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Idoso: dificuldades em uma tarefa motora com bola

No documento livro ceam 2009 (páginas 76-86)

Autora: Flávia Maria Roquette Ferreira Orientador: Elke dos Santos Lima

Resumo

Quando se trata do tema envelhecimento, muito se fala sobre a redução nas capacidades fisiológicas dos idosos, mas pouco da coordenação motora, que é um dos fatores fundamentais para uma vida diária normal. Na velhice a dificuldade de realizar tarefas motoras fica evidente e o mundo moderno torna-se uma ameaça para o idoso. O objetivo desse estudo foi comparar o desempenho em tarefas motoras com bola de pessoas com idade entre 20 e 35 anos (jovens) e com idade entre 60 e 75 anos (idosos) e relatar quais foram as dificuldades encontradas em cada tarefa pelo grupo de idosos. Participaram desse estudo 36 sujeitos, sendo 18 jovens e 18 idosos praticantes de atividade física regular. A tarefa motora consistiu em realizar lançamentos e recuperações de bola em cinco níveis de dificuldade. Os resultados destacaram que em quatro das cinco tarefas motoras houve diferenças significativas entre os dois grupos, sendo que o grupo de jovens apresentou melhor desempenho do que o grupo de idosos, devido a sua maior capacidade de assimilar os comandos dados, e nem tanto pelo desempenho motor. Esse resultado indica que as diferenças observadas entre as faixas etárias estudadas encontra-se principalmente na diminuição da capacidade de processamento de informação, ao invés do que na diminuição da coordenação motora e em menor consciência temporal.

Termos-chave: Idoso, tarefa motora, limitações motoras, processamento de informações Introdução

A Lei nº 10.741/03 instituiu o Estatuto do Idoso, e em seu artigo 1º, regula os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. Para a Organização Mundial de Saúde é considerado como idoso, o indivíduo que tem entre 61 e 75 anos de idade. Entretanto, cada vez mais as pessoas vêm se conscientizando de que adotar um estilo de vida saudável pode aumentar a expectativa de vida. Este fato tem sido expressado nas estatísticas dos últimos anos da população idosa no Brasil. Em 1970 a população idosa brasileira era de apenas 5,1%, dez anos depois já chegava a 6,1%, em 1990 foi para 7,2%, em 2000 chegou em 8,6% (cerca de 14 milhões, dados do Censo 2000). Projeções demográficas indicam que este número poderá ultrapassar, nos próximos 25 anos, a marca dos 30 milhões. Este crescente envelhecimento populacional vem despertando interesse em diversas áreas de estudo e preocupação não só com a quantidade de anos que se vive, mas essencialmente com a qualidade de vida com o avançar da idade.

A velhice é um período de declínio caracterizado por dois aspectos: a senescência (período em que os declínios físico e mental são lentos e graduais, ocorrendo em alguns indivíduos na casa dos 50 e em outros, depois dos 50 anos) e a senilidade (fase do envelhecer em que o declínio físico é mais acentuado e é acompanhado da desorganização mental, algumas pessoas se tornam senis relativamente jovens, outras antes dos 70 anos; outras, porém, nunca ficam senis, pois são capazes de se dedicar a atividades criativas que lhes conservam a lucidez até a morte).

Okuma (1999) coloca que a deterioração dos parâmetros físicos como força muscular, resistência muscular, equilíbrio, flexibilidade, agilidade e coordenação, leva à limitação funcional que ocasionará dependência física. Se os parâmetros físicos declinarem abaixo do nível requerido para a realização das atividades da vida diária, como cuidados pessoais básicos, como se vestir, banhar-se, levantar-se da cama e sentar-se numa cadeira, utilizar o banheiro, comer e caminhar, isto resultará em dependência funcional, influenciando assim na qualidade de vida dos idosos. Para Rosa (1993), alguns aspectos mais visíveis do processo de envelhecimento são as rugas, os cabelos brancos, a redução da capacidade de locomoção, a redução da força física e a falta de firmeza nas mãos e pernas, além de as funções sensoriais serem as mais afetadas pelo processo de envelhecimento.

Sabe-se que o processo de envelhecimento é acompanhado por uma série de alterações fisiológicas ocorridas no organismo bem como pelo surgimento de doenças crônico- degenerativas advindas de hábitos de vida inadequados (tabagismos, ingestão alimentar incorreta, tipo de atividades laboral, ausência de atividades física regular, etc.).

