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Da importância das excludentes de ilicitude para uma melhoria das ações de segurança pública em benefício dos cidadãos brasileiros

As excludentes de ilicitude devem ser devidamente aplicadas aos caos concretos, como garantia não apenas dos agentes de segurança, mas do próprio cidadão, que vê reforçada as ações de segurança, como contributo à ordem pública e ao respeito dos direitos humanos, nos quais se destacam o direito à própria vida e a integridade física e emocional. Esta necessidade se agudiza, diante da realidade social que se constata no Brasil na atualidade, com o incremento da criminalidade e mesmo com o agravamento

56 Documento Final da Reunião da ONU/2005, http://www.un.org/es/comum/docs/symbol=

A/RES/60/1.C.1, acesso em 12.12.2019.

57 QUINTEIRO, María Esther Martinez, "La Expansividad del Discurso sobre el "Derecho Humano de

Seguridad",Op. Cit., p. 45, com ressalto:"la aparición de un derecho que llevara tal nombre, solo sería una muestra más de la expansividad y progresividad de todo el discurso de los derechos humanos y podría tener un efecto pedagógico o educativo saludable...".

58 QUINTEIRO, María Esther Martinez, "La Expansividad del Discurso sobre el "Derecho Humano de

das circunstâncias que caracterizam a prática de crime organizado no Brasil. Assim, faz- se necessário dar maior proteção aos agentes de segurança no cumprimento de suas missões. É de se considerar que no combate à criminalidade frente as facções criminosas, os agentes de segurança, muitas vezes se vêm em conflito armado ou em risco iminente de conflito armado sendo necessário prevenir injusta e iminente agressão a direito seu ou de outrem; quando, por exemplo, se observa que integrantes de organizações criminosas estão portando armamento de grosso calibre, como AK-47, fuzil, metralhadoras e outros armamentos de rápida repetição e alto poder destrutivo.

Outrossim, de extrema complexidade aquelas situações em que há vítima mantida como refém. Então, não sendo possível negociações ou tendo sido esgotadas estas sem a liberação da vítima-refém, mostra-se plenamente defensável a intervenção dos agentes de segurança para evitar a morte desta vítima, sendo autorizado, nesta hipótese, a ação com emprego de armamento de um atirador de elite ou sniper.

Nada mais justo do que considerar tais situações acima descritas como alcançadas pela antijuridicidade ou excludente de ilicitude, vez que, assim, os agentes de segurança estarão indubitavelmente em situação de grave risco e suas atuações devem ser reconhecidas como justificadas perante a lei (Arts.23 a 25 do Código Penal e arts.42 a 44 do Código Penal Militar). Do contrário a missão constitucional dos agentes de segurança (art. 144 da CF/88) de preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e de seus patrimônios não estaria sendo exercida com a presteza e a eficiência que se requer deles.

Mecanismos legais como este, devem sim contribuir para a garantia funcional das forças de segurança do Estado, em suas ações prescritas constitucionalmente. Imaginemos, por exemplo, uma equipe de policiais militares que numa operação para desbaratar pontos de trafico de substâncias entorpecentes numa comunidade (favela) do Rio de Janeiro, quando subindo o morro deparam-se com criminosos fortemente armados; estão indubitávelmente em situação de risco, não sendo necessário que os bandidos deflagrem os primeiros tiros, que já poderão ser letais para muitos policiais que integram esta força de segurança. O perigo real revela situação de absoluta insegurança do policial, que o Estado deverá reconhecer em suas ações de combate à criminalidade, escusando tais policiais, pela excludente de ilicitude, quer pela legítima defesa ou mesmo pelo estrito cumprimento do dever legal.

insere entre aqueles que ocasionaram o perigo ou a insegurança dos policiais, porquanto os excessos estão em desacordo com a juridicidade, contrariando o que se espera dos órgãos que integram as forças de segurança. Estas têm que agir de forma eficaz e eficiente, combatendo os ciminosos e ninguém mais do que estes, o que exigirá ações precisas de agentes que estejam devidamente preparados para atuações desta natureza.

