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CAPÍTULO 2 – PERSPETIVA TEÓRICA DE CONTABILIDADE

2.5. IMPOSTOS

2.5.2. IMPOSTO SOBRE O RENDIMENTO DE PESSOAS COLETIVAS

O Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Coletivas (IRC) é um imposto que incide sobre os rendimentos obtidos por pessoas coletivas, como é o caso de sociedades por quotas e anónimas, cooperativas, empresas públicas e privadas, que tenham sede ou direção efetiva em território português, incluindo os rendimentos obtidos fora deste território, o que se encontra descrito nos Artigos 1º a 8º do Código do Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Coletivas (CIRC).

A taxa normal de IRC para as empresas residentes que exerçam a título principal uma atividade de natureza comercial, industrial ou agrícola, e para estabelecimentos de empresas não residentes

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que exerçam essas atividades é de 21%, à qual acresce, na maioria dos concelhos, a derrama municipal à taxa máxima de 1,5%, incidente sobre o lucro tributável (AT, 2017c).

No entanto existem outras taxas de IRC, que vão ser apresentadas na Tabela 3:

Entidades Continente Madeira Açores

Entidades residentes, e estabelecimentos estáveis de

entidades não residentes (1) (2) 21% 21% 16,8%

Entidades residentes que exerçam, a título principal, atividade comercial, industrial ou agrícola,

considerados como PME (nos primeiros 15.000€) (1)

(2) (3)

17% 17% 13,6%

Entidades residentes que exerçam, a título principal, atividade comercial, industrial ou agrícola,

considerados como PME (no excedente) (1) (2)

21% 21% 16,8%

Entidades residentes que não exerçam, a título

principal, atividade comercial, industrial ou agrícola 21% 21% 16,8%

Tabela 3: Taxas de IRC Fonte: AT (2017c)

(1) A esta taxa poderá ainda acrescer a taxa de Derrama;

(2) A esta taxa poderá ainda acrescer a taxa de Derrama Estadual;

(3) Tratando-se de micro, pequena ou média empresa (PME), que exerçam a atividade em territórios do interior, a taxa aplicável aos primeiros 15.000€ de matéria coletável poderá ser reduzida para 12,5%.

A Derrama é um imposto municipal que incide sobre o lucro tributável das pessoas coletivas, sendo a sua taxa fixada pelos diferentes municípios. A taxa de derrama pode ascender até 1,5%. A fórmula para o cálculo é a seguinte:

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Por outro lado, a taxa de Derrama Estadual é obrigatória para as empresas residentes que exerçam a título principal, atividades de natureza comercial, industrial ou agrícola, e entidades não residentes com estabelecimento estável em Portugal. Sendo que as taxas aplicáveis, de acordo com o Artigo 87º - A do CIRC (AT, 2017c), são as seguintes (Tabela 4):

Lucro Tributável (€) Taxa

Mais de 1.500.000 até 7.500.000 3%

Mais de 7.500.000 até 35.000.000 5%

Superior a 35.000.000 7%

Tabela 4: Taxas de Derrama Estadual Fonte: AT (2017c)

O pagamento desta derrama é efetuado com a entrega da Declaração de Rendimentos (Modelo 22), pela diferença entre o montante apurado e os pagamentos adicionais por conta.

MODELO 22

A declaração periódica de rendimentos, Modelo 22 do IRC, deve ser enviada anualmente, por transmissão eletrónica de dados, até ao último dia do mês de maio. Contudo, no caso dos sujeitos passivos com período especial de tributação, esta pode ser entregue até ao último dia do quinto mês posterior à data do termo desse período.

Os sujeitos passivos de IRC são obrigados a apresentar a Modelo 22 (Anexo 3), a qual servirá para efetuar a liquidação do imposto, de modelo oficial, ao qual se deve juntar os anexos que nela são mencionados, os quais farão parte integrante da declaração.

Esta declaração deve ser apresentada pelas:

 Entidades residentes, exercendo ou não, a título principal, atividades de natureza comercial, industrial ou agrícola;

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 Entidades não residentes sem estabelecimento estável em território português e neste obtenham rendimentos não imputáveis a estabelecimento estável aí situado, desde que, relativamente aos mesmos, não haja lugar a retenção na fonte a título definitivo.

De acordo com o nº 6 e nº 8 do Artigo 117º do CIRC (AT, 2017c), apenas estão dispensados os sujeitos passivos:

 Que sejam isentos ao abrigo do Artigo 9º do CIRC, exceto quando estejam sujeitos a uma qualquer tributação autónoma ou quando obtenham rendimentos de capitais que não tenham sido objeto de retenção na fonte com caráter definitivo;

 Que não sejam residentes, e que recebam apenas rendimentos isentos em território português.

O preenchimento da declaração Modelo 22 resulta da obrigatoriedade imposta pela alínea b) do nº 1 do Artigo 117º do CIRC (AT, 2017c), que tem por objetivo a determinação da matéria coletável e o cálculo do IRC.

A Modelo 22 é constituída por três quadros principais que representam as três fases do apuramento do IRC, nomeadamente:

1) Fase I – Apuramento do Lucro Tributável: obtêm-se através do Quadro 07; 2) Fase II – Apuramento da Matéria Coletável: obtêm-se através do Quadro 09; 3) Fase III – Cálculo do Imposto: realiza-se no Quadro 10.

