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Foram inquiridos 71 mestres da pesca local, distribuídos pelas comunidades tal como se pode observar no quadro 19. Comparando o número de inquérit os obtidos com o número de embarcações registadas para a pesca local, em cada uma das comunidades, verifica-se que a amostra para as comunidades do Norte e Centro representam 40% do total e 28% para a comunidade do Sul.

Quadro 19 - Distribuição dos inquéritos aos mestres, por comunidade

Comunidades Total embarcações registadas Nº inquéritos (valor absoluto) Amostra (%)

Norte: Póvoa Varzim e Vila do Conde 45 18 40

Centro: Peniche e Nazaré 82(1) 33 40

Sul: Sines 71 20 28

(1) – Na comunidade do Centro foram contabilizadas apenas as embarcações registadas para a pesca marítima. Excluíram-se 140 embarcações correspondentes à pesca em águas não marítimas e interiores e que exercem a sua actividade na Lagoa de Óbidos.

A amostra recolhida é significativa e permite conclusões assertivas, tendo em conta os objectivos do estudo.

1 – População de Armadores e M estres – Caracterização

A população de armadores e mestres inquiridos do conjunto de 3 comunidades tem uma idade média acima dos 40 anos. A população de Sines tem como média os 50 anos. Sines, Peniche e a Nazaré são as comunidades com os mestres com idades abaixo dos 30 anos de idade. A comunidade de Peniche e Nazaré apresenta, também, a idade máxima com um mestre com 65 anos de idade (Quadro 20).

Quadro 20- Comparação da idade média, mínima e máxima de cada comunidade

Comunidades Idade média Idade mínima Idade M áxima

Norte: Póvoa Varzim e Vila do Conde 46,25 32 60

Centro: Peniche e Nazaré 42,85 23 65

No que respeita à escolaridade dos mestres inquiridos verificaram-se níveis baixos, com uma percentagem muito reduzida, inferior a 6% para os mestres com o 12º ano de escolaridade completo (Gráfico 5).

Gráfico 5 - Nível de escolaridade por comunidade

Verifica-se que os profissionais deste sector iniciam a actividade abaixo dos 18 anos, mais de 80 %. Existe ainda uma pequena percentagem de inquiridos que iniciou a actividade com menos de 14 anos, cerca de 20 % para a Póvoa de Varzim e para Sines. Em Peniche e Nazaré a maioria dos seus profissionais iniciou a actividade ente os 14 e os 18 anos (gráfico 6).

Verifica-se que os mestres inquiridos se encontram a exercer a profissão, na sua maioria, há mais de 20 anos, com destaque para a Póvoa de Varzim e Vila do Conde que tem 60% dos inquiridos a pescar há mais de 30 anos. A população de mestres de Peniche e Nazaré tem uma distribuição por todos os escalões e, portanto, mais equilibrada (gráfico 7).

Gráfico 7 - Tempo de profissão

Quando questionados sobre os motivos que os levaram a ser pescadores (pergunta em que podiam responder a mais de uma opção), os mestres não são unânimes, dividindo-se nas respostas. Verifica-se que em todas as comunidades, apenas entre 10 e 39 % se tornou pescador por ser a sua única opção, sendo o valor mais alto referente à Póvoa de Varzim/ Vila do Conde. Com excepção da Póvoa de Varzim e Vila do Conde, o gosto pela act ividade, dos profissionais inquiridos, é acima de 60% nas outras duas comunidades. M as para estes, 40 %, escolheu a pesca por ser a única opção (gráfico 8).

Gráfico 8 - Razões que levaram ao exercício da profissão da pesca por comunidade

Foi possível apurar que mais de 60% dos inquiridos de todas as comunidades considera os rendiment os como suficientes. Póvoa de Varzim e Vila do Conde e Sines têm uma percentagem inferior a 30 e 40% que considera os rendimentos insuficientes, respectivamente. Verifica-se, também, que uma pequena percentagem de mestres de Peniche e Nazaré não classifica os rendimentos auferidos da mesma maneira, considerando-os desde muito bons a muito maus (Gráfico 9).

Verificou-se que para a maioria dos inquiridos as condições de trabalho são suficientes ou boas, com ênfase para os mestres de Sines, onde mais de 70% responde que são boas. Para uma reduzida percentagem de mestres da Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Peniche e Nazaré as condições de trabalho são muito más e más. Nenhuma comunidade tem inquiridos que considere as condições de trabalho muito boas (Gráfico 10).

