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Tendo em conta a informação adquirida nas visitas aos reservatórios e preenchimento das fichas e verificação aos reservatórios, assim como o estudo das avarias ocorridas durante o ano de 2016 foi possível identificar vulnerabilidades. Estas vulnerabilidades podem desenvolver-se em ameaças em determinadas situações.

4.2.2.1 Subsistema de General Torres

Na tabela 9 estão apresentadas as vulnerabilidades identificadas no reservatório de General Torres. Tabela 9 - Vulnerabilidades do subsistema de General Torres

Processo Vulnerabilidades identificadas

Reservatório

Inexistência de câmaras de vigilância Acesso não controlado ao público

Falta de limpeza da instalação Existência de um acesso a partir da estrada

Existências de barreiras de fácil remoção Existências de equipamentos e estrutura degradados

Existência de um acesso a partir da estrada Falta de sinalização no controlo de pragas Inexistência de um plano de segurança/prevenção a

ataques externos

Pode-se verificar que as principais vulnerabilidades associadas ao reservatório de General Torres estão relacionadas com os acessos à instalação.

A presença do parque de estacionamento no recinto do reservatório, sem qualquer controlo e entrada de veículos, facilita o acesso à população que pode apresentar como uma ameaça a um ataque externo. A presença não controlada de pessoas num reservatório permite estudar o local e a realização de atividades que possam danificar o sistema de abastecimento de água.

A limpeza do interior o reservatório é bastante deficiente (figura 22), sendo constatada falta de manutenção do espaço desde o final de 2016. Esta falha deve-se ao facto de ainda não se ter realizado o concurso para atribuição de empresa responsável pela manutenção do espaço dos reservatórios. Apesar da limpeza não ser uma ameaça a um ataque externo, indica a falta de presença de pessoal responsável.

Contatou-se ainda, entre a primeira e segunda fiscalização, um vidro partido (figura 23), que não foi reparado, até à altura da terceira fiscalização. Isto demonstra a vulnerabilidade do local a uma ameaça externa, pois não há controlo de acesso nem manutenção do local.

Na terceira visita constatou-se a rotura de uma das barreiras de contenção das células dos reservatórios. Isto permitiu a acumulação de poeiras e matéria orgânica na superfície da água que abastece a população (figura 22).

Verificou-se uma ligação do interior do reservatório ao exterior (figura 23).

Esta ligação serve para manutenção da adutora que alimenta do reservatório, tendo uma extensão de aproximadamente 500 metros. Apesar de esta passagem se apresentar uma vulnerabilidade, visto permitir o acesso não autorizado para o interior do reservatório, o acesso à rua se encontra selado, cuja localização seja desconhecida para muitos trabalhadores da própria EG.

Figura 22 - Partículas suspensas na água em reserva.

Figura 21 - Vidro partido no reservatório de General Torres

Figura 20 - Interior da instalação do R19.

Figura 23 - Passagem para manutenção da adutora.

4.2.2.2 Subsistema Monte Grande

Na tabela 10 estão apresentadas as vulnerabilidades do reservatório e da respetiva rede de distribuição pertencentes ao subsistema de Monte Grande.

Tabela 10 - Vulnerabilidades do subsistema de Monte Grande.

Objeto de estudo Vulnerabilidades identificadas

Reservatório

Acesso facilitado à instalação do reservatório Sem vigilância permanente da instalação Sem controlo de acessos após o término do turno do

trabalhador.

Falta de limpeza da instalação

Falta de barreiras que impeçam o acesso direto ao reservatório

Falta de sinalização no controlo de pragas Inexistência de um plano de segurança/prevenção a

ataques externos

O reservatório de Monte Grande é aquele que apresenta vulnerabilidades de menor impacto. O acesso facilitado à instalação deve-se à sua localização, na face de uma estrada principal, e aos muros cuja altura não chega a 1 metro. Para além disso este reservatório apresenta condições de limpeza bastante deficientes, constatadas ao longo das fiscalizações, mesmo havendo presença de trabalhadores durante o regime laboral.

Apesar de não haver presença de indicadores de ameaça terrorista, existem vulnerabilidades que devem ser colmatadas para uma melhoria do funcionamento do reservatório.

