, perder de vista a criatividade e a criticidade.

As principais mudanças efetuadas em relação ao roteiro metodológico, conforme citado e referenciado acima, foram:

i) O planejamento apresentado aqui não contemplou a etapa chamada de operacional, isto é, não desenvolveu um plano de ações e ou de atividades, apesar de apontarmos as operações para os programas de manejo, e estes fazerem parte da etapa operacional do roteiro. Entendemos que estes desdobramentos devem ser construídos anualmente ou com outra periodicidade que abarque um ciclo de gestão do PNSV, pois tendo em vista que a realidade é muito mais dinâmica do que a nossa capacidade de predição do futuro, planejar detalhes de ações seria um investimento inócuo. Assim, estabeleceu-se que os planos de ação serão construídos anualmente, por meio dos desdobramentos das operações, com vistas a atingir os resultados esperados já explicitados. Salienta-se que, nas monitorias e avaliações, novos resultados, operações, problemas e novo zoneamento podem ser elaborados e definidos com o propósito que a UC atinja seus objetivos previstos em lei.

ii) Dentre os Programas de Manejo propostos no roteiro, foi suprimido aquele denominado “programa de manejo”, por se entender que em vários outros programas existem ações e propostas de manejo para os recursos naturais do Parque Nacional. Por sua vez, os outros cinco não foram divididos em subprogramas como previsto no roteiro porque fragmentaria o planejamento. iii) os Programas de Manejo estão situados na etapa operacional do roteiro metodológico, e são compostos por objetivos e operações. No entanto, devido à escolha de não realizar o detalhamento operacional e a fim de manter a coesão do plano, não foram construídos os resultados nem os indicadores para os programas.

II.1.2. Etapas de Elaboração do Planejamento

A elaboração deste planejamento teve uma série de atividades realizadas pela equipe do PNSV com apoio da COMAN e de servidores de outras UCs; “reuniões abertas” com as comunidades de todo o entorno da Unidade para que pudessem apresentar suas demandas e ouvir seus relatos, realizadas no período de dezembro de 2012 a julho de 2014; reuniões com instituições dos cinco municípios de abrangência do Plano de Manejo, realizadas no segundo semestre de 2013; utilização de dados secundários presentes em pesquisas, relatórios e no SISBIO; diagnóstico participativo com ações prioritárias e construção do mapa situacional realizados na Oficina de Planejamento Participativo – OPP, que ocorreu em Diamantina em maio de 2014; levantamento de problemas e sua análise com desdobramentos em nós críticos (causas), resultados e operações; definição do zoneamento; estabelecimento de normas gerais e de objetivos específicos. Estas atividades, muitas vezes, ocorreram simultaneamente à outra.

O esquema abaixo (Figura 91) indica os diferentes momentos de planejamento, sendo que as etapas que estão entre parênteses serão realizadas no processo de implementação do Plano de Manejo. Já o Quadro 11, que mostra a síntese do planejamento, traz a consolidação deste trabalho.

Figura 91: Fluxograma das etapas do planejamento

Com base nas reuniões institucionais e nas reuniões abertas foi realizada a OPP, que resultou na elaboração de uma proposta de ações prioritárias e em um mapa situacional. A partir destas ações prioritárias e dos diagnósticos (levantamentos bibliográficos e reuniões), a equipe do ICMBio priorizou sete problemas, cuja análise resultou nos sintomas, que são as explicações ou descrições que definem com clareza cada problema, ou seja, expressam o problema de forma quantitativa e/ou qualitativa. Um sintoma de um problema é um conjunto de fatos da realidade pelos quais se verifica a existência do mesmo. Deve-se chamar a atenção para não confundir os sintomas com causas ou consequências. Para cada sintoma foram levantadas as causas e, entre estas, foram escolhidas as principais que por sua vez, levaram aos “nós críticos”, os centros práticos das ações. São os nós críticos que devem ser atacados com propostas de ações a fim de influenciar na solução ou mitigação dos problemas, no intuito de que a gestão da UC se aproxime dos resultados esperados.

Para cada nó critico foram elaboradas operações, que são as ações que dizem o quê fazer para enfrentar o problema. Com o agrupamento e o enquadramento destas operações foram construídos os Programas de Manejo. Assim, fica claro o encadeamento

Reuniões Abertas e Institucionais Dados secundários Indicadores de resultados Indicadores de resultados Indicadores de execução SINTOMAS Resultados Esperados Nó Crítico (causas) OPERAÇÕES PROBLEMAS ZONEAMENTO Resultados Programas de Manejo OPP Plano de Ações Missão Visão de Futuro Objetivos Específicos

metodológico utilizado para chegar aos Programas de Manejo, pois a estratégia não foi a de pensá-los diretamente, mas sim a partir dos problemas que a UC enfrenta e então, a partir desses constituir tais Programas.

Os resultados esperados/objetivos foram apontados tanto para os problemas quanto para os sintomas dos problemas. No primeiro caso, os resultados espelharam os objetivos específicos e de manejo e auxiliaram na construção da missão e da visão de futuro. Por outro lado, se entendidos como “diretrizes-macro” podem ser usados para avaliação em médio prazo da gestão da UC. Já os resultados dos sintomas servem para conduzir a avaliação das ações (operações) e, assim, reordenar ou avançar nos trabalhos da UC, em curto e médio prazo. Na operacionalização, os indicadores de resultados serão construídos a partir desses resultados esperados.

O zoneamento teve como ponto de partida o mapa situacional construído na OPP, os sete problemas priorizados, os critérios de zoneamento previstos no roteiro metodológico (ICMBio, 2011c) e as características ambientais das áreas. Com esta base foram definidas inicialmente grandes regiões com possíveis vocações de uso e posteriormente o refinamento para o zoneamento futuro.