• Nenhum resultado encontrado

INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO E PESQUISA ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PREVIDENCIÁRIO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO E PESQUISA ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PREVIDENCIÁRIO"

Copied!
78
0
0

Texto

(1)

PESQUISA

ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO

PREVIDENCIÁRIO

Felipe Clement

Segurado especial: conceito e enquadramento

JACAREÍ-SP

2013

(2)

.

Felipe Clement

SEGURADO ESPECIAL: CONCEITO E

ENQUADRAMENTO

Monografia apresentada para obtenção do Título de Especialista em Direito Previdenciário da Faculdade INESP.

Orientador(a): MSc. Juliana de Oliveira Xavier Ribeiro

JACAREÍ - SP

2013

(3)

.

SEGURADO ESPECIAL: CONCEITO E

ENQUADRAMENTO

FELIPE CLEMENT

Monografia apresentada para obtenção do Título de Especialista em Direito Previdenciário da Faculdade INESP.

Data da Aprovação: ____/____/_____

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________ Faculdade INESP _______________________________________ Prof. Orientador _______________________________________ Prof. Coordenador

CONCEITO FINAL: __________

(4)

.

Dedico este trabalho a Prof. MSc. Juliana de Oliveira Xavier Ribeiro pela dedicação e amizade.

(5)

.

AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dado forças e iluminado meu caminho para que pudesse concluir mais uma etapa na minha vida.

A Prof. MSc. Juliana de Oliveira Xavier Ribeiro sempre me apoiando em todos os momentos, enfim por todos os conselhos e pela confiança em mim depositada, meu imenso agradecimento.

(6)

.

“O direito-dever da educação não é de caráter facultativo mas de natureza imperativa. De um lado, o indivíduo pode exigir que o Estado o eduque. De outro, o Estado pode exigir que o indivíduo seja educaco. Assim como o direito à educação é corolário do direito à vida, da mesma forma a educação é irrenunciável tanto quanto é a vida. É crime tentar suicidar-se. Deixar de educar é um suicídio moral. E isso porque, sem devolver suas potencialidades, o ser humano impede a eclosão de sua vida em toda a plenitude. Sem aprimorar suas virtualidades espirituais, o indivíduo sufoca em si o que tem de mais elevado, matando o que tem de humano para subsistir apenas como animal. Continua como ser vivo, conservando o gênero, mas parece como homem, eliminando a diferença específica”.

(7)

.

CLEMENT, FELIPE. Segurado especial: conceito e enquadramento. Jacareí-SP. 2013. 78 f. Especialista em Direito Previdenciário. Faculdade INESP, Jacareí-SP, 2013.

RESUMO

Para elaboração desse trabalho foi utilizada a pesquisa bibliográfica, que constituiu no exame de obras de vários autores, exame da legislação nacional e exame das jurisprudências dos nossos Tribunais. Tendo como finalidade verificar o conceito e enquadramento do segurado especial. Com o referido estudo foi constatado que o segurado especial é a pessoa física que exerce atividade como produtor rural, extrativista ou seringueiro, pescador artesanal ou o indígena, de forma individual ou em regime de economia familiar, para a sua subsistência. São considerados segurados especiais todos os membros do grupo familiar maiores de 16 (dezesseis) anos que participam efetivamente das atividades familiares. Esta categoria de segurado do Regime Geral de Previdência Social possui um rol definido de benefícios previdenciários com renda mensal inicial equivalente ao salário mínimo. Outra peculiaridade é o fato das contribuições previdenciárias incidirem somente sobre o resultado da comercialização da produção.

(8)

.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Art. Artigo

DER Data da Entrada do Requerimento

CPC Código de Processo Civil

CF Constituição da República Federativa do Brasil de 1988

INSS Instituto Nacional de Seguro Social

LOAS Lei Orgânica da Assistência Social

TNU Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos

Juizados Especiais Federais

TRF Tribunal Regional Federal

STJ Superior Tribunal de Justiça

(9)

. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 9 2 CAPÍTULO 1 ... 12 CONCEITO E ENQUADRAMENTO ... 12 2.1 Breve histórico ... 12 2.2 Conceito ... 13

2.2.1 Tamanho da propriedade ou embarcação ... 15

2.3 Características ... 17

2.3.1 Regime de economia familiar ... 19

2.3.2 Contratação de mão-de-obra ... 23

2.4 Enquadramento ... 24

2.4.1 Trabalho remunerado fora do grupo familiar ... 28

2.4.2 Trabalho da mulher ... 30

3 CAPÍTULO 2 ... 32

BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO ... 32

3.1 Espécies de benefícios previdenciários ... 32

3.2 Aposentadoria por idade ... 34

3.2.1 Aposentadoria mista ... 38

3.2.2 Valor do benefício ... 41

3.3 Aposentadoria por invalidez ... 41

3.4 Auxílio-acidente ... 42

3.5 Auxílio-doença ... 43

3.6 Auxílio-reclusão ... 44

3.7 Pensão por morte ... 44

3.8 Salário-maternidade ... 45

4 CAPÍTULO 3 ... 48

COMPROVAÇÃO DE ATIVIDADE E CONTRIBUIÇÃO ... 48

4.1 Filiação ... 48

(10)

.

4.3 Data da exclusão ... 49

4.4 Comprovação do exercício de atividade ... 49

4.4.1 Início de prova material ... 56

4.5 Declaração de exercício de atividade ... 59

4.5.1 Homologação de declaração do exercício de atividade ... 62

4.6 Entrevista ... 63

4.7 Contribuição ... 64

5 CONCLUSÃO ... 67

(11)

.

1 INTRODUÇÃO

A matéria que envolve benefícios previdenciários aos produtores rurais e aos pescadores artesanais comporta grande divergência doutrinária e jurisprudencial. Um dos grandes fatores que alimentam essa divergência é a redação da legislação que regulamenta a matéria. Basicamente a Lei nº 8.213/91 estabelece a possibilidade de a atividade ser exercida de forma individual ou em regime de economia familiar e exige: (a) ausência de empregados permanentes na propriedade ou embarcação; (b) para caracterização do grupo familiar é necessário o exercício de atividade em condição de mútua colaboração e dependência; (c) atividade seja indispensável a subsistência do indivíduo ou do seu grupo familiar.

Além disso, a idade mínima para filiação, o tamanho da propriedade ou da embarcação e o exercício de outra atividade remunerada pelo membro do grupo familiar são disciplinados de forma superficial pela legislação e comportam as maiores divergências doutrinárias e jurisprudenciais.

A presente monografia tem como objetivo apresentar os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais sobre o segurado especial, apresentando conceito simples desta categoria de trabalhadores e o seu enquadramento no Regime Geral de Previdência Social, assim como todos os documentos disponíveis para comprovação da atividade como segurado especial e o seu processo administrativo.