Gráfico 10 - Classificação da actividade em relação às condições de trabalho por comunidade

A classificação das comunidades quanto a perspectivas futuras da actividade de pesca que desenvolvem não é positiva, pois apenas os profissionais de Peniche e Nazaré respondem que as perspectivas poderão ser boas ou muito boas, 15 e 3%, respectivamente. 6% dos inquiridos da Póvoa de Varzim e Vila do Conde considera que existem perspectivas boas na pesca, mas no seu todo estes inquiridos não têm a mesma opinião, em que perto de 40% considera que as suas perspectivas são muito más. Em Sines, 60% dos mestres corrobora da opinião de que as perspectivas são más. Apenas 30% dos inquiridos da zona Norte e Centro, e 20% da região do Alentejo considera as perspectivas futuras como suficient es para o desenvolvimento da pesca (gráfico 11).

Gráfico 11 – Classificação da actividade da pesca em relação às perspectivas futuras, por comunidade

2 – Caracterização da Actividade da Pesca

Sines é a comunidade onde 75% dos inquiridos tem a cédula de cont ramestre- pescador. Os restantes 25% encontram-se divididos em categorias como: contramestre e arrais de pesca, com 10% cada e cédula de pescador para 5%, correspondente a 1 inquirido. A comunidade do Norte tem a maioria dos seus profissionais com a cédula de arrais de pesca (mais de 40%) e cerca de 35% com cédulas de categorias superiores (contramestres pescador, contramestre e mestre costeiro, 10%, 10%, 15%, respectivamente). A comunidade da região centro, Peniche e Nazaré, tem a maioria dos seus profissionais da pesca local com categorias de Arrais de pesca e arrais de pesca local, 39% e 46%, respectivamente. Os restantes profissionais dividem-se em categorias de Contramestre, contramestre pescador e pescador (Gráfico 12).

Gráfico 12 - Distribuição das habilitações profissionais da pesca por comunidade

A pergunta sobre as artes de pesca licenciadas tinha a possibilidade de mais de uma resposta, para as seguintes opções: armadilhas, arrastos, redes envolventes, cerco, aparelhos de linhas e anzol, redes de emalhar e outras. Nenhum dos inquiridos possui licença para as artes do cerco e arrasto.

Na distribuição de licenças de artes de pesca verifica-se que t odas as comunidades possuem quase em igual percentagem, acima de 75%, de licença para o uso de armadilhas. M ais de metade das embarcações de todas as regiões tem licença para uso de linhas e anzóis, com o Norte a ter o valor mais baixo e o Sul o mais elevado, 55%, 70% e 75%, respectivamente. O mesmo se passa com as redes de emalhar, com a região Norte a ter o valor mais elevado, e a Sul o valor mais baixo, c, 95%, 75% e 60%. (Gráfico 13).

Gráfico 13 - Distribuição das artes de pesca licenciadas por comunidade

Quando questionados sobre as condições de trabalho no porto que desejaria melhorar as respostas não são unânimes. A comunidade mais a norte deseja outro tipo de condição de trabalho do porto que não as enunciadas, não indicou qual, perto de 70%. Os restantes 30% desejam melhorar as condições de saída do porto. Na zona Centro do país as condições de trabalho que devem ser melhoradas prendem-se na sua maioria com as condições de acostagem, mais de 70%. A Sul, para os inquiridos de Sines, deve ser melhorado um pouco de tudo: porto de abrigo, condições de saída do porto, armazéns de apresto, guinchos de alagem, etc. Contudo quase metade dos inquiridos, mais de 40%, pretende condições melhoradas de acostagem das embarcações melhoradas (Gráfico 14).

3 – Acidentes de Trabalho

Quando questionados sobre a definição de acidente de trabalho, os inquiridos são unânimes na escolha da resposta mais completa e correcta: “ um imprevisto que causa ferimentos ou morte de trabalhadores, durante a faina e/ ou na descarga do pescado (entorse, queda, ferimento ligeiro, fractura de membro, choque eléctrico, queimaduras, etc.)” .

Quando questionados sobre os perigos e causas de acidentes, as respostas dos mestres reflectem a sua opinião ou percepção.

Na comunidade do Norte verifica-se que 90% aponta o estado do mar, a chuva ou vento como principais perigos para os acidentes. Cerca de 40% dos inquiridos aponta o piso escorregadio como perigo para acidentes de trabalho, e todos os out ros perigos referidos: frio, convés desarrumado, deslocação de objectos, projecção de cabos, aperto ou esmagamento, esforço físico ou má manutenção dos equipamentos apresentam valores inferiores a 10% (Gráfico 15).

