• Nenhum resultado encontrado

Neste tópico apresenta-se algumas iniciativas realizadas no município de São Borja, através de entidades públicas e privadas, que tem como propósito o desenvolvimento da região missioneira, por meio de festivais, e da gastronomia e o resgate da cozinha de raiz.

4.2.1 1º Festival da Cozinha Missioneira

O 1º Festival ocorreu nos dias 4, 5 e 6 de dezembro de 2014, foi uma promoção da ACISB (Associação Comercial, Industrial, de Prestação de Serviços e Agropecuária de São Borja), juntamente com o GT Gastronomia Regional do Palácio Piratini do RS, EMATER, IFFar, Prefeitura Municipal de São Borja, UNIPAMPA e SENAC e que contou com patrocínio do IRGA, conforme o folder do evento apresentado na figura 5. Foi uma ação voltada para a valorização da produção primária do Estado e preservação de saberes e fazeres da culinária gaúcha.

Em sua dissertação de mestrado a professora do IFFar Camila Nemitz de Oliveira Saraiva, ressalta a importância dos festivais e como o correu o 1º Festival da Cozinha Missioneira em São Borja – RS, algumas informações veem a contribuir para o trabalho de pesquisa desta dissertação.

Figura 5: Folder do 1º Festival de Cozinha Missioneira de São Borja

Fonte: Site do evento (2017).

O público que participou do evento constituiu-se de produtores locais, em especial da agricultura familiar, pesquisadores, professores e estudantes de gastronomia e nutrição, jornalistas especializados em gastronomia e agricultura, setores públicos e privados, turistas e comunidade em geral.

Os objetivos do Festival foram de acordo com os dados do projeto de realização do evento fornecido pela ACISB:

- valorizar a gastronomia da região das Missões e os produtos regionais, através de ações de pesquisa, debates, aulas-shows, que auxiliem a potencializar o turismo, a gastronomia, a produção agropecuária e o setor de bebidas regionais;

- promover e valorizar a diversidade da gastronomia regional por meio do resgate de hábitos alimentares, história e cultura, divulgação de métodos sustentáveis na preparação e consumo de alimentos, além de destacar a produção primária da região;

- incentivar o turismo gastronômico da Região das Missões, dando visibilidade com a presença de chefs do Rio Grande do Sul e de outros estados que tenham trabalhos e pesquisas formatados;

- promover um debate em torno da valorização da cultura alimentar regional e dos produtos locais dentro da merenda escolar, tendo como público alvo as merendeiras da rede escolar municipal e estadual;

- promover os produtos locais, incentivando os pequenos produtores a participarem da Feira da Agroindústria Familiar (parte da programação do Festival), com o objetivo de divulgar a sua produção para os participantes do evento.

Durante o evento, ocorreram diversas atividades como palestras e aulas- shows nas quais chefs e profissionais de cozinha, historiadores, técnicos de turismo e nutrição, além de produtores, apresentaram temas da gastronomia e cultura alimentar missioneira; ocorreu também a comercialização de produtos regionais, com exposição destes, para que os visitantes conhecessem a riqueza dos produtos oriundos da agricultura familiar da região, estimulando possibilidades de negócios para os produtores locais (SARAIVA, 2015).

Paralelos a esta programação, ocorreram cursos de boas práticas e utilização integral de alimentos para os trabalhadores de restaurantes, ambulantes locais e para as merendeiras da rede pública municipal e estadual de ensino. Na abertura do Festival, aconteceu um coquetel de integração cultural, em que os chefs desenvolveram pratos com produtos locais para salientar a importância da valorização destes e dos pratos da culinária missioneira. Esse evento foi de extrema importância para que a comunidade são-borjense se sensibilizasse ainda mais para a imensa gama de hábitos e produtos locais, que são de grande valor cultural e precisam ser cultivados, relatado pela coordenadora do evento. Foi importante também, para a divulgação da gastronomia local, com a presença de chefs no Rio de Janeiro, Porto Alegre e São Paulo, pois, muitas vezes, por São Borja ser um território distante dos grandes centros, fica resguardada apenas nas suas fronteiras ou na sua região (SARAIVA, 2015).

A coordenadora do evento afirmou que “a longo prazo, pretendemos que este Festival firme-se como um grande evento da região atraindo turistas e gerando aumento de renda e desenvolvimento social e cultural”. Acrescentou ainda, sobre o tema da gastronomia, cultura e desenvolvimento, que a comida, os hábitos

alimentares e a cultura gastronômica de um local é o patrimônio material e imaterial presente, que fala de toda a história da região, da produção, da cultura local, das relações sociais dos atores envolvidos no cotidiano da comunidade (Coordenadora do evento e do GT de Gastronomia Regional).

