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PARTE II PERSPECTIVA TEÓRICO – METODOLÓGICA DO ESTUDO

TEMAS CATEGORIAS SUB-CATEGORIAS INDICADORES

Empírico Identificação da ciência de enfermagem (o tradicional e as perspectivas) Modelos teóricos de enfermagem – componentes; elementos; conceitos básicos

Estético Arte de enfermagem – tradicional; factual; objectividade; destreza manual; competências técnicas; descritivo; geral; a situação; o contexto e as condições dessa situação.

Envolve a criatividade e a apreciação do particular e do singular Empatia

Valorização do ser único e não da padronização Visibilidade através da acção

Conhecimento de si Compreender o significado de saúde e bem-estar através das transacções e interrelações Utilização de mecanismos de coping

Relação terapêutica baseada no conhecimento de si e dos outros; relação pessoal autêntica entre as pessoas, respeito pela liberda- de de posicionamento do outro enquanto ser em projecto.

Responsabilidade social e profissional do enfermeiro em controlar variáveis ambientais e mesmo o comportamento da pessoa face ao equilíbrio e bem estar.

CONCEPÇÃO DO CUIDADO DE ENFERMAGEM

Domínios do conhe- cimento

Ético Componente moral; dificuldade nas escolhas pessoais; dilemas individuais de ambiguidade e incerteza. Focalização no dever; julgamento do certo e do errado.

Cuidar no sentido da independência máxima; escolhas morais para cada acção específica e situação concreta; consciencialização para a tomada de decisão com base nas normas, códigos e valores.

Científico Individualidade; diagnósticos de enfermagem (excepto baseados nos planos tipo; centrado na pessoa) Reflexividade na acção; análise do raciocínio na acção; processo de tomada de decisão. ORGANIZAÇÃO

DO CUIDADO DE ENFERMAGEM

Metodologia do pla- neamento

Tradicional Homeostasia; diagnóstico clínico; dirigido ao problema e manifestações; padronização; estandardização Quantidade de trabalho; rotinização; normativo para a decisão. Orientação para a pessoa Centrado na pessoa global (relacionando o problema com as manifestações) Fazer com a pessoa

Estar com a pessoa Valores, princípios e normas

EXECUÇÃO DO CUIDADO DE ENFERMAGEM

Instrumentalidade

Orientação para a tarefa Centrado no problema Centrado nas manifestações

Fazer pela pessoa Quantidade de trabalho Valores, princípios e normas

1.5 – APRESENTAÇÃO, TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS

No que se refere aos documentos ( trabalhos produzidos pelos estudantes ), foi consti- tuída uma base de dados da qual fazem parte todos os documentos da população docu- mental antes referida.

Após a constituição do corpus e, segundo Bardin ( 1979 ); Ghiglione e Matalon (1993), procedemos à análise de conteúdo temático do mesmo, sujeitando-o na íntegra ao mes- mo tipo de procedimentos.

O objectivo da investigação e as questões de investigação orientaram o processo de codificação do material, enquanto transformação sistemática dos dados brutos e agrega- ção em unidades, permitindo uma descrição exacta das características do conteúdo. ( Bardin, 1979 )

Os procedimentos utilizados para descrever e interpretar o conteúdo do material foram os seguintes:

1. Leitura flutuante de todo o material, previamente distribuído equitativamente por todos os elementos do grupo de investigação;

2. Identificação das unidades de informação consideradas significativas;

3. Descontextualização das unidades de informação significativas, com identifica- ção dos temas emergentes;

4. Recontextualização das unidades de informação por temas; 5. Análise temática para identificação dos temas emergentes.

Tendo-nos certificado da exaustividade e exclusividade da grelha de análise construída a priori, a qual estabelece um sistema de categorias que revela os temas emergentes da construção teórica, partimos para a definição das unidades de análise do corpus.

Definimos como unidade de registo a unidade de informação ( Vala, 1986 ) recorrendo a um corte « en esprit et non à lettre », ou seja, baseado numa escolha resultante de ope- rações sobre o sentido da mesma. Sentidos estes que permitiram compreender a impor- tância dos Instrumentos Básicos na clarificação da estrutura da disciplina de enferma- gem.

