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Impacto social e económico da predação na pecuária

Resumo

O ataque a animais domésticos continua, ainda hoje, a ser o principal problema da conservaço do lobo, exigindo uma complexa abordagem com fortes implicações sociais e económicas. A regio noroeste de Portugal oferece uma oportunidade ideal para realizar uma an{lise abrangente da dimenso socio-económica associada | predaço do lobo, num sistema com v{rias espécies pecu{rias sujeitas a diferentes modos de pastoreio. Com base nas estatísticas oficiais de prejuízos declarados no Noroeste de Portugal entre 1996 e 2005, pretendeu-se efectuar uma an{lise espacial e temporal do impacto de predaço do lobo sobre ungulados domésticos e caracterizar determinados aspectos sociais e económicos associados. Em particular, pretendeu-se responder |s seguintes questões: (1) Qual a intensidade de predaço declarada como sendo de lobo, a nível pecu{rio e económico, sobre as v{rias espécies de ungulados domésticos no Noroeste de Portugal? (2) Qual a variaço temporal e espacial destes par}metros de intensidade de predaço na pecu{ria? (3) Qual o padro geral e sazonal do número de animais atacados por evento de predaço declarado para cada espécie de ungulado doméstico? e finalmente, (4) Qual a dimenso social dos eventos declarados de predaço no gado, ao nível de número de propriet{rios lesados e respectiva incidência de predaço?. Durante o período entre 1996 e 2005 foram declarados por ano, em média, 1,400 ungulados domésticos atacados por lobo, os quais corresponderam a um montante de indemnizaço de 266,934 €/ano. Esta predaço incidiu maioritariamente sobre quatro espécies de ungulados domésticos: caprinos, ovinos, bovinos e equinos. Verificou-se uma marcada diferença entre espécies pecu{rias no que respeita aos valores de impacto social e económico da predaço pelo lobo. A nível regional, registaram-se 16 animais atacados/lobo/ano, e um respectivo valor indemnizado de cerca de 3,000€/lobo/ano, que pode atingir 8,000€/lobo/ano em determinadas {reas no interior do Parque Nacional da Peneda-Gerês. É prov{vel que a magnitude da predaço como causa de morte do efectivo pecu{rio na {rea de estudo se encontre sobrevalorizada uma vez que poder{ exercer um efeito compensatório na incidência de outros factores de mortalidade pecu{ria, como doenças e acidentes. Os propriet{rios lesados representaram 5 a 8% do total de propriet{rios pecu{rios e 1% de toda a comunidade, e somente 10% daqueles foram considerados como cronicamente afectados pela predaço (>2 ataques/ano). Estes valores da dimenso social dos eventos de predaço, assim como o número de animais atacados por evento (média de 2 pequenos ruminantes/ataque), so surpreendentemente reduzidos quando comparados com outras {reas de ocorrência do lobo a nível mundial. Pelo contr{rio, no Noroeste de Portugal o lobo é respons{vel por uma das mais elevadas intensidades de predaço na pecu{ria, e respectivo montante de compensaço pelo Estado descritos na bibliografia consultada. Os resultados obtidos reflectem provavelmente uma estreita e longa convivência desta populaço lupina com uma intensa actividade pecu{ria. A abordagem realizada, de cariz económico e social, tem implicações cruciais para o conhecimento e gesto de um dos maiores desafios que se coloca | conservaço deste predador: a coexistência entre a actividade pecu{ria e populações ameaçadas de lobo.

Palavras-chave: estatísticas oficiais de ataques, impacto da predação sobre gado, indemnização

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7.1 - Introdução

A domesticaço dos animais conduziu a profundas alterações na atitude humana face aos predadores silvestres e, em particular, ao lobo (Boitani, 1995). Durante milénios, a reprodução selectiva reduziu as defesas naturais dos animais domesticados o que, a par com o declínio das populações de ungulados silvestres devido | crescente humanizaço do território, resultou no incremento da predaço do lobo sobre os ungulados domésticos e, consequentemente, do conflito entre o lobo e os interesses humanos (Fritts et al., 2003). Na verdade, a predação sobre o gado tornou-se a principal motivaço para a tentativa de extermínio do lobo, primeiro em grande parte do Velho Mundo, e posteriormente na América do Norte (Young & Goldman, 1944; Lopez, 1978; Boitani, 1995). O ataque a animais domésticos continua, ainda hoje, a ser o principal problema da conservaço do lobo, exigindo uma complexa e variada abordagem com fortes implicações sociais e económicas, como sejam programas de compensaço económica aos sectores pecu{rios afectados, métodos de controlo letal de lobos, ou medidas no letais de prevenço de ataques (ver reviso em Fritts et al., 2003).