O desenvolvimento regional seja ele, econômico, cultural ou social, só ocorre se houver um compartilhamento de responsabilidades do poder público, do privado, do papel de cada ator e das universidades ou instituições de ensino que cumprem um papel fundamental, de salvaguardar esse patrimônio através de pesquisas, do ensino, da criação de novos paradigmas e pensamentos para uma comunidade. “O desenvolvimento regional se dá na organização pública e privada, social que pode constituir um elemento agregador e a gastronomia pode ser um belo elemento agregador nos municípios” (Coordenadora do evento e do GT de Gastronomia Regional).

A entrevistada acredita que, em São Borja, a gastronomia é um vetor do desenvolvimento para o município, e isso foi bem explorado no Festival, pois reuniu os produtores, as pessoas que trabalham na preparação de alimentos, os estudantes de gastronomia e turismo, professores e todos os envolvidos nesta cadeia no município. Firmou que é necessário que ocorram mais eventos desse tipo, para que esse contato e trocas de experiências perdurem e continuem acontecendo.

4.2.2 2º Festival da Cozinha Internacional Missioneira

Dado o sucesso da 1° edição, reedita-se o 2º Festival Internacional da Cozinha Missioneira; a figura 6 representa o folder de divulgação do evento. O festival foi realizado entre os dias 03 a 11 de novembro de 2016, em São Borja. Teve como tema: Valorização dos produtos e produtores locais: preservação da cultura alimentar regional. O evento foi realizado através da parceria entre o IFFar - São Borja, Prefeitura Municipal de São Borja e ACISB. Teve como objetivo recuperar e valorizar a cultura alimentar missioneira e os produtos locais, dando visibilidade e capacitando o mercado gastronômico de fronteira São Borja/Santa Tomé - Argentina, construindo uma rede de conhecimento através de palestras, oficinas práticas, aulas shows, exposições, visitas guiadas e city tours, buscando atender aos profissionais, estudantes e interessados na área da gastronomia.

Figura 6: Folder do 2º Festival Internacional da Cozinha Missioneira de São Borja

Fonte: Site do evento (2017).

O 2º Festival Internacional da Cozinha Missioneira teve maior visibilidade, tornou-se um evento internacional com a participação da Municipalidad Santo Tomé – Argentina. Contou com o apoio do IRGA, EMATER/RS, Prefeitura Municipal de Santo Tomé, SENAC/SB, SEBRAE/SB, UNIPAMPA/SB, URI – Santo Ângelo, Centro Cultural São Borja, entre outros importantes patrocinadores e apoiadores, possibilitando a realização do evento.

O objetivo do evento de 2016 foi de recuperar e valorizar a cozinha missioneira, através de ações de integração, cooperação e convivência com os países vizinhos, auxiliando na potencialização da gastronomia regional, do turismo, da produção local, revelando toda a singularidade e diversidade desta região. De acordo com os dados do projeto, fornecidos pela ACISB, os principais objetivos do festival foram:

- dar visibilidade às pesquisas e estudos relacionados à cultura alimentar na região das Missões;

- promover e valorizar a diversidade da culinária e das bebidas regionais, por meio de estudos de produtos, da recuperação de hábitos alimentares, história e cultura;

- debater e divulgar métodos sustentáveis de produção, preparo e consumo de alimentos;

- apresentar trabalhos que abordem a temática do turismo na região das Missões e sua relação com a gastronomia e o desenvolvimento regional; - promover debates e ações acerca do papel da alimentação escolar na

atualidade, na formação dos hábitos das crianças e adolescentes;

- incentivar a comercialização dos produtos locais, através dos pequenos produtores e participantes da feira de agroindústria familiar.

Durante o evento ocorreram muitas atividades voltadas à cultura missioneira. Como foi um evento intenso, pode-se demonstrar muito do que se tem na cultura missioneira.

O festival teve início no dia 03 de novembro de 2016, neste dia e durante os dias do festival, aconteceu o Circuito de Pratos Missioneiros, em que restaurantes apresentaram pratos que remetessem à cultura missioneira. O festival contou com a participação de estabelecimentos do setor de restauração9 de São Borja e Santo Tomé. No primeiro dia de evento ocorreu o Jantar de abertura, como o tema “Nossos Peixes, Nosso Rio”, teve lugar na “Casa do Peixe” da Dona Maria, foi apresentado “o histórico do bairro do Passo e as famílias ribeirinhas”, ministrado por professores da UNIPAMPA.

