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4.5 A RELAÇÃO ENTRE A GASTRONOMIA DA REGIÃO MISSIONEIRA NO

4.5.3 Historiador III

Como pesquisadora da culinária do Rio Grande do Sul, a curadora do 1º e do 2º Festival da Cozinha Missioneira, em entrevista, ressaltou que a culinária da região das missões é uma questão mal resolvida. Destaca “que não conhece nenhum trabalho de pesquisa na área. Poder-se-iam trabalhar com o resgate da alimentação, métodos de cocção, utensílios, já que os povos jesuítas se tratavam de povos evoluídos e sempre em crescente desenvolvimento com muitas qualidades no trabalho”.

Segundo a entrevistada, as Universidades poderiam contribuir, através de pesquisas documentais, como exemplo destacou o trabalho realizado pelo GT Gastronomia do Rio Grande do Sul, de 2011 a 2014.

Sobressaiu que alguns produtos remetentes às heranças indígenas são pouco cultivados. Como exemplo o butiá que é um fruto nativo e que só se houve falar no município de Giruá. Ressaltou que a mandioca, o milho, e o peixe do rio são heranças pouco exploradas como produtos gastronômicos.

A pesquisadora acha que as universidades que podem fazer acontecer “os cursos de gastronomia devem ter esse papel de pesquisador, a cozinha missioneira e guarani é um caso ainda em aberto”.

Segundo ela para o turismo e gastronomia desenvolverem nessa região deve se ter um olhar mais social.

A gastronomia tem muita importância, principalmente na alimentação fora do lar, ressalta “que estamos cada vez mais, comendo mais iguais, e que gastronomia tem muita saturação, os buffets, os bistrôs em qualquer lugar, servem os mesmos

pratos, precisa-se de pesquisa e conhecimento. A civilização fez com que a gente perdesse as raízes alimentares, cada vez se come mais igual”.

Destacou o Peru como um país de referência de um bom trabalho de pesquisa na gastronomia, tornando-a conhecida mundialmente.

Para a entrevistada, o chef de cozinha, muitas vezes se perde no trabalho de tendências. A gastronomia necessita buscar suas raízes, desde a senhoria do interior, o setor público, o pequeno produtor, o estabelecimento mais antigo, para dialogar e explorar a culinária de raiz, num novo contexto com olhar social.

Novamente destacou as Universidades como agentes, que têm o compromisso de pesquisar, o dever social, entendendo o lugar de tudo, o papel da empresa (pequeno produtor), setor público, conversando no contexto cultural e histórico.

A entrevistada ressaltou “o que se faz em São Borja, são comidas remetentes da cozinha da campanha, precisa-se buscar mais as origens indígenas, do povo de origem da região missioneira”. Para ela, o Festival da Cozinha Missioneira é um grande marco para o crescimento da culinária, do turismo e das pesquisas universitárias em prol de um desenvolvimento das raízes da região Missioneira.

4.6 O TURISMO E A GASTRONOMIA NA VISÃO DOS VISITANTES DOS TRÊS MUNICÍPIOS MISSIONEIROS

Neste tópico, apresentam-se os resultados da pesquisa desenvolvida nos pontos turísticos descritos no quadro 6. Os municípios pesquisados foram São Borja com 30 respondentes, Santo Ângelo com 20 respondentes e São Miguel das Missões com 30 respondentes.

Quadro 6: Pontos turísticos das cidades pesquisadas

São Borja Santo Ângelo São Miguel das Missões - Museu Getúlio Vargas.

- Museu Municipal Aparício Silva Rillo.

- Museu da Estância. - Casa Memorial João

Goulart.

- Memorial Coluna Prestes. - Museu Municipal Dr. José

Olavo Machado.

- Museu das Ruínas. - Pousada das Missões.

- Hotel Tenondé.

As análises dos gráficos que representam os questionários aplicados nos três municípios pesquisados apresentam-se abaixo, e respondem as perguntas do questionário que encontra-se no apêndice III.

Gráfico 1: Razão da visita à cidade de São Borja

Fonte: Pesquisa de campo (2016).

Gráfico 2: Razão da visita à cidade de Santo Ângelo

Gráfico 3: Razão da visita à cidade de São Miguel das Missões

Fonte: Pesquisa de campo (2016).