Gráfico 15 – Causas de acidentes de trabalho – percepção dos mestres da comunidade Norte

A comunidade do Centro aponta, com mais 60% de respostas, para o trabalho repetitivo e a má manutenção dos equipamentos como perigos dos acidentes de trabalho. O estado do mar também tem 40% de possibilidade de ser um perigo

potenciador de acidentes, e o aperto ou esmagamento cerca de 30%. Estes inquiridos apontam ainda para causas como o ritmo de trabalho intenso, cerca de 20%, a chuva ou vento e o esforço físico com menos de 5% de respostas. Com pouco mais de 10% estes mestres deixam em aberto a possibilidade de outras causas não enunciadas. (Gráfico 16).

Gráfico 16 – Causas de acidentes de trabalho – percepção dos mestres da comunidade Centro

A comunidade Sul seleccionou 14 de 17 respostas possíveis como perigos para os acidentes de trabalho. Destas, verifica-se que 4 apresentam valores próximos ou superiores a 70%: estado do mar, esforço físico, aperto ou esmagamento e trabalho repetitivo. O convés desarrumado tem 40% de possibilidade de ser um perigo. Verificou-se que os restantes perigos potenciadores de acidentes têm percentagens inferiores a 25%, e são a má manutenção dos equipamentos, a chuva ou vento, o piso escorregadio, a deslocação de objectos, a projecção de cabos, o frio, calor, etc.

Gráfico 17 – Causas de acidentes de trabalho – percepção dos mestres da comunidade Sul

Questionados sobre acidentes de trabalho, que se recordem, ocorridos durante a faina, 33 inquiridos dizem recordar-se de acidentes na sua embarcação, e 44, cerca de 62%, recorda-se de acidentes noutras embarcações.

Sobre os acidentes ocorridos na embarcação do mestre inquirido, são os trabalhadores remunerados que sofrem o maior número acidentes (62,5% no Norte, 66,7% no Centro e 29,6% no Sul). Os armadores/ mestres também registam acidentes, mas no Norte e Centro apenas com percentagens entre 30 e 40% enquanto no Sul estas são acima de 60%.

Com mais de 90% da faina da pesca local a desenvolver-se durante o dia em todas as comunidades, a ocorrência de acident es de trabalho recordados, quando analisadas todas as comunidades em conjunto, apresenta 73% de ocorrências durant e o dia, contra 27 % durante a noite (gráfico 19). Analisando as comunidades individualmente verifica-se que a Norte se recordam da ocorrência de mais acidentes durante a noite, cerca de 60%, contra mais de 80 % referidos pelas comunidades Centro e Sul (gráfico 20).

Gráfico 19 - Ocorrência de acidentes de trabalho em todas as comunidades (dia ou noite)

De modo geral, todos os mestres tomam as mesmas providências em caso de acidentes, deslocando-se imediatamente para o porto mais próximo e contactando os serviços de emergência ao dispor.

Verificou-se a concordância de todas as comunidades da não existência de turnos de t rabalho.

Questionados sobre os acidentes de trabalho que se recordam, 13 inquiridos não responderam. Os restantes responderam às três perguntas de resposta aberta.

A causa mais relevante motivada pelo agente material do desvio, em todos as comunidades inquiridas, foi a “ D40 - Perda de controlo, t otal ou parcial, de máquina, meio de transporte - equipamento de movimentação, ferramenta manual, objecto, animal” que representa no Norte perto de 85% das ocorrências e 38,1% e 27,3% nas comunidades do Centro e Sul, respectivamente (gráfico 21).

Verifica-se que, nestes casos, os pescadores se encontravam a realizar tarefas de largada ou alagem de redes ou aparelhos de pesca perdendo o controlo do alador ou do guincho.

Gráfico 21 – Causas dos acidentes – Desvio, por comunidade

Legenda:

D20: Desvio por t ransbordo, derrubament o, et c. D30: Rupt ura, arrombament o, queda, et c.

D40: Perda de cont rolo, t ot al ou parcial de máquina, ferrament a manual, et c.