Para tanto, principia-se, no Capítulo 1, tratando de um breve histórico dos benefícios previdenciários concedidos aos produtores rurais e pescadores artesanais, passando para análise do conceito de segurado especial e enquadramento desses trabalhadores.

(12)

.

No Capítulo 2, tratando dos benefícios previdenciários do segurado especial em conformidade com a legislação em vigor, onde serão abordados todos os benefícios que são devidos a esta categoria de trabalhadores.

No Capítulo 3, tratando sobre os aspectos práticos para a comprovação do produtor rural, do pescador artesanal e do indígena na condição de segurado especial, onde serão abordados todos os documentos necessários e disponíveis para o enquadramento nesta categoria, inclusive o processo administrativo no Instituto Nacional de Seguro Social – INSS.

As categorias fundamentais para a monografia, bem como os seus conceitos operacionais serão apresentados no decorrer da monografia.

O presente trabalho acadêmico se encerra com as considerações finais, nas quais serão apresentados pontos conclusivos destacados, seguindo da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões sobre o segurado especial.

Para a presente monografia foram levantadas as seguintes hipóteses:

a) Os produtores rurais, pescadores artesanais e indígenas possuem amparo previdenciário;

b) Os membros do grupo familiar desses trabalhadores também possuem amparo previdenciário desde que seu trabalho seja essencial a subsistência do grupo familiar.

c) A contribuição desses trabalhadores incide sobre a comercialização da produção;

Quanto à metodologia empregada, registra-se que, na Fase de Investigação foi utilizado o Método Indutivo, na Fase de Tratamento de Dados o Método Cartesiano, e, o Relatório dos Resultados expresso na presente Monografia é composto na base lógica Indutiva.

(13)

.

Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as Técnicas do Referente, da Categoria, do Conceito Operacional e da Pesquisa Bibliográfica.

(14)

.

2 CAPÍTULO 1

CONCEITO E ENQUADRAMENTO

2.1 Breve histórico

Até o advento da Lei Complementar nº 11, de 25 de maio de 1971 somente existia amparo assistencial e previdenciário para os trabalhadores urbanos. A referida Lei Complementar instituiu o Programa de Assistência ao Trabalhador Rural – PRORURAL, de natureza assistencial, aos trabalhadores rurais e consistia na prestação dos seguintes benefícios: aposentadoria por velhice, aposentadoria por invalidez, pensão, auxílio-funeral, serviço de saúde e serviço social. Ocorre que o benefício assistencial, no valor equivalente a 50% (cinquenta por cento) do salário-mínimo, somente era concedido ao chefe ao arrimo da família.

Posteriormente, a Lei Complementar nº 11/71 foi alterada pela Lei Complementar nº 16, de 30 de outubro de 1973. Em suma, os benefícios concedidos aos trabalhadores rurais até a Constituição Federal de 1988 consistiam na concessão de: aposentadoria por idade, pensão por morte, aposentadoria por invalidez e auxílio doença (L.C. nº 11/71); aposentadoria por invalidez decorrente de acidente do trabalho, pensão por morte por acidente, auxílio-doença por acidente do trabalho e renda mensal vitalícia por invalidez (Lei nº 6.195/74).

Somente com a Constituição Federal de 1988 houve a uniformidade e equivalência entre benefícios previdenciários concedidos aos trabalhadores urbanos e rurais (art. 194, § único, inciso II). Também se estenderam os benefícios concedidos aos trabalhadores rurais para os integrantes do grupo familiar (art. 195, § 8º).

(15)

.

Já a unificação dos trabalhadores no Regime Geral de Previdência Social era prevista pelo legislador constituinte na redação original do art. 201:

Art. 201. Os planos de previdência social, mediante contribuição: § 1º Qualquer pessoa poderá participar dos benefícios da previdência social, mediante contribuição na forma dos planos previdenciários; (...)

§ 5º Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado até valor mensal ao salário mínimo.

Com a Emenda Constitucional de 1998 o dispositivo ficou ainda mais claro:

Art. 201 - A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (Alterado pela EC-000.020-1998)

§ 1º - É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar.

Em que pese a unificação dos sistemas previdenciários e assistenciais atende a um dos objetivos da Seguridade Social, disciplinado no art. 194 da Constituição Federal de 1988, somente veio a se concretizar efetivamente com a publicação da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 que dispõe sobre a organização da Seguridade Social, institui Plano de Custeio, e dá outras providências e a Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991 que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências.

2.2 Conceito

Segurado especial é a pessoa física que exerce atividade como produtor rural, extrativista ou seringueiro, pescador artesanal ou o indígena, de forma individual ou em regime de economia familiar, para a sua subsistência sem a utilização permanente de mão-de-obra.

(16)

.

O texto constitucional, no art. 195, § 8º, possui definição específica para o segurado especial:

O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei.

A partir da previsão constitucional do art. 195, § 8º foi instituída a categoria de segurado especial no Regime Geral de Previdência Social – RGPS, conforme previsto na Lei 8.213/91, art. 11, inciso VII (com as alterações da Lei 11.718/08):

Art. 11 – São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:

(...)

VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros, (...).

Exigir que o segurado especial residisse em imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele pode ocasionar o seu enquadramento em outra categoria se este residir em imóvel urbano, situação corriqueira dos pescadores. Numa perspectiva constitucional, inexiste incompatibilidade entre o regime previdenciário e a situação dos pescadores que residem em ambiente estritamente urbano. A Convenção da OIT no art. 24 estabelece que “os planos da seguridade social deverão ser estendidos progressivamente aos povos interessados e a eles aplicados sem nenhuma discriminação”. Basicamente, o que define a condição de segurado especial são a forma e o tipo de atividade exercida corroborado com outros requisitos e não o local da residência.

A exigência da Lei nº 8.213/91, no art. 11, inciso VII é inconstitucional porque não perde a condição de segurado especial, por exemplo, o pescador que exerce a atividade em alto mar e reside em local urbano. Aliás, com a valorização dos imóveis localizados nas áreas litorâneas houve uma migração desses pescadores para as periferias das cidades ou regiões urbanizadas. Essa

(17)

.

distinção baseada em critério puramente geográfico não tem embasamento legal.

Essa mesma regra foi utilizada para que os chamados índios urbanos, aqueles que vivem fora de aldeias demarcadas, também sejam reconhecidos como segurados especiais. Segundo a decisão - Ação Civil Pública n.º 2008.71.00.024546-2/RS1 - os indígenas que moram em áreas urbanas e sobrevivem da venda de artesanato elaborado com matéria-prima proveniente de extrativismo vegetal tem direito a receber da Fundação Nacional do Índio – FUNAI certidão dando conta das atividades que desempenham.