Muitos estudos (Mazo et al., 2007, Ricci et al., 2005, Rosa et al., 2003, Ruwer et al., 2005, Silva et al., 2008, Teixeira, 2006) dão ênfase ao declínio de desempenho devido ao envelhecimento, à redução nas capacidades fisiológicas dos idosos e as dificuldades da vida diária dos idosos, porém, pouco se fala sobre a preservação das capacidades funcionais e da coordenação motora dos idosos, que é um dos fatores fundamentais para uma vida diária normal. Na velhice a dificuldade de realizar tarefas fica evidente, o mundo torna-se uma ameaça para o idoso. Porém, a cada ano que passa é possível ver cada vez mais idosos realizando atividades diárias com significante facilidade. Antigamente pessoas com idade entre 60 e 75 anos eram consideradas velhas e debilitadas, hoje, vemos uma nova classe de pessoas surgir, os novos idosos.

Nesta faixa etária observamos grupos com idades superiores a 60 anos apresentarem uma vida ativa, sem limitações quaisquer e independente. Coutrim (2006) relata que a cada dia novas pesquisas revelam que uma parcela considerável dos idosos possui condições de trabalhar e efetivamente o fazem, levando uma vida de trabalhador que os deixam totalmente

inseridos na vida familiar e por tanto, longe da segregação. Além do trabalho, existem muitas atividades direcionadas à terceira idade, como pintura, cursos de bordado, dança de salão, hidroginástica, jogos, viagens especializadas, cruzeiros e até cursos em universidades destinados a essa população, e por relato dos próprios idosos, até a vida sexual nessa faixa etária é mais ativa que antigamente.

Xavier et al. (2003) descreve que a velhice para alguns é uma etapa de desenvolvimento e satisfação, enquanto que para outros é uma fase negativa da vida, que resulta em depressão, declínios nas capacidades funcionais e fisiológicas e, por conseqüência, dificuldades nas realizações das atividades de vida diária (AVDs). Uma série de fatores ajuda a manutenção das atividades de vida diária e a qualidade de vida positiva, dentre estes fatores estão, segundo Xavier et al. (2003), atividade, renda, vida social, e relação com a família, além de força, o equilíbrio, tempo de reação, cognição, velocidade e coordenação motora que será o tema abordado no estudo. De acordo com Teixeira (2006), coordenação significa ordenar em paralelo, fazer com que os elementos de um sistema atuem de forma cooperativa e sinergística, em busca de um determinado objetivo, para cada um dos atos motores existentes há não apenas a necessidade de coordenar os elementos que constituem o sistema de ação, mas também de selecionar modos específicos e apropriados de coordenação. Para Magill (2000), a coordenação envolve um padrão de movimento do corpo e dos membros que caracteriza o desempenho de uma habilidade. Para adquirir este padrão, o sistema nervoso precisa organizar os elementos de um sistema complexo em meios eficientes e reais para atingir uma determinada meta. A maior parte dos artigos encontrados na área de desenvolvimento motor é sobre criança, lateralidade, aprendizagem motora, não há muitos artigos sobre tarefas motoras para os novos idosos, com idade entre 60 e 75 anos.

É obvio que durante os anos ocorre um declínio não só na capacidade motora das pessoas, como também nos parâmetros antropométricos e funcionais, “de modo geral, foram identificados níveis diferenciados de performance na descrição do arremesso de idosos, alguns padrões de ação na tarefa de levantar do chão foram observados apenas em idosos, e num estudo longitudinal (sete anos), observou-se apenas pequenas mudanças (declínio) de performance na tarefa de subir degraus, de forma que os idosos não modificaram a coordenação da ação apesar de alterar o controle, além de um aumento da variabilidade intertentativas associado com a idade” (Santos et al., 2004 página 40-41). Rogatto e Gobbi (2001), em seu estudo sobre parâmetros antropométricos e funcionais de mulheres jovens e idosas, conclui que apesar do envelhecimento, a prática regular de atividade física pode prevenir a perda de massa muscular, contudo, a capacidade para gerar força parece diminuir com o avanço da idade. Mas qual será o motivo do declínio de desempenho nas tarefas motoras com bola, diminuição da

força com o passar dos anos, dificuldades na cognição, tempo de movimento inadequado? Devido à necessidade de obter maior conhecimento sobre o assunto, já que a população nesta faixa etária está crescendo a cada ano que passa, este estudo tem como objetivo descrever a diferença do desempenho em tarefas motoras com bola de pessoas com idade entre 20 a 35 anos e pessoas com idade entre 60 e 75 anos e explicar quais foram as dificuldades encontradas em cada tarefa pelo grupo de idosos.

