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4.4 Comprovação do exercício de atividade

4.4.1 Início de prova material

A IN 45 no art. 122 apresenta um rol exemplificativo de documentos considerados como início de prova material, para fins de comprovação da atividade rural ou pesqueira, desde que neles conste a profissão ou qualquer outro dado que evidencie o exercício da atividade e seja contemporâneo ao fato nele declarado:

I – certidão de casamento civil ou religioso;

II – certidão de nascimento ou de batismo dos filhos; III – certidão de tutela ou de curatela;

IV – procuração;

V – título de eleitor ou ficha de cadastramento eleitoral;

VI – certificado de alistamento ou de quitação com o serviço militar; VII – comprovante de matrícula ou ficha de inscrição em escola, ata ou boletim escolar do trabalhador ou dos filhos;

VIII – ficha de associado em cooperativa;

IX – comprovante de participação como beneficiário, em programas governamentais para a área rural nos Estados, Distrito Federal ou nos Municípios;

X – comprovante de recebimento de assistência ou de acompanhamento de empresa de assistência técnica e extensão rural;

XI – escritura pública de imóvel;

XII – recibo de pagamento de contribuição federativa ou confederativa; XIII – registro em processos administrativos ou judiciais, inclusive inquéritos, como testemunhas, autor, réu;

XIV – ficha ou registro em livros de casas de saúde, hospitais, postos de saúde ou do programa dos agentes comunitários de saúde;

XV – carteira de vacinação;

XVI – título de propriedade de imóvel rural;

XVII – recibo de compra de implementos ou de insumos agrícolas; XVIII – comprovante de empréstimo bancário para fins de atividade rural;

XIX – ficha de inscrição ou registro sindical ou associativo junto ao sindicato de trabalhadores rurais, colônia ou associação de pescadores, produtores ou outras entidades congêneres;

XX – contribuição social ao sindicato de trabalhadores rurais, à colônia ou à associação de pescadores, produtores ou outras entidades congêneres;

XXI – publicação da imprensa ou em informativos de circulação pública; XXII – registro em livro de entidades religiosas, quando da participação em batismo, crisma, casamento ou em outros sacramentos;

XXIII – registro em documentos de associações de produtores rurais, comunitárias, recreativas, desportivas ou religiosas;

XXIV – declaração anual de produtor rural – DAP, firmada perante o INCRA;

XXV – título de aforamento;

XXVI – declaração de aptidão fornecida pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais para fins de obtenção de financiamento junto ao PRONAF;

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Além dos documentos acima elucidados, também podem ser aceitos como indício razoável de prova material:

 Contrato de empréstimo bancário do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF destinado ao custeio da safra ou atividade agroindustrial;

 Contrato do seguro de agricultura familiar – SEAF;

 Autuações da Capitania dos Portos, IBAMA, órgãos ambientais estaduais e municipais;

A TNU editou a súmula 6 que estabelece que “a certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição de trabalhador rural do cônjuge constitui inicio razoável de prova material da atividade rurícola”.

Em outro julgamento, a TNU reconhece que os dados constantes em documentos públicos “constituem início de prova material hábil à comprovação de atividade rural, desde que corroborados por prova testemunhal idônea” (PEDILEF 2003.81.10.012963-5).

Dentre os documentos com maior disponibilidade ao segurado especial constam os registros de assistência técnica como, por exemplo, a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina - EPAGRI, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural – EMATER presente em diversos Estados, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA, dentre outros.

Além disso, a Declaração de Aptidão, fornecida pelo sindicato dos trabalhadores rurais segundo a renda anual e a atividade explorada, para fins de obtenção de financiamento junto ao PRONAF representa uma importante prova material, pois é preenchida sempre que requerido o financiamento (pode-se requerer anualmente).

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Para tanto, os documentos anteriormente mencionados somente serão considerados desde que não contenham rasuras ou retificações recentes e conste a profissão do segurado ou qualquer outro dado que evidencie o exercício da atividade rurícola ou pesqueira, ou seu cônjuge, companheiro ou companheira, inclusive os homoafetivos, enquanto durar a união estável, ou de seu ascendente ou descendente, enquanto componente do grupo familiar, salvo prova em contrário (IN 45, art. 122, § 1ª).

