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IDENTIDADE INSTITUCIONAL E POLÍTICAS DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA 

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Neste capítulo a intencionalidade da pesquisa visa dar referências históricas e  institucionais  sobre  a  universidade  em  questão,  necessárias  para  que  se  situe  e  identifiquem questões pertinentes à extensão universitária e suas práticas. 

Apropriar­se de conceitos que caracterizam a identidade da instituição, como:  algo  sobre  a  história  da  instituição  e  como  ela  se  constitui  administrativamente;  o  plano de desenvolvimento institucional; a metodologia de ensino institucionalizada; a  avaliação  institucional,  no  que  se  refere  à  extensão  universitária;  a  constituição  e  funções  da  Pró­reitoria  de  extensão  e  assuntos  comunitários  e  finalmente  a  caracterização dos programas de extensão escolhidos para a pesquisa. 

Dessa  forma,  espera­se  que  um  contexto  político  e  educacional  se  forme  e  forneça sentido ao trabalho extensionista que a instituição executa. 

2.1. Identidade Legitimadora e Coletiva 

Para a semiologia, identidade é o conjunto de marcas que estruturam o modo  de  ser  dos  indivíduos  e,  ao  mesmo  tempo,  é  um  conjunto  de  senhas  através  das  quais  os  indivíduos  se  permitem  ser  identificados  e  também  se  identificar.  A  identidade se define, portanto, na dinâmica das trocas, no intercâmbio entre crenças  e construções simbólicas. 

Referindo­se  à  identidade  coletiva  de  instituições  e  empresas  Gaudêncio  Torquatto  do  Rego  (1994,  p.29),  afirma  que  "por  identidade  deve­se  entender  a  soma das maneiras que uma organização escolhe para identificar­se perante o seu  público.  Imagem,  por  outro  lado,  é  a  percepção  da  organização  por  aqueles  públicos". 

Onde reside a identidade legitimadora e coletiva da instituição Universidade?  Tomando  a  identidade  como  produto  de  uma  construção  e,  diante  da  racionalidade  de  mercado,  principalmente  o  mercado  do  Ensino  Universitário,  procede  trazer  para  o  cenário  da  instituição  universitária  atual  as  palavras  de  Mafesoli  de  que  "um  produto,  seja  qual  for,  só  vale  na  medida  em  que  saiba  se

teatralizar"  (1996,  p.328).  Entenda­se  o  teatralizar­se  como  comunicar­se  de  forma  intencional  e propor  enunciados,  tanto  para o  público  interno como  para  o  externo,  os  quais  possam  ser  reconhecidos  pelos  mesmos.  Como  a  mídia  propõe  constantemente  modelos  de  identificação,  teatralizar­se, neste caso, seria também,  participar da cena midiática, ou seja, utilizar a mídia como dispositivo de visibilidade  para a legitimação da instituição universitária. 

De acordo com Botomé: 

A delimitação da identidade da Universidade é uma das condições para  poder  avaliar,  examinar  e  realizar  o  que  é  chamado  de  extensão  universitária.  (...)  A  identidade  de  uma  Universidade  e  o  caráter  dos  vários tipos de atividades que realiza são constituídos pelo que ela faz e  pelos resultados desse fazer. (1996. p.32) 

Botomé ressalta que: 

A  extensão  universitária,  antes  de  ser  extensão,  é  universitária.  E,  nesse  sentido,  sua  definição  é  decorrência  da  concepção  e  da  identidade  da  Universidade.  O  que  é  essencial  fundamental  na  delimitação  do  que  é  peculiar  na  extensão  universitária,  como  sua  localização  na  estrutura  e  sua  administração  na  organização  da  Universidade,  depende  de  uma  identidade  bem  estabelecida  da  instituição, uma identidade que a sustente, delimite e dê sentido. (Idem,  p.25) 

Dessa  forma,  observa­se  que  as  dificuldades  para  distinguir  os  traços  característicos  de  uma  identidade  e,  o  “fazer”  de  uma  instituição,  começam  na  própria definição da sua missão ou das suas “funções sociais”. 