Método Participantes

Participaram desse estudo 36 sujeitos, sendo 18 pessoas com idade entre 20 e 35 anos [grupo jovem, GJ (de ambos os sexos com média de idade de 26,41 anos)] e 18 pessoas com idade entre 60 e 75 anos praticantes de atividade física regular [grupo idoso, GI (de ambos os sexos com média de idade de 64,28 anos)].

Equipamento e tarefas

A tarefa motora consistiu em realizar lançamentos e recuperações de uma bola de vôlei em diferentes níveis de dificuldade. O objetivo da tarefa foi recuperar a bola sem deixá-la cair no chão.

Os participantes realizaram o teste em cinco níveis de dificuldade, envolvendo diferentes formas de lançar e recuperar a bola. As tarefas realizadas são descritas a seguir: Tarefa 1:

Com as duas mãos, lançar a bola para cima e recuperá-la sem a deixar cair no chão. Tarefa 2:

Com as duas mãos, lançar a bola para cima, bater uma palma na frente do corpo e uma palma atrás do corpo e recuperar a bola sem a deixar cair no chão.

Tarefa 3:

Com as duas mãos, lançar a bola para cima, bater uma palma na frente do corpo, uma palma atrás do corpo, encostar as duas mãos sobre a coxa e recuperar a bola sem a deixar cair no chão. Tarefa 4:

Com as duas mãos, lançar a bola para cima, executar cinco palmas e recuperar a bola sem a deixar cair no chão.

Tarefa 5:

Com as duas mãos, lançar a bola para cima, encostar a mão no chão e recuperar a bola sem a deixar cair no chão.

Procedimentos

Previamente ao início da sessão de testes, todos os sujeitos preencheram um formulário de consentimento sobre os procedimentos experimentais e um questionário sobre atividades diárias (só para os idosos) e receberam informações pertinentes sobre a tarefa que iriam realizar. Cada participante realizou três tentativas de prática para familiarização da tarefa motora, antes do início de cada condição experimental. Para a condição 5, não eram necessárias as tentativas de prática, desde que o praticante não apresentasse muita dificuldade para a realização da tarefa. Foram avaliadas 3 tentativas.

O experimento foi realizado em um local aberto que dava condições aos participantes realizarem a tarefa. A posição inicial de cada tarefa foi partindo da posição em pé, com uma bola de voleibol na mão, da maneira mais confortável possível.

Análise

Para avaliar os resultados foi atribuído escore de 1 ponto para cada tentativa certa, sendo três acertos, equivalente a 3 pontos, dois acertos, equivalente a 2 pontos, um acerto equivalente a 1 ponto e nenhum acerto equivalente a zero pontos. O teste de significância usado para observar as diferenças entre os grupos foi o teste de diferença entre médias, em todas as análises foi adotado o nível mínimo de significância de 5%.

Resultados

Os resultados do questionário sobre a vida cotidiana dos idosos comprovou que todos levam uma vida ativa. A tabela 1 relata 11 aspectos da vida diária dos idosos. Apenas dois sujeitos moram sozinhos, os demais moram ou com o companheiro ou com os filhos, mas não são dependentes de ninguém. Para o item 3 (Trabalha), todos os participantes que responderam que não trabalham explicaram que estão aposentados, mas que trabalham em casa. Um dado interessante neste questionário é que todos os participantes têm grupos de amigos e muitos deles mantêm uma vida social ativa saindo com seus amigos. Ao responder sobre o item 6 (Senta e levanta com facilidade), todos os participantes do estudo enfatizaram que sim.

De acordo com a Figura 1, pode-se notar que, na tarefa 1 não houve diferenças significativas entre os grupos, ao contrário, os resultados foram exatamente iguais, isso porque se tratava de uma tarefa motora simples que não envolvia muita atenção e coordenação e o participante tinha que se preocupar apenas com a bola. Observou-se que todos os participantes conseguiram realizar a tarefa da condição 1 com sucesso e o resultado entre o grupo jovem e o grupo idoso foi o mesmo.