4.2.2.3 Subsistema da Rasa

Na tabela 11 estão apresentadas as vulnerabilidades identificadas no subsistema da Rasa. Tabela 11 - Vulnerabilidades do subsistema do abastecimento da Rasa.

Processo Vulnerabilidades identificadas

Reservatório

A videovigilância não está funcional Fácil entrada de pessoas não identificadas

Inexistência de alarmes de intrusão nos reservatórios fechados

Falta de limpeza da instalação

Falta de barreiras que impeçam o acesso direto ao reservatório

Existências de equipamentos e estrutura degradados Falta de sinalização no controlo de pragas Inexistência de um plano de segurança/prevenção a

ataques externos

Este subsistema tem uma elevada importância, visto apresentar três reservatórios, em que um deles abastece diretamente a população e outro alimenta outros reservatórios da zona da orla costeira. Devido à existência de um estaleiro no recinto dos reservatórios, há permanência de trabalhadores no local, assim como a existência de câmaras de vigilância, mas que não registam gravação continua.

Durante as fiscalizações verificou-se o armazenamento de material e ferramentas no interior de um reservatório (figura 27). Para além disso, constatou-se o armazenamento não autorizado de substâncias químicas, aquando a higienização dos reservatórios (figura 26).

4.2.2.4 Vulnerabilidades na rede de distribuição

Foram identificadas diversas vulnerabilidades na rede de distribuição, sendo todas constatadas nos três subsistemas em estudo: General Torres, Monte Grande e Rasa.

As vulnerabilidades identificadas são as seguintes:

 Raramente realizados registos de causas, apenas registo de qual incidente (tubo partido, válvula danificada). Apenas é realizado o registo se a avaria é provocada, isto é, se é uma consequência de trabalhos na rede (como obras na via pública).

 Não há identificação de zonas sensíveis. Apesar de haver um registo do local da avaria não é realizado um estudo sobre se a zona apresenta maior sensibilidade, à priori de avarias de severidade agravada.

 Inexistência do projeto do sistema de distribuição atual. Os registos existentes da rede de distribuição atual não se encontram de acordo com a atualidade.

 Não há registo de captações privadas que possam estar ligadas à rede pública; Figura 25 - Escada de acesso a reservatórios e

câmara de vigilância. Figura 24 - Estaleiro da Rasa.

Figura 26 - Armazenamento de químicos não autorizado. Figura 27 - Material inapropriado no

 Inexistência de válvulas antirretorno entre a rede predial e a rede pública. Este equipamento permite que não haja entrada da água da rede predial para a rede pública, e dispersão dessa água para outros consumidores.

 Fácil acesso a condutas e caixas de controlo de qualidade da água.

Apesar destas vulnerabilidades se aplicarem aos três subsistemas, é verificado uma maior fragilidade do subsistema da Rasa, como se pode comprovar pelo maior número de ocorrências em 2016.

A partir dos dados cedidos pela Águas de Gaia EM,SA e sua transposição para coordenadas geográficas foi possível obter um mapa (figura 28) que represente geograficamente as avarias, ocorridas durante o ano de 2016, nos três subsistemas em estudo.

Figura 28 - Representação geográfica de ocorrências nos subsistemas em estudo.

É possível observar o maior número de ocorrências no subsistema da Rasa, sendo várias delas com grande proximidade e com situações de avarias em diferentes alturas do ano, indicando a existência de fragilidades na zona. A reparação é realizada no local sem um levantamento das condições na zona envolvente da avaria, não havendo aplicação de medidas de prevenção de incidentes.

As avarias que ocorrem na zona da Rasa devem-se à antiguidade da rede falta de manutenção, que leva a um maior aparecimento de avarias nesta zona. Para além disso, este subsistema apresenta uma maior extensão, sendo o investimento necessário para a manutenção da rede maior, sendo dada prioridade de ação noutros locais.

Foram registados casos de alteração da qualidade da água da rede pública, por refluxo de água proveniente da rede predial. Isto deve-se ao facto de a água da rede predial apresentar uma pressão superior à da rede pública, fazendo com que esta entre na distribuição. Estes casos estão relacionados com a presença de piscinas ou captações de água que estão ligadas á rede pública sem presença de válvulas antirretorno.