2.2.1 Tamanho da propriedade ou embarcação

A Lei 8213/91, art. 11, VII, a, 1, estabelece que atividade agropecuária pode ser realizada em até 4 (quatro) módulos fiscais2. Para a medição do módulo fiscal da propriedade será considerado somente a área aproveitável que for passível de exploração agrícola, pecuária ou florestal, descontando-se as áreas destinadas às benfeitorias, florestas, reserva legal, rios, entre outros (Lei nº 6.746/79, art. 50, § 4º, a, b)

1

Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Ação Civil Pública n.º 2008.71.00.024546-2/RS . Disponível em: http://6ccr.pgr.mpf.gov.br/atuacao-do-mpf/acao-civil-publiva/docs_classificacao_tematica/AP_107_2009_Sentenca_ACP_2008_71_00_024546_2_RS _contra_INSS_Beneficios_Previdenciarios.pdf.

2

Lei nº 6.746, de 10 de dezembro de 1979 - Altera o disposto nos arts. 49 e 50 da Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964 (Estatuto da Terra), e dá outras providências.

(...)

Art. 50 (...)

§ 2º O módulo fiscal de cada Município, expresso em hectares, será determinado levando-se em conta os seguintes fatores:

a) o tipo de exploração predominante no Município: I - hortifrutigranjeira;

Il - cultura permanente; III - cultura temporária; IV - pecuária;

V - florestal;

b) a renda obtida no tipo de exploração predominante;

c) outras explorações existentes no Município que, embora não predominantes, sejam expressivas em função da renda ou da área utilizada;

d) o conceito de "propriedade familiar", definido no item II do artigo 4º desta Lei.

§ 3º O número de módulos fiscais de um imóvel rural será obtido dividindo-se sua área aproveitável total pelo modulo fiscal do Município.

(18)

.

A limitação territorial da propriedade do segurado especial produtor rural foi motivo de muitas demandas judiciais para aumentar este limite de exploração da atividade. O debate judicial levou à edição da súmula n.º 30 da TNU:

Tratando-se de demanda previdenciária, o fato de o imóvel ser superior ao módulo rural não afasta, por si só, a qualificação de seu proprietário como segurado especial, desde que comprovada, nos autos, a sua exploração em regime de economia familiar.

Outra não é a orientação do Egrégio Tribunal Regional Federal da 4ª Região3:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. REQUISITOS. QUALIDADE DE SEGURADO.. CARÊNCIA. INCAPACIDADE. COMPROVAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS MORATÓRIOS. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. IMPLANTAÇÃO DO BENEFÍCIO.

[...]

3. Não há previsão constitucional ou infraconstitucional que condicione, de forma objetiva e absoluta, a condição de segurado especial à dimensão do imóvel rural e à utilização de maquinário. A extensão da propriedade e o uso de máquinas agrícolas são apenas mais dois aspectos a serem analisados juntamente com o restante do conjunto probatório, não constituindo, por si só, óbice ao reconhecimento da condição de segurado especial. No caso, a qualidade de segurado especial não restou descaracterizada, na medida em que o autor explora apenas a área de 18,6 hectares, ou seja, inferior ao módulo fiscal no municio de Redentora/RS, o qual é de 20 hectares.

4. O fato de o pai do autor possuir imóveis rurais com área superior à 200 hectares não afasta sua qualidade de segura especial em regime de economia familiar, inclusive por que juntou aos autos documentos que dão conta os imóveis do pai do autor encontram-se arrendados desde 2007. [...] Grifei

Do mesmo modo, o Superior Tribunal de Justiça também entende que a qualidade de segurado especial poderá ser demonstrada por outros meios de prova, independentemente do tamanho da propriedade (STJ, RESP nº 1999008807574).

3

Tribunal Regional Federal da 4 ª Região. APELREEX nº 0011737-41.2011.404.9999, Quinta Turma, Relator Sérgio Renato Tejada Garcia, D.E. 29/03/2012. Disponível em: http://jurisprudencia.trf4.jus.br/pesquisa/resultado_pesquisa.php.

4

Superior Tribunal de Justiça. RESP nº 199900880757. Disponível em: http://www.jusbrasil.com.br/diarios/34828195/trf3-judicial-i-interior-01-03-2012-pg-538

(19)

.

Já a embarcação utilizada deverá ter de arqueadura bruta5 igual ou menor de seis toneladas quando utilizada pelo próprio grupo familiar. Na condição de parceiro outorgado, a embarcação poderá ser de até 10 toneladas (Lei 8213/91, art. 11, VII, b).

É sabido que a TNU e o STJ possuem entendimento consolidado, em situação análoga, conforme já devidamente asseverado. Sendo assim, utilizando o mesmo raciocínio, não é admissível que a arqueadura bruta da embarcação seja considerada como único fator para caracterizar o pescador artesanal como contribuinte individual ou como segurado especial.

O Ministério da Pesca e Aquicultura há tempos vem manifestando a preocupação quanto a diminuição do pescado no litoral brasileiro tanto que limitou o número de embarcações pesqueiras. Na Instrução Normativa n.º 18/20076 o Ministério da Pesca e Aquicultura justifica a limitação das embarcações pesqueiras para a pesca do camarão sete barbas asseverando que “a condição de sobreexplotação dos estoques de camarão sete barbas nas regiões Sudeste e Sul e a conseqüente limitação do esforço de pesca da frota que opera na captura de camarão sete barbas nessa Região; (...)”.

Destarte, considerando a exploração descontrolada do pescado no País, exige-se a procura de locais mais distantes da costa territorial e a utilização de embarcações de pequeno porte podem inviabilizar a atividade.

2.3 Características

Para efeitos da caracterização do segurado especial produtor rural a IN 45, art. 7º, § 1º esclarece que:

5

Entende-se por arqueação bruta a expressão da capacidade total da embarcação constante da respectiva certificação pelo órgão competente (IN 45, art. 7º, § 1º, a).

6

Dispõe sobre critérios e procedimentos para a concessão de permissão de pesca e efetivação do registro de embarcação pesqueira para operar na captura de camarão sete barbas,

(20)

.