Como unidade de contexto, considerando-a como o «segmento mais largo de conteúdo que o analista examina quando caracteriza a unidade de registo» (Vala, 1986), permitin- do ao investigador compreender esta última, definimos a página.

Para garantir a objectividade e fidelidade da análise, do grupo de investigadores, quatro formaram o grupo de juízes que procederam à análise da codificação.

Quadro 4 – A análise de conteúdo exemplificada

TEMA – Concepção do cuidado de enfermagem

Categoria Sub-categoria Unidades de Registo

Empírico

“...a observação é um processo dinâmico e contínuo que envolve inteligência, atenção e selecção” ( T1)

“ a observação directa (...) implica que o observador se encontre frente ao facto a ser observa- do” ( OP 52 )

Estético

“ A esposa do Sr X (...) contou que ele já tinha estado em vários locais de saúde e quando regressou a casa a (...) perna começou a infectar” ( OP 24 )

“ A utilização do toque (...) ( de forma ) adequada às diferenças individuais, sociais, familiares e sexuais de cada um, devendo ocorrer no momento certo e (...) local adequado, pois a má interpretação pode fragilizar a relação entre (...) os intervenientes.” ( T4 )

Conhecimento de Si

“ o respeito por nós mesmos é a base do respeito pelos outros(...). Este respeito (...) tem por base a capacidade de acreditarmos que somos os únicos capazes de decidir o que é melhor para nós, é ser-se verdadeiro para connosco e para com os outros.” ( T8 )

“ este silêncio é também uma (...) forma de comunicação, porque quando ela ( enfermeira ) evita falar ( promove ) o quebrar do silêncio pelo utente, (...) e dirige a conversa para um assunto que possivelmente doutro modo não chegaria a abordar (...) como elemento para o tratamento da utente.” ( OP 87 )

Domínio do conhecimento

Ético

“ O enfermeiro enquanto defensor da pessoa, respeita e defende a (sua) autonomia(...), o que pressupõe ter acesso a toda a informação fundamental sobre os interesses pessoais e esco- lhas da pessoa cuidada(...)” ( T 7 )

“....na existência de um processo interpessoal, gerir o silêncio, as atitudes de preocupação, de interesse e de respeito, são elementos que facilitam a comunicação” ( OP 79 )

A discussão que se segue, emerge da análise de conteúdo temática, a qual procura ilus- trar a forma como é concebido o cuidado de enfermagem pelos profissionais através dos “ óculos “ focalizados e selectivos dos estudantes do primeiro ano do Curso de Licen- ciatura em Enfermagem, a partir do registo de interacção feito pelos mesmos em contex- to de trabalho, bem como a análise de trabalhos de carácter teórico - prático produzidos sob orientação dos professores e com a participação de enfermeiros em momentos chave da elaboração e construção dos mesmos. Em relação à análise quantitativa, mobilizamos os dados produzidos por enfermeiros através da aplicação de um questionário, utilizan- do a análise estatística descritiva, através do SPSS, ilustrando a análise.

Para o tratamento e análise dos dados quantitativos, recorremos ao SPSS, enquanto pro- grama informático, procedendo a uma análise univariada das variáveis que compõem o nosso questionário, não tendo no entanto procedido à análise da totalidade daquelas, ficando 31 variáveis para estudo posterior.

O critério de selecção das variáveis em estudo fundamenta-se no cruzamento que qui- semos fazer com os dados qualitativos.

Algumas das questões de escolha múltipla não nos permitiram analisar os dados através do número de inquiridos, porque se posicionaram numa determinada modalidade que era mais abrangente, pelo que tivemos de utilizar o método das dicotomias múltiplas, o qual nos permitiu transformar cada uma das opções de resposta em variáveis do SPSS, e assim perceber melhor o comportamento dessas respostas.

Conscientes de que estas novas variáveis não eram de facto variáveis normais, mas sim, de facto, uma única variável, decorrente de uma escolha múltipla, agrupámo-las em conjuntos, aos quais demos a designação das variáveis anteriores, apresentando no qua- dro seguinte a sistematização dessa alteração.

Quadro 5 – Transformação das variáveis iniciais, pelo método das dicotomias múltiplas