A predaço pelo lobo afecta directamente um reduzido número de propriet{rios de gado. Desta forma, representa um custo económico reduzido para a produço da indústria pecu{ria a nível regional ou nacional, embora possa normalmente traduzir-se num custo significativo a nível individual ou local (Muhly & Musiani, 2009). Em particular, nas regiões {ridas e de difícil sustento para os humanos, como na Índia, o impacto económico da predaço pode equivaler a mais de metade do valor médio do rendimento anual familiar (Jhala & Giles, 1991; Mishra, 1997). Para além das evidentes perdas económicas, a própria ameaça ou incidência da predaço gera uma enorme presso emocional e intoler}ncia, principalmente nos produtores de gado que convivem com este carnívoro (Naughton-Treves et al., 2003; Karlsson & Sjöström, 2007; Muhly & Musiani, 2009). Esta

atitude é potenciada essencialmente por três factores: i) aspectos do comportamento predatório, como seja a ocorrência de um número excessivo de animais mortos por ataque que acabam por no ser consumidos (denominadas mortes excessivas ou “surplus killing”); ii) ataque a animais domésticos com uma forte associaço emocional | espécie humana, tais como ces e alguns ungulados de grande porte, como o cavalo; e iii) utilizaço exagerada, tendenciosa e controversa deste tema por parte do público em geral, e dos meios de comunicaço social, em particular (Bekoff, 2001; Fritts et al., 2003; Naughton-Treves et al., 2003; Muhly & Musiani, 2009). Com efeito, a predaço do lobo sobre o gado, ao invés de ser considerada um processo ecológico normal equiparado a outros factores de mortalidade natural, como doenças e acidentes, e que implica medidas de gesto objectivas para a sua minimizaço, conduz frequentemente a situações onde colidem diferentes valores humanos (Boitani, 2003; Fritts et al., 2003). Em consequência deste facto, o engenho e tecnologia humanos foram incapazes, até | data, de resolver este conflito sem recorrer, sobretudo, | tentativa de erradicaço de lobos em {reas com elevado efectivo pecu{rio (Boitani, 2003; Fritts et al., 2003; Ericsson et al., 2004; Harper et al., 2008).

A toler}ncia humana face ao ataque a animais domésticos pelo lobo e a aptido para combater ou atenuar este problema varia entre as diferentes culturas (Boitani, 1995; Fritts et al., 2003). As reacções de maior hostilidade encontram-se na Europa central e setentrional e, reflectindo uma mesma origem dos seus principais colonizadores, na América do Norte (Boitani, 1995; Fritts et al., 2003). De facto, nestas regiões a predaço do lobo na pecu{ria é exageradamente inaceit{vel a nível social e político e tende a comprometer qualquer esforço de conservaço da espécie (Mech, 1995; Naughton-Treves et al., 2003; Povilitis et al., 2006; Bisi et al., 2007). No entanto, a proporção de animais domésticos mortos por predadores é geralmente reduzida uma vez que no existem populações lupinas onde o gado constitua a

130 maior proporço de presas, ou onde o lobo dependa de animais domésticos para sobreviver (ver revisão em Peterson & Ciucci, 2003; Chavez & Gese, 2005). Pelo contr{rio, parece existir uma maior toler}ncia a este problema nas regiões meridionais da Europa e da [sia, onde apesar de os lobos se alimentarem maioritariamente de ungulados domésticos, nunca a espécie foi completamente erradicada e as sociedades rurais adaptaram-se | presença deste predador (Boitani, 1995; Fritts et al., 2003).

