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4.1 Características da poluição atmosférica na RMSP

4.4 Algumas ações e propostas para mitigar a poluição e melhorar os deslocamentos

4.4.2 Ideias, tecnologias e projetos

A seguir são detalhadas as ideias, as tecnologias e os projetos que visam aos ambientes menos poluídos.

4.4.2.1 Compartilhamento de veículos

Existem iniciativas visando otimizar as viagens, como é o caso do compartilhamento de carro e táxi com o objetivo de melhorar a mobilidade. Essa iniciativa também é conhecida como car pool e significa carona solidária.

O serviço consiste numa base de dados de usuários e uma ferramenta de pesquisa que permite o encontro de pessoas que reúnam as condições necessárias ao compartilhamento de uma viagem ou determinado percurso.

Também existe a possibilidade de um método de compartilhamento de carro que foi implantado em São Francisco, nos Estados Unidos, onde o proprietário aceita alugar seu carro por um determinado número de horas por mês, já que não precisa do veículo todo o tempo. A taxa é equivalente a R$ 8,00 por hora, valor inferior ao de um táxi e, pelas redes sociais, é possível localizar as pessoas por cada rua e bairro, facilitando o negócio.

4.4.2.2 Veículos menos poluentes

É importante ressaltar que vários estudos estão sendo feitos para que se tenha início uma nova era na mobilidade urbana, para que os veículos sejam menos poluentes. Entre as opções, têm-se os automóveis híbridos (com motor de combustão e elétrico), os puramente elétricos e os movidos a hidrogênio.

O arquiteto e urbanista Jaime Lerner desenvolveu o Dock Dock (Figura 55), sendo esse o menor carro elétrico já concebido: mede 60 cm de largura, 1,38 m de comprimento e 1,5 m de altura. Atinge velocidade máxima de 20 km/h e foi pensado para circular em faixas compartilhadas com pedestres, bicicletas e locais onde o trânsito de automóveis é restrito. Sua inspiração vem do Velib, sistema de bicicletas públicas de Paris. A ideia é que os veículos funcionem como complemento do sistema de transporte coletivo, possibilitando deslocamento mais rápido do que o permitido pela caminhada e mais confortável do que sobre uma bicicleta. Como no modelo parisiense, os veículos serão alugados em áreas de grande circulação, próximas aos terminais de ônibus ou metrô. Os usuários poderão retirá-los e devolvê-los em qualquer estação, pagando com cartão de crédito.

Figura 55 – Carro elétrico Dock-Dock, idealizado por Jaime Lerner

Disponível em: <http://arquitetos.jaimelerner.com/d/dock-dock/>. Acesso em: 02 ago. 2012 Depois do êxito no projeto do Velib, a prefeitura de Paris implantou o Autolib, um carro de uso coletivo, para até quatro pessoas. Todos os veículos são de baixa emissão de CO2 e há ainda modelos híbridos. A tarifa varia de acordo com a

categoria.

Outra iniciativa nessa linha é o Personal Rapid Transit (Figuras 56 e 57), um veículo elétrico para até quatro pessoas que circula sobre trilhos com estações situadas a pequena distância. Ele dispensa motorista, sendo o usuário quem aciona um botão correspondente à estação em que deseja descer. Um modelo piloto está sendo construído no aeroporto internacional de Londres. A ideia central é que o transporte de massa consiga resolver o problema de grandes deslocamentos, porém, não acaba com a necessidade de deslocamento individual dentro de um mesmo bairro ou entre bairros vizinhos.

Figura 56 – Exemplo de Personal Rapid Transit

Disponível em: <http://londonunlocked.org/?p=146>. Acesso em: 02 mai. 2011 Figura 57 – Exemplo de Personal Rapid Transit

4.4.2.3 Ferroanel

A proposta de uma rede planejada e integrada, como o ferroanel, o hidroanel e o rodoanel, eliminaria a necessidade de circulação de muitos caminhões na RMSP, o que diminuiria os congestionamentos e a poluição.

Essa rede pode, inclusive, mudar a imagem atual do transporte de carga que é automaticamente vinculada aos caminhões, poluição, sujeira e degradação do ambiente urbano. O transporte de carga deve fazer parte de um conceito logístico baseado na distribuição sustentável.

4.4.2.4 O resgate da importância das águas: transporte e qualidade ambiental “Em apenas cem anos, durante o processo acelerado e descontrolado de industrialização e expansão urbana, os leitos maiores dos rios foram aterrados e ocupados pela cidade” (DELIJAICOV, 1998, p. 5). Com isso, perdeu-se a oportunidade de implantação do Parque Linear Metropolitano e desprezou-se a navegação fluvial que, juntamente com a ferrovia e com a rodovia, poderia formar um sistema fundamental e integrado, conforme mencionado anteriormente.

Existe um estudo sendo desenvolvido, desde março de 2010, sobre a Pré- Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental do Hidroanel Metropolitano (DELIJAICOV et al., 2011). Entre as entidades envolvidas nesse estudo têm-se o Departamento de Engenharia Naval da USP, a Agência de Transportes do Estado de São Paulo (ARTESP), o Departamento de Estradas de Rodagem de São Paulo (DER), a Secretaria Estadual de Logística e Transportes, o Departamento Hidroviário do Estado de São Paulo (DH) - órgão vinculado à Secretaria de Logística e Transportes - sendo esse o responsável pela administração e operação da hidrovia do Tietê.

Esse estudo tem como escopo avaliar o tráfego, a capacidade e o mercado potencial; os aspectos de engenharia, socioeconômicos e ambientais; as condições de intermodalidade no transporte de cargas; as melhorias nos deslocamentos dos usuários dos sistemas viários locais e as configurações e soluções associadas às diversas etapas de implantação. Além disso, o estudo visa analisar as possíveis interfaces do hidroanel com o rodoanel e o ferroanel.

Fazer com que os Rios Tietê e Pinheiros passem a ser utilizados como meio de transporte de cargas significa aliviar do trânsito da RMSP em boa parte das 400 mil viagens de caminhão por dia ou 1 bilhão de toneladas de cargas/ano, além de

reduzir significativamente a emissão de particulados e de gases de efeito estufa, pois o transporte hidroviário emite 6 vezes menos gás carbônico e 18 vezes menos NOx do que o transporte rodoviário, para transportar cada ton/km. Com a redução

em 30% do volume de cargas que passa pela cidade já seria um ganho significativo, seja do ponto de vista econômico ou ambiental (MOVIMENTO NOSSA SÃO PAULO; COLETIVO DIA MUNDIAL SEM CARRO; TC URBES MOBILIDADE E PROJETOS URBANOS, 2010).

A princípio, o Hidroanel Metropolitano seria utilizado para transportar cargas, mas, no futuro, o meio pode se estender para o transporte de passageiros. Além do transporte de passageiros “com barcos bastante rápidos e desafogando as horas de pico” (DELIJAICOV, 1998, p. 33), o tratamento e a limpeza dos rios e das represas, potencializam a implantação de um polo de lazer e turismo. Estações hidroviárias bem localizadas, com infraestrutura disponível e com conexões, como, por exemplo, ciclovias e percursos para pedestres, estações ferroviárias e pontos de ônibus, podem fomentar uma mobilidade urbana mais sustentável.

Delijaicov (1998) menciona que o projeto não é uma fantasia e que ele é economicamente viável, bastando existir, para tanto, comprometimento por parte dos governantes, já que o projeto pode levar 20 anos e atravessar até cinco gestões.

5 Caracterização do