“É  muito  freqüente  definir  as  atribuições  institucionais  por  aspectos  acidentais.  Atividades,  tarefas,  características  conjunturais,  estruturais  ou  emergenciais  das  instituições  tem  sido  propostas  como  “objetivos”,  “missões”,  “atribuições”  ou  “competências”  das  mesmas.  No  caso  das universidades, definir  suas  atribuições como  sendo fazer pesquisa, ensino e extensão é um equívoco desse tipo.  Tais  atuações  não  definem  a  Universidade.  São  atividades  através  das  quais  o  conhecimento  é  produzido  e  pode  ser  acessível  à  sociedade. (Botomé, 1996, p.149)”

Faz­se  necessário,  para  o  entendimento  desta  identidade  a  abordagem  de  informações  de  ordem  histórica,  estrutural  e  política  sobre  a  universidade,  objeto  deste estudo, desta forma, singularizando a possibilidade de identificação e análise  a que este trabalho se propõe. 

2.2. A Universidade 

A Universidade, objeto deste estudo, é uma instituição de ensino que já conta  com  mais  de  30  anos  de  existência 10 ,  oferecendo  à  comunidade  29  (vinte  e  nove)  cursos  de  Graduação  e  de  Tecnologia  (de  curta  duração)  nas  áreas  de  Humanas,  Exatas  e  Biológicas.  Na  Pós­Graduação  stricto  sensu  são  três  os  mestrados  recomendados pela CAPES e reconhecidos pelo CNE. De acordo com informações  divulgadas pela universidade, existem 38 grupos de pesquisa cadastrados no CNPq  (Conselho Nacional de Pesquisa), com 85 linhas de pesquisa docente; também são  oferecidos  cursos  de  Pós­Graduação  lato­sensu  de  Extensão  e  de  Atualização.  Estas  atividades  se  dividem  em  três  campi  distribuídos  pela  cidade  de  São  Paulo.  Atualmente a comunidade interna está em torno de 19 mil pessoas. 

Os  cargos  de  direção,  Reitoria,  Pró­Reitoria  de  Graduação,  Pró­Reitoria  de  Extensão  e  Assuntos  Comunitários  e  Pró­Reitoria  de  Pós­Graduação  e  Pesquisa  são  exercidos  por  profissionais  do  ensino  superior,  sendo  que  a  instituição  desenvolveu  um  modelo  de  gestão  compartilhada  entre  a  “Mantenedora”,  administrada pelos proprietários da instituição, e Mantida. 

A  administração  moderna  tem  hoje  como  um  dos  pressupostos  importantes  para  o  desenvolvimento  e  sucesso  de  uma  empresa  a  definição  de  sua  Visão,  Missão e Valores, afim de que seus talentos saibam onde a “empresa quer chegar”.  A  Missão  é  o  que  a  empresa  pratica  hoje,  é  realmente  as  atividades  atuais  da  empresa,  as  universidades  do  setor  privado  de  ensino  são  acima  de  qualquer  suspeita uma empresa. 

Os  administradores  das  IES  privadas,  em  razão  da  acirrada  concorrência  praticada  nos  anos  1990,  decorrência  da  mercantilização  do  setor,  “vêem­se 

10 Iniciou seus trabalhos no ensino superior como faculdade, depois como faculdades integradas e 

obrigados  a  tornar  cada  vez  mais  explícita  no  âmbito  legal  e  administrativo  sua  natureza  privada”  (Silva  Jr,  2001,  p.  236).  Como  tendência  geral,  pode­se  afirmar  que houve acentuação na natureza privada das instituições e a busca de identidade  singular diante da concorrência. 

2.3. Plano de Desenvolvimento Institucional 

Um  documento  essencial  na  identificação  das  políticas  que  a  instituição  pesquisada  adota  é  o  Plano  de  Desenvolvimento  Institucional 11 ­  PDI,  no  qual  se  define  a  missão  da  Universidade  e,  a  partir  do  diagnóstico  de  um  momento  institucional, identifica seus objetivos e metas. 

A missão da Universidade: 

“Participar do processo de construção e difusão do conhecimento e  da cultura, tornando­os acessíveis à sociedade e contribuindo para o  desenvolvimento do ser humano em todas as suas potencialidades,  promovendo,  assim,  mudanças  na  região  e  no  país  por  meio  do  ensino, pesquisa e extensão”. 

No  PDI  da  referida  instituição  as  finalidades  que  expressam  o  conjunto  de  valores  presentes  na  Universidade,  espelham  sua  filosofia  e,  devem  reger  as  diretrizes  e  metas  institucionais  que  estão  fundamentadas: 12 :  no  desenvolvimento  sustentável  e  contribuindo  para  a  elevação  da  qualidade  de  vida  do  homem,  priorizando  a  região  em  que  a  Instituição  está  inserida;  e  a  busca  permanente  da  excelência acadêmica, com objetivos voltados para a sociedade e para a construção  humanística em seus conteúdos. 

