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(2) Magali Fernandes . Extensão Universitária: o jogo entre as teorias institucionais e as motivações pessoais . Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação . em . Educação . da . Universidade Metodista de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Educação, sob a orientação do Prof. Dr. Décio Azevedo Marques de Saes. . São Bernardo do Campo, SP 2008.
(3) FICHA CATALOGRÁFICA F391e . Fernandes, Magali Extensão universitária: o jogo entre as teorias institucionais e as motivações pessoais / Magali Fernandes. 2008. 239 f. Dissertação (mestrado em Educação) Faculdade de Educação e Letras da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2008. Orientação: Décio Azevedo Marques Saes 1. Extensão universitária 2. Motivação (Educação) 3. Política educacional I.Título. CDD 379.
(4) DEDICATÓRIA Ao meu amor, companheiro e cúmplice Roque Monteleone Neto. Que me amou, me apoiou e me aturou durante este parto.
(5) AGRADECIMENTOS As Andréas, Renatas, Sandras, Isabeis e Naiaras que passaram pela minha vida, ontem, hoje e sempre. . Ao meu filho Vinícius Fernandes Paz que teve paciência comigo e com as minhas neuras, neste inacabável processo de criação. . Ao meu GRUPO, Silvana Lopes Sanches, Margarete Mafra e Mireilli Sant Anna, porque sem elas eu não teria descoberto o verdadeiro significado deste mestrado, e sem elas eu não teria chegado ao objetivo final. E a Eliana Mariano Rosa a mais nova integrante do nosso GRUPO. . As minhas amigas e parceiras de trabalho Rose e Georgette que são mestres de verdade e de fato. . A todos os alunos extensionistas que colaboraram para a realização desta pesquisa. . Ao prof. Décio Saes, meu orientador, pelas oportunas e valiosas considerações. . Ao Prof. Joaquim Barbosa que me mostrou caminhos com sua simplicidade sofisticada. . Ao Prof. Rômulo Nascimento que confiou em mim e em meu trabalho em sala de aula, e me ajudou a ser a profissional que sou hoje. Ao Prof. Danilo, que me instigou com suas palavras, em suas aulas, a entender que o caminho é um só e que o ceticismo e o cinismo também têm alma, também sabem por onde ir e principalmente como ir. Desde que, você saiba o sentido da jornada..
(6) “O X da questão é o processo e não o objetivo”. Leon Trotsky.
(7) SUMÁRIO . INTRODUÇÃO.................................................................................................... . 13 . CAPÍTULO I EXTENSAO UNIVERSITARIA.................................................... . 24 . 1.1. Políticas e Conceitos............................................................................... . 25 . 1.2. Marco Jurídico da Extensão Universitária............................................... . 27 . 1.3. FORPROEX............................................................................................ . 28 . 1.3.1. Áreas Temáticas............................................................................ . 30 . 1.3.2. Linhas de Extensão........................................................................ . 30 . 1.3.3. Ações de Extensão........................................................................ . 31 . 1.4. PROEXT.................................................................................................. . 32 . 1.5. FOREXP.................................................................................................. . 34 . 1.6. ForExt...................................................................................................... . 35 . CAPÍTULO II IDENTIDADE INSTITUCIONAL E POLÍTICAS DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA.................................................. . 38 . 2.1. Identidade Legitimadora e Coletiva......................................................... . 39 . 2.2. A Universidade........................................................................................ . 41 . 2.3. Plano de Desenvolvimento Institucional.................................................. . 42 . 2.4. Metodologia Institucional......................................................................... . 44 . 2.5. PróReitoria de Extensão e Assuntos Comunitários............................... . 46 . 2.6. Avaliação Institucional............................................................................. . 47 . 2.7. Os Programas de Extensão.................................................................... . 49 . 2.7.1. Programa 1 – P1............................................................................ . 50 . 2.7.2. Projeto 2 – P2................................................................................. . 51 . 2.8. Perfil do Aluno Extencionista................................................................... . 53 . CAPÍTULO III – POLÍTICAS............................................................................... . 57 . 3.1. A Interligação.......................................................................................... . 58.