Com efeito, a qualificação em certidões, como agricultor, tem sido aceita pela jurisprudência como início de prova material, senão vejamos42:

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. APLICAÇÃO DAS SÚMULAS 282 E 356/STF. APOSENTADORIA. RURÍCOLA. ATIVIDADE RURAL. COMPROVAÇÃO. ROL DE DOCUMENTOS EXEMPLIFICATIVO. ART. 106 DA LEI 8.213/91. DOCUMENTOS EM NOME DE TERCEIRO. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. CARACTERIZAÇÃO. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO.

I - Nos termos das Súmulas 282 e 356/STF, é inviável em sede de recurso especial a apreciação de matéria cujo tema não fora objeto de discussão no acórdão recorrido, uma vez que caberia ao Tribunal a quo, caso provocado, manifestar-se sobre o tema, tendo em vista a exigência do indispensável prequestionamento.

II - O rol de documentos hábeis à comprovação do exercício de atividade rural, inscrito no art. 106, parágrafo único da Lei 8.213/91, é meramente exemplificativo, e não taxativo, sendo admissíveis, portanto, outros documentos além dos previstos no mencionado dispositivo. III - Na hipótese dos autos, houve o necessário início de prova material, pois a autora apresentou documentos em nome do pai, o que também lhe aproveita. Portanto, tendo trabalhado na agricultura juntamente com seus pais e demais membros de sua família, dificilmente terá documentos em seu nome, sendo ilegítima a exigência de prova material em seu próprio nome. A jurisprudência desta Eg. Corte é robusta ao considerar válidos os documentos em nome dos pais ou do cônjuge para comprovar atividade rural.

IV- Agravo interno desprovido. Grifei

Não será exigido que os documentos referidos no caput sejam contemporâneos ao período de atividade rural ou pesqueira que o segurado precisa comprovar, em número de meses equivalente ao da carência do benefício, para a concessão de benefícios no valor de um salário mínimo,

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Tribunal Regional Federal da 4ª Região: AGRESP 600071 / RS ; AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2003/0188561-6, DJ DATA:05/04/2004 PG:00322, Relator Min. GILSON DIPP, Quinta Turma, por unanimidade. Disponível: http://www2.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=consulta_processual_resultado_pesquisa&selF orma=NU&txtValor=50037979020134040000&chkMostrarBaixados=S&selOrigem=TRF&hdnRefI d=ad40c44c1abffc0ea03848a2e08e62d1&txtPalavraGerada=fBZk

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podendo servir como início de prova documento anterior a este período, na conformidade do parecer CJ/MPS nº 3.136, de 23 de setembro de 200343.

Para fins de aferição da contemporaneidade, considerará datado o documento particular, tal como, contrato formal de arrendamento, de parceria ou de comodato rural, nos termos do art. 370 do CPC:

I – no dia em que foi registrado;

II – desde a morte de algum dos signatários;

III – a partir da impossibilidade física, que sobreveio a qualquer dos signatários;

IV – da sua apresentação em repartição pública ou em juízo; ou

V – do ato ou fato que estabeleça, de modo certo, a anterioridade da formação do documento.

Qualquer que seja a categoria do segurado, na ausência de apresentação de documentos contemporâneos pelo interessado, poderá ser aceito, entre outros, a certidão da prefeitura municipal relativa à cobrança do ITR anterior à Lei 4.504, de 30 de novembro de 1964 (Estatuto da Terra), os atestados de cooperativas, a declaração, o certificado ou certidão de entidade oficial, desde que deles conste a afirmação de que os dados foram extraídos de documentos contemporâneos aos fatos a comprovar, existentes e à disposição do INSS, hipótese em que deverá ser feita pesquisa previa e, caso haja confirmação, os dados pesquisados devem ser considerados como prova plena (IN 45, art. 141).

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