Tabela 1 – Respostas ao questionário da vida diária dos idosos.

Perguntas Sim Não

1. Mora sozinho 2 16

2. Dirige 16 2

3. Trabalha 13 5

4. Lê regularmente 14 4

5. Pratica atividade física regular 18 0

6. Senta e levanta com facilidade 18 0

7. Tem grupo de amigos 18 0

8. Sai com os amigos 16 2

9. Tem companheiro (a) ou namora 15 3

10. Tem filhos 17 1

11. Tem netos 15 3

Figura 1 – Frequência média de acertos dos dois grupos para as cinco tarefas experimentais.

Na tarefa 2 houve diferença significativa entre os grupos com t=-4,63, p < 0,05 . O resultado demonstrou que o grupo dos jovens foi melhor significativamente do que o grupo dos idosos na tarefa 2, apesar de a tarefa 2 representar aos idosos a segunda melhor média de desempenho. Nesta condição experimental, o nível de dificuldade aumentou, a tarefa ficou mais complexa. Além de o participante se preocupar com a bola ele precisava realizar dois tipos de movimento (bater uma palma à frente do corpo e uma atrás) antes de pegar a bola. Nas tentativas de treino e válidas ficou notável que a dificuldade do grupo de idosos era transformar a informação adquirida em ação (muitos dos participantes desse grupo batiam primeiro a palma atrás do corpo, para depois bater a mão à frente do corpo, invertendo a ordem da tarefa e resultando no erro do movimento).

Como a tarefa 3 já apresentava um certo grau de dificuldade, podemos notar na figura 1 diferença significativa entre os grupos, com t= -5,92, p < 0,05. A terceira condição experimental foi composta por cinco elementos: lançar a bola, bater uma palma na frente do corpo, bater uma palma atrás do corpo, encostar as duas mãos sobre a coxa e recuperar a bola. Nessa tarefa, a grande dificuldade observada no grupo dos idosos foi o processamento das informações sobre a tarefa. Muitos dos idosos não conseguiram acertar a seqüência de acontecimentos da tarefa, outros não conseguiam lançar a bola de forma correta, outros não conseguiam recuperar a bola e outros não conseguiram criar o tempo necessário entre o lançamento da bola e a recuperação para realizar todos os movimentos necessários. Nessa tarefa, o grupo de jovens também apresentou algumas dificuldades, mas todos realizaram a tarefa mais facilmente que os indivíduos do grupo dos idosos.

A tarefa 4 requeria grande velocidade dos participantes, pois continha um número elevado de ações a ser feita durante o lançamento da bola. Assim, apesar desta tarefa ser a que resultou nas menores médias dos dois grupos, pôde-se diagnosticar diferenças significativas entre os grupos, com t = -5,34, p < 0,05. Esta quarta condição experimental envolvia o fator tempo mais que qualquer outro, nela, entre o lançamento da bola e a recuperação da mesma os participantes tinha que realizar cinco palmas. Aqui a grande dificuldade de ambos os grupos foi calcular a altura da bola para o tempo de movimento necessário. O grupo dos jovens apresentou, nesta tarefa, um número grande de erros, mas para muitos participantes do grupo dos idosos, não conseguiram acerto algum.

Por último, na tarefa 5, a grande dificuldade do grupos dos idosos foi conseguir olhar para bola enquanto tocava o chão. Aqui houve a maior diferença significativa entre os grupos entre todas as tarefas, com t = -6,53, p < 0,05. Ficou visível durante os testes que a diferença entre os dois grupos foi que os jovens perceberam que para conseguir realizar esta tarefa era preciso manter contato visual com a bola, já o grupo dos idosos não apresentaram a mesma percepção. A tarefa 5 não foi diferenciada pela queda de força dos idosos e sim pela falta de percepção no que poderia ser feito para conseguir realizá-la. A última condição experimental requeria dos participantes contato visual com a bola, noção de tempo e força de quadríceps. Nessa condição era esperado que o grupo de idosos não a realizasse por falta de força na musculatura do quadríceps, mas na verdade a grande dificuldade para esse grupo foi entender que para conseguir recuperar a bola era necessário manter o contato dos olhos na mesma. Apesar da dificuldade de ter que abaixar e levantar, foi surpreendente o desempenho do grupo dos idosos, pois muitos conseguiram bons resultados nessa atividade e demonstraram grande disposição para sua prática.

