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MINISTÉRIO DA SAÚDE MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

3.4 A implementação da Diretiva 2009/128/CE

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A Diretiva sobre o Uso Sustentável de Pesticidas entrou em vigor em 25 de novembro de 2009 e teve a data limite de 26 de novembro de 2011 para ser transposta pelos Estados Membros. O seu objetivo fundamental é:

“Estabelecer um quadro para a utilização sustentável dos pesticidas através da redução dos riscos e efeitos da sua utilização na saúde humana e no ambiente, promovendo o recurso à proteção integrada e a abordagens ou técnicas alternativas, tais como as alternativas não químicas aos pesticidas.” (Jornal Oficial da UE, 2009. Artigo 1.º)

A Diretiva 2009/128/CE é composta por vinte e cinco artigos e quatro anexos, sendo que os principais pontos concernentes à sua implementação são discutidos de modo simplificado a seguir:

Planos Nacionais de Ação

Trata-se do principal instrumento de implementação da diretiva. Cada Estado Membro deve elaborar, de preferência de maneira participativa, o seu Plano Nacional de Ação que estabeleça objectivos quantificáveis, medidas e calendários para reduzir os riscos da utilização de pesticidas para a saúde humana e o ambiente. Devem ainda incluir o estabelecimento de indicadores de monitorização de utilização das substâncias ativas preocupantes, promover a proteção integrada de pragas e a utilização de abordagens alternativas mais ecológicas que estimulem a redução da dependência dos pesticidas.

Formação, vendas, informação e sensibilização

Um dos pontos cruciais para se alcançar os objetivos da Diretiva passa necessariamente por ações educativas e formativas. E neste sentido, os Estados Membros devem assegurar que todos os utilizadores profissionais, bem como os vendedores de pesticidas, recebam formação inicial e complementar sobre uma vasta gama de assuntos relacionados no Anexo I da respectiva Diretiva. Estas formações devem ser comprovadas por meio de certificados, que atestem que os utilizadores profissionais, os distribuidores e os

85 conselheiros adquiriram conhecimentos suficientes sobre a legislação em vigor, os perigos e riscos associados aos pesticidas, os meios de detecção e de controlo, os procedimentos para colocar o material em funcionamento, as ações de emergência em caso de acidente, etc. O certificado de formação será exigido para todos os vendedores de pesticidas de utilização profissional. Os Estados Membros devem promover programas de informação e sensibilização para o público em geral sobre os riscos resultantes da utilização de pesticidas.

Inspeções nos equipamentos utilizados para a aplicação de pesticidas

De cinco em cinco anos, os equipamentos utilizados para a aplicação de pesticidas devem ser sujeitos a uma inspeção realizada por organismos competentes designados pelos Estados Membros. A partir de 2020, as inspeções passarão a ser realizadas de três em três anos e destinam-se a verificar se o equipamento material funciona corretamente e se o mesmo está a ser utilizado de forma adequada para o fim a que se destina, garantindo que as quantidades de pesticidas aplicadas sejam rigorosamente doseadas e distribuídas. Estas inspeções abrangem os elementos de transmissão, bombas, dispositivos de agitação, depósitos de caldas, sistemas de medição e sistemas de comando e de regulação, tubagens, filtros, bicos, etc., conforme relação estabelecida no Anexo II da Diretiva. Esta medida, que à primeira análise pode estar associada ao aumento de custos de devido ao elevado número de equipamentos de aplicação utilizados, na verdade pode proporcionar vantagens económicas aos agricultores, uma vez que o desperdício decorrente de bicos de aplicação mal regulados será evitado.

Pulverização aérea de pesticidas

A pulverização aérea de pesticidas está proibida na União Europeia. No entanto, são possíveis derrogações para casos em que não existam alternativas viáveis ou quando a pulverização aérea apresentar vantagens claras em termos menores efeitos à saúde ou ao ambiente em comparação com a aplicação por via terrestre. Quando uma derrogação é concedida, devem ser realizadas ações de informação e proteção nas localidades atingidas.

86 Proteção do ambiente aquático e da água potável

Os Estados Membros devem estabelecer medidas específicas para proteger o meio aquático e o abastecimento de água destinada ao consumo humano. Estas medidas privilegiam a utilização dos produtos menos nocivos, as técnicas de aplicação mais eficientes, os materiais que limitem a dispersão dos produtos e a criação de zonas tampão ao longo dos cursos de água. Estas medidas destinam-se igualmente a reduzir ou proibir a aplicação de pesticidas nas imediações de estradas ou linhas de caminho-de-ferro ou em superfícies susceptíveis de contaminar as águas de superfície ou as águas subterrâneas por infiltração ou escorrimento.

Proteção de zonas sensíveis

Em determinadas zonas sensíveis a utilização de pesticidas é proibida ou muito restrita. Esta medida visa proteger as zonas abrangidas por outras Diretivas ou Convenções relacionadas à preservação dos habitats naturais, bem como as zonas frequentadas pelo público em geral ou por grupos de população sensíveis como parques e jardins públicos, campos desportivos e recreativos, recintos escolares e parques infantis e na vizinhança imediata de instalações de prestação de cuidados de saúde.