Quanto aos objetivos e  metas estabelecidos 13 :  envolver  o corpo  docente  e  o  corpo discente nas atividades relativas ao trinômio ensino/pesquisa/extensão; gerar  conhecimentos e serviços que garantam a atuação da Universidade na sociedade. 

11 

Este  documento  foi  produzido  com  o  intuito  de  planejar  estrategicamente  o  futuro  da  instituição,  sintetizando nele a missão, suas diretrizes e suas propostas políticas para o período de 2004­2008. 

12 

Os  itens  citados  são  os  que  estão  em  consonância  com  as  atividades  praticadas  em  Extensão  Universitária. 

13 

Os  itens  citados  são  os  que  estão  em  consonância  com  as  atividades  praticadas  em  Extensão  Universitária.

As  metas  construídas  com  base  em  tais  objetivos  são:  revisão  dos  Planos  Acadêmicos,  Comunitários  e  de  Extensão,  de  modo  a  atender  as  prioridades  acadêmicas  e  orçamento  da  Universidade;  alcance  da  excelência  acadêmica  no  ensino de graduação e pós­graduação, na pesquisa e na extensão. 

Um  projeto  institucional  é  um  conjunto  de  interesses,  necessidades,  demandas,  objetivos,  diretrizes  e  ações  planejadas  pela  IES,  que  são  adotados  de  maneira  a  dar  sentido,  coesão  e  fundamentação  ao  desenvolvimento  da  organização,  subsidiando  a  competição  externa  e  incrementando  a  integração  interna. “É, antes de tudo, a explicação clara dos grandes rumos a serem seguidos  pela  organização,  das  suas  trajetórias  e  grandes  decisões,  dos  seus  limites  e  possibilidades de ação”. (Trigueiro, 2000, p.81) 

Ehrdart argumenta em sua tese de doutorado que: 

A  universidade  operacional,  projetada  nos  anos  1990,  difere  das  formas  anteriores  a  ela  porque  está  voltada  diretamente  para  o  mercado  de  trabalho,  regida  por  contratos  de  gestão,  avaliada  por  índices de produtividade, calculada para ser flexível e estruturada por  estratégias  e  programas  de  eficácia  organizacional  e,  portanto,  pela  particularidade  e  instabilidade  dos  meios  e  dos  objetivos  que  envolvem  a  globalização.  Isso  faz  com  que  a  universidade  deixe  de  ser  uma  instituição  social  para  ser  uma  empresa  organizacional  e  empresarial  em  contraposição  à  universidade  tradicional.  (2004,  pg.  53)

2.4. Metodologia Institucional 

A  referida  instituição  adota  como  metodologia  institucional,  e  também  como  uma das maneiras para identificar­se perante o seu público, o slogan “Aprender na  Prática”,  que  norteia  suas  ações,  traduzindo­se  na  imagem  e  na  percepção  que  a  organização pretende que seu público conheça. 

De  acordo com  informações  que  constam  de  um  caderno  de  documentos 14 ,  produzido  pela  instituição  de  ensino  pesquisada,  foi  no  cenário  de  ampliação  da  oferta  de  vagas  para  o  ensino  superior,  concentrada  no  setor  privado,  e  adotada  pela  gestão  do  então  presidente  Fernando  Henrique  Cardoso,  em  meados  da  década  de  90,  que  a  universidade  em  questão  começou  a  se  preocupar  com  um  novo posicionamento de mercado. 

Sabe­se  que  o  resultado  desta  política,  adotada  pelo  governo  federal,  foi  o  aumento significativo do número de instituições credenciadas pelo MEC, que de 894,  em 1995, passou a 1.859, em 2003, e do número de matrículas no ensino superior,  que saltou de 1.759.703 para 3.887.771. Apenas as instituições privadas localizadas  no Estado de São Paulo foram responsáveis por cerca de 25% desse total. 

Foi  nesse  cenário  de  ampliação  e,  conseqüentemente,  acirramento  da  concorrência  no  segmento  de  ensino  superior  privado  que,  no  início  de  2000,  foi  constituída, pela instituição objeto desta pesquisa, uma comissão que teria o objetivo  de  definir  um  posicionamento  de  mercado  para  a  universidade.  De  acordo  com  Jardilino  (1999)  são  muitos  os  defensores  do  desenvolvimento  e  uso  na educação  de  estratégias  de  comunicação  orientadas  por  uma  visão  de  marketing 15 ,  principalmente por um segmento especializado dele – o marketing educacional. 