No segundo dia de evento os professores do IFFar ministraram oficinas em uma escola estadual e outra municipal, com o tema “Chef na Escola”, que teve como objetivo a alimentação saudável e a readaptação do cardápio escolar, objetivando a alimentação mais atrativa e nutritiva para os estudantes.

A EMATER e a Secretaria de Agricultura Municipal promoveram visita guiada ao mercado público, e visita a uma agroindústria da agricultura familiar. O público presente teve a oportunidade de conhecer o trabalho destes profissionais e prestigiar o produtor local.

No sábado, ocorreu o I Seminário de Alimentação Escolar, em parceria com o CREA, a Secretaria de Educação Municipal. O evento foi destinado às merendeiras das escolas. As palestras ministradas no seminário foram: Cultura, alimentação, consumo e saúde; O uso dos produtos na Alimenta Escola (PNAE); Hortas

9

escolares; Oficina de boas práticas. O seminário foi de grande relevância e atingiu o público visibilizado.

Para prestigiar a colônia de pescadores do Município, foi realizado o Passeio de Barco - Encontro Binacional nas Águas do Rio Uruguai, realizado no Cais do Porto de São Borja e Santo Tomé.

O grupo amador “Os Angueras” participou do Festival através da abertura do museu, com a apresentação cultural do “Museu Vivo”. Também, realizou o Jantar da Culinária Campeira São-borjense com show cultural. Santo Tomé também realizou um jantar cultural.

Dando destaque aos museus do município, o IFFar promoveu o City Tour “Conhecendo o Primeiro dos Sete Povos das Missões”. A visita iniciou pela Praça XV de Novembro e percorreu três museus da cidade.

Na Praça da Estação Férrea, ocorreu o Piquenique Cultural, possibilitando o público presente conhecer o Centro Cultural de São Borja e prestigiar a exposição fotográfica do V Memória em Foco, foram apresentados Shows culturais, Food Trucks com comidas típicas, exposição da agricultura familiar e de produtos locais.

Durante o festival procurou-se incentivar o contato entre o pequeno agricultor e os estabelecimentos do setor alimentício. Para tanto, foi realizada a “Rodada de Aproximação entre produtores locais, hotéis, bares, restaurantes e similares”. Com palestra de “Atualidades e Rumos do Mercado Gastronômico” ministrado pelo SEBRAE. No SINDILOJAS e no IFFar foram promovidas oficinas de “Boas Práticas de Manipulação dos Alimentos e Atualização de Serviço de Salão.

Um importante tema apresentado no Festival foi a Mostra de Cadernos de Receitas e apresentação de receitas antigas. Qual tem sido ao longo do tempo, instrumento fundamental de socialização da cultura culinária, objeto de interesse e investimento feminino. Nesta programação contou-se com a participação de grupos de Melhor Idade, alunos do IFFar e pessoas da comunidade local.

O IRGA participou do Festival com duas oficinas, com a temática “Arroz”, intitulada "Os benefícios do Consumo do Arroz na Alimentação Diária" e "Pratos Tradicionais a Base de Farinha de Arroz", incentivando o consumo deste produto que faz parte da economia local. Neste mesmo dia foi apresentada a pesquisa realizada pelo grupo GT de Gastronomia Regional de 2011 a 2014, “Lombo de Xirú e a Pesquisa do GT de Gastronomia Regional de 2011 a 2014”.

O festival conseguiu reunir três vinícolas da região Missioneira, apresentando o melhor da produção vitivinícola regional, com a participação da Malgarin Vinhos, Vinícola Campos de Cima e Vinícola Fin, através da introdução ao mundo do vinho e degustação orientada.

No último dia do evento, o festival contou com a participação das Universidades, no quadro 2 apresenta-se a relação das entidades, representantes e temática, apresentadas no evento, através de palestras e aulas shows.

Quadro 2: Palestras e aulas shows apresentadas no evento

Entidade Representante Temática

Fernanda Valente e Rodrigo Schlee

Mate Chimarrão - A bebida símbolo dessa fronteira UFPEL Alcides Gomes Uma combinação clássica da pampa gaúcho:

mandioca e cordeiro UNISINOS Ágata Moreno de

Britto

Uma aula de confeitaria a partir de alguns produtos básicos presentes na culinária Guarani Alimentação dos

Cozinheiros Movimento Slow

Food Argentina

Perla Herro O movimento Slow Food, que trabalha pelo alimento bom, limpo e justo

Arika Messa Valorização de linguiças artesanais e produtos do nosso Mercado Público Municipal

FEEVALE Daniel Bonho Valorizando os peixes do rio Uruguai e frutas nativas IPHAN Raquel Rech A Integração Histórica, Cultural e Econômica das

Missões através da alimentação Fonte: Autora (2017).