Em relação ao motivo, os visitantes vêm à região missioneira, 50% das pessoas responderam que vêm a São Borja para visitar a família, 40% dos respondentes vêm por lazer e turismo, e 10% vêm apenas para negócios. Já em Santo Ângelo 50% dos visitantes procuram a cidade por negócios, 20% por lazer e turismo, igualmente 20% disseram que por causa da família, e 10% responderam que seria por outros motivos. Em São Miguel das Missões 58% das pessoas procuram o município para lazer e turismo, 26% por negócios, 10% responderam que são outros motivos e 6% por causa da família. Interessante ressaltar que os motivos principais abrangidos de cidade para cidade. Em Santo Ângelo prevalece os negócios, em São Miguel das Missões o lazer e o turismo e em São Borja visita a familiares e lazer/turismo perfazem o mesmo percentual.

Gráfico 4: Razões das visitas à região das Missões: São Borja

Gráfico 5: Razões da visita à região das Missões: Santo Ângelo

Fonte: Pesquisa de campo (2016).

Gráfico 6: Razões da visita à região das Missões: São Miguel das Missões

Fonte: Pesquisa de campo (2016).

A grande maioria dos entrevistados, em São Borja responderam que a maior razão de visitar a região missioneira, é para conhecer a identidade cultural da comunidade, 7% responderam que são outros motivos. As paisagens, ruinas hotéis e gastronomia não apareceram nas respostas das pesquisas. Já em Santo Ângelo 36% dos entrevistados, disseram que visitam a região das Missões para contemplar as paisagens e ruinas, em segunda opção é de outros motivos (reuniões, negócios, trabalho), e por fim 23% responderam para conhecer a identidade cultural da comunidade. Em São Miguel das Missões na sua maioria os visitantes procuram a região das Missões para observar as paisagens e ruinas, em segundo com 23% outros motivos (participação de eventos e seminários que acontecem nos hotéis do município), e em terceiro por causa da identidade cultural da comunidade, e por

último por causa dos hotéis e da gastronomia. Importante ressaltar que São Miguel das Missões possuías Ruínas como principal atrativo e Santo Ângelo também, já que está na rota de acesso a São Miguel das Missões. São Borja atraí para conhecer a identidade cultural da comunidade, aspecto que poderia ser aprofundado em pesquisas futuras.

Gráfico 7: Conhecimento da rota das Missões e rota do Rio Uruguai: São Borja

Fonte: Pesquisa de campo (2016).

Gráfico 8: Conhecimento da rota das Missões e rota do Rio Uruguai: Santo Ângelo

Gráfico 9: Conhecimento da rota das Missões e rota do Rio Uruguai: São Miguel das Missões

Fonte: Pesquisa de campo (2016).

Em São Borja a grande maioria dos entrevistados afirmou desconhecer as rotas turísticas da região das Missões. Já em Santo Ângelo a metade dos turistas respondeu que conhecem as rotas do Rio Uruguai e das Missões. Em São Miguel das Missões a maioria dos turistas desconhece as rotas mencionadas, 33% afirmaram conhecer e 7% disseram que conhecem outras rotas, como o Roteiro Iguassu – Missiones e o Circuito Internacional Missioneiro. A Rota das Missões tem como proprietário do percurso um Santo-angelense, isto indica que está sendo pouco divulgada, a própria, inicia seu caminho turístico em São Borja, confirmando a falta de divulgação. Já em São Miguel das Missões o fato dos turistas indicarem outras rotas específicas, é que o município recebe turistas de vários lugares do mundo, que possuí o conhecimento mais abrangente.

Gráfico 10: Conceito de gastronomia de São Borja

Gráfico 11: Conceito de gastronomia de Santo Ângelo

Fonte: Pesquisa de campo (2016).

Gráfico 12: Conceito de gastronomia de São Miguel das Missões

Fonte: Pesquisa de campo (2016).

Na opinião de 55% dos turistas em São Borja, a gastronomia é a relação do ser humano com os alimentos, em segunda opção é o contexto nutricional dos alimentos, e por fim 15% responderam que são as receitas e modo de preparo dos pratos. Para os turistas de Santo Ângelo, 35% responderam que gastronomia são as relações do ser humano com o alimento e receitas e modo de preparo de pratos, 30% responderam que gastronomia é o contexto nutricional com os alimentos. Já em São Miguel das Missões, 50% dos entrevistados responderam que a gastronomia são as relações do ser humano com os alimentos, 33% responderam que são receitas e modo de preparo dos pratos e 17% acham que é o contexto nutricional dos alimentos. Nenhum dos municípios obteve a resposta “os pratos que os restaurantes locais servem”, o que indica o quanto os locais estão distantes de se evidenciarem no aspecto da cultura gastronômica.

