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ICD-01: MATRIZ ANALÍTICO-INTERPRETATIVA DOS

No documento LUZINETE DUARTE COSTA (páginas 71-75)

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1. ICD-01: MATRIZ ANALÍTICO-INTERPRETATIVA DOS

Os dados coletados e analisados nos documentos oficiais, tidos como normativos e regulatórios, em relação aos objetivos de aprendizagem relacionados às atitudes científicas dos estudantes nos anos finais do Ensino Fundamental e Médio, remetem à ideia de que, para acompanhar as transformações científicas e tecnológicas que ocorrem de forma acelerada, é necessário que haja novas formas de aprendizagens, não somente no período de formação escolar. De fato, é preciso que a aprendizagem seja contínua ao longo da vida.

Os textos dos documentos que ora são discutidos afirmam a necessidade de haver há ampliação e novas formas de aprendizagem (BRASIL, 2002). Nos últimos anos, tem- se observado o uso cada vez mais disseminado dos computadores e de outras tecnologias. O avanço dessas transformações tem promovido grandes mudanças em todos os campos da atividade humana, o que resulta, também, na intensificação da comunicação oral e escrita e por meio eletrônico, propiciando o compartilhamento de informações em um ritmo muito rápido, com pessoas de diferentes locais.

Nesse contexto, reforça-se a concepção de escola voltada para a construção de uma cidadania consciente e ativa, que ofereça aos alunos as bases culturais que lhes permitam identificar e posicionar-se frente às transformações em curso e incorporar-se na vida produtiva e sócio-política. Reforça-se, também, a concepção de professor como profissional do ensino que tem como principal tarefa cuidar da aprendizagem dos alunos, respeitada a sua diversidade pessoal, social e cultural. (BRASIL, 2002, p. 9).

Cuidar e educar são formas de garantir a aprendizagem dos conteúdos curriculares, para que o estudante desenvolva interesses e sensibilidades, atributos que lhe permitam usufruir dos bens culturais disponíveis na sua comunidade, cidade ou na sociedade em geral. Além disso, pretende-se que os alunos adquiram os instrumentos necessários para serem os produtores desses bens, se assim o desejarem.

Essa perspectiva visa reduzir a distância entre as atividades escolares e as práticas sociais. Ao chegar ao Ensino Médio, o estudante deve apoiar-se em uma base unitária sobre a qual podem se assentar possibilidades diversas. Entre elas, está a preparação para o mundo de trabalho e para profissões na Ciência e Tecnologia, nas artes e cultura (BRASIL, 2013).

Em consonância com Parecer n.º 09/2001, do CNE, e com Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica do MEC estão as Orientações Curriculares para a Educação Básica, documento produzido pela SEDUC/MT, que também explicita os objetivos de aprendizagem relacionados às atitudes científicas dos estudantes nos anos finais do Ensino Fundamental e Médio.

A expectativa é que, ao serem compilados, tais objetivos sejam potencializados por meio da teorização. Conhecer esses objetivos a fundo permite buscar respostas para os desafios do ensino do conhecimento científico, definindo hipóteses para a solução das problemáticas estudadas e propondo ações de intervenção.

No desenho da pesquisa (Quadro 04) estão definidos os objetivos específicos. O primeiro objetivo busca identificar em documentos oficiais as finalidades da aprendizagem relacionada as atitudes científicas. O Quadro 19 apresenta essa análise documental.

QUADRO 4 - Objetivos de aprendizagem de acordo com os documentos oficiais,

normativos e regulatórios.

Objetivos de aprendizagem relacionados às atitudes científicas dos estudantes nos anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio

ÓRGÃO CNE

NÍVEL I – Valorizar o conhecimento, os bens culturais, o trabalho e a ter acesso a ele autonomamente; [contemplado pelo objetivo I da FECI-TAP/2016] II – Selecionar o que é relevante, investigar, questionar e pesquisar; III – Construir hipóteses, compreender, raciocinar logicamente;

IV – Adquirir confiança na própria capacidade de pensar e encontrar soluções; [contemplado pelo objetivo II da FECI-TAP/2016]

V – Relativizar, confrontar e respeitar diferentes pontos de vista, discutir divergências, exercitar o pensamento crítico e reflexivo, comprometer-se, assumir responsabilidades; [contemplado pelo objetivo V da FECI- TAP/2016]

ENSINO

FUNDAMENTAL E ENSINO MÉDIO

ÓRGÃO MEC

NÍVEL III – Compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da economia, da Tecnologia, das artes e da cultura dos direitos humanos e dos valores em que se fundamenta a sociedade; [contemplado pelo objetivo III da FECI-TAP/2016]

IV – Desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; [contemplado pelo objetivo II da FECI-TAP/2016]

II – Preparação básica para o trabalho, tomado este como princípio educativo, e para a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de enfrentar novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;

III – Aprimoramento do estudante como um ser de direitos, pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; [contemplado pelo objetivo III da FECI-TAP/2016] IV – Compreensão dos fundamentos científicos e tecnológicos presentes na sociedade contemporânea, relacionando a teoria com a prática.

