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1.3 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

1.4.2 OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

• Apresentar uma análise comparativa entre a abordagem brasileira e a adotada pela União Europeia a partir de uma perspectiva técnica dos diplomas legais existentes e das políticas públicas implementadas na área da segurança química relacionadas à gestão de pesticidas.

• Identificar a existência, ou não, de medidas análogas às introduzidas pela Diretiva 128/2009 sobre o Uso Sustentável de pesticidas da União Europeia no arcabouço jurídico brasileiro.

• Comparar os perfis de consumo de pesticidas no Brasil com a União Europeia e fazer uma análise sobre as medidas implementadas no sentido de promover a sua utilização de modo racional e otimizada. Analisar a abordagem adotada para minimizar e identificar casos de intoxicações em alimentos e na água potável tendo em conta os diferentes Níveis Máximos de Resíduos autorizados em cada região.

• Disponibilizar informação sistematizada que facilitará a definição e implementação de políticas estratégicas pelos decisores de instituições públicas ou de organizações sociais.

31 1.5 METODOLOGIA ___________________________________________________________________________

O presente estudo foi desenvolvido seguindo o modelo de análise descritiva qualitativa, sendo fundamentado em pesquisas bibliográficas e documentais (Gil, 2010). A observação dos fenómenos e a atribuição dos significados seguiram a linha norteadora do estudo, com o objetivo de contribuir para o aperfeiçoamento da gestão dos pesticidas no Brasil. Utilizou-se o método de abordagem indutivo, partindo da análise de dados particulares com a finalidade de ampliar o alcance dos conhecimentos através de conclusões mais abrangentes obtidas a partir a análise factual (Silva e Menezes, 2005, p.20; Ritchie et. al, 2014). Sob este enfoque, optou-se por utilizar como ferramenta o método comparativo, onde são realizadas correlações e paralelismos com o propósito de verificar semelhanças e explicar divergências entre o modelo brasileiro e o Europeu (Schineider e Schmitt, 1998). Os dados foram observados, colectados, analisados, classificados e interpretados sem a utilização de métodos estatísticos de manipulação, seguindo as especificidades da abordagem qualitativa. Segundo Godoy (1995), a análise qualitativa é a mais indicada quando o estudo é de carácter descritivo e onde se busca o entendimento de um fenómeno como todo, na sua complexidade. Sobretudo, quando há a preocupação com a compreensão da teia de relações sociais e culturais que são estabelecidas em torno da questão principal, podendo fornecer interessantes e relevantes dados que proporcionem a ampliação do conhecimento existente (Godoy, 1995) (Silva e Menezes, 2005). De acordo com Gil, a principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenómenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. E essa vantagem torna-se particularmente importante quando o problema de pesquisa requer dados muito dispersos pelo espaço (Gil, 2010, p. 45).

Segundo Ritche, uma vez que os documentos representam uma rica e estável fonte de dados, o exame de materiais de natureza diversa que ainda não receberam um tratamento analítico ou que podem ser reexaminados buscando-se novas ou complementares interpretações, pode revestir-se de um carácter inovador, trazendo contribuições importantes para o estudo de temas complexos (Ritchie et. al, 2014). Com o objectivo de garantir que os conhecimentos novos produzidos por meio deste estudo possuíssem uma base sólida, confiável e reproduzível, optou-se por priorizar a utilização de dados de fontes oficiais fornecidos por órgãos governamentais e agências especializadas de modo a facilitar a