I – produtor: aquele que, proprietário ou não, desenvolve atividade agrícola, pastoril ou hortifrutigranjeira, por contra própria, individualmente ou em regime de economia familiar;

II – parceiro: aquele que tem contrato escrito de parceria com o proprietário da terra ou detentor da posse e da mesma forma exerce atividade agrícola, pastoril ou hortifrutigranjeira, partilhando lucros ou prejuízos;

III – meeiro: aquele que tem contrato escrito com o proprietário da terra ou detentor da posse e da mesma forma exerce atividade agrícola, pastoril ou hortifrutigranjeira, partilhando rendimentos e custos;

IV – arrendatário: aquele que, por meio de contrato escrito, explora a terra pertencente a outra pessoa, por empréstimo gratuito, por tempo determinado ou não, para desenvolver atividade agrícola, pastoril ou hortifrutigranjeira;

V – comodatário: aquele que, por meio de contrato escrito, explora a terra pertencente a outra pessoa, por empréstimo gratuito, por tempo determinado ou não, para desenvolver atividade agrícola, pastoril ou hortifrutigranjeira;

VI – condômino: aquele que explora imóvel rural, como delimitação da área ou não, sendo a proprietária um bem comum, pertencente a várias pessoas;

VII – usufrutuário: aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural, tem direito à posse, ao uso, ou à administração ou à percepção dos frutos, podendo usufruir o bem em pessoa ou mediante contrato de arrendamento, comodato, parceria ou meação;

VIII – possuidor: aquele que exerce sobre o imóvel rural algum dos poderes inerentes à propriedade, utilizando e usufruindo da terra como se proprietário fosse.

O seringueiro ou extrativista vegetal deverá exercer a sua atividade baseado na coleta e extração, de modo sustentável, de recursos naturais renováveis. Nestas duas atividades o segurado especial deverá exercer a sua atividade como produtor: seja proprietário, arrendatário, parceiro, meeiro, comodatário, condômino ou arrendatário (Lei 8213/91, art. 11, VII, a, 2).

Já o pescador artesanal ou assemelhado é aquele que faça da pesca sua profissão habitual ou principal meio de vida, individualmente, em regime de economia familiar ou na condição de parceiro outorgado. Os equipamentos de pesca consistem em embarcação e rede de pesca que podem ser: de cerco, esmalhe, arrasto, tarrafa, linha, anzol, arpão, etc.

Por “assemelhado” entende-se a atividade de marisqueiro, cujo conceito está disciplinado na IN 45, art. 7º, § 1º, X:

Aquele que, sem utilizar embarcação pesqueira, exerce a atividade de captura ou extração de elementos animais ou vegetais que tenham na

(21)

.

água seu meio natural ou mais frequente de vida, na beira do mar, no rio ou na lagoa.

Sendo a pesca uma atividade de extração de organismos aquáticos, os processos de beneficiamento e comercialização são permitidos. Esta atividade, geralmente, é realizada pela mulher ou pelos filhos menores de 18 (dezoito) anos do pescador artesanal. Nesse caso, o indivíduo é denominado manipulador de pescado e também se enquadra como segurado especial.

Além disso, o indígena também é segurado especial, podendo exercer a sua atividade como produtor rural, pescador artesanal ou comerciante de artesanato elaborado com matéria-prima proveniente do extrativismo vegetal.

2.3.1 Regime de economia familiar

Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes, independentemente do valor auferido com a comercialização da sua produção, quando houver (Lei 8213/91, art. 11, § 1º c/c IN 45, art. 7º, § 1º).

É preciso diferenciar a atividade exercida pelo segurado de forma individual da atividade exercia em regime de economia familiar. Somente no regime de economia familiar pode haver comprometimento na condição de segurado especial pelo desenvolvimento de outra atividade remunerada, independentemente de ser urbana ou rural.

Todos os integrantes do grupo familiar devem dedicar-se efetivamente para a subsistência e desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar com rendimentos compatíveis. O integrante do grupo familiar que exercer atividade remunerada de outra natureza (urbana ou rural) terá sua categorização

(22)

.

reconhecida individualmente de acordo com a Lei nº 8.213/91, no art. 11, incisos I, II, V ou VI. Nesse sentido é a jurisprudência7:

A Lei nº 8.213/91 não exige, para a caracterização do regime de economia familiar, que toda a família trabalhe na lavoura, mas que o trabalho de todos seja indispensável à subsistência do grupo familiar. O fato de a esposa do autor exercer o magistério não acarreta a impossibilidade de que se reconheça ao mesmo, a condição de segurado especial.

Seguindo essa mesma linha, a decisão seguinte reconhece ao "chefe da unidade familiar" a condição de segurado especial, independentemente da natureza das atividades exercidas pelos demais integrantes da família:

Os trabalhadores rurais sem vínculo empregatício - produtores, parceiros, meeiros, etc. - não estão necessariamente sob regime de economia familiar; tal figura abrange aqueles membros da família que se agregam ao produtor rural, auxiliando-o na labuta. Em relação a estes - e só em relação a estes - foram feitas restrições quanto à caracterização do regime, posto que a circunstância da real participação na atividade laborativa do chefe da unidade familiar não coabita, dentro do que encontradiço no meio rural, com o exercício de atividades outras, ou com o auferimento de fontes outras de renda. O trabalhador rural, ele mesmo, individualmente considerado, deve, para que albergado na seguridade social, unicamente demonstrar o exercício da atividade rural, uma vez que a legislação protecionista alcança todos aqueles indivíduos que, sem qualquer vínculo com os demais membros da família, trabalhe fora do regime de economia familiar, como segurado especial na condição de produtor rural8.

De fato, não há como afirmar a existência ou não, de atividade de subsistência sem analisar, por exemplo, todas as fontes de renda familiar, a forma como a atividade é desenvolvida, o tamanho da propriedade ou da embarcação, nível de tecnologia empregada, cultura explorada e a quantidade comercializada. A propósito, colhe-se da jurisprudência9:

7

Tribunal Regional Federal da 4ª Região. AC nº 2001.04.01.057739-0/PR, Relator o Juiz Convocado GUILHERME PINHO MACHADO, DJU de 31-07-2002. Disponível em: http://www2.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=consulta_processual_resultado_pesquisa&selF orma=NU&txtValor=50037979020134040000&chkMostrarBaixados=S&selOrigem=TRF&hdnRefI d=ad40c44c1abffc0ea03848a2e08e62d1&txtPalavraGerada=fBZk

8

Tribunal Regional Federal da 4ª Região. , AC nº 2000.04.01.072967-7/RS, Relator o Desembargador Federal LUIZ CARLOS DE CASTRO LUGON, DJU de 17-01-2001. Disponível em:http://www2.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=consulta_processual_resultado_pesquisa&s elForma=NU&txtValor=50037979020134040000&chkMostrarBaixados=S&selOrigem=TRF&hdnR efId=ad40c44c1abffc0ea03848a2e08e62d1&txtPalavraGerada=fBZk

9

Tribunal Regional Federal da 4ª Região. APELREEX nº 0000995-77.2009.404.7007, Sexta Turma, Relator p/ Acórdão Luís Alberto D'azevedo Aurvalle, D.E. 26/01/2012. Disponível

(23)

.