D50: Escorregament o ou hesit ação – com queda, queda de pessoa

D60: M oviment o do corpo não sujeito a const rangiment o físico – lesão externa

D70: M oviment o do corpo sujeit o a const rangiment o físico – lesão interna

D99: Out ro desvio não referido

Fonte: EUROSTAT (2001)

Quanto à análise referente ao contacto que lesionou a vítima verifica-se que as causas principais são de origem mecânica (51,7%). Isto é, o objecto (ferramenta,

instrumento) está em movimento e pode motivar um esmagamento (C30), pancada ou contacto com objecto (C40) ou o agente material cortante, afiado ou duro (C50).

Os acidentes mais expressivos, quanto ao contacto, ocorrem no Sul (C40 – 45,0%) e no Norte (C50 – 57,1%). Na comunidade do Centro as causas dos acidentes por contacto mais expressivos são do tipo C20 (afogamento) e C60 (entalação, esmagamento), estando influenciados pela descrição de 7 acidentes que tiveram como desfecho a morte dos pescadores e por lesões devidas à utilização de equipamentos de alagem de redes ou aparelhos (gráfico 22).

Gráfico 22 – Causas dos acidentes – Contacto – M odalidade da lesão, por comunidade

Legenda:

C10: Contact o com corrent e eléct rica, t emperatura, subst ância perigosa

C20: Afogament o

C30: Esmagament o em moviment o vertical ou horizont al sobre ou cont ra object o imóvel C40: Pancada por object o em moviment o, colisão

C50: Cont act o com agente material cort ante, afiado, duro

C60: Ent alação, esmagamento, etc.

C70: const rangiment o físico do corpo, psíquico C80: M ordedura, pont apé, et c.

C99: Out ro cont act o não referido

Fonte: EUROSTAT (2001)

As principais lesões são “ feridas e lesões superficiais” (L10 – 34,5% do total), “ fracturas” (L20 – 10,3%) e “ deslocações, ent orses e distensões” (L30 – 29,3%). Embora ocorram em todas as comunidades, as lesões do tipo L30, são as mais comuns no Norte (42,9%) e as L10 no Sul (40%). De relevar as lesões L80 na zona centro que se referem a acidentes onde ocorreram mortes por afogamento (29,2%) (gráfico 23).

Gráfico 23 – Consequências – tipo de lesão, por comunidade

Legenda:

L10: Feridas e lesões superficiais L20: Fract uras

L30: Deslocações, entorses e distensões L40: Amput ações (perdas de part es do corpo) L50: Concussões e lesões internas

L60: Queimaduras, escaldaduras, congelação L70: Envenenament o (int oxicações), infecções L80: Afogamento e asfixia

L999: Out ras lesões especificadas

Fonte: EUROSTAT (2001)

As lesões nos membros superiores (P50) são as mais representativas (48,3%), sendo o seu peso semelhante em todos as comunidades (aproximadamente 50%). As lesões nas costas (P30) nas comunidades do Norte montam a 28,6% do total e o afogamento e asfixia, têm aproximadamente mesmo peso pelo (29,2%), pelos motivos já anteriormente referidos (acidentes com a mort e dos acidentados) (Gráfico 24 ).

Gráfico 24 – Consequências – parte do corpo atingida, por comunidade

Legenda:

P10: Cabeça

P20: Pescoço, incluindo espinha e vért ebras do pescoço P30: Cost as, incluindo espinha e vért ebras

P40: Tórax e órgãos t orácicos, não especificados P50: Ext remidades superiores não especificadas P60: Ext remidades inferiores, não especificadas

P70: Corpo inteiro e múlt iplas part es, não especificadas

P80: Afogament o e asfixia

99: Out ras part es do corpo at ingidas, não especificadas

Os acidentes ocorridos durante a faina estão relacionados com as actividades de largar (T5) e alar redes e aparelhos (de anzóis e armadilhas) (T6). Estas duas actividades somam cerca de 63,8% do tal das tarefas.

De realçar, no Sul, a ocorrência de acidentes ao largar e alar as redes e aparelhos que representam em conjunto 70% das actividades específicas que levaram à ocorrência dos acidentes (35% para a T5 e 35% para a T6).

Na região centro, a actividade de alar redes e aparelhos é a circunstância que conduziu à ocorrência de 41,7% dos acidentes (gráfico 25).

Gráfico 25 – Actividade do pescador no momento do acidente, por comunidade

Legenda:

T1: Embarque / desembarque T2: Pont e do leme

T3: M ot or

T4: Preparação de redes / aparelhos T5: Largando redes / aparelhos T6: Alando redes / aparelhos

T7: Preparação do pescado T8: Trabalhos de manutenção T9: Trabalhos no porão T10: Largar ou acost ar T11: Descanso T12: Out ro

Fonte: Chauvin & Le Bouar (2005)

4 - Avaliação e Prevenção de Riscos

Os inquiridos respondem afirmativamente quant o ao seu conheciment o sobre a utilização correcta do equipamento de segurança (100% de respostas afirmativas) e, nestas circunstâncias, também confirmam a ut ilização a bordo e durante a faina do auxiliar de flutuação individual.