(8) 3.2. As Nomenclaturas................................................................................... . 58 . 3.3. O Fluxograma.......................................................................................... . 60 . 3.4. A Categoria: Políticas.............................................................................. . 61 . 3.4.1. Conceito de Extensão Universitária [alunos P1]............................ . 61 . 3.4.2. Conceito de Extensão Universitária [alunos P2]............................ . 62 . 3.4.3. Objetivo do Programa ou Projeto [gestoras do P1 e do P2].......... . 64 . 3.4.4. Objetivo do Programa ou Projeto [alunos P1]................................ . 66 . 3.4.5. Objetivo do Programa ou Projeto [alunos P2]................................ . 67 . 3.4.6. A Concepção de Extensão: Ativismo Político; Assistencialismo; Marketing Institucional [gestoras do P1 e do P2]...................................... 3.4.7. A Concepção de Extensão: Ativismo Político; Assistencialismo; Marketing Institucional [alunos P1]........................................................... 3.4.8. A Concepção de Extensão: Ativismo Político; Assistencialismo; Marketing Institucional [alunos P2]........................................................... . 71 74 . 75 . 3.4.9. Envolvimento pessoal dos alunos [gestoras do P1 e do P2]......... . 78 . 3.4.10. Apoio Institucional – Bolsa Auxílio [gestoras do P1 e do P2]....... . 84 . 3.4.11. Motivados Por Questões Pessoais; Assistenciais ou Institucionais [alunos do P1]..................................................................... 3.4.12. Motivados Por Questões Pessoais; Assistenciais ou Institucionais [alunos do P2]..................................................................... . 88 . 89 . CAPÍTULO IV TRIPÉ: ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO........................... . 92 . 4.1. A Interligação.......................................................................................... . 93 . 4.2. O Fluxograma.......................................................................................... . 94 . 4.3. A Categoria: Pesquisa, Ensino e Extensão............................................. . 95 . 4.3.1. Metodologias do Programa ou Projeto [gestoras do P1 e do P2].. . 97 . 4.3.2. Metodologias que o Aluno Executa [gestoras do P1 e do P2]....... . 97 . 4.3.3. Ações Interdisciplinares [gestoras do P1 e do P2]........................ . 101 . 4.3.4. Ações Interdisciplinares [alunos do P1]......................................... . 105 . 4.3.5. Ações Interdisciplinares [alunos do P2]......................................... . 107.
(9) 4.3.6. Metodologias que o Aluno Executa [alunos do P1]........................ . 109 . 4.3.7. Metodologias que o Aluno Executa [alunos do P1]........................ . 112 . 4.3.8. Processo de Registro [gestoras do P1 e do P2]............................ . 116 . 4.3.9. Processo de Registro [alunos do P1]............................................. . 118 . 4.3.10. Processo de Registro [alunos do P2]........................................... . 119 . 4.3.11. Articulação Entre Ensino, Pesquisa e Extensão [gestoras do P1 124 e P2].......................................................................................................... 4.3.12. Produto Final do Programa ou Projeto [alunos do P1]................. . 127 . 4.3.13. Produto Final do Programa ou Projeto [alunos do P2]................. . 129 . 4.3.14. Efeito Interação – Extensão X Atividades Acadêmicas [alunos do P1]........................................................................................................ 131 4.3.15. Efeito Interação – Extensão X Atividades Acadêmicas [alunos 134 do P2]........................................................................................................ CAPÍTULO V MOTIVAÇÕES & MOTIVAÇÕES.............................................. . 137 . 5.1. A Interligação.......................................................................................... . 138 . 5.2. O Fluxograma.......................................................................................... 139 5.3. A Categoria: Motivações e Motivações................................................... 140 5.3.1. Envolvimento no Programa [alunos do P1].................................... . 140 . 5.3.2. Envolvimento no Programa [alunos do P2].................................... . 141 . 5.3.3. Motivações Pessoais [alunos do P1].............................................. 143 5.3.4. Motivações Pessoais [alunos do P2].............................................. 147 5.3.5. O Momento Difícil do Processo [alunos do P1].............................. . 151 . 5.3.6. O Momento Difícil do Processo [alunos do P2].............................. . 153 . 5.3.7. O Retorno à Sala de Aula Depois do Trabalho [alunos do P1]...... . 155 . 5.3.8. O Retorno à Sala de Aula Depois do Trabalho [alunos do P2]...... . 157 . 5.3.9. Influência na Identidade SocioPolítica [alunos do P1].................. . 160 . 5.3.10. Influência na Identidade SocioPolítica [alunos do P2]................ . 162 . 5.3.11. Aquisição Profissional e Pessoal [ alunos do P1]........................ . 164 . 5.3.12. Aquisição Profissional e Pessoal [alunos do P2]......................... . 166.