Proteção integrada

Os Estados Membros devem promover a proteção fitossanitária com baixa utilização de pesticidas, dando prioridade sempre que possível a métodos não químicos, a fim de que os utilizadores profissionais adotem práticas e produtos com o menor risco para a saúde humana e o ambiente dentre os disponíveis para o mesmo inimigo da cultura em causa. Devem ser privilegiados os métodos que menos perturbem os ecossistemas agrícolas e incentivam os mecanismos naturais de proteção das culturas, nomeadamente a proteção integrada e a agricultura biológica. Neste sentido, os Estados Membros devem fornecer incentivos adequados para encorajar os utilizadores profissionais a aplicar voluntariamente as orientações específicas para a proteção integrada e assegurar que os utilizadores profissionais tenham à sua disposição informações e instrumentos de monitorização dos inimigos das culturas e para a tomada de decisões. Estas orientações e incentivos devem estar referidos nos Planos Nacionais de Ação e tornaram-se obrigatórios desde o dia 1 de Janeiro de 2014.

87 Indicadores de risco

Os indicadores de risco ambientais associados à utilização de pesticidas são fundamentais para a correta avaliação de medidas de proteção e controle que devem ser fortalecidas ou incrementadas à escala comunitária. Assim, a Comissão Europeia estabeleceu indicadores harmonizados utilizando os dados estatísticos recolhidos pelos Estados-Membros. Para possibilitar a recolha e utilização de dados comparáveis e atualizados foi publicado o um regulamento específico relativo às estatísticas sobre pesticidas, nomeadamente o Regulamento (CE) N.º1185/2009, de 25 de novembro de 2009.

Tabela 9. Cronograma de implementação da Diretiva 2009/128/CE 25 de novembro de 2009 Entrada em vigor

14 de dezembro de 2011 Implementação pelos Estados Membros 14 de dezembro de 2012 Apresentação dos Planos Nacionais de Ação

30 de junho de 2013 Apresentação de relatório relativo à promoção da proteção integrada

Até 01 de janeiro de 2014 Certificação da adoção da Proteção Integrada por todos os utilizadores profissionais

Até 26 de novembro de 2015 Compra e venda somente com formação prévia

Até 26 de novembro de 2016 Pelo menos uma inspeção nos equipamentos de aplicação 26 de novembro de 2017 Revisão dos Planos Nacionais de Ação

26 de novembro de 2018 Avaliação da implementação pela Comissão Europeia

Até 2020 Equipamentos inspeccionados em intervalos não superiores a 5 anos

A partir de 2020 Equipamentos inspeccionados em intervalos não superiores a 3 anos

Conforme indicado na tabela 9 acima, o processo de implementação da Diretiva 2009/128/UE deverá ser concluído em 2020. Os Planos Nacionais de Ação de todos os países da UE estão integralmente disponibilizados para consulta na página da internet da Comissão

88 Europeia para Saúde e Segurança Alimentar (Comissão Europeia, 2015). A análise dos planos apresentados exibem variações no que diz respeito ao alcance das medidas a serem nacionalmente implementadas, especialmente no que se refere às definições dos limites de redução de uso a serem atingidos. Enquanto alguns países estabelecem, conforme exige a Diretiva 2009/128/CE, metas claras e quantificáveis de redução de uso de pesticidas, a maioria dos países aborda este tema de modo subjetivo. A Dinamarca estabelece claramente a meta de 40% de redução de uso global de pesticidas para o período compreendido entre 2011 e 2015. A França está a implementar o programa intitulado Écophyto, que prevê a redução do uso global de pesticidas, se possível, em 50% no período entre 2008 a 2018. A Alemanha estabeleceu atingir, até 2023, o limite de redução em 30% dos riscos causados pelo uso de pesticidas no ambiente, tendo como base o valor médio do período compreendido entre 1996 e 2005. Já o plano Húngaro estabelece que o objetivo do Plano de Ação é a manutenção da saúde e vegetal por meio da aplicação mínima necessária de pesticidas, sem, entretanto, estipular valores.

Os Planos de Nacionais de Ação disponibilizados ainda fazem referência a vários indicadores ambientais usados para mensurar os impactes ambientais provocados pelo uso de pesticidas a nível nacional, como por exemplo o NODU (que calcula a soma das quantidades de substâncias ativas vendidas) utilizado pelo governo Francês e o SYNOPS (indicador de risco para organismos terrestres e aquáticos) usado pelo governo Alemão. A completa implantação do Regulamento 1185/2009, relativo a uniformização das estatísticas sobre pesticidas, permitirá um acompanhamento dos resultados da implantação da Diretiva sobre o uso sustentável dos pesticidas de modo mais efetivo. Até o momento, dados estatísticos harmonizados sobre a utilização de pesticidas, por culturas, não estão disponíveis à escala europeia e deverão ser disponibilizados pelo Eurostat a partir de 2016.

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