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Impugnação ao laudo de liquidação de sentença

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 RESUMO DO PROCESSO

4.1.15 Impugnação ao laudo de liquidação de sentença

EXMO (A). SR(A). JUIZ (A) DA VARA DO TRABALHO DE PANAMBI-RS

Processo nº: 0021600-58.2009.5.04.0541. Reclamante: Alfa

Reclamado: Beta

Interessado: União (Seguridade Social)

A UNIAO (SEGURIDADE SOCIAL), representada pela Procuradoria- Geral Federal, nos autos em epigrafe, por seu Procurador Federal in fine assinado, vem, respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, apresentar IMPUGNACAO aos cálculos referentes as contribuições previdenciárias.

Nos autos da demanda acima, não foram contempladas as contribuições Previdenciárias devidas a União referente Terceiros na alíquota de 5,80% sobre a massa salarial tributável, que compõe a base de cálculo.

COMPETENCIA DA JUSTICA DO TRABALHO. CONTRIBUICOES PARA TERCEIRAS ENTIDADES

O princípio Constitucional da eficiência orienta a interpretação no sentido de que a cobrança de tais contribuições conjuntamente com as demais contribuições, e, cobradas por um mesmo Ente (A União) traz racionalidade e eficiência na cobrança dessas contribuições, com o menor gasto possível, evitando movimentar a máquina estatal para instaurar um novo processo para tal fim.

Com relação a competência da Justiça do Trabalho, assim diz a Constituição Federal: “Art. 144 (...)

VIII – Compete ainda a Justiça do Trabalho executar, de oficio, as CONTRIBUICOES SOCIAIS previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir”.

Importante destacar que a Seguridade Social “compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos a SAUDE, a PREVIDENCIA e à ASSISTENCIA SOCIAL.” (grifo nosso)

E para o financiamento da SEGURIDADE SOCIAL, que, como visto, compreende

os direitos relativos à SAUDE, PREVIDENCIA e ASSISTENCIA SOCIAL, o artigo 195,

também da Constituição Federal, estabelece que será “de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, E DAS SEGUINTES CONTRIBUICOES SOCIAIS:

I – do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei,

incidente sobre:

a) A folha de salários e demais rendimentos de trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;

(...)

II – do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuições sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201;”

Descabe restringir o alcance da competência Constitucional da Justiça do Trabalho com base em lei infraconstitucional. Cumpre dizer que a competência é fixada pela Constituição Federal e não pela Norma Consolidada.

As contribuições destinadas a terceiros recolhidas e administradas pelo INSS estão inclusas nas disposições das EC nº 20 e 45, por força de regra especial.

A interpretação Teleológica do Diploma Legal (EC nº 20) ora em comento revela intenção clara: facilitar o recolhimento das contribuições SOCIAIS incidentes sobre os pagamentos efetuados em sede de reclamatória trabalhista. E não somente destas: veja-se que as EC nº 20 e 45 utilizam-se da expressão “contribuições sociais” e não apenas “contribuições previdenciárias”; isto porque pretendeu outorgar competência a Justiça do Trabalho para executar não apenas estas ultimas, mas também as demais contribuições que incidem sobre a folha de salários e que, por forca de lei, são arrecadas conjuntamente com as contribuições previdenciárias.

Em momento algum a Lei nº 10.035/00 pretendeu alterar o sistema de recolhimento das contribuições para-fiscais incidentes sobre o trabalho: lançamento e arrecadação conjuntos das contribuições que tenham a mesma base de incidência – folha de salários, ou seja, sobre verbas salariais – sejam elas pagas regularmente durante o contrato de trabalho, seja por força de condenação na Justiça do Trabalho.

Além da base de incidência comum (folha de salários), as contribuições de terceiros também possuem natureza tributária e a elas se aplicam os mesmo prazos, condições, sanções e privilégios das contribuições previdenciárias, inclusive no que se refere à cobrança judicial;

justamente por isso é que se atribui a capacidade tributaria ativa para sua arrecadação ao INSS, nos termos do art. 94 da Lei 8.212/91, verbis:

“Art. 94. O Instituto Nacional do Seguro Social – INSS poderá arrecadar e fiscalizar, mediante remuneração de 3,5% do montante arrecadado, contribuição devida por lei a terceiros, desde que provenha de empresa, segurado, aposentado ou pensionista a ele vinculado, aplicando-se a essa contribuição, no que couber, o disposto nesta lei.

Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, exclusivamente, as contribuições que tenham a mesma base utilizada para o cálculo das contribuições incidentes sobre a remuneração paga ou creditada a segurados, ficando sujeitas aos mesmos prazos, condições sanções e privilégios, inclusive no que se refere à cobrança judicial.”

