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HIZBALLAH: VISÕES E CONCEITOS, MANAR TV, BEIRUTE, JUNHO DE 1997 Esse pronunciamento (Anexo C) foi transmitido na TV al-Manar, uma rede de t

3. AS TRANSFORMAÇÕES POLÍTICAS DO HIZBALLAH

3.3 HIZBALLAH: VISÕES E CONCEITOS, MANAR TV, BEIRUTE, JUNHO DE 1997 Esse pronunciamento (Anexo C) foi transmitido na TV al-Manar, uma rede de t

filiada ao Hizballah, banida em diversos países por ser considerada um braço do terrorismo.

3.3.1 Elementos gerais do pronunciamento

Esse pronunciamento invoca bastante elementos de valores universais, como a justiça, a liberdade e o acesso aos direitos. Segundo o discurso:

A adoção e a prática desses valores humanos requer comprometimento e credibilidade, pois eles fazem um todo importável; liberdade não pode ser desfrutada por um grupo e negado a outro, o direito não deve prevalecer aqui e ficar paralisado há; se diminuída, a justiça se transforma em injustiça; a paz não pode ser alcançada a menos que seja compreensivo. p.56 A fundamentação para estes encontram-se nas religiões sagradas, na qual a mais abrangente e científica é o Islã, sejam por termos teóricos e práticos., sendo os valores acima mencionados a base do pensamento do Hizballah, na qual a luta por estes ideias necessitem eliminar barreiras artificiais que obstruem os objetivos.

O Hizballah, categoriza as políticas dos EUA como terrorista e de caráter e vê a contradição entre os países que se colocam como democráticos e portadores dos ideais dos direitos humanos, pois

rejeita todas as formas de agressão e terrorismo; ao mesmo tempo o Hizbullah vê a ocupação da Palestina pelos judeus sionistas, deslocando seu povo e estabelecer a entidade de Israel em sua terra usurpada, como materialização viva dos tipos mais hediondos de agressão e terrorismo organizado que é apoiado pelos EUA, patrocinador do terrorismo internacional e alguns outros estados que afirmam ser democráticos e proteger os direitos humanos enquanto apóiam Israel que foi fundado na invasão, matança e derramamento de sangue, além de sua violência diária direitos humanos no Líbano e na Palestina (ALAGHA, 2011, p.56-57, tradução nossa). O Hizbullah não acredita que seja correto que algumas pessoas no mundo vejam a ocupação judaica sionista como violência e terrorismo aceitos, enquanto eles,

enquanto eles condenar a contra-violência, que é uma reação humana natural à violência e terrorismo do sionistas (Ibidem, p.57, tradução nossa).

O uso do conceito terrorismo nesse caso, não deve causar estranhamento, mesmo que o próprio tenha sido taxado pela mesma categoria por organizações internacionais. Para tanto, devemos compreender conforme Calmet e Dal Castel (2018) categoria terrorismo como um conceito contestado, pois, é por ele que se encontra uma disputa pelo uso do significado.

Desta forma, a violência empregada por EUA e FDI no contexto da guerra civil, tornam-se também, aquilo que os mesmos dizem fazer parte do inimigo, o uso da violência, da desumanidade. Assim, as justificativas excluem o peso colonial,da fragmentação e da ingerência externas em países de condição periférica, dado que a busca de legitimidade da população xiita é sequer mencionada por aqueles que clamam por Hizballah banido de sua legitimidade e identificação das massas para com ele.

Sobre os direitos humanos, a organização categoria de forma de colocar no primeiro plano a plenitude dos seres humanos, na qual todos seus esforços apontaram para tal. Desta forma, pode-se conceber uma visão não formal, além do conteúdo não mencionar em nenhum momento a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Assim o Hizballah coloca nesse pronunciamento suas ações em prol dos direitos humanos como centrais para as condições de vidas locais, ao mesmo tempo que imputa aos demais sua incipiência nas ações que promovam as condições dignas dos seres humanos.

É axiomático dizer que o Hizballah considera, como sua tarefa religiosa, servir seres humanos, protegendo seus direitos, mantendo seu interesse e exercendo esforço para fornecer-lhes os requisitos de uma vida digna e desenvolver a sociedade deles (Ibidem, p.58, tradução nossa).

Se os regimes existentes são negligentes no cumprimento de seus deveres para com aquele ser humano, o Hizballah tem contribuído eficientemente na prestação de serviços humanitários aos cidadãos em várias áreas libanesas, sem discriminação entre um cidadão e outro, ou uma seita e outra (Ibidem, p.58, tradução nossa) . Esses serviços incluíram muitos domínios; alguns deles estão restaurando edifícios danificados, orientação agrícola, fornecendo serviços públicos pelo menor custo e às vezes de graça, oferecendo assistência médica e hospitalização em centros de saúde distribuídos nas áreas e em hospitais particulares, ensino primário e intermediário, proporcionando aos alunos carentes

bolsas de estudo para continuar sua formação universitária, além de fornecer-lhes orientação específica e garantir água fresca para os bairros onde a rede pública de água não chega (Ibidem, p.58, tradução nossa).

Entretanto, o direito humano mais importante pelo qual o Hizballah sacrifica sangue e vive é o direito dos libaneses à sua terra e a determinar o sistema político que desejam (Ibidem, p.58, tradução nossa)

de uma condição humana aos oprimidos. A construção de uma rede assistêncial e de apoio à comunidade coloca a organização em um posto diferenciado das demais organizações, tanto na angariação de fiéis, quanto na construção de uma economia própria, além de um fluxo contínuo da busca do elemento de legitimação do Estado Libanês.

3.3.2 Posição sobre o Líbano

Nesse pronunciamento, passado os anos, a organização continua enfatizando a necessidade da abolição do sistema confessional, na qual alega que com esse modelo

nunca pode alcançar a justiça ou realizar direitos e paz. Talvez um das razões mais importantes para a guerra civil que eclodiu em 1975 estão dentro da tendência confessional estabelecida pelo sistema político. A Carta Ta'if de Reconciliação Nacional não resolveu esse dilema, mas estabeleceu-o e redistribuiu as cotas sectárias novamente. Isto implica uma base para uma crise futura (​I​bidem, p.58, tradução nossa).

A Carta de Taif de Reconciliação Nacional acordada com lideranças libanesas na Arábia Saudita em 1989, foi uma reconstrução da unidade em medidas como a transferência de poderes do Presidente da República para outros cargos de outros poderes do Estado, o que corresponderia em um equilíbrio de poder entre as as comunidades religiosas. O acordo também previa o desarmamento das organizações e a entrega da chefia do parlamento aos xiitas que haviam ficado de fora do Pacto Nacional ​(DJAHJAH, 2014)​.

Contrariamente do que se esperava, a Carta de Taif não revolucionou os problemas da não aceitação por parte do Hizballah do modelo confessional criticada pela organização desde seu surgimento.

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