Destarte o emprego legítimo da força na atividade policial deve ser sempre como medida extrema de preservação da ordem pública. Inclusive este é um dos princípios que integram a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, implantada no Brasil através da Lei 13.675 de 11.06.2018, que consagra, dentre outros, os seguintes princípios: a) proteção dos direitos humanos, respeito aos direitos fundamentais e promoção da cidadania e da dignidade da pessoa humana; b) eficiência na prevenção e no controle das infrações penais; c) eficiência na repressão e na apuração das infrações penais; d) uso comedido e proporcional da força.

Não se poderia deixar de mencionar a Lei 13060 de 22.12.2014, que disciplina o uso dos instrumentos de menor potencial ofensivo pelos agentes de segurança pública em todo o território nacional. Tais instrumentos deverão ser usados nas atividades policiais de forma prioritária, desde que não coloque em risco a integridade física ou psíquica dos policiais. É o que disciplina o art.2º: "Os órgãos de segurança pública deverão priorizar

a utilização dos instrumentos de menor potencial ofensivo, desde que o seu uso não coloque em risco a integridade física ou psíquica dos policiais". Para que isso ocorra o

poder público tem o dever de fornecer a todo agente de segurança pública instrumentos de menor potencial ofensivo para o uso racional da força, segundo o art. 5º. Essa legislação também estabelece duas situações em que não é legítimo o uso de arma de fogo, no § único do art. 2º:

i.- contra pessoa em fuga que esteja desarmada ou que não represente risco imediato de morte ou de lesão aos agentes de segurança pública ou a terceiros; e

ii.- contra veículo que desrespeite bloqueio policial em via pública, exceto quando o ato represente risco de morte ou lesão aos agentes de segurança pública ou a terceiros.

É importante que seja considerado ainda as diretrizes da Portaria Interministerial (Justiça e Direitos Humanos) nº 4226, de 31.12.2010, sobre o uso da força e armas de fogo pelos agentes de segurança, que foi estabelecida segundo parâmetros da ONU, levando-se em consideração o Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei/Res. 34/169 de 17.12.1979; os princípios orientadores para a

Aplicação Efetiva do Código de Conduta/Res. 1989/61, de 24.05.1989; os princípios básicos sobre o uso da Força e Armas de Fogo, adotado no Congresso das Nações Unidas para a Prevenção do Crime e o Tratamento de Delinquentes, Havana, Cuba, 27.08 a 07.07 de 1999 e a Convenção Contra Tortura e outros Tratamentos ou penas Crueis, Desumanos ou Degradantes, adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em sessão de 10.12.1984, promulgada pelo Decreto nº 40, de 15.02.1991.

Dentre as diretrizes estabelecidas, destacamos as principais: a) O uso da força pelos agentes de segurança pública deverá se pautar nos documentos internacionais de proteção aos direitos humanos e deverá considerar os regramentos da ONU acima referidos; b) O uso da força por agentes de segurança pública deverá obedecer aos princípios da legalidade, necessidade, proporcionalidade, moderação e conveniência; c) Os agentes de segurança pública não deverão disparar armas de fogo contra pessoas, exceto em casos de legítima defesa própria ou de terceiro contra perigo iminente de morte ou lesão grave; d) Não é legítimo o uso de armas de fogo contra pessoa em fuga que esteja desarmada ou que, mesmo na posse de algum tipo de arma, não represente risco imediato de morte ou de lesão grave aos agentes de segurança pública ou de terceiros; e) Não é legítimo o uso de armas de fogo contra veículo que desrespeite bloqueio policial em via pública, a não ser que o ato represente um risco imediato de morte ou lesão grave aos agentes de segurança pública ou terceiros.

Da discussão de casos de antijuridicidade com agentes de segurança no

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