Veja-se que essas contribuições também têm por fato gerador a prestação de trabalho, e decorrem igualmente da sentença condenatória proferida no processo trabalhista: assim, considerando-se a redação do comando constitucional, que autoriza a execução das contribuições “decorrentes da sentença que proferir, sustenta-se a competência da Justiça Obreira para tanto, acompanhando a jurisprudência firmada nos Tribunais de outras regiões”: DECISAO: Contribuições sociais. Verbas “terceiros”. Competência da Justiça do Trabalho. A rubrica “terceiros” diz respeito a contribuições sociais, equiparadas as contribuições previdenciárias, espécies de tributo, previstas em leis, cuja arrecadação e repasse fica a cargo do Órgão Previdenciário. Tratando-se de compromisso legal, derivado da sentença condenatória trabalhista, esta Justiça Especial e competente para decidir a respeito da respectiva execução, como faz relativamente a outros débitos fiscais, a exemplo do imposto de renda. TRT-PR-02457-1996-096-09-00-4 (AP-00340-2003) Acordão-14723-2003.

DECISAO: por unanimidade de votos, CONHECER do agravo de petição do INSS e, no mérito, por igual votação, DAR-LHE PROVIMENTO, para declarar a competência material da Justiça do Trabalho e impor a executada a obrigação de pagar a contribuição previdenciária denominada “terceiros”, tudo, consoante a fundamentação. Custas inalteradas. TRT-PR-AP- 01727-2002-Acordão-27958-2002; DJPR 06-12-2002.

TRT – 12º REGIAO; Processo: Nº: 01236-1998-001-12-00-7; Juíza Agueda M.L. Pereira Ementa: CONTRIBUICOES ARRECADADAS PELO INSS E DEVIDAS A TERCEIROS. COMPETENCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO PARA DETERMINAR A APURAÇÃO E A EXECUÇÃO DAS PARCELAS. Devem ser executadas pela Justiça do Trabalho, além das contribuições previdenciárias regularmente devidas pelos empregados e empregadores, aquelas destinadas as entidades privadas de serviço social e de formação profissional vinculadas ao sistema sindical (SESI, SESC, SENAI, SENAC, INCRA, FNDE, SEBRAE,

etc.), uma vez que também se encontram insertas na competência atribuída pelo § 3º do art. 114 da Constituição Federal, que remete o interprete a letra “a” do inc. I do art. 195 da Carta Magna, segundo a qual a seguridade social será financiada, dentre outros, mediante contribuições sociais do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício. Com efeito, as contribuições sociais destinadas à seguridade social abrangem também as contribuições devidas a terceiros, porquanto, ainda que de forma indireta, também se destinam ao financiamento da seguridade social, nos termos do art. 94 da Lei nº 8.212/1991, pois o Órgão Previdenciário é pago para esse mister.

Destaca-se, por exemplo, as entidades SESC, SENAC e SENAI. O artigo 203, da Constituição Federal, no que se refere à ASSISTÊNCIA SOCIAL, financiada por CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS (artigo 195, da Constituição Federal), em seu inciso III, diz que um de seus objetivos é “a promoção da integração ao mercado de trabalho”. Assim a contribuição social destinadas a essas entidades se dá especialmente e essencialmente para se dar cumprimento ao comando constitucional.

Quanto à empresa cumpre observar que se comprovar, mediante termo de opção pelo SIMPLES, Ficha Cadastral da Pessoa Jurídica e Cadastro atualizado da Receita Federal a opção pelo SIMPLES em todo o período a que se refere a sentença ou acordo, não será devida a contribuição patronal eventualmente calculada. Esta também não será devida se a empresa comprovar a situação de filantrópica em gozo de isenção da contribuição patronal.

De outra banda, hoje encontra-se pacificado na imensa maioria dos magistrados da justiça Federal do Trabalho, a decisão quanto a cobrança da contribuições de terceiros juntamente com as contribuições previdenciárias, uma vez que as entidades ditas terceiros (SESI, SENAC, SESC, SENAI, etc...), são organismo de apoio ao trabalhador e não possuem estrutura de cobrança e fiscalização, mas que na realidade desempenham um papel eminentemente social, dentro do contexto da sociedade.

Face o exposto, requer que sejam retificados os cálculos, descarte, contemplando as Contribuições Previdenciárias devidas a União, a título de terceiros, nos percentuais já mencionados, aplicados sobre a massa salarial tributável.

Termos em que pede deferimento. Santo Ângelo, 10 de fevereiro de 2011.

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