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Pensamento científico

No documento LUZINETE DUARTE COSTA (páginas 124-128)

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.3. ICD-03: MATRIZ ANALÍTICO-INTERPRETATIVA E

3.3.4 Valorização do conhecimento construído com a iniciação científica: uma

3.3.4.3. Pensamento científico

O homem é capaz de se desprender do senso comum sem necessitar do conhecimento científico, embora o pensamento científico esteja muito presente na vida cotidiana e nos permita responder perguntas com base na razão e buscar a verdade (CHASSOT, 2016). No Quadro 44, apresentam-se os valores escalares obtidos para esta subcategoria.

QUADRO 44 - Valores escalares correspondentes à subcategoria “Pensamento

científico”.

CONCEITOS PROJETOS/RELATÓRIOS VALORES ESCALARES

C-A, 3.c. Presente

PA-01,PA-06 PA-07, PA-08, PA-10 e PA-12 50% RA-01, RA-02, RA-03, RA-04, RA-05,RA-06, RA-

07, RA-08,RA-10 e RA-11 83,33% C-A, 3.c. Parcial

C-A, 3.c. Ausente

Fonte: Elaborada pela autora.

Para sistematizar os dados encontrados para esta subunidade da terceira categoria analisada, traçou-se a estratégia de identificar a presença do pensamento científico dos estudantes nos documentos. Observou-se, por meio da análise realizada nesses documentos, que o pensar cientificamente dos estudantes, autores dos projetos e relatórios necessita ainda ser exercitado. De fato, é preciso estimular a capacidade de esses estudantes raciocinarem com base em pressupostos racionais e científicos. A subcategoria em questão esteve presente em 50% dos projetos analisados, sem manifestação de parcialidade.

Por ser a análise um processo de tratamento do objeto, pelo qual o mesmo é decomposto, torna-se simples aquilo que era complexo. Dessa forma, em um universo de 12 projetos, todos analisados, a categoria foi encontrada em PA-01, RA-06, PA-07, PA- 08, PA-10 e PA-12. A Figura 3 mostra os indicadores considerados na análise.

FIGURA 3 – Critérios indicadores da presença do pensamento científico. Fonte: Elaborada pela autora.

Em seguida, no Quadro 45, destacam-se fragmentos dos projetos que atestam a presença do pensamento científico.

QUADRO 45 -Trechos dos projetos que evidenciam a subcategoria “Pensamento

científico”.

“Os participantes enriqueceram a pesquisa com ideias criativas, com isso, possibilitou a aquisição de novos conhecimentos e a aplicação daqueles que adquiridos anteriormente” (PA-01).

“Para que haja controle e descarte correto do lixo eletrônico, seria necessário a criação de leis rígidas e específicas para este ramo, e as quais apresentem punições ou multas severas tanto a população quanto a empresas que comercializam esses produtos, de modo que façam ‘valer’ a lei” (PA-06).

PA-02, PA-03,PA-04,PA-05,PA-09 e PA-11 50%

RA-09 eRA-12 16,66%

Cruzamento

Movimento Instrumentos

Pensamento científico

“Destacou-se, nessa pesquisa, o recorte da arte da comunidade [...], que levou a novos saberes e pesquisas valorizando as diferenças existentes em nosso país no que concerne ao aspecto cultural, consideradas pontos importantes para o conhecimento dos diversos povos da nação brasileira e o intercâmbio entre as diferentes sociedades” (PA-07). “Foi pensando nisso que desenvolvemos este trabalho, [sic] presando a conscientização e buscando uma forma de levar a informação as pessoas que descartam esses materiais de maneira incorreta, além de contribuir com a natureza pois esses materiais não são biodegradáveis” (PA-08).

“Embora conhecido por suas funções terapêuticas, o cupuaçu não é um fruto conhecido em todas as regiões por se adaptarem bem em solos de terra firme e profundas, com boa retenção de água, fertilidade e constituição física, seu pH está entre 6,0 e 6,5” (PA- 10).

“Estado de origem deles também tem seu sotaque aliado a sua cultura, e que da mesma forma que nós como estado tão receptivo os respeitamos o mesmo esperamos deles” (PA-12).

Durante o processo de análise para a obtenção destes dados, perceberam-se os avanços significativos dos projetos para os relatórios. Tais avanços podem ser entendidos como parte de um processo contínuo de desenvolvimento. Dos seis projetos em que a subcategoria se destacou, quatro deles estão relacionados a um movimento em direção do objeto pesquisado, sendo eles PA-01, PA-06, PA-08, PA-10 e PA-12.

Nesse sentido, os estudantes aproximaram-se dos objetos pesquisados e isso os fez exercitar o pensamento científico, valorizando, desse modo, o conhecimento construído ao longo das etapas que culminaram na Feira de Ciências. O PA-07 menciona os instrumentos utilizados no processo de pesquisa – a arte da comunidade indígena e a Ciência envolvida no grafismo, técnica utilizada pelos indígenas da aldeia onde os estudantes fizeram a pesquisa.