(10) 5.3.13. Efeito Interação – Extensão X Atividades Acadêmicas [gestoras P1, P2]...................................................................................................... . 170 . CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 175 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. . 179 . APÊNDICES....................................................................................................... . 185 . Apêndice 1 Perguntas da Entrevista com os Alunos....................................... . 186 . Apêndice 2 Transcrição na Íntegra da Entrevista com o ProReitor de Extensão............................................................................................................. . 187 . Apêndice 3 Transcrição na Íntegra da Entrevista com a Gestora do P1.......... . 197 . Apêndice 4 Transcrição na Íntegra da Entrevista com a Gestora do P2.......... . 205 . Apêndice 5 Transcrição na Integra da Entrevista com Aluna [A1] do P1......... . 212 . Apêndice 6 Transcrição na Integra da Entrevista com Aluno [A6] do P1......... . 216 . Apêndice 7 Transcrição na Integra da Entrevista com Aluna [B2] do P2......... . 220 . Apêndice 8 Transcrição na Integra da Entrevista com Aluno [B7] do P2......... . 227 . ANEXO............................................................................................................... . 230 . Anexo 1 Linhas de Extensão FORPROEX....................................................... . 231.
(11) RESUMO FERNANDES, Magali. Extensão Universitária: o jogo entre as teorias institucionais e as motivações pessoais. São Bernardo do Campo: UMESP, 2008, 240p. . A temática desta pesquisa referese ao estabelecimento de relações entre o institucional e o pessoal, a partir das teorias e práticas de Extensão Universitária, contextualizadas em uma determinada instituição de Ensino Superior, da rede particular do Estado de São Paulo. O seu objetivo é, através da explicitação da política institucional de Extensão Universitária, analisar e comparar as motivações pessoais e o perfil psicossocial dos alunos extensionistas, e observar como estes se relacionam, por meio da extensão, com o ensino, com a pesquisa e com as políticas institucionais estabelecidas. Foram entrevistados o PróReitor de Extensão, Coordenadores de Programas de Extensão e alunos extensionistas e utilizouse o método da análise comparativa dos conteúdos. Como procedimento metodológico de análise tomouse o conjunto de informações recolhidas junto aos entrevistados, que foram organizadas em três grandes categorias: Política Institucional; Extensão, Pesquisa e Ensino; e Motivações. Concluiuse que as especificidades das políticas institucionais e das características pedagógicas da Extensão Universitária da Instituição influenciam e podem determinar formas de atuação dos alunos extencionistas, que são movidos por fatores motivacionais que transitam entre o olhar assistencial filantrópico, a motivação profissional e a militância política, tendo como norte o contexto cultural, político e socia, no qual estão inseridos, dentro e fora da Universidade, e que se manifestam no contato com o trabalho extencionista..
(12) ABSTRACT FERNANDES, Magali. Extramural university activities: the interplay among the institutional theories and the personal motivations. São Bernardo do Campo: UMESP, 2008, 240 p. . The thematic subject of this research refers to the establishment of possible relationship among the institutional and personals aspects, taken from the theories and practices of the extramural activities a Universities of the private sector of the State of São Paulo. Presenting the institutional policy of the extramural activities, the objective is to analyze and compare the personal motivations and the psychosocial profile of the involved students and observe how they establish the interplay among extramural, teaching, research activities and the institutional policies established. Interviews with the ViceRector for Extramural activities, Program Coordinators and involved students were made and the comparison of contents method of analysis were used. The procedures of the methodological analysis took into consideration the information as whole obtained through the interviews and organized into three main categories: Institutional Policies; Extramural activities, Research and Teaching and Motivations. It is concluded that the specificities of the institutional policies and the pedagogic characteristics of the Extramural activities have influence and may determine on how the involved students act, that they are motivated by either their philanthropic feelings, professional motivations or political militancy, guided by cultural, political and social context they belong to, inside or outside the University, and that show up during their contact with the extramural activities..
(13) LISTA DE ABREVIATURAS ABESC Associação Brasileira de Escolas Superiores Católicas CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CNE Conselho Nacional de Educação CNPq Conselho Nacional de Pesquisa EJA Educação de Jovens e Adultos FOREXP Forum de Extensão das IES Particulares ForExt Fórum Nacional de Extensão e Ação Comunitária das Universidades e Instituições de Ensino Superior Comunitárias FORPROEX Fórum de PróReitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras FUNADESP Fundação Nacional de Desenvolvimento do Ensino Superior Particular IES Instituição de Ensino Superior . LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional MEC Ministério da Educação e Cultura . PDI Plano de Desenvolvimento Institucional PREAC PróReitoria de Extensão e Assuntos Comunitários PROEXT Programa de Apoio à Extensão Universitária RENEX Rede Nacional de Extensão SESu Secretaria de Ensino Superior do Ministério da Educação . SIEX/Brasil Sistema de Informação em Extensão Universitária na Web SINAES Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior.