Pelo “Regulamento dos Sistemas Públicos e Prediais de Abastecimento de Água e de Drenagem e Tratamento de Águas Residuais do Município de Vila Nova de Gaia” as captações privadas devem apresentar a sua própria canalização, independente da canalização que faz ligação à rede pública

Desde 2013 é obrigatória a comunicação de captações privadas à APA, mas que devia ser comunicada à EG, de forma a haver uma identificação dos clientes que possam ter uma única canalização para a rede pública e da captação, que pode levar ao refluxo.

Os casos de refluxo que ocorreram na Águas de Gaia são por negligência da população, sendo apenas detetados por reclamações de clientes que são abastecidos com água de qualidade alterada devido ao refluxo. Não sendo possível descobrir o local de origem de refluxo a solução encontrada foi a aplicação de válvulas antirretorno na rede, apenas onde surgiram esses casos. Outra vulnerabilidade associada aos refluxos deve-se à falta de registo de ocorrências de refluxo, de forma a identificar com que frequência estes acontecem na rede de abastecimento.

4.2.2.5 Vulnerabilidades da telegestão

A telegestão apresenta as mesmas vulnerabilidades que um sistema informático. O acesso de alguém externo é possível, não sendo um sistema 100% seguro de ataques informáticos.

Esta tecnologia não apresenta instalado um network watcher, que permite a identificação dos servidores que tem acesso à rede de telegestão. Apesar disso, este sistema apresenta uma criptografia na ordem de 256bits, que traduz a alta segurança do sistema, levando dias até alguém conseguir ter acesso aos dados da rede. O facto do sistema apenas comunicar entre cada ponto e o centro de comandos, não permitindo a troca de informação entre os diferentes pontos da rede, tornam este sistema mais seguro.

É importante referir que um ataque à rede de telegestão não implica a criação de danos com impacto na empresa, visto este ser um serviço para aquisição de dados e de disparo de alarme, estando a gestão remota muito limitada.

Um cenário possível seria, um ataque informático a este sistema poderia ter como finalidade obtenção de informação para auxilio a um ataque físico, como desativação de alarmes.

Outro cenário possível, mas com probabilidade muito reduzida, seria a alteração do set-point de cloro nos reservatórios que permitir-se a injeção continua de cloro sem disparo de alarmes. Isto faria com que houvesse possibilidade de abastecimento de água à população com incumprimento do parâmetro do cloro, podendo ser tóxico para a população.

Apesar dos cenários possíveis de ataque, a tecnologia de telegestão instalada nas Águas de Gaia, EM, SA entrou num concurso para um projeto a nível europeu de segurança antiterrorismo. Como reconhecimento da segurança do sistema instalado, foi possível chegar à fase final do mesmo concurso, perdendo para a tecnologia da Airbus.

4.2.2.6 Vulnerabilidades e a ameaça a ataques externos

As vulnerabilidades identificadas indicam que existe uma maior fragilidade do sistema a um ataque externo. Menor será o esforço realizado pelo autor para criar consequências mais severas, comparativamente, a um local que sofra o mesmo grau de ameaça, mas que não apresente vulnerabilidades.

O reservatório de General Torres apresentando um acesso facilitado a pessoas externas à sua instalação, aumenta a vulnerabilidade do local e tornando o local mais frágil a um ataque externo, comparativamente a um reservatório cuja acessibilidade não é permitida à população.

Estes reservatórios, abastecendo as zonas mais populosas do concelho, em caso de um ataque ao reservatório, faz com que seja possível em pouco tempo afetar um elevado número de pessoas. Caso seja adicionado ao reservatório uma substância, cuja baixa concentração consiga ser tóxica para o consumidor, isto pode afetar grande parte da população rapidamente sem ser detetado pela EG. Uma situação destas para além de causar vitimas, criar pânico e receio em consumir a água distribuída, cumprindo o propósito de um ataque terrorista.

No caso de entrada de água para a rede pública por refluxo é algo que acontece por negligência, mas que pode ser provocado. O autor de um ataque pode injetar na rede pública, água com uma substância que torne a água imprópria para consumo humano, sem deteção pela parte da EG. As vulnerabilidades identificadas não identificam a presença de indicadores de ameaça terrorista, mas que em caso de uma vontade para tal estão identificadas as fragilidades da EG, que devem ser minimizadas de forma a diminuir a possibilidade de poder ocorrer um atentado.

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