14 

Caderno Aprender na Prática. 2004. 

15 A  autora  Helena  Sampaio,  em  seu  livro  sobre  o  Ensino  Superior  no  Brasil  – O  Setor  Privado  faz 

esta  referência  que  é  pertinente  ao  assunto  e  posicionamento  no  mercado.  “O  marketing  das  instituições  privadas  de  ensino  superior  não  pode  ser  interpretado  meramente  como  um  fenômeno  comercial  e/ou  como  um  produto  de  um  aparato  de  comunicação  específico.  (...)  reitera  uma forma  retórica  difusa,  que  é  a  de  uma  cultura  promocional  cada  vez  mais  arraigada  nas  sociedades  de  mercado de massa (Wernick, 1991). O marketing envolve, assim, a publicidade das instituições, suas  atividades e a própria propaganda. Além de orientar­se em função da equação oferta/demanda – que  é o que faz a propaganda ­, o marketing deve captar sinalizações mais gerais. Tais sinalizações tanto  podem  partir  das  políticas globais  de  educação  superior  –  incluindo  a legislação  que  regulamenta  o  sistema ­, como das transformações da própria sociedade, considerando­se as mudanças de padrões  culturais”.  (Sampaio, 200, p.319)

Após  algum  tempo  de  trabalho,  foi  proposto  que  a  metodologia  de  ensino,  voltada para o aprendizado na prática seria o diferencial mercadológico. 

Aprovada pela Mantenedora, a metodologia passou a ser implantada, através  de  “workshops”,  comissão  de  estudo,  planejamento  de  ensino  e  finalmente  com  a  elaboração de um documento que explicita o que é “aprender na prática”. 

Alguns conceitos e procedimentos relativos da citada metodologia:  Conceito: 

“O aprender na prática focaliza a ação educativa na participação ativa e crítica  do  aluno  em  sua  aquisição  de  conhecimentos  práticos  e  teóricos,  em  seu  desenvolvimento de habilidades e em sua formação de valores e atitudes, processos  nos  quais  os  conteúdos  necessitam  ser  trabalhados  de  modo  a  constituírem  os  fundamentos para que os estudantes desenvolvam as competências necessárias ao  exercício profissional  e  à sua  participação crítica na sociedade  atual. (...)  a sala  de  aula será um espaço de rica interação e de criação e transformação de significados.  (...)  O  ponto  de  partida  para  a  aprendizagem  deve  ser  o  conjunto  de  significados  (formas  de  interpretação)  que  emerge  da  classe.  (...)  contextualizar  as  tarefas  de  aprendizagem  dentro  da  cultura  em  que  os  conteúdos/conhecimentos  adquirem  significados compartilhados à medida que são utilizados na prática cotidiana”. 

Procedimentos: 

“Organizar os estudos em torno de situações reais, atividades com situações­  problema,  projetos,  oficinas, jogos  empresariais,  atribuição  de  papéis  (simulações),  estudo de caso etc.; investir na epistemologia da curiosidade, incentivar e orientar a  pesquisa  técnico­científica  na  elaboração  de  projetos  etc.;  o  professor  deve  conscientizar  o  aluno  da  importância  daquilo  que  esta  sendo  proposto  e  desenvolvido  para  o  exercício  futuro  de  sua  profissão,  o  aluno  também  é  responsável pelo êxito do processo de aprendizagem; o professor deve considerar a  possibilidade  de  desenvolver  um  trabalho  mais  integrado,  rumo  à  menor  compartimentalização  disciplinar;  aproveitar  a  experiência  da  Instituição  e  dos  alunos  em  projetos  de  extensão  e  atividades  extramuros,  que  contribuam  para  a  discussão de questões éticas, sociais e profissionais; praticar a avaliação formativa;  entender  o  estágio  supervisionado  como  um  dos  eixos  curriculares  que  perpassa

todo  o  currículo  e  favorece  a  integração  das  disciplinas  e  da  teoria  com  a  prática;  visitas técnicas orientadas”. 

Tomando­se  em  consideração  a  explicitação  de  conceito  e  dos  procedimentos,  relativos  à  metodologia  institucional  da  instituição  em  questão,  observamos que o docente é, na maior parte das colocações, o grande responsável  pelo  bom  resultado  da  aplicação  e  concretização  das  ações  visadas  pela  metodologia. 