(14) Introdução.
(15) 13 . INTRODUÇÃO . A Extensão Universitária e suas atuais políticas de viabilização são temas explorados e trabalhados por diversos órgãos educacionais, sejam de natureza pública ou privada. O tripé ensino, pesquisa e extensão, e sua prática, de fato e de direito, é a meta perseguida por universidades espalhadas pelo Brasil. Tradicionalmente, os programas de extensão representam uma das funções básicas da universidade ao lado do Ensino e da Pesquisa, que no seu conjunto formam a base de sua finalidade social e humanística. Atualmente, segundo o Plano Nacional de Extensão elaborado pelos pró reitores das universidades públicas brasileiras e, hoje, apoiado pelo MEC, a atividade de extensão é: “prática acadêmica que interliga a Universidade nas suas . atividades de ensino e de pesquisa, com demandas da maioria da população, e possibilita a formação do profissional cidadão e se credencia, cada vez mais, junto à sociedade como espaço privilegiado de produção do conhecimento significativo para a superação das desigualdades sociais existentes”. Assim, tornase importante perceber o contexto no qual a Universidade se insere como uma instituição educacional compreendida por um conjunto de processos pedagógicos e de socialização que se realizam no seu cotidiano, onde a sociedade atribui funções educativas formais e sistemáticas, um saber especializado que conduz a uma formação intelectual geradora de conhecimentos que, como produção social, tem valor político e ideológico. A temática desta pesquisa referese às relações entre o marco político institucional e as motivações pessoais, observadas a partir das teorias e práticas estabelecidas nas atividades de extensão universitária, contextualizadas no espaço de uma determinada instituição de ensino superior, da rede privada, do Estado de São Paulo. O objetivo desta pesquisa é, através da explicitação da política institucional de Extensão Universitária da universidade pesquisada, comparar e analisar as motivações pessoais e o perfil psicossocial de cada aluno extensionista, observando.
(16) 14 . como estes se relacionam, por meio da extensão, com o ensino, com a pesquisa e com as próprias políticas institucionais. A Extensão Universitária apresentase como um conceito em construção permanente, a partir do momento em que uma concepção de extensão passa a ser assumida pelos sujeitos de sua prática, definemse caminhos que podem ser trilhados. Professores e alunos participam, desenvolvem e se dedicam a programas de extensão institucionalizados, que têm como pressupostos atender às expectativas que a sociedade tem em relação à atuação da universidade. É na relação aluno&universidade que a extensão universitária tornase uma prática acadêmica. Esperase que esta pesquisa ofereça, através de um olhar diferenciado, uma observação atenta do que impulsiona o trabalho com extensão, das relações que se processam . institucionalmente . e . das . práticas . pessoais . vivenciadas . e . contextualizadas no ambiente universitário e ou por meio dele. Este trabalho é composto das seguintes partes abaixo relacionadas. . Introdução. Capítulo I Extensão Universitária Políticas e Conceitos, através de uma pesquisa bibliográfica, procurase identificar a Extensão Universitária no sentido educativo, cultural e científico, que articula o Ensino, a Pesquisa e a Extensão, através de conceitos estabelecidos por diferentes foros públicos e privados que realizam e oferecem propostas políticas, análises, estratégias, apoio e divulgação de questões relativas à Extensão. . Capítulo II Políticas de Extensão Universitária e Identidade Institucional faz se um breve ensaio sobre diferentes aspectos da Universidade objeto deste estudo: InfraEstrutura, Metodologia Institucional, Próreitoria de Extensão e Assuntos Comunitários e Avaliação Institucional das políticas de Extensão Universitária. As características principais dos Programas de Extensão que foram pesquisados na Universidade também são relatadas. Este capítulo destinase a traçar um perfil resumido da identidade da instituição de ensino, onde se identificam os.