Gráfico 13: Entendimento de que a gastronomia é um vetor para o turismo na região das Missões: São Borja

Fonte: Pesquisa de campo (2016).

Gráfico 14: Entendimento de que a gastronomia é um vetor para o turismo na região das Missões: Santo Ângelo

Fonte: Pesquisa de campo (2016).

Gráfico 15: Entendimento de que a gastronomia é um vetor para o turismo na região das Missões: São Miguel das Missões

Em São Borja, 94% dos entrevistados, responderam que a gastronomia é um vetor de desenvolvimento para o turismo da região das Missões. Já em Santo Ângelo 100% dos entrevistados tiveram a mesma reposta, igualmente em São Miguel das Missões. Há unanimidade na valorização da gastronomia como vetor de desenvolvimento nas regiões.

Gráfico 16: A visita aos locais propulsionou observar a gastronomia local?: São Borja

Fonte: Pesquisa de campo (2016).

Gráfico 17: A visita aos locais propulsionou observar a gastronomia local?: Santo Ângelo

Gráfico 18: A visita aos locais propulsionou observar a gastronomia local?: São Miguel das Missões

Fonte: Pesquisa de campo (2016).

Na sexta pergunta, 73% dos entrevistados responderam que durante o período de visita puderam observar gastronomicamente o município e 27% responderam que não, na opinião da pesquisadora este resultado muito se deve ao curso de Técnico em Cozinha, Tecnólogo em Gastronomia e o Tecnólogo em Turismo oferecidos pelo IFFar, proporcionando mão de obra qualificada para o mercado. Já em Santo Ângelo 75% do entrevistado responderam que não observaram gastronomicamente o município e somente 25% responderam que sim. Em São Miguel das Missões 67% dos visitantes não identificaram gastronomicamente o município e 33% disseram que sim. Em São Miguel das Missões na opinião da pesquisadora está acontecendo um retrocesso na questão turística e gastronômica. Pois, não foi percebido o café missioneiro de São Miguel das Missões, servido em dois restaurantes locais, como gastronomia local.

Gráfico 19: Percepção dos fatores gastronômicos: São Borja

Gráfico 20: Percepção dos fatores gastronômicos: Santo Ângelo

Fonte: Pesquisa de campo (2016).

Gráfico 21: Percepção dos fatores gastronômicos: São Miguel das Missões

Fonte: Pesquisa de campo (2016).

Em São Borja, 47% dos entrevistados responderam que os pratos típicos são um fator que chama a atenção do visitante no quesito gastronômico, 33% responderam que é o esmero no preparo, 13% colocaram a diversidade e apenas 7 % responderam o envolvimento e o conhecimento da população ao explicar os pratos. Novamente identifica-se em São Borja uma grande relação com os cursos Superiores ofertados no município e a relação do forte apelo cultural da cidade, já mencionada na entrevista com a secretaria de Desenvolvimento e Turismo, embora a população não tenha demonstrado envolvimento e conhecimento. No município de Santo Ângelo, 36% dos respondentes identificaram os pratos típicos como atrativos gastronômicos, 32% responderam o esmero no preparo e 5% o envolvimento e

conhecimento da população ao explicar os pratos. Em santo Ângelo pode-se observar que falta envolvimento com a cultura local. Já em São Miguel das Missões 33% dos entrevistados afirmaram os pratos típicos, 27% responderam o envolvimento e conhecimento da população ao explicar os pratos, 23% escolheram o esmero no preparo e 17% a diversidade. Em São Miguel das Missões na opinião da pesquisadora o resultado demonstra que os respondentes da pesquisa foram turistas em procura de pratos da cultura local.

Gráfico 22: Consideração da importância de propiciar o conhecimento da identidade cultural, a história, os costumes e os valores da região: São Borja

Fonte: Pesquisa de campo (2016).

Gráfico 23: Consideração da importância de propiciar o conhecimento da identidade cultural, a história, os costumes e

os valores da região: Santo Ângelo

Gráfico 24: Consideração da importância de propiciar o conhecimento da identidade cultural, a história, os costumes e os valores da

região: São Miguel das Missões

Fonte: Pesquisa de campo (2016).

Dos entrevistados, 100%, nos três municípios pesquisados, entendem que é importante propiciar o conhecimento da identidade cultural, a história, os costumes e os valore da região Missioneira.