2.5.  Pró­reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários. 

A Pró­Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários ­ PREAC, estrutura suas  ações  no  tripé:  Atenção  ao  Aluno,  Programas  Socioeducacionais  e  Relações  Interinstitucionais.  É  um  órgão  executivo  que  supervisiona,  coordena,  orienta  e  acompanha as atividades referentes à integração da comunidade universitária com a  comunidade  externa,  mediante  cursos,  parcerias  e  programas  para  o  desenvolvimento dos alunos. 

Nos programas de extensão as ações têm os seguintes objetivos: promover a  interação  transformadora  entre  Universidade,  sociedade  e  o  ambiente;  contribuir  para  o  desenvolvimento  sustentável  social,  econômico  e  ambiental;  incentivar  a  expressão  da  diversidade  cultural,  artística,  científica  e  tecnológica;  estimular  e  promover  o  respeito  à  diversidade  cultural;  contribuir  para  a  formação  acadêmica,  fomentando atividades de extensão nos currículos. 

Orientando­se  pelos  objetivos  estabelecidos,  a  gestão  da  PREAC  tem  pautado  o  desenvolvimento  de  um  trabalho  que  garanta  o  cumprimento  da  metodologia institucional: Aprender na Prática. 

Mais  uma  vez,  em  consulta  ao  PDI,  encontram­se  referências  sobre  as  Políticas  de  Extensão  e  Pesquisa  e  os  itens  que  se  relacionam  diretamente  com  o  trabalho de extensão são assim apresentados: comprometimento com a excelência  acadêmica;  apoio  às  atividades  de  pesquisa  no  ensino  de  graduação  e  pós­  graduação,  integrada  com  atividades  de  intervenção  social;  compromisso  com  a  qualidade  e  sintonia  com  a  legislação  da  Educação  Superior;  geração  e

transferência de conhecimento e inovação para a melhoria da qualidade de vida da  região e do país. 

As  Áreas  de  Extensão  contempladas  com  programas  e  que  mantém  programas oferecidos são: Socioeducação; Saúde; Cultura e Serviços. 

Silva Jr e Sguissardi identificam que: 

No  atual  contexto  nacional  e  diante  do  enorme  déficit  social  há  muitos  anos  acumulado,  quando  o  Estado  brasileiro,  por  meio  de  reformas, restringe sua ação pública, especialmente no plano social,  demandas das mais variadas naturezas aumentam e encontram eco  nos  programas  de  extensão  institucionais.  Esses  programas  são  respostas  privadas  a  tais  demandas  e  muito  convenientes  para  essas  instituições,  por  legitimá­las  perante  a  opinião  pública  e  por  configurarem  uma  certa  forma  de  pesquisa  aplicada.  Trata­se  de  legitimação  legal,  administrativa  e  supostamente  acadêmica,  bem  como  forma  de  identificação  institucional  com  determinado  espaço  geográfico e cultural de mercado ou com os traços da materialidade  local. ( 2001, p.228) 

2.6. Avaliação Institucional 

De  acordo  com  a  instituição  pesquisada: “A  avaliação  institucional  é  um  processo de  pesquisa  e comunicação  que visa proporcionar  uma  reflexão contínua  para revisar permanentemente a atuação da Instituição, tendo em vista o alcance de  sua missão, de objetivos e, ainda, o aprimoramento de sua atuação. 

Este  processo  objetiva  identificar  fatores  que  interferem  positiva  ou  negativamente  no  desempenho  da  Instituição,  fornecendo  subsídios  para  a  compreensão  da  realidade  institucional,  favorecendo  a  gestão  acadêmica  e  administrativa. 

A avaliação institucional passou a ser uma exigência do Governo Federal, por  meio  da  Lei  n.  10.861,  de  14/04/2004,  que  implantou  o  Sistema  Nacional  de  Avaliação da Educação Superior – SINAES. Este sistema é uma política de governo  que  coloca  a  avaliação  institucional  no  centro  do  processo  avaliativo  e  abrange  todas  as  instituições  de  ensino  superior,  fazendo  com  que  todos  os  agentes  da  comunidade  institucional participem  do  processo  de  auto­avaliação.  É obrigatória  a  todas as instituições de ensino superior do País.