(17) 15 . pressupostos da política de extensão, proposta teoricamente pela instituição pesquisada, e como esta se traduz em seus Programas de Extensão Universitária. . No Capítulo. III – Políticas pretendese realizar a observação, comparação e a interpretação das relações políticoinstitucionais com a prática extensionista exercida pelos alunos. . No Capítulo IV – O tripé: Ensino, Pesquisa e Extensão, pretendese analisar e interpretar das relações entre ensino, pesquisa e extensão, tendo como foco principal a extensão, como viabilizadora do ensino e da pesquisa exercida pelos alunos extensionistas. . No Capítulo V – Motivações & Motivações, pretendese comparar e interpretar as relações motivacionais que mobilizam algumas pessoas, que possuem um determinado perfil psicossocial e que efetivamente trabalham no Programa ou Projeto de Extensão pesquisado. . Considerações Finais, por fim, com base no que foi observado, pesquisado e analisado tecemos reflexões e comentários que encerram este trabalho. . Referencias Bibliográficas, que embasaram as pesquisas e as reflexões contidos neste trabalho. . Apêndices, compostos das transcrições integrais das entrevistas feitas com os participantes da pesquisa e o anexo de documentos pertinentes à pesquisa..
(18) 16 . Referencial Teórico Metodológico Este estudo buscou premissas e pressupostos que tivessem a vinculação entre o saber teórico e o saber prático, e na escolha de uma metodologia inspirada no paradigma qualitativo. Para situar a Extensão Universitária no contexto da Educação Nacional, considerouse o trabalho realizado por Gurgel (1986) e o olhar que enxerga a extensão universitária tanto como fruto da organização administrativa formal, quanto como uma iniciativa de professores e alunos, conjunta ou isoladamente em suas categorias funcionais. Este ponto de partida, pelo referencial que oferece e pelas possibilidades que levanta de análise crítica, impulsionou a busca da identificação teórica e prática da política de Extensão Universitária, que atualmente é idealizada em instituições públicas e privadas de Ensino Superior. Consideramse as idéias desenvolvidas por Botomé, que confere caráter e, forma, à linha norteadora de investigação do que vem a ser a extensão universitária na atualidade, “uma administração séria e responsável precisa pensar e agir à luz do conhecimento já disponível e desenvolver uma práxis consistente e não apenas “ocupar espaços” com truques e técnicas políticas”. (Botomé, 1996, p.45) O exame dos conceitos poderá levar a identificar quem faz e o que são as ações que recebem o nome de “extensão universitária”, localizandoas em um sistema de relações sociais que lhes dá consistência e significado. “A extensão pode ser vista como uma parte do fazer humano que é realizado pela Universidade” (Botomé, 1996, p.36) Como orientação geral, serão considerados o comportamento, a relação entre aquilo que uma pessoa faz, as características da situação em que o faz e o que decorre desse fazer na situação em que tal atuação se insere. (Botomé, 1981) Comportamentos são motivados ou não. Segundo Bzuneck (2001), as teorias cognitivas da Motivação 1 apontam a existência de orientações motivacionais Intrínsecas e Extrínsecas. . 1 . Conjunto de processos que dão ao comportamento uma intensidade, uma direção determinada e uma forma de desenvolvimento próprias da atividade individual. [Dicionário Houaiss].
(19) 17 . Um indivíduo que apresenta orientação motivacional intrínseca realiza uma atividade por satisfação e interesse, sendo movido a agir pelo desafio da atividade e não por pressões ou recompensas. Guimarães (2001) afirma que a motivação intrínseca referese à escolha e realização de determinada atividade por sua própria causa, por esta ser interessante, atraente ou, de alguma forma, geradora de satisfação. Guimarães enfatiza que: Diversos autores, como De Charms (1984), Ryan, Connel e Deci (1985), destacam a autodeterminação como sendo uma necessidade humana inata relacionada à motivação intrínseca. Segundo essa perspectiva, as pessoas seriam naturalmente propensas a realizar uma atividade por acreditarem que o fazem por vontade própria, porque assim o desejam e não por serem obrigadas por força de demandas externas. A pessoa age de forma intencional com o objetivo de produzir alguma mudança. (2001, p.4041) . A motivação extrínseca tem sido definida como motivação para trabalhar em resposta a algo externo à tarefa ou atividade, como para a obtenção de recompensas materiais ou sociais, de reconhecimento, objetivando atender aos comandos ou pressões de outras pessoas ou para demonstrar competências. Quanto à motivação extrínseca, cabe lembrar que a maioria das atividades desenvolvidas pelos indivíduos, em sociedade, são impulsionadas por fatores externos (Guimarães, 2001). A motivação cobre grande variedade de formas comportamentais. A diversidade de interesse percebida entre indivíduos permite aceitar, de forma razoavelmente clara, que as pessoas não fazem as mesmas coisas pelas mesmas razões (Bergamini, 2006). O ser humano não se submete passivamente ao desempenho de atividades que lhe sejam impostas e que, por conseguinte, não tenham para ele nenhum significado. A motivação para um trabalho depende do significado que cada qual atribui a essa atividade. De acordo com Guimarães (2001) existem diferentes níveis de regulação da motivação extrínseca, que se desenvolvem através de um continuum, ressaltando a tendência humana de integrar e internalizar comportamentos intrinsecamente.