A maior parte dos estudos que abordam a intensidade e conflito socio-económico associados | predaço do lobo na pecu{ria centram-se em sistemas agro-pecu{rios dominados pela disponibilidade, muitas vezes sazonal, de uma ou duas espécies de ungulados domésticos, maioritariamente ovinos e bovinos (Fritts et al., 1992; Ciucci & Boitani, 1998; Treves et al., 2002; Peterson & Ciucci, 2003; Francis, 2004; Harper et al., 2005; Gazzola et al., 2007; Muhly & Musiani, 2009). Existe, por isso, uma lacuna no conhecimento do impacto da predaço do lobo em sistemas com v{rias espécies pecu{rias. As características ecológicas e sociais das montanhas do Noroeste de Portugal têm vindo a permitir a sobrevivência de uma populaço est{vel de lobo (Álvares et al., 2000; ver Capítulo 3). Esta populaço sempre coexistiu com um elevado efectivo pecu{rio pastoreado em regime extensivo durante todo o ano, o que se reflecte numa elevada dependência trófica deste carnívoro sobre v{rias espécies de ungulados domésticos ([lvares et al., 2000; Vos, 2000; ver Capítulo 6). Tal facto conduz a um acentuado conflito Homem-lobo nesta regio, o qual justificou uma atenço política para a promoço do controlo letal de lobos desde o século XIII até meados do século XX (Domingues, 2005; Primavera et al., 2007), e resulta, actualmente, numa intensa perseguiço ilegal por parte das comunidades locais ([lvares et al., 2000; ver Capítulo 4). Desta forma, esta regio oferece uma oportunidade ideal para realizar uma an{lise abrangente da dimenso socio-económica associada | predaço do lobo na pecu{ria, assim como da sua incidência predatória face a cada

espécie de ungulado e ao seu modo de pastoreio. Tal abordagem poder{ permitir a obtenço de bases para um correcto maneio do gado para minimizar a predaço do lobo.

Os ataques sobre efectivos pecu{rios atribuíveis ao lobo so indemnizados aos propriet{rios pelo Estado português. Esta medida foi executada desde o início da década de 1970 na {rea do Parque Nacional da Peneda- Gerês (PNPG), e encontra-se desde 1990 a ser aplicada em toda a {rea de ocorrência nacional deste carnívoro. A indemnizaço de animais atacados é realizada ao abrigo da Lei nº90/88 (Lei de Protecço ao Lobo-ibérico), e constitui uma das principais medidas de conservaço do lobo em Portugal (ICN, 2005). Para a sua aplicaço, o Instituto de Conservaço da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) tem a funcionar, para toda a {rea de distribuiço do lobo, um sistema de verificaço e avaliaço no terreno dos ataques | pecu{ria atribuídos a esta espécie que sejam participados pelos propriet{rios de gado, e subsequente atribuiço de uma compensaço económica directa dependendo do cumprimento de v{rios critérios e requisitos predefinidos. Os fundos de compensaço so exclusivamente provenientes de uma linha orçamental do Estado estabelecida anualmente para esse efeito. A concretizaço deste processo é assegurada por uma vasta equipa de trabalho constituída, sobretudo, por técnicos e pelo corpo de Vigilantes da Natureza pertencentes a diversas [reas Protegidas incluídas na {rea de distribuiço da espécie (Fourli, 1999; ICN, 2005). Este sistema contempla apenas espécies pecu{rias em regime de pastoreio extensivo, nomeadamente caprinos, ovinos, bovinos, equinos e asininos. No se aplica a outras espécies domésticas que, embora predadas regular ou ocasionalmente pelo lobo em Portugal (ver Capítulo 6; F. Álvares, obs pess.), são consideradas animais de companhia (e.g. co, Canis familiaris) ou sujeitas a um estrito confinamento no interior ou junto de aldeias (e.g. suínos, aves de capoeira e avestruz, Struthio camelus).

131 Com base nas estatísticas oficiais de prejuízos declarados no Noroeste de Portugal entre 1996 e 2005, pretende-se efectuar uma an{lise espacial e temporal da magnitude da predaço do lobo sobre ungulados domésticos e caracterizar determinados aspectos sociais e económicos associados. Em particular, pretende- se responder |s seguintes questões: (1) Qual a intensidade de predaço declarada como sendo de lobo, a nível pecu{rio e económico, sobre as v{rias espécies de ungulados domésticos no Noroeste de Portugal? (2) Qual a variaço temporal e espacial destes par}metros de intensidade de predaço na pecu{ria? (3) Qual o padro geral e sazonal do número de animais atacados por evento de predaço declarado para cada espécie de ungulado doméstico? e finalmente, (4) Qual a dimenso social dos eventos declarados de predaço no gado, ao nível de número de propriet{rios lesados e respectiva incidência de predaço?