O  próprio  Fórum  sugere  que  a  avaliação  da  Extensão  seja  sistemática,  contando  com  participação  interna  e  externa  da  comunidade  envolvida.  Isso  implica  que  a  Extensão  deva  ter  o  mesmo  nível  de  hierarquia  das  outras  práticas  acadêmicas.  Assim,  avaliação  institucional  deve  ser  um  trabalho  sistemático  e  uma  prática  de  permanente  reflexão  do  fazer  universitário.  Trata­se  de  uma condição singular para a manutenção da qualidade, de maneira  a  assegurar  a  credibilidade  da  Universidade  junto  à  Sociedade.  (Sousa, 2000, p.110) 

Um dos indicadores desta avaliação é referente à “vinculação das atividades  de  extensão  com  a  formação  e  sua  relevância  com  o  entorno”,  e  as  informações  apresentadas por esta universidade neste relatório são: 

Relato  Descritivo  Avaliativo  –  A  PREAC  aponta  que  a  construção  e  o  desenvolvimento da Política de Extensão da Universidade considera o envolvimento  e a participação dos diversos segmentos e atores da sociedade: setor público, setor  produtivo,  sociedade  civil  e  comunidade  acadêmica,  com  o  objetivo  de  produzir  ações articuladas e convergentes à realidade dos grupos e/ou populações a serem  atendidas em suas principais demandas sociais. A articulação desejada e planejada  pela  Instituição,  gerida  pela  PREAC  visa  a  superação  de  ações  de  cunho  meramente  assistencialista,  além  de  buscar  o  estímulo  à  participação  das  comunidades no que se refere à proposição, estudo, criação e avaliação de políticas  públicas  sem,  no  entanto,  se  predispor  a  ocupar  o  lugar  devido  e  ocupado  pelo  Estado. 

Após  análises  e  reflexões  deste  relato  descritivo­avaliativo,  o  sistema  de  avaliação  proposto 16 permite  a  identificação  de  aspectos  que  se  revelaram  como  potencialidades ou fragilidades. 

As potencialidades identificadas: 

­  Atendimento  às  comunidades  em  relação  às  diversas  áreas  sociais,  que  propicia  um  trabalho  de  intervenção  qualificada,  além  das  áreas  atendidas  pelas  Linhas Programáticas já instituídas na Universidade; 

­  Socialização  dos  saberes  nas  diversas  áreas  de  conhecimento,  por  intermédio  da  divulgação  dos  resultados  de  diagnósticos  voltados  à  realidade  da  população atendida pelos programas/projetos de extensão; 

16 

­ Fomento à formação e à geração de recursos humanos, técnicos e materiais  para atividades sócio­educativas, de saúde, culturais e de serviços especializados. 

As fragilidades: 

­  A  disseminação  dos  processos,  critérios  e  resultados  dos  programas  e  projetos  de  extensão  universitária  em  meio  à  comunidade  acadêmica  e  demais  segmentos da sociedade ainda não ocorre de forma plenamente satisfatória; 

­ A discussão acerca dos limites e possibilidades da extensão universitária e  da concepção de responsabilidade social que se desenvolve na universidade ainda  não atingiu o nível ideal. 

É necessário que se faça a observação das práticas dos projetos de extensão  para  a compreensão de como  se  manifestam  as  políticas  extensionistas  existentes  nesta  instituição,  e  também  para  o  reconhecimento  da  ideologia  pertinente,  da  instituição, e como esta se contextualiza através do “fazer”. 

As  áreas  de  conhecimento  na  universidade  se  posicionam  de  forma  diferenciada em seus projetos de extensão. 

2.7. Os Programas de Extensão 

São 2 os referidos programas selecionados, em função de serem portadores  de  características  teóricas  e  práticas  muito  diferenciadas,  que  podem  de  alguma  forma,  influenciar  diretamente  a  concretização  do  trabalho  extensionista,  e  assim,  identificar a motivação pessoal ou institucional que lhe é permeável, contextualizada  evidentemente na prática da extensão universitária. 

Observa­se  aqui,  além  destas  informações  meramente  qualificativas,  a  intencionalidade  adjacente,  que  se  faz  presente  e  necessária,  para  que  se  identifiquem  os  pressupostos  da  política  de  extensão,  propostos  teoricamente  pela  instituição,  e  como  esta  se  pronuncia  nos  Programas  de  Extensão  Universitária,  como estão contextualizados e quais as práticas extensionistas que os legitimam.

2.7.1.  Programa 1 ­ P1 

O  programa,  que  será  nomeado  como  P1,  está  relacionado  à  Educação  de  Jovens e Adultos – EJA, e objetiva a erradicação do analfabetismo, em nível local e  regional, além do desenvolvimento de estudos e atividades educativas no campo da  Educação de Jovens e Adultos. 

Para  isso,  desenvolve  suportes  teóricos,  pedagógicos,  administrativos  e  políticos  destinados  às  atividades  de  capacitação  e  ensino,  incluindo  diversas 

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