Concomitantemente ao 2º Festival da Cozinha Missioneira ocorreu o II Fórum Científico Internacional de Gastronomia Missioneira, em parceria com a URI – Santo Ângelo – Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões. Foram apresentados artigos científicos relacionados aos GT’s de Gastronomia onde os alunos e comunidade regional puderam expor seus trabalhos de pesquisas relacionados à Gastronomia apresentados no quadro 3.

Quadro 3: Relação de temáticas apresentadas pelos grupos de GT’s

GT’s Tema

Gt 1) Gastronomia, identidade e turismo Gt 2) Gastronomia e qualidade alimentar Gt 3) Gastronomia e desenvolvimento territorial

Gt 4) Gastronomia contemporânea

Gt 5) Gastronomia e gestão organizacional Gt 6) Gastronomia e patrimônio histórico-cultural Fonte: Autora (2017).

O quadro 4 apresenta a relação de palestras, mesas de debates e palestrantes que participaram do II Fórum Científico Internacional de Gastronomia Missioneira.

Quadro 4: Relação de palestras e mesas de debates apresentadas no evento

Palestra/Mesa de Debate Tema Palestrantes

Palestra “A produção, distribuição e consumo das leguminosas nas

Missões: uma gestão para a sustentabilidade?”

Luís Claudio Villani Ortiz

Mesa de Debate “Gastronomia, turismo e desenvolvimento de Território”

Mediadora: Raquel Lunardi (IFFar-SB)

Perla Herro (Aliança dos Cozinheiros do Slow Food da Argentina); Priscyla Hammerl (IFFar-SB); Lurdes Froemming

(UNIJUÍ), Rodolfo Meyer (PUC); Carmen Regina Dorneles (UNIPAMPA – SB) Mesa de Debate “A integração histórica, cultural

e econômica das Missões através da alimentação”

Mediador: Fernando Rodrigues (Centro Cultural de São Borja)

Debatedores: Eilamaria Lombardi (URI_ AS); Rachel

Rech (IPHAN); Ricardo Almeida (Assessor do Comitê

de Fronteira BR/UY) Palestra “Mate Chimarrão: patrimônio

imaterial” Schlee (pesquisadores de Arte Fernanda Valente e Rodrigo e Cultura Gaúcha) Palestra “A formação da Culinária

Brasileira”

Dr. Carlos Alberto Dória (SP) Fonte: Autora (2017).

O público participante do II Fórum Científico Internacional de Gastronomia Missioneira, foram os alunos do IFFar, alunos da URI – Santo Ângelo, alunos da UNISINOS, alunos do IF Sul – Santana do Livramento, alunos da UNICRUZ, alunos da Escola de Gastronomia de Sato Tomé e comunidade local.

O Fórum foi finalizado com a palestra do Sociólogo Dr. Carlos Alberto Doria, com a palestra "A formação da Culinária Caipira: o Guarani na Cultura Culinária Brasileira". No final da palestra foi assinado o Protocolo de Cooperação entre instituições participantes firmando ações futuras para auxiliar o desenvolvimento da Região Missioneira por meio da gastronomia.

O 2º Festival Internacional da Cozinha Missioneira foi finalizado com um jantar de integração, promovido pelos Chefs das Universidades já citadas e os alunos do Curso Técnico em Cozinha e Tecnologia em Gastronomia do IFFar, o cardápio servido no jantar encontra-se no quadro 5. Durante o jantar teve lançamento do o

livro "Vida no Butiazal” e do vídeo Amamos Butiá por Alberi Noronha (EMBRAPA – Clima Temperado).

Quadro 5: Cardápio do jantar de finalização do 2º Festival Internacional da Cozinha Missioneira

Couvert Entrada Prato Principal Sobremesa

Pão Missioneiro de Erva Mate, acompanhado de pasta de azeitonas, geleia de pimentas.

Primeira Entrada: Bolinho de miolos com molho. Segunda Entrada: Mix de

folhas acompanhado de iscas de matambre, regado ao vinagrete de butiá e mel.

Primeiro Prato: Humita de milho verde, file de

peixe do rio. Segundo Prato: Costela desossada acompanhado

de legumes missioneiros na brasa.

Biscoito de milho, cocada mole, doce

de leite e frutas regionais.

Fonte: Autora (2017).

O evento apresentou várias atrações que nunca tinham sido trazidos ao público, fazendo com que centenas de pessoas participassem, tanto no Brasil quanto na Argentina, mostrando a união de povos através da gastronomia. A Comida é um dos principais elementos formadores da cultura, da história, das memórias e as paisagens culturais que fazem parte do turismo em localidades, da valorização e da recuperação do patrimônio cultural de regiões.