7.2 - Metodologia

Área de estudo e fontes de informação tratada A informaço analisada diz respeito |s estatísticas oficiais de ataques sobre espécies pecu{rias declarados ao ICNB, e confirmados como sendo de lobo, entre 1996 e 2005. O presente estudo foi desenvolvido na {rea de distribuiço do lobo no Noroeste de Portugal, correspondente | zona de actuaço do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG) na vistoria de ataques provocados pelo lobo e onde existe um elevado efectivo pecu{rio de caprinos, ovinos, bovinos e equinos (ver Capítulo 2). Para uma an{lise mais completa das v{rias alcateias localizadas nas regiões limítrofes desta {rea, foram igualmente considerados os registos de ataques incluídos na zona de influência do Parque Natural do Alvo (PNAl), localizados na parte do território destas alcateias coincidente com algumas freguesias dos concelhos de Chaves e Boticas (distrito de Vila Real). Na {rea de estudo encontram-se identificadas 18 alcateias que diferem no tamanho de grupo e estabilidade

reprodutora, estimando-se anualmente um efectivo populacional médio de 90 lobos no Vero/Outono (ver Capítulo 3).

As estatísticas oficiais resultam da verificaço, no local, de ataques a espécies pecu{rias declarados ao ICNB pelo seu propriet{rio. Com base na Lei de Protecço ao Lobo-ibérico (Lei nº90/88), quando ocorre um ataque a uma espécie pecu{ria, o propriet{rio deve informar o ICNB através da [rea Protegida mais próxima num prazo de 48 horas. Em seguida, num período normalmente inferior a 2-3 dias, uma equipa de Vigilantes da Natureza desloca-se ao local e, através da avaliaço de vestígios e do cad{ver no terreno, com base numa série de critérios (presença de dejectos ou outros indícios, tipo de ferimentos, evidências de luta no terreno envolvente, etc), considera se o ataque foi realmente causado por lobo (Fourli, 1999). Nestes casos, é levantado um auto de ocorrência cujo valor de indemnizaço, a atribuir ao propriet{rio, dever{ ser pago, por lei, no prazo de 60 dias. O direito | compensaço é apenas considerado caso se verifique um conjunto de requisitos predefinidos, entre os quais o boletim sanit{rio actualizado do animal e um mínimo de medidas de prevenço, como por exemplo a presença de um pastor e um co de gado por cada 50 cabeças de pequenos ruminantes, um número mínimo de equinos e bovinos por manada e sua regular vigil}ncia, e um eficaz confinamento nocturno dos animais (Fourli, 1999). Na realidade, verificam-se atrasos superiores a 2-3 anos no pagamento das indemnizações e a compensaço de animais em {reas de ocorrência regular do lobo é efectuada mesmo que no se cumpram integralmente os requisitos predefinidos e, com base nos critérios recolhidos no local de ataque, se considere a sua atribuiço a este predador como duvidosa (Fourli, 1999; F. Álvares, obs. pess.).

Cada auto refere-se apenas a um ataque confirmado como sendo de lobo (considerado como um evento de predaço), o qual pode envolver um ou mais animais atacados simultaneamente, sejam eles mortos ou feridos. A existência de uma ficha, comum a nível

132 nacional, a preencher junto do propriet{rio lesado, assim como de um “Manual do Lobo” que inclui informaço respeitante ao lobo, aos sistemas de pastoreio e raças pecu{rias, ao planeamento e execuço da vistoria e ao mecanismo de c{lculo do montante a indemnizar, permitem garantir um procedimento uniforme e profissional e aumentar a eficiência do grupo de Vigilantes da Natureza respons{vel pelas vistorias (ICN, s/ data). A informaço recolhida para cada ataque de lobo declarado é posteriormente incorporada numa base de dados e contempla a freguesia de residência e nome do propriet{rio, data do ataque, número e espécie de ungulado doméstico atacado e respectivo montante económico a indemnizar. O valor de indemnizaço é calculado unicamente com base nos preços de mercado de cada espécie e raça pecu{ria estabelecidos pelo Ministério da Agricultura semanalmente, de acordo com a regio e o sexo e idade do animal. No caso de animais feridos, as despesas relativas a cuidados veterin{rios so igualmente indemnizadas. Apesar da informaço analisada se encontrar localizada espacialmente ao nível da freguesia de residência do propriet{rio lesado, considerou-se que tal coincidir{ com a freguesia do local de ataque. Os efectivos pecu{rios para cada espécie de ungulado doméstico foram obtidos, ao nível da freguesia ou concelho, a partir das estatísticas dos Recenseamentos Gerais da Agricultura relativos a 1999 (INE, 2001).