PAGAMENTO POR CONTA

De acordo com o Artigo 104º do CIRC (AT, 2017c) as entidades que exerçam, a título principal, atividades de natureza comercial, industrial ou agrícola, bem como as não residentes com estabelecimento estável em território português, devem proceder ao pagamento do imposto em três Pagamentos por Conta (PC), com vencimento em julho, setembro e 15 de dezembro do próprio ano a que respeita o lucro tributável, ou no 7º, 9º e dia 15 do 12º mês do respetivo período de tributação, no caso do período de tributação não corresponder ao ano civil.

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Segundo o nº 2 do Artigo 105º do CIRC (AT, 2017c), para os sujeitos passivos cujo volume de negócios do período de tributação anterior àquele em que se devem efetuar os pagamentos seja igual ou inferior a 500.000€, o PC corresponde a 80% do montante do imposto repartido em três montantes iguais, arredondados por excesso em euros. Porém, se o montante for superior a 500.000€ a percentagem do PC passa a ser 95%, como previsto no nº 3 do Artigo 105º do CIRC (AT, 2017c). Assim, exemplificando com base no Anexo 4, o PC é calculado da seguinte forma:

Volume de Negócios de 2016 (Campo 411 da Página 5

do Modelo 22) 26.132,11€ (< 500.000€)

Valor da Coleta de 2016 (Campo 351 da Página 5 do

Modelo 22) 756,84€

Retenção na Fonte de 2016 (Campo 359 da Página 5

do Modelo 22) 14,69€

PC 2017 = (756,84 – 14,69) * 80% = 593,72€

593,72/3 = 197,91€ - Assim serão efetuados três pagamentos por conta no valor de 198,00€, pois o resultado apurado é sempre arredondado por excesso.

Tabela 5: Cálculo do Pagamento por Conta Fonte: Anexo 4

Todavia, os contribuintes que apresentem prejuízo no ano anterior ficam dispensados de efetuar pagamentos por conta, bem como, os contribuintes que apuraram IRC o ano anterior com um valor inferior a 200€.

PAGAMENTO ESPECIAL POR CONTA

O Pagamento Especial por Conta (PEC) do IRC é obrigatório para as entidades que exerçam, a título principal, atividade de natureza comercial, industrial ou agrícola, e as entidades não residentes com estabelecimento estável em território português. Este pagamento é efetuado durante o mês de março ou em duas prestações, nos meses de março e outubro do ano a que respeita, porém no caso de adotarem um período de tributação não coincidente com o ano civil, o

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pagamento realiza-se no 3º e 10º mês do período de tributação respetivo, conforme o nº 1 do Artigo 106º do CIRC (AT, 2017c).

De acordo com o nº 2 e nº 3 do Artigo 106º do CIRC (AT, 2017c), o montante do PEC é igual a 1% do volume de negócios relativo ao período de tributação anterior, com o limite mínimo de 850€, e quando superior, é igual a este limite acrescido de 20% da parte excedente, com o limite máximo de 70.000€. Ao montante apurado deduzem-se os PC efetuados no período de tributação anterior e calculados de acordo com o Artigo 105º do CIRC (AT, 2017c).

Com base no Anexo 5, apresenta-se como exemplo o cálculo do PEC:

Volume de Negócios de 2016 2.687.364,34€

2.687.364,34 * 1% = 26.873,64€

Pagamento por Conta de 2016 (4.184,00€ + 4.184,00€ +4.184,00€)

= 12.550,00€

PEC 2017 = 850 + [20% * (26.873,64 – 850)] – 12.552,00

= 850 + (20% * 26.023,64) – 12.552,00 = 850 + 5.204,73 – 12.552,00

= - 6.497,27€

Em 2017 esta entidade não vai efetuar PEC, pois quando este for inferior ou igual a zero este pagamento não se realiza.

Tabela 6: Cálculo do Pagamento Especial por Conta Fonte: Anexo 5

Ficam dispensados de realizar o PEC os sujeitos passivos que se encontram no primeiro e no segundo período de atividade, bem como, os sujeitos passivos totalmente isentos de IRC, os sujeitos passivos que tenham deixado de efetuar vendas ou prestações de serviço e tenham entregue a declaração de cessação de atividade, e os sujeitos passivos a que seja aplicado o Regime Simplificado.

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PAGAMENTO ADICIONAL POR CONTA

De acordo com o Artigo 104º - A e 105º - A do CIRC (AT, 2017c) os sujeitos passivos com um lucro tributável superior a 1.500.000€ têm de efetuar um Pagamento Adicional por Conta. Este pagamento é celebrado em três prestações, nos meses de julho, setembro e até dia 15 de dezembro ou no 7º, 9º e até ao dia 15 do 12º mês do período, no caso de entidades com período de tributação diferente do ano civil.

O Pagamento Adicional por Conta é apurado de acordo com as taxas que se encontram em vigor como mostra a Tabela 7:

Lucro Tributável (Euros) Taxa

De mais de 1.500.000€ até 7.500.000€ 2,5%

De mais de 7.500.000€ até 35.000.000€ 4,5%

Superior a 35.000.000€ 6,5%

Tabela 7: Taxas do Pagamento Adicional por Conta Fonte: AT (2017c)

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