(20) 18 . motivados. Os níveis seriam: regulação externa, regulação introjetada, regulação identificada e regulação integrada. Ø Regulação externa: no ponto inicial, o estudante buscaria razões externas, como pressões, incentivos ou recompensas para justificar seu envolvimento: “posso ter problemas se não o fizer”. Ø Regulação introjetada: no segundo nível, é interna ao estudante porque não necessita da presença concreta do controle externo, mas permanece separada dos propósitos ou desejos do próprio indivíduo: “voume sentir culpado se não fizer”. Ø Regulação identificada: o comportamento e aceito como pessoal: “envolvome porque acho importante fazêlo”. Ø Regulação integrada: o nível mais elevado do desenvolvimento, referese ao caráter autônomo e autodeterminado da motivação extrínseca. As pressões ou incentivos externos são, nesse caso, percebidos como fonte de informação sobre ações importantes a serem cumpridas e não como coerção. Os indicadores de sua ocorrência são os mesmo da motivação intrínseca, ou seja, a flexibilidade cognitiva, o processamento profundo de informações e criatividade. (Guimarães, 2001, p.47) . Outro fator de referência é a motivação que advêm de fatores psicossociais que mobilizam cada sujeito, assim, Sberga considera que: . Estudos realizados nos últimos anos ressaltam características como altruísmo, reciprocidade e troca simbólica, que são categorias fundamentais para compreender a troca gratuita, desinteressada e de paridade, de algumas formas organizadas, para construir o bem social. (2001, p.126) (...) O fator que impulsiona o altruísmo se encontra nas normas da responsabilidade social, devido às quais o indivíduo se sente obrigado a ajudar os próprios semelhantes em dificuldade, dentro do relacionamento entre os sujeitos. O Conceito de reciprocidade, o qual exige um relacionamento de partilha, de troca, que pode se prolongar no tempo e é indeterminado a respeito do que vem em restituição. A troca simbólica, ou seja, o dar ao outro aquilo que se sabe ou se pensa que o outro necessita, na certeza de que o outro restituirá no momento oportuno, satisfazendo, com um equivalente ou quase equivalente simbólico. (Idem, p.127).
(21) 19 . Na ótica dessas três categorias interpretativas: troca, reciprocidade e altruísmo, é possível identificar certos perfis dos alunos extensionistas, relacionados ao tipo de motivação que impulsionam uma pessoa a agir e que, de alguma forma podem, estar ligados à definição do curso de graduação ao qual pertencem. Para Botomé (1996) a atuação do aluno na sociedade pode ser de um tipo ou de outro conforme as características do ensino que recebe (ou a que foi submetido) na Universidade. As pessoas aprendem a transformar conhecimento e informação em comportamentos. É através do ensino que muitas pessoas aprendem a utilizar o conhecimento para agir de formas específicas quando se defrontam com determinadas circunstâncias na realidade social onde vivem. Botomé ainda salienta que: Em lugar de ser “mão”, “tripé”, “via” ou “estrada”, é melhor que a extensão seja definida, não por metáforas que dão uma idéia vaga, provocando envolvimento emocional e impacto social, mas pelas propriedades essenciais ou, pelo menos, mais importantes do conceito. Parece ser mais significativo definila como parte inerente da pesquisa e do ensino conforme já foi proposto por vários autores (Gurgel, 1986). O acesso ao conhecimento que a universidade produz e domina deve ser o aspecto mais importante para orientar os trabalhos que possam ser feitos sob o rótulo de “extensão”. Tal acesso, porém, deve ser considerada uma característica do ensino (para o ensino ser meio de acesso ao conhecimento ele próprio precisa ser acessível a todos) e uma etapa inerente ao próprio processo de produção de conhecimento (pesquisar). (1996, p.181) . Hipótese Independentemente das proposições da Instituição quanto à extensão, é a partir da inserção e atuação do aluno que se manifestam o tríplice caráter motivacional: filantrópico, profissional e militância política. . Metodologia Quanto à forma de abordagem: Pretendese usar a pesquisa de opinião com vistas às motivações dos agentes envolvidos em programas de extensão. . Quanto aos sujeitos:.