Análise dos dados

A intensidade de predaço declarada para cada uma das espécies pecu{rias ou no seu conjunto foi quantificada a nível pecu{rio (número de animais atacados e impacto da predaço) e económico (respectivo valor monet{rio indemnizado). O número de animais atacados (independentemente de terem sido mortos ou feridos) e respectivo montante de indemnizaço foi expresso pelo valor absoluto declarado em cada ano e no total do período entre 1996 e 2005, assim como pelo valor médio anual. O impacto da predaço foi definido ao

nível local (freguesia) e regional (totalidade da {rea de estudo) como uma percentagem da média anual de animais de uma determinada espécie atacados pelo lobo, relativamente ao seu efectivo disponível.

A an{lise mensal do número de animais atacados e respectivo valor de indemnizaço foram, para cada espécie pecu{ria, apresentados através dos valores totais respeitantes ao período entre 1996 e 2005. Pelo contr{rio, para o conjunto de todas as espécies pecu{rias foram apresentados os valores médios anuais. Para analisar os padrões de variaço temporal, ao nível mensal e anual, foi aplicado o teste χ2 ao

número total de animais atacados para cada espécie de ungulado doméstico e para o conjunto de todas as espécies pecu{rias.

A representaço espacial dos padrões de intensidade de predaço para cada espécie de gado foi efectuada, ao nível da freguesia, através da média anual do número de animais atacados e do impacto predatório ao nível local. Foi igualmente representado o padro espacial da incidência anual de ataques ao nível da freguesia, traduzida através da quantificaço do número de anos no período entre 1996 e 2005 em que se verificaram eventos de predaço de lobo declarados ao ICNB.

De forma a caracterizar a ocorrência de mortes múltiplas (≥2 animais atacados por evento de predaço), foi determinado, para cada uma das espécies de ungulados domésticos: i) a distribuiço do número de animais atacados num mesmo evento de predaço, em termos do número absoluto de ocorrências e respectiva proporço no total de eventos declarados no período entre 1996 e 2005; ii) a média de animais atacados por evento e respectiva variaço tendo em conta os valores mínimos e m{ximos verificados. Como indicador de um dos principais impactos socio-económicos negativos associados | predaço, foram definidos como mortes excessivas ou “surplus killing”, os eventos de predaço que envolveram 10 ou mais animais atacados (Gazzola et al., 2007). O reduzido número de ocorrências de mortes múltiplas no permitiu efectuar uma an{lise

133 mensal deste par}metro, pelo que se optou por agrup{-los em estações do ano. Os períodos sazonais considerados foram: Inverno (1 de Janeiro a 31 de Março); Primavera (1 de Abril a 30 de Junho); Verão (1 de Julho a 30 de Setembro); Outono (1 de Outubro a 31 de Dezembro). O teste χ2 foi aplicado para testar a

existência de variações sazonais significativas na ocorrência de mortes múltiplas para cada espécie pecu{ria.

A informaço relativa ao nome do propriet{rio lesado, que possibilitou uma an{lise da dimenso social da incidência de predaço na pecu{ria, foi conseguida apenas para os autos declarados na {rea de actuaço do PNPG entre 2000 e 2005. Esta an{lise foi efectuada, para cada espécie pecu{ria e para o seu conjunto, através do c{lculo do número médio e respectiva variaço, tendo em conta os valores mínimos e m{ximos verificados no período entre 2000 e 2005, de: i) eventos de predação por propriet{rio; ii) animais atacados por propriet{rio; iii) montante indemnizado por propriet{rio e, iv) propriet{rios lesados por freguesia. Através do c{lculo da média dos valores relativos a cada ano do período entre 2000 e 2005, foi ainda obtido o número médio anual de propriet{rios lesados e de animais atacados e respectivo montante indemnizado por propriet{rio. Os propriet{rios foram considerados como cronicamente afectados pela predaço caso registassem mais de