• Nenhum resultado encontrado

PARTE III – ANÁLISE COMPREENSIVA DOS RESULTADOS

IBE SÍNTESE Trabalho de

equipa

Pressupõe uma cooperação / ajuda entre enfermeiro e outros técnicos no sentido da redu- ção da quantidade de trabalho.

A pessoa - no sentido singular é multidimensional – não é prático nem valorizado. Relevância na padronização, estandardização e rotinização.

Comunicação Comunicação no sentido unidireccional enfermeiro Æ utente.

Não existe retroacção nem validação do planeamento efectuado com a pessoa alvo dos cuidados.

Registos Fundamentais na comunicação entre os elementos da equipa, não emergindo a singulari- dade da pessoa nem traduzindo a individualização dos cuidados a individualização dos cuidados produzem uma orientação biomédica, centrada na necessidade de registar sin- tomas, valorizando o registo de dados objectivos, alicerçados à evolução clínica da pes- soa.

Princípios científicos

O Modelo Biomédico é o organizador das actividades do enfermeiro sendo que a sua prática se revela orientada para o reconhecimento de sinais e sintomas, visando a execu- ção de técnicas/rotinas, na maioria das vezes interdependentes.

Entrevista É orientada para a obtenção de dados relacionados para sintomas e problemas, numa perspectiva médicocêntrica da organização do cuidado.

Salienta-se os factores extrínsecos em detrimento dos intrínsecos, que também corrobo- ram a perspectiva anteriormente referida.

Observação Surge como organizadora do cuidado mas numa perspectiva reducionista, centrada na

doença e no diagnóstico clínico.

Relação de ajuda

Não emerge nesta subcategoria, confirmando a inexistência da centralidade da pessoa no processo de cuidados.

Processo de enfermagem

Surge em elevado número nesta categoria, visando uma avaliação com vista à prestação dos cuidados físicos, à execução de técnicas e ao cumprimento de prescrições, incenti- vando assim as funções interdependentes em detrimento das funções autónomas.

Síntese do tema Organização do Cuidado de Enfermagem

Será que o facto de surgirem como ocorrências mais elevados Instrumentos Básicos como Registos, Processo de Enfermagem, Entrevista; Observação e Trabalho de Equi- pa, associado a uma maior ocorrência dos IBE como Relação de Ajuda e Comunicação e Criatividade, nos pode fazer questionar a centralidade da pessoa no processo de cuida- dos ?

Quadro 21 - Síntese do tema organização do cuidado de enfermagem

Subcategoria Observação Comunicação/ Criatividade Relação de Ajuda Princípios Científicos e Destreza Trabalho de Equipa Entrevista Processo de Enfermagem Registos Científico 4º 7º 8º 5º 6º 3º 2º 1º Tradicional 6º 2º 7º 4º 1º 5º 0 3º

Relativamente ao tradicional existe uma evidência de que é o trabalho de equipa que parece organizar o cuidado, surgindo a comunicação e os registos em posições que po- dem ilustrar a mediação entre profissionais.

A observação, essencial ao processo científico surge aqui em 6º lugar quanto à ocorrên- cia, seguida da relação de ajuda (aqui quase ausente), com total ausência do Processo de Enfermagem, enquanto processo de raciocínio analítico.

Podemos questionar, de acordo com a tabela 9, a existência de uma relação entre a valo- rização feita pelos alunos em relação ao trabalho de equipa e a referência feita pelos enfermeiros aos métodos de organização de trabalho, como conteúdo a abordar no tra- balho de equipa, modalidade que surge com a maior percentagem de respostas (34,6%). É importante aprofundar o trabalho de equipa não como método, mas enquanto filosofia que está subjacente à organização do trabalho, independentemente do método.

Tabela 9 - Conteúdos a abordar no trabalho de equipa

frequência percentagem

Métodos de organização trabalho 65 34,6

Equipa de saúde 64 34,0

Processo de liderança 57 30,3

Método Resolução Problemas 1 0,5

Relações Humanas 1 0,5

É também feita uma referência expressiva ao processo de liderança (30,3% das respos- tas), sendo que esta constatação leva-nos a questionar a ligação com o método de orga- nização tradicional, na medida em que parece difícil conciliar uma valorização da equi- pa de saúde sem a correspondente valorização das relações humanas.