32 rastreabilidade e validação dos resultados e conclusões obtidos. Assim, os principais objetos de consulta utilizados foram: a) publicações em livros e artigos de revistas científicas especializadas; b) diretivas, regulamentos, leis, decretos, portarias e planos nacionais de ação e outros atos legislativos exclusivamente voltados para os procedimentos adotados no controle do registro, autorização, análise de risco, uso, produção, armazenagem, transporte, manuseio, aplicação e descarte de pesticidas; c) relatórios e anuários estatísticos sectoriais; d) publicações de órgãos integrantes do sistema das Nações Unidas. Complementarmente foram utilizados os anuários e relatórios elaborados por agências governamentais responsáveis pela implementação dos controles destas substâncias. No caso europeu considerámos a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA), Agência Europeia para Produtos Químicos (ECHA) e no Brasil: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Os dados estatísticos utilizados nas análises tiveram como fonte as informações oficiais e de domínio público disponibilizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pelo Gabinete de Estatística da União Europeia (Eurostat). Para além destes, utilizou-se amplamente informações contidas nas publicações dos órgãos integrantes do sistema das Nações Unidas como o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP), Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Organização Mundial da Saúde (OMS), Banco Mundial, entre outros.

As consultas às publicações em revistas científicas e periódicos especializados foram preponderantemente realizadas utilizando-se as plataformas da Biblioteca Científica Digital, com a designação de Biblioteca do Conhecimento Online (B-On) e do Sistema Integrado das Bibliotecas da Universidade de Lisboa (Sib.UL) a partir do acesso disponibilizado pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Os artigos científicos foram selecionados tendo o cuidado de manter em perspectiva o tema principal do trabalho e a sua contribuição para o entendimento da atual situação da gestão de pesticidas no Brasil e na União Europeia. Esta consideração é relevante uma vez que a simples consulta em bases de dados académicos da palavra “pesticidas” retorna mais de um milhão e duzentos mil resultados. Com relação à forma, foram seguidas as exigências estabelecidas nos Despachos e nº. 9431 (Diário da República, 2009) e nº. 4624 (Diário da República, 2012).

33 1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO ___________________________________________________________________________

O Capítulo 2 inicia-se com uma descrição sucinta das principais características geográficas do Brasil e avança com uma análise sobre o desempenho atual e a previsão de crescimento para os próximos do sector agrícola brasileiro. São apresentadas informações detalhadas referentes ao mercado nacional de agrotóxicos bem como a evolução do consumo nos últimos anos. Discute-se também as evidências do uso inadequado dos agrotóxicos no país e finalmente é feita uma análise dos mecanismos legais de controle atualmente em vigor.

O Capitulo 3 apresenta uma visão geral do desempenho do sector agrícola atual da União Europeia e a tendência do consumo de pesticidas na região. Descreve-se o historial da evolução das politicas de controle de produtos químicos na União Europeia que culminaram na promulgação da Diretiva 2009/128/CE do Parlamento Europeu que estabelece um quadro de ação comunitário para a utilização sustentável de pesticidas. São discutidas as principais medidas introduzidas estrategicamente com o objetivo de promover a redução da dependência da utilização de pesticidas na agricultura sem configurar perda de produtividade agrícola e simultaneamente, minimizar os impactos negativos provocados pela utilização de pesticidas.

O Capitulo 4 traz uma análise comparativa entre a atual estrutura de gestão de agrotóxicos no Brasil e na União Europeia evidenciando as semelhanças e principais discrepâncias ou lacunas entre os dois sistemas, tendo como referência a Diretiva 2009/128/CE. Neste capítulo também é apresentada a situação da implementação no Brasil de elementos considerados cruciais para o manejo sustentável de pesticidas fornecendo assim um mapeamento da situação em nível federal e estadual. É também realizada uma comparação entre os limites máximos de resíduos de pesticidas autorizados, em alimentos na água potável, seguido por um levantamento detalhado dos pesticidas proibidos na União europeia e que possuem uso autorizado no Brasil.

No Capitulo 5 é apresentada uma discussão crítica sobre os resultados da análise apresentados no capítulo anterior, com a identificação dos avanços já realizados e principalmente evidenciando etapas que ainda precisam ser percorridas no sentido de promover o uso sustentável de pesticidas no Brasil. Seguem-se as considerações finais e propostas de trabalhos futuros que possibilitarão enriquecer as discussões até aqui apresentadas.

34 2. BRASIL ___________________________________________________________________________