ENSINO

FUNDAMENTAL ENSINO MÉDIO

NÍVEL II – Compreender o mundo em evolução e [desenvolver uma] atitude amiga com relação à Ciência; [contemplado pelo objetivo IV da FECI-TAP/2016] I – O Aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; [contemplado pelo objetivo III da FECI-TAP/2016] II – A compreensão dos fundamentos científicos e tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina; [contemplado pelo objetivo I da FECI-TAP/2016]

ENSINO

FUNDAMENTAL ENSINO MÉDIO

ÓRGÃO Feira de Ciências do Território do Alto Paraguai (FECI-TAP/2016) NÍVEL I – Fortalecer os vínculos entre a escola e a comunidade através do

intercâmbio da produção científica de professores e alunos;

II– Incentivar a difusão do conhecimento científico a partir da oportunidade que os expositores têm de manter contato direto com o público visitante; III– Possibilitar a melhoria do comportamento social dos alunos e da segurança na partilha e intercâmbio com os demais expositores e comunidade em geral;

IV– Divulgar o avanço científico-tecnológico educacional alcançado pelas escolas que atendem as séries finais do Ensino Fundamental, Ensino Médio e Ensino Técnico, quanto ao desenvolvimento das habilidades e atitudes investigadoras;

V– Promover o intercâmbio científico entre os expositores (professores e alunos) e os pesquisadores de outros Centros de Formação e Informação Científica.

ENSINO

FUNDAMENTAL E ENSINO MÉDIO

Fonte: Elaborado pela autora.

Posteriormente, esses objetivos foram relacionados aos elencados pela Feira de Ciências do Território do Alto Paraguai, na já referida edição de dezembro de 2016, conforme o disposto no regimento que regulamentou o evento.

A análise sinalizou resultados positivos, uma vez que revelou a sincronia que existe entre os objetivos definidos pelos órgãos normativos e aqueles elencados pela Feira em questão. O evento visava fundamentalmente potencializar a aprendizagem dos participantes em relação à Ciência. Observou-se, ainda, que os objetivos pretendidos pela FECI-TAP complementam aos objetivos encontrados nos documentos oficiais.

Portanto, os resultados do ICD-01 dão base à expectativa de que, ao participar da Feira, o estudante passe a valorizar o conhecimento, os bens culturais de sua comunidade, o trabalho em equipe e o pensamento autônomo, selecionando informações, definindo o que é relevante, investigando, questionando e construindo hipóteses.

Mediante a este contexto, a Feira privilegia um perfil de aluno confiante em sua própria capacidade de pensar, encontrar soluções, relativizar, confrontar e respeitar diferentes pontos de vista, discutir divergências, exercitar o pensamento crítico e reflexivo, comprometer-se e assumir responsabilidades.

Os objetivos declarados pelo regimento do evento são compatíveis com os discursos dos teóricos em relação à importância das atividades de natureza científica, envolvendo estudantes da Educação Básica em pesquisas de iniciação científica. Essas

atividades também podem ter como palco as Feiras de Ciências, que acontecem no

ambiente escolar, ou em outro espaço fora da escola (DOS SANTOS, 2012; MACHADO

et al., 2014;HARTMANN; ZIMMERMANN, 2009).

Conforme Brasil (2002), no Parecer n.º 09/2001 do CNE e conforme o MEC, os objetivos de aprendizagem estabelecem-se por meio da compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da Economia, da Tecnologia, das artes e da cultura, dos direitos humanos e dos valores em que se fundamenta a sociedade.

Além disso, o ensino deve levar em conta o próprio desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, a aquisição de conhecimentos e habilidades, a formação de atitudes e valores, o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de respeito recíproco em que assentam a vida social e a preparação básica para o trabalho (BRASIL, 2002).

Os documentos normativos analisados sustentam que tais objetivos descritos são a base para uma Educação para a cidadania. Esse tipo de ensino prepara o estudante para continuar aprendendo ao longo da vida, adaptando-se a novas situações (BRASIL,2002). De modo a formar um ser consciente de seus direitos, como pessoa humana, pensando a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico, e também para que as atitudes científicas se manifestem. Demo (2012), defende que é preciso ter a compreensão dos fundamentos científicos e tecnológicos presentes na sociedade contemporânea e relacionar a teoria com a prática.

Dessa forma, ao se estabelecerem os objetivos de aprendizagem relacionados a atitudes científicas, deve-se levar em conta que a atitude a ser privilegiada e defendida é aquela em que se colocam as certezas em dúvida. Essa é a base do pensamento científico. Entre outros aspectos, a atitude científica resulta de um trabalho paciente e lento de investigação e de pesquisa racional, sujeita a mudanças. Desse modo, adquirir conhecimento científico não é apenas construir conteúdo, é também compreender como ela funciona e como chega a novos conhecimentos (DEMO, 2012).

Os objetivos propostos pelo evento estudado também estão de acordo com os da SEDUC/MT, em relação à aprendizagem e às atitudes científicas dos estudantes, conforme pode ser verificado no Quadro 4. Segundo a FECI-TAP/2016, para que esses objetivos sejam atingidos, é preciso que haja o fortalecimento dos vínculos entre a escola e a comunidade por meio do intercâmbio da produção científica de professores e estudantes.

3.2. ICD-02: MATRIZ ANALÍTICO-INTERPRETATIVA DOS

No documento LUZINETE DUARTE COSTA (páginas 71-75)

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