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. CONCESSÃO. ECONOMIA FAMILIAR. PROVA MATERIAL CORROBORADA PELA PROVA TESTEMUNHAL. CONSECTÁRIOS. JUROS. HONORÁRIOS. CUSTAS. TUTELA ESPECÍFICA. ART. 461 CPC.

1. Havendo início de prova documental corroborada por prova testemunhal, é de se considerar comprovado o exercício da atividade rural.

2. Não há previsão constitucional ou infraconstitucional que condicione, de forma objetiva e absoluta, a qualidade de segurado especial à dimensão do imóvel rural. A extensão da propriedade é apenas mais um aspecto a ser analisado juntamente com o restante do conjunto probatório, não constituindo, por si só, óbice ao reconhecimento da condição de segurado especial. As circunstâncias de cada caso concreto - localização do imóvel, cultura explorada, quantidade de produção comercializada, utilização de mão-de-obra e maquinário, etc. - é que vão determinar se o segurado se enquadra ou não na definição do inciso VII do art. 11 da Lei n.º 8.213/91, como bem vem decidindo a jurisprudência, a exemplo da decisão tomada pela Terceira Seção desta Corte nos Embargos Infringentes em Apelação Cível n.º 2000.04.01.043853-1/RS, Rel. Juiz Federal Ricardo Teixeira do Valle Pereira, DJU de 11-02-2004. [...] Grifei

Por fim, também podem ser segurado especial: o cônjuge ou companheiro, inclusive a relação homoafetiva, bem como o filho maior de 16 (dezesseis) anos de idade ou a este equiparado (enteado e o menor tutelado), desde que trabalhem de forma ativa para o grupo familiar. Antes de completar 16 (dezesseis) anos de idade o filho ou a este equiparado será enquadrado na condição de dependente.

A exclusão do menor sob guarda do grupo familiar em face da Lei nº 9.528/97 vem sendo afastada pelo Poder Judiciário por considerar uma afronta aos arts. 6º e 227 da Constituição Federal e ao art. 33 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Com propriedade, os professores Castro e Lazzari10 asseveram que:

Ademais, pelos princípios da universalidade de cobertura e da filiação compulsória de todo aquele que exerce atividade laborativa, inclusive a rural, não há fundamento em tal concepção, já que o indivíduo com mais de 16 anos de idade é livre para prestar trabalho, e assim o

em:http://www2.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=consulta_processual_resultado_pesquisa&s elForma=NU&txtValor=50037979020134040000&chkMostrarBaixados=S&selOrigem=TRF&hdnR efId=ad40c44c1abffc0ea03848a2e08e62d1&txtPalavraGerada=fBZk

10

CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; João Batista Lazzari. Manual de direito previdenciário. 14 ed. Florianópolis: Conceito Editorail, 2012, p. 187 e 188.

(24)

.

fazendo, deve contar com a proteção previdenciária, não se admitindo logicamente que, apenas em função de ter sido determinada sua guarda judicial a pessoa que não os pais, por situação alheia à sua vontade, seja ajulada do rol de segurados obrigatórios do RGPS, ainda que preste trabalho e comprove tal fato.

Já o limite mínimo de idade do segurado especial para fins de filiação ao Regime Geral de Previdência Social tem sofrido constantes alterações ao longo dos anos.

 Até 28.02.1967: idade mínima de 14 anos (CF 46);

 De 01/03/1967 a 05.10.1988: idade mínima de 12 anos (CF 67);

 De 06.10.1988 a 15.12.1998: idade mínima de 14 anos, na condição de aprendiz (CF 88);

 A partir de 16.12.1998: idade mínima de 16 anos (EC 20/98).

A idade mínima a ser considerada, no caso de segurado especial, depende da data da prestação da atividade, conforme a legislação então vigente. Nesse sentido, é a jurisprudência11:

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. COMPROVAÇÃO DO DISSÍDIO.

PROVA DE ATIVIDADE RURÍCOLA EM REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. MENOR DE 14 ANOS. CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIÇO PARA FINS PREVIDENCIÁRIOS.

POSSIBILIDADE.

I - Em se tratando de matéria por demais conhecida da Egrégia Seção, dispensáveis se mostram maiores exigências formais na comprovação da divergência, bastando a transcrição de ementas. Precedente.

II - In casu, ao tempo da prestação dos serviços - entre 17.08.68 e 31.12.69 - vigorava o art. 165, inciso X, da CF/67, repetido na E.C.nº 1/69, que admitia o trabalho do menor a partir dos 12 (doze) anos. III - Reconhecendo a Lei 8.213/91, art. 55, § 2º, o tempo de serviço rural pretérito, sem contribuição, para efeitos previdenciários - não para contagem recíproca - não podia limitar aos 14 (quatorze) anos, sem ofensa à Norma Maior. É que o tempo de serviço, para fins de aposentadoria, é disciplinado pela lei vigente à época em que efetivamente prestado, passando a integrar, como direito autônomo, o patrimônio jurídico do trabalhador.

IV - Comprovada a atividade rurícola de menor de 14 anos, antes da Lei 8.213/91, impõe-se seu cômputo para fins previdenciários. A proibição

11

Tribunal Regional Federal da 4ª Região. EREsp 329.269/RS, Rel. Ministro GILSON DIPP, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 28/08/2002, DJ 23/09/2002. Disponível em:http://www2.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=consulta_processual_resultado_pesquisa&s elForma=NU&txtValor=50037979020134040000&chkMostrarBaixados=S&selOrigem=TRF&hdnR efId=ad40c44c1abffc0ea03848a2e08e62d1&txtPalavraGerada=fBZk

(25)

.

do trabalho aos menores de catorze anos foi estabelecida pela Constituição em benefício do menor e não em seu prejuízo.

V - Embargos acolhidos.

O aumento da idade mínima para adquirir a qualidade de segurado de 14 (quatorze) para 16 (dezesseis) decorre da interpretação da Constituição Federal a partir da redação do art. 7º, XXXIII que estabelece “a proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito anos e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz (...)”.

Assim, até a Constituição Federal de 1988 é possível considerar a atividade prestada pelo filho a partir dos 12 (doze) anos, sendo respeitada a idade de 14 anos até a Emenda Constitucional nº 20/98, a partir de quando passou a ser exigida a idade mínima de 16 anos12.

2.3.2 Contratação de mão-de-obra

A contratação de mão-de-obra não eventual descaracteriza o regime de economia familiar e eleva a categoria de segurado especial para contribuinte individual. Entretanto, o eventual auxílio de terceiros, desde que exercido ocasionalmente, sem subordinação, sem remuneração e em condição de mútua colaboração não descaracteriza a condição de segurado especial do grupo familiar (Lei 8213/91, Art. 9º, § 6º c/c IN 45, art. 7º, § 1º, XII).