(22) 20 . Os sujeitos desta pesquisa são alunos de dois cursos da universidade em questão, gestores de projetos de extensão e o Próreitor de extensão. . Quanto à coleta de materiais : Entrevista semiestruturada: que servirá de ferramenta não apenas para coleta de dados, mas também com objetivos voltados para análise e orientação. A opção pela aplicação da técnica de entrevista semiestruturada se justifica pela necessidade de captar os relatos da história vivida dos entrevistados, pois segundo Triviños: A pesquisa semiestruturada parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa, e que, em seguida oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que ser recebem as respostas do informante (1995, p. 146). . Quanto aos critérios utilizados para a seleção dos entrevistados : Os alunos extensionistas foram selecionados de duas formas distintas, pois o programa e ou projeto pesquisados têm características diferentes quanto ao critério de participação dos alunos. . Quanto ao Programa e ao Projeto pesquisado: No P1 (Programa relacionado ao EJA), os entrevistados compõem uma equipe de trabalho 2 , que se mantém durante o percurso e duração do programa, formada por seis pessoas, sendo cinco mulheres e um homem, com idades entre de 19 a 26 anos. As entrevistas se deram no horário e local de atuação dos alunos, mas em uma sala de aula em separado, com a presença apenas do entrevistado e da entrevistadora. No P2 (Projeto relacionado ao curso de Administração de Empresa), os entrevistados foram selecionados aleatoriamente, sendo que, alguns, faziam parte . 2 . A equipe total de alfabetizadores do Programa é maior, mas estes alfabetizadores trabalham em empresas ou instituições que estão fora do espaço físico da Universidade, e não foram contemplados nesta escolha dos sujeitos..
(23) 21 . de equipes 3 de trabalhos diferentes, num total de sete pessoas, três homens e quatro mulheres, com idades entre 18 e 28 anos. As entrevistas se deram no horário de aula e em sala de aula, pois os alunos estavam fazendo a apresentação final de seus trabalhos para as outras equipes. . Os procedimentos metodológicos foram realizados em seis fases distintas, a saber: 1. Levantamento do quadro teórico pela literatura bibliográfica, elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente em livros, artigos de periódicos especializados, jornais e revistas nos últimos cinco anos e material disponibilizado pela Internet 2. Identificação e reconhecimento do que é extensão universitária no âmbito do Ensino Nacional; 3. Identificação e reconhecimento da extensão universitária na universidade pesquisada; 4. Entrevista com o Próreitor de assuntos comunitários, gestores e alunos; 5. Análise dos dados primários e secundários recolhidos na pesquisa; 6. Interpretação referencial. . O movimento de análise das entrevistas A temática desta pesquisa se refere a estabelecer relações entre o institucional e o pessoal, a partir das teorias e práticas estabelecidas na extensão universitária, e que são contextualizadas no espaço de uma determinada instituição de ensino superior, da rede privada, do Estado de São Paulo. O objetivo desta pesquisa é, através da explicitação da política institucional de Extensão Universitária na universidade pesquisada, comparar e analisar as motivações pessoais e o perfil psicossocial de cada aluno extensionista, observando como estes se relacionam, por meio da extensão, com o ensino, com a pesquisa e com as próprias políticas institucionais. . 3 . O referido programa de extensão é desenvolvido também em sala de aula e, as classes por serem numerosas, em cursos de Administração de Empresas, tem o contingente de alunos dividido em várias equipes de trabalho. No caso desta sala eram 10 equipes..