Quanto à ut ilização de medidas preventivas de controlo dos sistemas, equipamentos e procedimentos de segurança verifica-se que que apenas 43,7% dispõe de uma lista de verificação a bordo (Gráfico 26). No Norte não são utilizadas as listas de verificação e 80% dos inquiridos do centro dispõem desta lista.

Gráfico 26 – Existência a bordo de lista de verificação dos equipamentos de segurança, por comunidade

Quando questionados sobre a utilização desta lista antes de sair para o mar só 33,8% o confirmam isto é, dos que dispõem de lista de verificação 77,4% é que a utilizam. Na zona Centro a totalidade dos inquiridos afirma usar a lista de verificação quando sai para o mar e, no Sul, essa percent agem reduz-se para 25% (menos de metade dos inquiridos que dizem dispor da lista nesta região).

A grande maioria dos inquiridos confirma que procede à verificação dos equipamentos de segurança (prevenção de incêndios: extintores, bombas de porão, etc.; meios de salvamento: auxiliares de flutuação, balsa, etc.) antes de sair para o mar. No entanto, 27,5% dos inquiridos do Norte dizem não o fazer.

Gráfico 28 – Verificação dos equipamentosde segurança, por comunidade

5 – Análise da Relação de Dependência entre as Actividades e as Lesões

Os acidentes descritos pelos inquiridos ocorreram quando as embarcações se encontravam na faina da pesca (81% das actividades respeitavam à “ preparação de redes / aparelhos” , “ largando de redes / aparelhos” , “ Alando de redes / aparelhos” ou “ preparação pescado” ).

De entre as variáveis analisadas a que se refere à actividade do pescador acidentado é particularmente informativa. Foi cruzada com outras variáveis, como por exemplo, o tipo de lesão.

As tarefas realizadas a bordo de um barco de pesca podem ser divididas em duas categorias principais: tarefas relativa à operação dos apetrechos e equipamentos de pesca (aparelhar a embarcação, lançar e alar redes ou aparelhos), e tarefas

relacionadas com a preparação do pescado (limpeza, escolha e separação). Uma outra categoria inclui as outras tarefas (vigia, manutenção, cozinhar e limpar).

De acordo com os dados recolhidos e como se pode observar no gráfico 29, as actividades de largar e alar de redes e aparelhos podem provocar lesões diversas desde feridas, fracturas, entorses e concussões, sendo igualmente responsáveis por acidentes fatais. A preparação de apetrechos é unicamente causadora de feridas ou entorses.

Gráfico 29 - Correlação entre as actividades dos Pescadores e as lesões sofridas na faina da pesca

A tarefa de alagem das redes e/ ou aparelhos parece ser a mais perigosa representando cerca de 38% dos acidentes relat ados. (segundo Chauvin & Le Bouar, em França, representavam cerca de metade do total de acidentes ocorridos durante a faina) (Chauvin & Le Bouar, 2006).

A correlação existente apresenta-se de forma diferente em cada uma das comunidades analisadas, conforme se observa nos gráficos realizados. Parece

comprovar-se a distinção das percepções dos acidentes existente entre as comunidades consideradas

A correlação entre as actividades desenvolvidas na faina e a parte do corpo lesionada também é muito acentuada

As partes do corpo indicadas como as mais atingidas em consequência dos acidentes são os membros superiores. Em particular, as mãos (49,1%), seguido das lesões no corpo (costas – 17,5% e tórax – 5,3%). A cabeça, incluindo os olhos (5,3%) não é das partes do corpo mais atingidas.

Logicamente as lesões nas extremidades superiores e nas mãos estão relacionadas com tarefas de preparação do pescado mas, as lesões nas costas, decorrentes do trabalho de arrumação e preparação das capturas, também têm um peso importante.

Gráfico 31 - Correlação entre as actividades dos Pescadores e a parte do corpo atingida

O estudo da correlação existente entre as actividades da pesca e a parte do corpo atingida, tem uma apresentação distinta em cada uma das comunidades de pesca, comprovando o modo diferente como os inquiridos percepcionam os acidentes de trabalho descritos.

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