Para Andrade (1999), eventos são fenômenos complexos e heterogêneos, multiplicadores de negócios, de valorização de particularidades específicas, de aumento do fluxo de visitantes e turistas que alteram a dinâmica da economia e das relações sociais local. No setor do turismo como um segmento desse mercado e é um atrativo baseado em desejos e necessidades da comunidade, entidade ou instituição promotora. Normalmente, busca um intercâmbio entre os produtores, indústria, comércio e a comunidade local.

Esse tipo de atrativo turístico corresponde ao conjunto de elementos significativos e das relações sociais que expressam a memória e a identidade das populações e comunidades, que são conhecidos como o patrimônio histórico e cultural material e imaterial de determinadas regiões (RETAMOSO, 2011).

Um evento pode ser uma fonte das atividades econômicas, uma fonte de lazer e qualidade de vida da população, uma circunstância para fomentar as relações sociais da sociedade em que está inserido, além de uma motivação para se

preservar e divulgar a cultura local. Neste contexto a região Missioneira foi evidenciada no 2º Festival Internacional da Cozinha Missioneira.

4.3 INICIATIVAS PARA ALAVANCAR O TURISMO E A GASTRONOMIA MISSIONEIRA EM SANTO ÂNGELO

Neste tópico apresenta-se algumas iniciativas realizadas no município de Santo Ângelo, através de entidades públicas e privadas, que tem como propósito o desenvolvimento da região missioneira, por meio das heranças e monumentos das Reduções Jesuíticas e festivais remetentes a cultura e a gastronomia local. A figura 7, representa a praça Pinheiro Machado e a Catedral Angelopolitana.

Figura 7: Praça Pinheiro Machado e Catedral Angelopolitana

Fonte: Site Prefeitura Municipal de Santo Ângelo (2017).

Atração principal da capital das missões, a Catedral Angelopolitana, é a terceira igreja construída neste local. Dentro, a riqueza e o detalhamento são o maior destaque, nas colunas, nas paredes, nas pinturas e nos ornamentos. As janelas são de vitrais com desenhos e símbolos, ao todo são 86. Em cima do altar, representam cada um dos padroeiros dos Sete Povos. Também há 12 lamparinas que nunca se apagam, representando os 12 apóstolos. E um dos maiores símbolos, a escultura

em madeira do Cristo morto, confeccionada por índios na época da antiga redução de san angel custódio.

A Praça Pinheiro Machado passou por um processo de revitalização e valorização da temática missioneira. Por conta de sua imponência e de sua bela arquitetura, é usada como palco de muitos eventos importantes do município como o tradicional Canto Missioneiro10, o Natal Cidade dos Anjos11 e Encontro das Artes12 (PREFEITURA MUNICIPAL SANTO ÂNGELO, 2017).

Junto à praça está localizada a AAPASA - Associação dos Artistas Plásticos e Artesãos de Santo Ângelo Ampla área verde, ótima iluminação, pista e quadras de esportes, parque infantil, sanitários, um palco de atividades múltiplas, banca de jornais e revistas, local de exposição e comercialização de artesanato produzido na cidade. Nos domingos, neste local, acontece o Brique da Praça, visitado por milhares de pessoas dos mais diferentes lugares, a produção artesanal de toda a região é exposta e comercializada, além disso, acontecem espetáculos artísticos- culturais envolvendo toda a comunidade (GUIA DO TURISMO BRASIL, 2017).

No mesmo espaço da antiga Redução e junto ao centro histórico da cidade localiza-se o Museu, instalado em um prédio do Século XIX. O acervo preserva evidências das várias etapas da história regional, desde material arqueológico do período anterior à chegada dos jesuítas até fases da história local mais recente. Ao lado do Museu encontra-se o prédio da empresa Moto Peursi, onde foi descoberto uma série de materiais arqueológicos pertencentes a Redução de Santo Ângelo Custódio e que podem ser visitados pelos turistas (GUIA DO TURISMO BRASIL, 2017).

O Festival Cidade das Tortas, que inclui uma série de atrações culturais, é realizado com o objetivo de tornar Santo Ângelo uma referência na produção de

10

Canto Missioneiro promovido pela Prefeitura Municipal de Santo Ângelo, tem como objetivo: Fomentar e incentivar a criatividade de compositores e intérpretes com letras e músicas ligadas à temática regionalista do Rio Grande do Sul; Propiciar a revelação de novos talentos e facilitar a