(24) 22 . A partir destas questões norteadoras, a análise das entrevistas feitas com gestores e alunos foi referenciada teoricamente. O movimento de análise foi: “a partir da explicitação dos significados, elaborar as categorias. Estas foram agrupadas aos temas referidos. Para discutir os temas, voltouse às categorias e, na redação final, foram utilizados trechos dos depoimentos para dar suporte às interpretações” (Szymanky, 2002, p.81). Utilizouse, como procedimento metodológico de análise: tomar o conjunto de informações recolhidas junto aos entrevistados e organizálas; primeiramente, nas três grandes categorias 4 . Os temas finais foram gerados por estas categorias. Cada uma destas categorias tem o seu objetivo, a seguir a descrição: . 1. Política Institucional: Tem como objetivo relacionar políticas e conceitos sobre Extensão Universitária que qualificam os procedimentos adotados e identificar a política institucional de Extensão Universitária da universidade pesquisada. . 2. Extensão, pesquisa e ensino: Tem como objetivo à contextualização do tripé: ensino, pesquisa e extensão, sua indissociabilidade, as metodologias e práticas utilizadas na execução dos programas pesquisados. . 3. Motivações: Tem como objetivo interpretar as motivações que os participantes dos programas vivenciam e identificam na elaboração e construção do trabalho extensionista, e como estas se relacionam com o ensino, com a pesquisa e com as suas realizações pessoais. . Sobre a análise das categorias: As categorias propostas possibilitam a exploração das várias faces do contexto, onde se apresenta a realidade da trama. . 4 . Derivação: por extensão de sentido. Rubrica: filosofia. em Immanuel Kant (17241804), cada um dos conceitos fundamentais do entendimento puro (unidade, pluralidade, totalidade etc.), que são formas a priori capazes de constituir os objetos do conhecimento.[Dicionário Houaiss].
(25) 23 . Mas, para que a análise traga à tona a realidade fezse necessário que as perguntas fossem intercaladas, independentes de sua categoria, evidenciando assim a interdependência com o contexto e viabilizando a comparação entre a teoria e a prática, gerando assim temas de análise para as comparações. O procedimento adotado para a análise será de: organizadas as falas dos entrevistados, considerar os significados destes depoimentos, a partir de momentos dos discursos, tendo como fundamentação o referencial teórico adotado, autores que compõem um quadro crítico na elaboração dos raciocínios. A expressão da compreensão do discurso do entrevistado tem um caráter descritivo e de síntese da informação recebida (Szymanky, 2002). Para que, as relações de comparação possam ser exploradas, adotouse a seguinte forma de exposição: Ø . Apresentação de um diagrama que permita a interpretação prévia da . interligação feita entre as perguntas. Ø . Apresentação de quadros comparativos, que são compostos pela . pergunta e pela síntese da sua resposta, sendo, alguns de depoimentos dados por gestoras dos programas e outros de depoimentos dados por alunos. Ø . Intercalar estes quadros, na medida em que as categorias se interligam . e seguir uma linha de análise referente ao tema gerado. Ø . Contextualizar, na análise dos temas, momentos do discurso do Pró . reitor de extensão e assuntos comunitários, na medida em que se façam necessários, diante do assunto em questão. As categorias serão temas dos capítulos III, IV e V. O roteiro das perguntas feitas nas entrevistas com os extensionistas, encontrase no apêndice 2..
(26) 24 . Capítulo I.
(27) 25 . CAPÍTULO I EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA . 1.1. Políticas e Conceitos . A extensão universitária pressupõe uma ação junto à comunidade, disponibilizando ao público externo à Instituição o conhecimento adquirido com o ensino e a pesquisa desenvolvidos na Universidade. Essa ação produz aum novo conhecimento a ser trabalhado e articulado; assim a extensão seria o elemento de ligação entre a instituição de ensino superior e a sociedade em que se insere. Gurgel (1986) procurou delinear a forma como a extensão universitária surgiu no país e sua evolução no contexto das instituições de ensino superior, o autor indica que há duas vertentes para a concepção da extensão: “(1) a das universidades populares da Europa no século XIX (aproximação com a população para ilustrála), que surgiu como resultado do esforço autônomo dos intelectuais, e (2) a das universidades americanas (orientada pela idéia da prestação de serviços), gerada pela iniciativa oficial de instituições” (Gurgel, 1986, p.3271). Em uma vertente predomina a ênfase “culturalista”, no sentido de “ilustrar o homem ignorante”, colocandoo em contato com o “saber”, com a “cultura, com aquilo que a Universidade tem ou domina. A segunda vertente tem uma orientação mais voltada para a utilização do conhecimento (do “saber” e da “cultura”) na própria atividade social e diária das pessoas. Botomé observa: “As duas vertentes vão combinarse de formas variadas para compor a experiência da extensão universitária nas mais variadas instituições da América Latina”. (1996, p. 52) A extensão universitária na realidade brasileira tem suas origens, influências, vinculações políticas e suas implicações. Silva argumenta que: . A extensão, no Brasil, foi percebida: como um modo de comunicar as realizações do ensino e da pesquisa à população e, quando possível, ajudála a enfrentar suas carências: como forma de dar respostas a todas as demandas que viessem de fora da universidade; como um meio de fazer a integração de.
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