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CAPÍTULO IV: DESENVOLVIMENTO LOCAL

4. DESENVOLVIMENTO DO SETOR PESQUEIRO NO CONTEXTO

4.1 ICOARACI COMO POLO DE DESENVOLVIMENTO LOCAL

Na década 60, praticava-se mais pesca comercial devido as relações exteriores, onde o governo abriu as portas para países estrangeiros, exercerem a atividade pesqueira nas águas de jurisdição brasileira. Isso só aconteceu, porque ainda não se tinha estrutura no que se refere a embarcações capazes de responder as demandas, não se conhecia o estoque pesqueiro, e também pela falta de regulamentação da atividade.

Só para a pesca do camarão, o Brasil credenciou aproximadamente 250 embarcações estrangeiras, onde receberam licenças pelo governo para trabalharem nos limites das águas territoriais23.

No final desta década, o Brasil começou a adaptar medidas para a proteção das espécies, impedindo a entrada de embarcação estrangeiras. Foi quando depois o governo brasileiro criou órgãos específicos para fiscalizar esta atividade, em seguida surgiu a preocupação pelos recursos que despunha.

Na década 70, foi o “BUM”, para a pesca, quando atingiu o crescimento em termo de exportação, neste período surge muitas empresas de pesca industrial, e o governo começou a preocupar-se com a capacidades das embarcações de modo a aumentar a produção-sub exploração.

Entre as décadas 80 a 90, foi conhecida como década da destruição, onde Brasil explorou quase todos os recursos naturais, surge a necessidade de regulamentar e reduzir as frotas e nacionalizar todas as empresas estrangeiras, e isso veio a concretizar- se com o diploma legal Decreto 221/67.

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Informações colhidas pelo método orar por Analista Ambiental do IBAMA: António Maria de Melo Ferreira (13/05/2016).

Nos anos 90, foi o tempo de advento importante, que era a preparação e mudança do regime militar com o cenário político, foi quando o Brasil tinha que se preparar para a conferencia Rio 92. Para tal o Brasil tinha que mudar a maneira de pensar em termos de exploração dos recursos naturais, e, é por isso que começou-se a falar de sustentabilidade.

“Mudar o Pensar”, isto não significa em explorar até a escassez do produto, mas sim explorar economicamente mais pensar na sustentabilidade”. Foi quando se adaptou em termos político e pensar em sustentabilidade, moderação e como adaptar com as realidades, isto é equilíbrio.

Isto tudo, só aconteceu devido as políticas adoptadas que criaram os incentivos fiscais por parte do governo federal, visando facilitar a atração de projetos industriais para Amazônia.

O interesse do grande capital multinacional e de grupos empresariais do sul do país, implanta-se um complexo industrial pequeno no Pará (MELLO A. F., 1993, p. 85), que se concentrou principalmente no Distrito de Icoaraci, instalando-se as margens da baia de Guajará, sendo que, em poucos anos, mais de 18 empresas de pesca industriais estavam funcionando ativamente.

O setor pesqueiro no Distrito de Icoaraci é predominantemente industrial, mas uma pequena parte da população pratica a pesca artesanal para a sua subsistência. Segundo PENNER (1984 apud DA ROCHA, MORAES, GUIMARAES, & SARAIVA, 1996), a escolha do Distrito de Icoaraci para a implantação do parque industrial pesqueiro não foi aleatória, pois, justifica-se pelos fatores como a localização, abundância da matéria prima como o pescado, e mão-de-obra, pois, estas políticas governamentais, determinaram a ocupação tendo em conta o mercado foi nacional e internacional foi impactante no desenvolvimento do setor.

O munícipio de Belém, deve aprofundar debates relativos aos associativismos e empreendedorismos, tendo como foco na pesca artesanal no Distrito de Icoaraci, que visem promover parcerias em prol de desenvolvimento local, aproveitando a vantagem que este possui, referente ao parque industrial.

O turismo é um forte atrativo no Distrito Icoaraci, principalmente devido as exposições de artesanato ao longo da orla e também devido a gastronomia local compostas pela culinária típica paraense.

No que refere a forma de organização e apoios aos pescadores artesanais, o governo criou o Fundo Constitucional de Financiamento do Norte-FNO, previsto no Art.159 da Constituição Federal, com vista a desenvolver essa categoria.

Através desse fundo, o governo dispõe sobre a concessão de 3% do total de arrecadação dos impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza da união, para aplicação em programas de financiamentos do setor produtivo, tendo como o administrador o Banco da Amazônia-BASA, sendo que o setor de pesca artesanal os financiamentos eram destinados para projetos de construção de barcos e aquisição de motores e redes (LEITÃO W. M., 1996, p. 195).

Ao abordamos acerca dos financiamentos para o setor de pesca artesanal, não pode-se deixar de lado a figura dos intermediários nesta atividade, que de alguma maneira intervém no sistema de concessão de créditos aos pescadores artesanais.

Segundo o relatório do Instituto de Desenvolvimento Econômico-Social do Pará, os financiamentos concedidos pelos agentes de comercialização (intermediários que são os atravessadores), variam de acordo com a magnitude e o propósito, vejamos:

Os financiamentos destinam-se a cobrir também os investimentos necessários à manutenção, aparelhamento ou mesmo aquisição de novas embarcações. A concessão de financiamentos, se por um lado garante ao produtor os recursos necessários ao desenvolvimento de sua atividade, por outro, assegura ao atravessador a prioridade na compra do produto, garantindo-lhe sua posição num mercado sujeito a flutuações sazonais importantes. Este fato, por si só, estabelece uma dependência do produtor em relação ao atravessador, uma vez que o obriga a entregar o seu produto a um mesmo comprador, estabelecendo-se uma quebra da concorrência altamente prejudicial ao produtor. (...) O acerto de contas entre o produtor e o atravessador, calculando-se o valor da produção entregue, com base no preço de marcado e abatendo-se daí a parcela relativa ao adiantamento concedido (IDESP, 1989, p. 84).

No caso o pescador que está comprometido com o atravessador, vender o seu produto para outrem, este perde o direito de financiamento para manutenção de embarcação, e ajuda a sua família em forma de crédito quando este estiver na jornada de trabalho, o que significa que o resgaste da dívida é realizado com prazos longos, com o propósito de deixar o pescador refém ao atravessador.

Este tempo longo para o pagamento da dívida contraída, faz com que muitos dos pescadores liquidem aos poucos o valor devido, comprometendo-se e agravando mais a situação perante o atravessador, e acabando por não ter outra saída diante ao vínculo traçado.

Portanto, o fato de firmarem-se os compromissos em relação ao financiamento, o pescador sai em desvantagem, havendo a necessidade de rever todo o sistema, de maneira a se ultrapassar algumas situações.

Com incentivos desta natureza, além de melhorar a vida dos pescadores artesanais, estimula a produção, criando possibilidade de exportação o que pode contribuir para o PIB nacional. Para além disso, o aumento do volume da produção, repercutirá no comércio interno, garantido a Região Metropolitana de Belém em particular no Distrito de Icoaraci, o que irá estabelecer divisas e tendo como implicação o desenvolvimento local.