Esta é uma prática comum para o pescador artesanal. Por exemplo, na época de safra da tainha, é realizada a pesca de cerco que consiste em colocar uma rede ao redor do cardume de peixes. Tendo em vista que o período de safra é curto, os pecadores necessitam de eventual auxílio de mão-de-obra alheia que, geralmente, é exercida pela própria comunidade local.

Com o advento da Lei 11.718/08 adotou-se o posicionamento que permite ao grupo familiar utilizar mão-de-obra terceirizada à razão de, no máximo, 120 (cento e vinte) pessoas/dia no ano civil, em períodos corridos ou

12

Tribunal Regional Federal da 4ª Região. REsp 541.377/SC, DJ 24/04/2006. Disponível em:http://www2.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=consulta_processual_resultado_pesquisa&s elForma=NU&txtValor=50037979020134040000&chkMostrarBaixados=S&selOrigem=TRF&hdnR efId=ad40c44c1abffc0ea03848a2e08e62d1&txtPalavraGerada=fBZk

(26)

.

intercalados ou, ainda, por tempo equivalente em horas de trabalho, á razão de oito horas/dia e quarenta e quatro horas/semana. Costumeiramente esta mão de obra é utilizada em épocas de plantio ou colheita de safras ou para realizar serviço urgente e/ou imprescindível à atividade. Por exemplo, o grupo familiar poderá contratar 120 pessoas para trabalhar em um único dia no auxílio da colheita. Por outro lado, poderá contratar uma única pessoa para trabalhar 120 dias no auxílio da colheita.

2.4 Enquadramento

A Lei nº 8.213/91 no art. 11, § 8º enumera a situações em que não se descaracteriza a condição de segurado especial:

I – a outorga, por meio de contrato escrito de parceria, meação ou comodato, de até 50% (cinquenta por cento) de imóvel rural cuja área total não seja superior a 4 (quatro) módulos fiscais, desde que outorgante e outorgado continuem a exercer a respectiva atividade, individualmente ou em regime de economia familiar;

II – a exploração de atividade turística da propriedade rural, inclusive com hospedagem, por não mais de 120 (cento e vinte) dias ano;

III – a participação em plano de previdência complementar instituído por atividade classista a que seja associado em razão da condição de trabalhador rural ou de produtor rural em regime de economia familiar; IV – ser beneficiário ou fazer parte do grupo familiar que tem algum componente que seja beneficiário de programa assistencial oficial de governo;

V – a utilização pelo próprio grupo familiar, na exploração da atividade, de processo de beneficiamento ou industrialização industrial empregados de forma direta pelo segurado especial ou o seu grupo familiar, desde que não esteja sujeito a incidência do Imposto de Importação Sobre Produtos Industrializados – IPI;

VI – a associação em cooperativa agropecuária;

O fato do outorgado não exercer a mesma atividade do outorgante não descaracteriza a condição de segurado especial, salvo na condição de parceria. Por exemplo, o outorgante, produtor rural, possui uma pequena propriedade e outorga por meio de comodato 30% (trinta por cento) da sua área para a outorgada, empresa têxtil, construir uma pequena facção. Desde que o outorgante permaneça na atividade rural, continuará enquadrado como segurado especial, independentemente da atividade exercida pela outorgada.

Além disso, exclui a condição de segurado especial a sua aposentadoria. Ainda que continue na atividade após a aposentadoria, o produtor

(27)

.

rural ou pescador artesanal estará automaticamente excluído do Regime Geral de Previdência Social na condição de segurado especial. Trata-se de uma exceção á regra, uma vez que o aposentado quando retorna a exercer atividade remunerada recupera o seu vinculo com o Regime Geral de Previdência Social.

Continuando no art. 11 da referida lei, o seu § 9º estabelece que não é segurado especial o membro do grupo familiar que possuir outra fonte de rendimento, exceto se decorrente de:

I – beneficio de pensão por morte, auxilio acidente ou auxilio reclusão, cujo valor não supere o do menor beneficio de prestação continuada da Previdência Social, ou seja, o valor do beneficio previdenciário não poderá ser superior ao salário mínimo.

II – beneficio previdenciário pela participação em plano de previdência complementar instituído nos termos do inciso IV do § 8º deste artigo; III – exercício de atividade remunerada em período de entressafra ou do defeso, não superior a 120 (cento e vinte) dias, corridos ou intercalados, no ano civil, observado o disposto no § 13 do art. 12 da lei 8212/91.

IV – exercício de mandato eletivo de dirigente sindical de organização da categoria de trabalhadores rurais;

V – exercício de mandato de vereador do Município em que desenvolva a atividade rural ou de dirigente de cooperativa rural constituída, exclusivamente, por segurados especiais, observado o disposto no § 13 do art. 12 da lei 8212/91.

VI – parceria ou meação outorgada na forma e condições estabelecidas no inciso I, § 8º;

VII – atividade artesanal desenvolvida com matéria-prima produzida pelo respectivo grupo familiar, podendo ser utilizada matéria-prima de outra origem, desde que a renda mensal obtida na atividade não exceda ao menor benefício de prestação continuada da Previdência Social;

VIII – atividade artística, desde que em valor mensal inferior ao menor benefício de prestação continuada da Previdência Social.

Notadamente não é razoável a limitação do recebimento de outro beneficio previdenciário especificado inciso I do artigo acima transcrito cujo valor é superior ao salario mínimo. Esta mesma regra não é estendida aos trabalhadores enquadrados como urbanos. A Constituição Federal estabelece a equivalência entre benefícios urbanos e rurais.

Outra incoerência na legislação está no inciso III “exercício de atividade remunerada em período de entressafra ou do defeso (...)”. No período de defeso da reprodução de espécies aquáticas os pecadores que exercem a atividade de forma artesanal recebem o pagamento de seguro desemprego,

(28)

.

benefício que é concedido em função da proibição da pesca nesse período (Duração entre 3 a 4 meses). O benefício no valor de um salário mínimo é pago pelo Ministério do Trabalho e Emprego – MTE com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalho - FAT.

Por se tratar de uma assistência financeira que visa a garantia de recursos mínimos para subsistência do pescador artesanal no período de defeso, é vedado o exercício de outra atividade remunerada, bem como possuir outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira.

Também não serão considerados segurado especial as pessoas que cultivam pequenas hortas nas suas residências ou pesca em finais de semana de forma esportiva. Nesse sentido é a jurisprudência13:

(...) o plantio em pequena área, no âmbito residencial, para consumo próprio, não tem o condão de caracterizar-se como exercício da agricultura nos termos do artigo 11, inciso VII e § 1º, da Lei nº 8.213/91, nem dá à autora o direito à percepção dos benefícios previdenciários decorrentes da qualidade de segurado especial. Se assim fosse, qualquer pessoa, mesmo na área urbana, que tivesse uma horta de fundo de quintal, também seria segurada especial.

