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4 PLANEJAMENTO FISCAL OU TRIBUTÁRIO

4.1 IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÃO (ITCMD)

O Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação, se trata de um tributo de competência estados, em que seu fato gerador é a transmissão causa mortis e a doação de quaisquer bens ou direitos, onde aquele em que receber a coisa fica obrigado a recolher. Cada estado estabelece as regras próprias para fixar a base de cálculo, a alíquota, o prazo e o contribuinte. A Constituição Federal impõe algumas normas que devem ser seguidas pelos estados. (BRASIL, 1988)

Neste sentido, ITCMD está previsto no artigo 155, inciso I e §1º de nossa Constituição Federal de 1988, da seguinte forma:

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos; § 1º O imposto previsto no inciso I:

I - relativamente a bens imóveis e respectivos direitos, compete ao Estado da situação do bem, ou ao Distrito Federal

I - relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete ao Estado onde se processar o inventário ou arrolamento, ou tiver domicílio o doador, ou ao Distrito Federal; (BRASIL, 1988)

Bem como, também está amparado no Código Tributário Nacional, entre os artigos 35 ao 42 (BRASIL, 1966), no seguinte ponto:

Art. 35. O imposto, de competência dos Estados, sobre a transmissão de bens imóveis e de direitos a eles relativos tem como fato gerador:

I - a transmissão, a qualquer título, da propriedade ou do domínio útil de bens imóveis por natureza ou por acessão física, como definidos na lei civil; II - a transmissão, a qualquer título, de direitos reais sobre imóveis, exceto os direitos reais de garantia;

III - a cessão de direitos relativos às transmissões referidas nos incisos I e II. Parágrafo único. Nas transmissões causa mortis, ocorrem tantos fatos geradores distintos quantos sejam os herdeiros ou legatários.

Assim sendo, tendo em vista que tal tributo é de competência estadual, em Santa Catarina ele é tratado pela Lei 13.136 de 2004, além do mais, a Secretaria de Estado da Fazenda de Santa Catarina define o ITCMD da seguinte forma (SANTA CATARINA, 2004):

O Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) é um imposto estadual devido por toda pessoa física ou jurídica que receber bens ou direitos como herança, diferença de partilha ou doação. O imposto deve ser calculado e declarado pelo próprio sujeito passivo, que fica obrigado a antecipar o seu pagamento, sem prévio exame da autoridade administrativa. Diante disso, tendo em vista a constituição da holding familiar e a integralização do seu capital social que será feita através da transferência de determinada parte – ou toda – dos bens que compõem o patrimônio pessoal do patriarca da família, entretanto, nessa transferência à sociedade família, não será atribuída a cobrança deste imposto, tendo em vista que o Código Tributário Nacional em seu artigo 36, inciso I, determina que não incidirá sobre tal situação. (BRASIL, 1966)

Não obstante, posteriormente, conforme definido a forma do planejamento sucessório, o presente imposto será incidente em todas as situações, isso porque, o ITCMD incidirá tanto na transmissão da nua propriedade, ou seja, na doação das quotas com reserva de usufruto e diante do testamento, quanto através da forma de um processo de inventário. (SANTA CATARINA, 2004)

Sobre tal situação de incidência nas ocasiões acima destacadas, apresentam Gladston Mamede e Eduarda Mamede (2018, p. 104) uma outra maneira de verificar uma vantagem sobre tais procedimentos:

No Brasil, essa transferência, entre vivos (inter vivos) ou causada pela morte (causa mortis), é tributada. A bem da precisão, não há distinção nos encargos tributários entre a doação em vida e a transferência dos mesmos bens em função da morte, haja ou não testamento. [...]. No entanto, há vantagens laterais que não podem ser desconsideradas. De abertura, a simplicidade no procedimento de doação, que consome infinitamente menos tempo do que o

processo de inventário, ainda que haja testamento e consenso entre os herdeiros.

Assim sendo, de acordo com a o artigo 7o da Lei 13.136/04 que dispõe

sobre o ITCMD no estado de Santa Catarina, a base de cálculo do imposto é o valor venal do bem ou direito, e o artigo 9o prevê as alíquotas a serem cobradas, nos

seguintes termos (SANTA CATARINA, 2004):

Art. 9º As alíquotas para a cobrança do imposto são:

I - um por cento sobre a parcela da base de cálculo igual ou inferior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais);

II - três por cento sobre a parcela da base de cálculo que exceder a R$ 20.000,00 (vinte mil reais) e for igual ou inferior a R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais);

III - cinco por cento sobre a parcela da base de cálculo que exceder a R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais) e for igual ou inferior a R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais);

IV - sete por cento sobre a parcela da base de cálculo que exceder a R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais); e

V - oito por cento sobre a base de cálculo, quando: a) o sucessor for:

1) parente colateral; ou

2) herdeiro testamentário ou legatário, que não tiver relação de parentesco com o de cujus.

b) o donatário ou o cessionário: 1. for parente colateral; ou

2. não tiver relação de parentesco com o doador ou o cedente.

Parágrafo único. Para fins de cálculo do imposto, na hipótese de sucessivas doações ou cessões entre o mesmo doador ou cedente e o mesmo donatário ou cessionário, serão consideradas todas as transmissões realizadas a esse título, nos últimos doze meses, devendo o imposto ser recalculado a cada nova doação, adicionando-se à base de cálculo os valores anteriormente submetidos à tributação, deduzindo-se os valores do imposto já recolhidos.

Diante o exposto, Gladston Mamede e Eduarda Mamede (2018, p. 103 - 104), fazem uma colocação bastante interessante, conforme podemos verificar, nos seguintes termos:

É discurso corrente que a constituição de uma holding, nomeadamente da holding familiar, é uma medida que tem por mérito obtenção de vantagens fiscais.

Em sua generalidade, essa afirmação é falsa. O resultado fiscal pode ser vantajoso ou não, conforme o caso e, principalmente, conforme a engenharia que seja proposta para a estrutura societária. Portanto, não é correto ver a constituição de uma holding familiar como a solução para todos os problemas e, principalmente, uma garantia de recolhimento a menor de tributos.

Assim sendo, tal colocação é bastante interessante, tendo em vista que até agora foram apresentados somente os benefícios que a constituição da holding familiar traz à família interessada nos possíveis planejamentos que através dela se pode fazer. Entretanto, aqui está uma coisa inevitável, não há holding que consiga

prevenir a família da incidência deste tributo, independente das formas e planos para sucessão do patrimônio, não será possível evitar a incidência do Imposto de Transmissão sobre Causa Mortis e Doação nos casos previstos neste trabalho sobre as possíveis formas de suceder o patrimônio do patriarca da família.

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