Discussão

Com todos esses resultados, é importante destacar que um dos fatores que foram fundamentais na hora da realização das tarefas foi a capacidade do processamento de informações de ambos os grupos. Teixeira (2006) descreve que o controle de um ato motor, qualquer que seja ele, consiste em regular simultaneamente algumas centenas de músculos, que desempenham funções distintas em uma determinada tarefa motora. Aparentemente, em vista aos resultados, a capacidade de processamento de informação para a realização de um ato motor é prejudicada com o envelhecimento. Oliveira et al. (2006) relatam que fatores educacionais, de saúde e de personalidade, bem como do nível intelectual global e capacidades mentais específicas do individuo, podem contribuir para o declínio gradual das funções cognitivas na senescência e que o domínio cognitivo parece estar associado com a performance das atividades de vida diária.

Em relação ao desempenho nas tarefas de coordenação motora, era obvio que o desempenho dos idosos seria pior que o desempenho dos jovens, mas o motivo da piora no desempenho só apareceu durante os testes, onde o fator cognitivo se sobressaiu mais que qualquer outro. Outro fator importante a destacar é que, de acordo com Teixeira (2006), o declínio de desempenho motor seria determinado de forma seletiva pelo desuso de funções relacionadas ao controle motor no dia-a-dia dos indivíduos idosos, originário da deterioração da capacidade de processamento central de informação e propõe que a taxa de declínio de desempenho sensório-motor durante o envelhecimento é específica à tarefa. Talvez se este estudo tivesse sido realizado com algum grupo atletas idosos em esporte com bola o resultado poderia ter sido diferente.

Em estudos sobre o desempenho motor de idosos, Zisi et al. (2001) demonstraram que, após um programa de prática em atividades motoras, indivíduos idosos apresentaram melhora de desempenho nas tarefas praticadas com regularidade. Silva et al. (2004) relataram não ter encontrado diferença significativa entre o desempenho de indivíduos jovens e idosos em tarefas similares àquelas que os últimos estão habituados a praticar, enquanto que em tarefas não habituais os jovens usualmente levam vantagens. Caromano et al. (2006) em seu estudo sobre a manutenção na prática de exercícios por idosos, reforçaram que o envelhecimento leva a perda gradativa das funções, de modo que simples manutenção é um ganho importante a ser considerado. Santos et al (2004) propõem que, ainda que escassa, a literatura sobre padrões de movimento do idoso tem sugerido que existe uma interação entre a demanda da tarefa e os processos que envolvem o movimento e o desempenho (resultado) propriamente dito, ou seja, uma mudança uma mudança na demanda da tarefa é acompanhada por uma modificação na forma como o movimento é desempenhado.

Hoje, envelhecer bem e atividade física são conceitos fortemente associados. Segundo Mazo et al. (2007), os benefícios provocados pela prática de exercícios físicos por pessoas idosas têm sido estudados pela comunidade científica, destacando aqueles que atuam na melhora da capacidade funcional, equilíbrio, força, coordenação e velocidade de movimento. Okuma (1998) reforça a idéia de que os parques são cada vez mais freqüentados por pessoas maduras, em descontraídas roupas esportivas ou em chamativos paramentos de ginástica, algumas como que a passeio, outras em rigorosas caminhadas. Em academias de ginástica, clube e piscinas, onde antes se viam apenas corpos jovens, magros e bem torneados, já é possível observar senhoras mais arredondadas e macias em alegre convivência com mocinhas exibindo o corpo da moda. Nos horários vespertinos aparecem os homens maduros, com suas barrigas antes chamadas de prosperidade, mas que hoje denotam descuido com a estética e a saúde.

Ainda, Okuma (1998) afirma que os benefícios da atividade física são evidentes igualmente para o domínio das capacidades cognitivas e psicossociais. Reconhece-se sua forte relação com o bem-estar psicológico, comumente indicado por sentimentos de satisfação, felicidade e envolvimento. Sabe-se também que pessoas que estão seguras de que dispõem das

No documento livro ceam 2009 (páginas 76-86)