Por sua vez, o fato de constar a qualificação “empregador II b” nos respectivos recibos do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR, por si só, não implica a condição de empregador rural. A simples qualificação nos documentos apresentados pelo segurado especial não descaracteriza o seu enquadramento na categoria, nos termos da redação da Decreto-lei nº 11.666/71, art. 1º, inciso II, alínea b.

Verifica-se também que a utilização de maquinário e outras tecnologias que facilitem a vida do segurado especial não descaracterizam a sua condição. Para tanto, é necessário demonstrar que estas ferramentas que o auxiliam no laboral diário, aliado a extensão da sua propriedade ou embarcação,

13

Tribunal Regional Federal da 4ª Região. AC nº 97.04.29554-5/RS, Relator o Desembargador Federal LUIZ CARLOS DE CASTRO LUGON, DJU de 26-01-2000. Disponível em:http://www2.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=consulta_processual_resultado_pesquisa&s elForma=NU&txtValor=50037979020134040000&chkMostrarBaixados=S&selOrigem=TRF&hdnR efId=ad40c44c1abffc0ea03848a2e08e62d1&txtPalavraGerada=fBZk

(29)

.

tipo de produção, comercialização da produção e utilização de mão-de-obra alheia ainda lhe enquadrem na condição de segurado especial. A propósito, colhe-se da jurisprudência14:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. CORROBORADO POR PROVA TESTEMUNHAL. DIMENSÃO DAS TERRAS. MONTANTE DA COMERCIALIZAÇÃO. USO DE MAQUINÁRIO. MENÇÃO A TRABALHADORES ASSALARIADOS. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA.

[...]

3. A utilização de maquinário não desnatura a atividade agrícola, mesmo porque a Lei 8.213/91 não veda sua utilização para o desempenho do labor rural. [...] Grifei

O resultado da comercialização da produção poderá sofrer excessiva variação para o pescador. O sucesso ou fracasso da pesca depende de fatores climáticos que poderão em determinada safra proporcionalizar uma alta comercialização, já na outra, a comercialização poderá ser prejudicada, inclusive pode não haver comercialização. Do mesmo modo, por exemplo, na produção leiteira, o segurado especial pode investir em tecnologia genética e aumentar significativamente a produção do seu rebanho mantendo a mesma quantidade de animais e área explorada.

A legislação previdenciária não pode impedir que o segurado especial buscasse ampliar a sua produção e, por consequência, proporcionar melhores condições para si e seu grupo familiar. O segurado especial não faz jus a benefícios assistenciais que possuem limitação de rendimento, ao contrário, lhes é garantido benefícios previdenciários.

Com efeito, segundo o art. 12 da Lei nº 8.212/91 e art. 11 da Lei nº 8.213/91, o segurado especial consta no rol de segurados obrigatórios do Regime Geral de Previdência Social – RGPS. A Lei Orgânica da Assistência

14

Tribunal Regional Federal da 4ª Região. AC nº 0006072-44.2011.404.9999, Quinta Turma, Relator Ricardo Teixeira do Valle Pereira, D.E. 17/11/2011. Disponível em:http://www2.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=consulta_processual_resultado_pesquisa&s elForma=NU&txtValor=50037979020134040000&chkMostrarBaixados=S&selOrigem=TRF&hdnR efId=ad40c44c1abffc0ea03848a2e08e62d1&txtPalavraGerada=fBZk

(30)

.

Social – LOAS (Lei nº 8.742/93) não ampara os benefícios ao segurado especial como assistenciais.

Por fim, o trabalho urbano eventual não infringe a qualidade de segurado especial15.

2.4.1 Trabalho remunerado fora do grupo familiar

O trabalho remunerado (urbano ou rural) exercido por um dos integrantes do grupo familiar tem gerado muita divergência doutrinária e jurisprudencial. Em regra, o exercício de outra atividade remunerada pode descaracterizar o regime de economia familiar, mas não afeta a condição de segurado especial do membro do grupo familiar que continuar de forma efetiva na atividade agrícola ou pesqueira, ou seja, somente o membro do grupo familiar que está exercendo outra atividade remunerada deixa de ser segurado especial.

Nesse sentido, colhe-se o seguinte julgado16:

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. Aposentadoria POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. TEMPO DE SERVIÇO RURAL. Segurado especial. EXERCÍCIO DE atividade URBANA POR UM DOS MEMBROS DO NÚCLEO FAMILIAR. LABOR RURAL INDIVIDUAL. 1. A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial (Súmula n° 41/TNU);

2. O exercício de atividade urbana pode descaracterizar o regime de economia familiar, mas não afeta a condição de segurado especial do membro do grupo familiar que, individualmente, dedica-se à atividade agrícola com fins comerciais.

3. Sendo o regime de economia familiar caracterizado (...) pela atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados (§ 1º do artigo 11 da Lei nº 8.213/91), o exercício de uma segunda atividade laboral por quaisquer integrantes do grupo familiar do pretenso segurado pode

15

Súmula 7 das Turmas Recursais dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Distrito Federal: “A realização de trabalho urbano eventual não infringe a qualidade de trabalhador rural nem inviabiliza a percepção de aposentadoria por idade como segurado especial.

16

Tribunal Regional Federal da 4ª Região. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO JEF Nº 0004667-52.2009.404.7053/PR. Disponível

em:http://www2.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=consulta_processual_resultado_pesquisa&s elForma=NU&txtValor=50037979020134040000&chkMostrarBaixados=S&selOrigem=TRF&hdnR efId=ad40c44c1abffc0ea03848a2e08e62d1&txtPalavraGerada=fBZk

(31)

.

comprometer tanto o regime de subsistência, como a mútua dependência e colaboração entre todos.

No entanto, se observa na parte final presente julgado que o exercício de uma segunda atividade laboral por quaisquer integrantes do grupo familiar do pretenso segurado “pode comprometer tanto o regime de subsistência, como a mútua dependência e colaboração entre todos”. Nesse sentido, a TNU, em 14 de novembro de 2012, decidiu que a caracterização da condição de segurado especial, quando outro membro do grupo familiar auferir renda proveniente de outra atividade, pressupõe analisar o quanto a renda proveniente do trabalhador rural significa para o total da renda familiar (Processo n. 2007.71.54.003885-117).

O regime de subsistência, mútua dependência e colaboração devem ser analisados entre os integrantes do grupo familiar que exercem a atividade rural ou pesqueira, excluindo-se o membro que exerce outra atividade. Também há a possibilidade do indivíduo exercer a atividade rural ou pesqueira de forma individual, independentemente de ser solteiro ou residir sozinho.