Quanto ao processo de enfermagem (tabela 10), aparentemente a aprendizagem pelos enfermeiros situa-se ao nível teórico enquanto pensamento reflexivo, raciocínio analíti- co, e julgamento crítico (num total de 76% de respostas),, surgindo a visibilidade do mesmo numa perspectiva eventualmente redutora através do plano de cuidados como forma de operacionalização do processo de enfermagem, modalidade que por si só reú- ne 24% das respostas.

Tabela 10 - Processo de Enfermagem visto pelos enfermeiros

frequência percentagem Raciocínio analítico 66 26,4 Pensamento reflexivo 63 25,2 Julgamento crítico 61 24,4 Planos de cuidados 60 24,0 TOTAL 250 100,0

Os enfermeiros consideram o plano de cuidados numa perspectiva redutora; o planea- mento da intervenção partirá mais das necessidades e problemas que o enfermeiro iden- tifica (35,5% das respostas), do que propriamente das necessidades referidas pela pessoa (32%), podendo variar de acordo com a metodologia utilizada no serviço.

Tabela 11 - Planeamento da intervenção, visto pelos enfermeiros

frequência percentagem

Necessidades e Problemas que identificou 71 35,5

Metodologia utilizada no serviço 65 32,5

Necessidades referidas pelas pessoas 64 32,0

TOTAL 200 100,0

De acordo com a tabela 12, a metodologia referenciada pelos inquiridos sugere ser dada alguma importância à quantidade e imprevisibilidade do trabalho (28,2% das respostas), à tipologia de pessoas cuidadas e rotinização dos cuidados, constituindo-se como facto- res que influenciam o planeamento dos mesmos.

Salientamos a congruência das respostas analisadas até aqui quanto à fraca valorização da individualidade dos cuidados, apenas com 1% das respostas, onde importaria a cen- tralidade da pessoa.

Tabela12 - Factores que influenciam o Planeamento de cuidados

frequência Percentagem

Organização do trabalho 30 29,1

Tipologia das pessoas cuidadas 29 28,2

Quantidade e imprevisibilidade do trabalho 26 25,2

Rotinização dos cuidados 17 16,5

Individualização dos cuidados 1 1,0

TOTAL 103 100,0

Pela análise da tabela 13, verifica-se que o enfermeiro reconhece como é importante ter a pessoa como participante no processo de cuidados e uma atitude de parceria na equipa (78,7% das respostas), mas parecem existir factores de constrangimento eventualmente relacionados com a prática da enfermagem, de que podemos salientar a tipologia das pessoas cuidadas, a quantidade e imprevisibilidade de trabalho, e rotinização dos cuida- dos e em última instância a organização do trabalho, na medida em que provavelmente a organização do trabalho irá interdepender da valorização de cada um dos aspectos refe- ridos.

Tabela 13 - Quando planeia os cuidados o enfermeiro sente capacidade

frequência percentagem

Atitude de parceria na equipa 42 40,8

Considerar a pessoa participante 39 37,9

Tomar decisões cuidados prestar 21 20,4

Trabalho autónomo 1 1,0

TOTAL 103 100,0

Teoricamente os enfermeiros parecem considerar importante um desempenho autóno- mo, na medida em que, de acordo com a tabela 14, valorizam com uma percentagem de respostas idênticas e significa, a discussão de situações em equipa, a avaliação da situa- ção de cuidados e o estabelecimento de prioridades, como estratégias de autonomia.

Questionamos, no entanto, porque não surge a utilização do processo de enfermagem com um sentido e valorização idênticos, o que parece estar em consonância com o atrás referido face aos constrangimentos relacionados com a prática de enfermagem.

Tabela14 - Estratégias de autonomia utilizadas pelos enfermeiros

frequência percentagem

Discussão situações em equipa 65 33,9

Avaliação de situação de cuidados 63 32,8

Estabelecimento de prioridades 63 32,8

Utilização processo enfermagem 1 0,5