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Capítulo 7 – Relatório do Estudo 2

7.5. Impacto motivacional da prática de orquestra

Nesta secção serão apresentados e debatidos os resultados dos dados recolhidos neste segundo estudo que estão relacionados com o impacto motivacional resultante de tocar em orquestra nos alunos.

Motivação para a aprendizagem do instrumento – Os dados recolhidos neste estudo

parecem indicar que a maioria dos alunos (N=173, 64,3%) ganha motivação para o estudo do instrumento através da prática orquestral (Tabela 96). O impacto motivacional da prática orquestral ao nível do estudo do instrumento é confirmado pela correlação positiva moderada entre a variável IEM e a variável TO-EC (r=.498, com um nível de significância de .000, ρ≤ .001). No entanto, 64 alunos (23,8%) não concordaram nem discordaram dessa ideia, o que pode indicar que estes alunos têm a perceção de que a sua motivação para a aprendizagem instrumental é influenciada por outros fatores (Tabela 95).

Tabela 96 – Motivação para aprender o instrumento

CT CP DP DT NCND

N 78 95 17 15 64

% 29,0% 35,3% 6,3% 5,6% 23,8%

Como é possível observar na Tabela 97, o impacto motivacional que a prática de orquestra tem na aprendizagem do instrumento parece ser tendencialmente maior nos alunos mais novos (10 aos 13 anos), e parece diminuir à medida que se tornam mais velhos.

Tabela 97 – Motivação para aprender o instrumento (por idade) Idade +MotAI 10 3,00 3 11 2,65 3 12 2,49 3 13 2,70 3 14 1,98 2 15 2,27 2 16 2,56 3 17 2,35 2 18 2,00 2 19 1,20 1

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Motivação para aprender música – Outros dados recolhidos neste estudo parecem

indicar que a prática orquestral motiva, de modo geral, os alunos para aprender música (N=189, 70,5%).

Tabela 98 – Motivação para aprender música

Como é possível observar na Tabela 99, a motivação para aprender em resultado da participação em orquestra parece variar de acordo com o tipo de instrumento. É interessante, que os instrumentos onde parece não ocorrer este impacto motivacional, parecem ser os mesmos (praticamente) onde o hábito de estudar partes de orquestra é menos comum, possivelmente em resultado da discrepância entre o desenvolvimento técnico e o nível de desafio do repertório escolhido (Tabela 89). Portanto, estes resultados parecem sugerir que a ausência de desafio adequado parece condicionar também os níveis de motivação para aprender música.

Que tocar em orquestra resulta num ganho motivacional para aprender música é confirmado pela correlação positiva baixa que foi identificada entre a variável +MotM e a variável +MotAI (r=.358, com um nível de significância de .000, ρ≤ .001).

Tabela 99 – Motivação para aprender o instrumento (por idade) Instrumento +MotM

Violino 0,78 1 (sim) Viola de arco 0,95 1 (sim) Violoncelo 0,72 1 (sim) Contrabaixo 0,69 1 (sim) Oboé 0,40 0(não) Flauta 0,44 0(não) Clarinete 0,33 0(não) Fagote 0,50 1 (sim) Saxofone 1,00 1 (sim) Trompa 0,40 0(não) Trompete 0,50 1 (sim) Trombone 0,57 1 (sim) Percussão 0,60 1 (sim) Piano 0,63 1 (sim) Respostas N % Não 79 29,5% Sim 189 70,5%

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Mudança de perspetiva relativamente à aprendizagem musical – Que tocar em

orquestra resulta num ganho motivacional para aprender música é reforçado pela correlação positiva baixa entre a variável +MotM e a variável AlMet (r=.299, com um nível de significância de .000, ρ≤ .001), sugerindo que o impacto motivacional para aprender música se reflete na alteração das metas de aprendizagem. Esta mudança de perceção relativamente à aprendizagem musical é claramente identificada pela grande maioria dos alunos (Tabela 100: N=184, 68,4%; Tabela 101: N=159, 59,1%). O elevado número de alunos que se expressaram de forma neutra nas duas tabelas parece sugerir que, para estes alunos, ou não houve alteração de metas, talvez tendo já metas de aprendizagem mais elevadas, como por exemplo, fazer da música a sua profissão, ou então não veem a prática orquestral como influenciando o modo como eles vêm a aprendizagem musical.

Tabela 100 –Motivação para aprender música (mudança de perspectiva)

CT CP DP DT NCND

N 74 110 10 8 67

% 27,5% 40,9% 3,7% 3,0% 24,9%

Tabela 101 – Motivação para aprender música (metas de aprendizagem)

CT CP DP DT NCND

N 67 92 17 17 76

% 24,9% 34,2% 6,3% 6,3% 28,3%

Esta ideia é ainda reforçada pela correlação positiva e moderada entre a variável IEM e a variável IM (r = .560, com um nível de significância de .000, ρ≤ .001) refletindo o impacto ao nível da identidade musical dos alunos que resulta da participação em orquestra.

7.5.1. As limitações do impacto motivacional da prática de orquestra

Os dados recolhidos neste segundo estudo mostram que apesar da prática orquestral ser uma fonte de motivação para os alunos, o alcance desse impacto motivacional deve ser enquadrado dentro de certos limites, em particular em relação à aprendizagem do instrumento.

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Estudo: instrumento versus orquestra – Os dados recolhidos no estudo 1 pareciam

indicar que alguns alunos manifestam maior motivação para estudar as partes de orquestra do que para estudarem para as aulas individuais de instrumento. Mas, de acordo com os dados recolhidos no estudo 2, a maioria dos alunos parece ter uma perceção diferente. Conforme se pode observar na Tabela 102, um número amplo de alunos indicou ter maior vontade de estudar para o instrumento do que para a orquestra (N=105, 39,1% discordaram da ideia contrária). No entanto, como indicam os números na tabela, não parece haver uma perspetiva consensual relativamente a esta questão, o que legitima, de certa forma, os resultados do primeiro estudo. A correlação positiva baixa entre a variável +MotEO e variável G+O (r=.367, nível de

significância .000, ρ ≤ .001) parece indicar duas coisas: (1) a consistência dos dados e (2) que alguns alunos, de facto, se sentem mais motivados para estudar para orquestra do que para a sua aula de instrumento, mesmo que seja um número relativamente pequeno.

Tabela 102 – Maior motivação para o estudo de orquestra

CT CP DP DT NCND

N 31 53 54 51 80

% 11,5% 19,7% 20,1% 19,0% 29,7%

Aulas: instrumento versus orquestra – Os dados recolhidos neste estudo parecem

indicar que os alunos gostam tendencialmente mais das aulas de instrumento que das aulas de orquestra (Tabelas 103 e 104). O elevado número de respostas neutras nas duas tabelas poderá indicar que um número elevado de alunos gosta da mesma forma das aulas de instrumento como das aulas de orquestra, e não consegue optar entre um e outro.

Tabela 103 – Aulas: instrumento > orquestra

CT CP DP DT NCND

N 46 47 36 24 83

% 19,5% 19,9% 15,3% 10,2% 35,2%

Tabela 104 – Aulas: orquestra > instrumento

CT CP DP DT NCND

N 20 45 37 44 89

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Idade e nível musical – Os dados recolhidos neste estudo parecem indicar que a

prática de orquestra tem um grau de impacto motivacional limitado pela idade e pelo nível musical, conforme parece sugerir a correlação baixa entre a variável ObjCM e a variável G+I (r=.212, com um nível de significância de .001, ρ≤ .001), os alunos mais velhos expressam tendencialmente uma perceção mais positiva em relação às aulas de instrumento do que em relação às aulas de orquestra.