Os cruzamentos de dinâmicas opostas em PA-10 levaram o estudante pensar cientificamente, ultrapassando o senso comum e adquirindo conhecimento científico. Note-se que o senso comum não é aqui encarado como saber sem serventia; pelo contrário, depende-se desse saber para organizar a vida diária e ele é o próprio ponto de partida para o acesso a outros saberes (DEMO, 2012).

Os estudantes, protagonistas de todo o processo, sujeitos de uma aprendizagem ativa e da reconstrução de conceitos, tomaram como ponto de partida as suas realidades, e ultrapassaram fragilidades e limitações enquanto iniciantes nas lides da pesquisa. Tais avanços podem ser entendidos como um processo contínuo de desenvolvimento dos alunos.

Conforme os dados aqui apresentados, pode-se afirmar que a Feira conseguiu quebrar paradigmas e estereótipos que tendem a considerar o público adolescente da Educação Básica como um alunado pouco responsáveis, apático e desinteressado, conforme foi referido no capítulo 1 deste trabalho. Os estudantes mostraram-se dispostos a se assumirem como sujeitos do processo de aprendizagem e da reconstrução de conhecimento. O que se vivenciou na Feira foi um processo dialético. Conforme afirma Demo,

O cérebro humano evoluiu durante milhões de anos para atingir o estágio atual, e possui habilidades reconstrutivas e seletivas, que ultrapassam em muito as propriedades lógicas, assim, a dimensão reconstrutiva tende a apontar para outras dimensões mais fundamentais como o sentido de autonomia e aprendizagem. (DEMO, 2002, p. 17).

Os relatórios mostram resultados diferentes. O pensamento científico dos estudantes se manifestou com maior frequência e nesses documentos: 83,33% de

presença, sem resultados que indiquem a parcialidade, e 16,66% de ausência. Percebe-

se, assim, que houve avanço na valorização do conhecimento construído pelos estudantes no período intermediado pela ocorrência da Feira de Ciências e a etapa final com o encerramento da bolsa de iniciação científica.

A manifestação da subcategoria pôde ser encontrada em RA-01, RA-02, RA-03, RA-04, RA-05, RA-06, RA-07, RA-08, RA-10 e RA-11. Desses documentos, foram extraídos trechos que indicam uma valorização do conhecimento construído pelos estudantes que participaram da FECI-TAP/2016. O pensamento científico foi identificado a partir do movimento de considerar o objeto, da menção aos instrumentos utilizados nesse processo de investigação e do cruzamento de dinâmicas opostas, conforme mostra o Quadro 46.

QUADRO 46 - Trechos dos relatórios que evidenciam a subcategoria “Pensamento

científico”.

“Ser bolsista, além da experiência adquirida foi possível a produção de novos conhecimentos” (RA-01).

“Vejo a pesquisa científica como essencial para os seres humanos e para o mundo” (RA-02).

“Além dessa confiança trazida, outra mudança fundamental foi o meu modo de pensar a pesquisa científica, vejo agora a pesquisa como uma forma de Ciência mais focada,

que não muda os objetivos mesmo com o descobrimento de novas características ao longo da pesquisa” (RA-03).

“Atualmente tenho visto a pesquisa como oportunidade de aprendizado” (RA-04). “Através do conhecimento adquirido no desenvolvimento do meu projeto científico, acredito que conseguiria argumentar e resolver uma questão de ordem científica através de argumentos” (RA-05).

“O projeto pensado me induziu a pesquisas antecedentes” (RA-06).

“Atualmente vejo a pesquisa científica como a melhor forma de resolver os problemas de uma sociedade” (RA-07).

“Após o começo da bolsa eu pude [...] perceber realmente [o que] é uma pesquisa científica e as necessidades de [...] para a comunidade” (RA-08).

“Realizei pesquisas, fiz experimentos em casa participei da apresentação do projeto, e as contribuição, foram conhecimento” (RA-10).

“Aprendi fazer pesquisas orientadas e, através delas, conhecer alguns parâmetros científicos que até então eram desconhecidos” (RA-11).

De acordo com os fragmentos retidos dos textos dos estudantes para a análise desta subcategoria, percebe-se que pensar cientificamente não é algo que aconteça da noite para o dia; trata-se antes de algo inserido em processo contínuo, que envolve a mobilização de estratégias específicas. Para fazer Ciência, o homem parte de uma determinada concepção alicerçada na natureza do real e no seu modo de conhecer (SEVERINO, 2016). Isso é naturalmente um processo complexo.

Considerando o que foi exposto nas categorias até o momento analisadas, percebe- se que houve uma manifestação da compreensão científica dos estudantes em relação ao evento de popularização da Ciência em questão, do qual eles foram os protagonistas.

3.4. ANÁLISE DO ICD-04: MATRIZ ANALÍTICO-COMPARATIVA

No documento LUZINETE DUARTE COSTA (páginas 124-128)

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