A legislação previdenciária não descaracteriza a condição de segurado especial se o exercício de outra atividade remunerada pelo integrante do grupo familiar ocasionar redução significativa na comercialização da produção e porventura o rendimento desta atividade a tornar dispensável. Com efeito, a legislação previdenciária somente exige o efetivo exercício de atividade rural ou pesqueira e não a prova de contribuição18.

Tampouco exige a comercialização habitual do excedente da produção. Somente estabelece que na comercialização incida a contribuição previdenciária. Não se quer dizer que não há previsão legal para a contribuição do segurado especial, ao contrário, a Lei de Custeio disciplina a forma de contribuição, podendo inclusive sofrer autuação da Receita Federal caso não recolha a contribuição devida quando for de sua obrigação.

17

Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais. Disponível em: http://columbo2.cjf.jus.br/juris/tnu/RespostaTipo.

18

(32)

.

Com bem assevera o professor Savaris19:

A pluriatividade familiar é reconhecida por economistas e sociólogos como um fenômeno que praticamente caracteriza a agricultura familiar desde o final do Século XX. E se trata, a pluriatividade, de importante ferramenta para a permanência do homem no campo.

Independentemente de quanto signifique economicamente a atividade do produtor rural ou pescador artesanal comparado com a atividade do membro familiar, o seu enquadramento como segurado especial deve ser garantido.

2.4.2 Trabalho da mulher

Na prática, observa-se que ainda há discriminação com o trabalho da mulher20, pois quando o homem exerce outra atividade, cultiva-se o raciocínio de que a atividade agrícola ou pesqueira da mulher é irrelevante. Ainda há a cultura de que a mulher exerce a atividade de forma secundária, como mera ajudante. Em sentido contrário, é a jurisprudência21:

AÇÃO RESCISÓRIA. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. RURÍCOLA. ERRO DE FATO. DECLARAÇÕES DE PARTICULARES. CERTIDÕES EMITIDAS PELO INCRA. DOCUMENTO NOVO. CERTIDÃO DE CASAMENTO. SOLUÇÃO PRO MISERO. INÍCIO DE PROVA MATERIAL CORROBORADO POR PROVA TESTEMUNHAL. PEDIDO PROCEDENTE.

1. O erro de fato a autorizar a procedência da ação, com fundamento no artigo 485, inciso IX, do Código de Processo Civil e orientando-se pela solução pro misero, consiste no reconhecimento da desconsideração de prova constante dos autos. Precedentes.

2. As declarações assinadas por particulares, na condição de empregador do trabalho rural, equiparam-se a depoimentos reduzidos a termo, não servindo, portanto, de prova documental.

19

Blog do professor José Savaris. Disponível em:

http://joseantoniosavaris.blogspot.com.br/2012/11/direito-previdenciario-tateando-se-o.html?spref=fb.

20 Enunciado 22 do Conselho de Recursos da Previdência Social: “Considera-se segurada

especial a mulher que, além das tarefas domésticas, exerce a atividades rurais com o grupo familiar respectivo, aproveitando-se lhe as provas materiais apresentadas em nome de seu cônjuge ou companheiro, corroboradas por meio de pesquisas, entrevistas ou Justificação Administrativa.

21

Tribunal Regional Federal da 4ª Região. AR 2.544/MS, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 28/10/2009, DJe 20/11/2009. Disponível em:http://www2.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=consulta_processual_resultado_pesquisa&s elForma=NU&txtValor=50037979020134040000&chkMostrarBaixados=S&selOrigem=TRF&hdnR efId=ad40c44c1abffc0ea03848a2e08e62d1&txtPalavraGerada=fBZk

(33)

.

3. Não havendo nenhuma irregularidade aparente ou tampouco alegação de falsidade, pelo INSS, quanto às certidões que atestam que o cônjuge da autora vivia e produzia em um pequeno módulo rural, tais documentos servem de início suficiente de prova documental, sobretudo porque sobre eles pesa a presunção de veracidade do ato administrativo.

4. A certidão de casamento juntada a título de "documento novo", que atesta a condição de lavrador do cônjuge da segurada, constitui início razoável de prova documental, para fins de comprovação de tempo de serviço. Deve se ter em mente que a condição de rurícola da mulher funciona como extensão da qualidade de segurado especial do marido. Se o marido desempenhava trabalho no meio rural, em regime de economia domiciliar, há a presunção de que a mulher também o fez, em razão das características da atividade - trabalho em família, em prol de sua subsistência.

5. Diante da prova testemunhal favorável e não pairando mais discussões de que há início suficiente de prova material a corroborar o trabalho como rural, a autora se classifica como segurada especial, protegida pela lei de benefícios da previdência social - art. 11, inciso VII, da Lei 8.213/91 6. Ação rescisória julgada procedente.Grifei

Destarte, a jurisprudência vem acolhendo com maior facilidade o enquadramento da mulher como segurado especial quando o marido também exerce a mesma atividade, entendendo que há presunção na continuidade da atividade.

(34)

.

3 CAPÍTULO 2

BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO

3.1 Espécies de benefícios previdenciários

O segurado especial tem direito aos seguintes benefícios previdenciários:

 Aposentadoria por idade;  Aposentadoria por invalidez;  Auxílio-acidente;

 Auxílio-doença;  Auxílio-reclusão;  Pensão por morte;  Salário-maternidade.

O valor mensal da aposentadoria por idade ou por invalidez, do auxílio-doença ou reclusão, da pensão por morte e do salário-maternidade será de um salário mínimo. Já para o auxílio-acidente o valor mensal será de 50% (cinquenta por cento) do salário mínimo. No caso de contribuição facultativa, para o cálculo da Renda Mensal Inicial - RMI serão utilizados os salários-de-contribuição vertidos ao Regime Geral de Previdência Social – RGPS.

Os segurados especiais em atividade após a promulgação da Lei nº 8.213/91 foram dispensados do recolhimento mensal de contribuições previdenciárias com alíquota referente ao salário-de-contribuição. Instituído pelo art. 195, § 8º da Constituição Federal, a contribuição do segurado especial incide sobre uma alíquota sobre o resultado da comercialização da sua produção22. Já a carência foi substituída pela comprovação do efetivo exercício da atividade na condição de segurado especial no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício previdenciário, ou seja, os 180 (cento e oitenta)

22

(35)

.

meses de contribuição para o segurado especial representam 180 (cento e oitenta) meses de atividade rural ou pesqueira.

O período de carência para o segurado especial que esteja contribuindo facultativamente será considerado da data do efetivo recolhimento da primeira contribuição sem atraso, não sendo consideradas para esse fim as contribuições recolhidas com atraso referentes a competências anteriores, para computo das contribuições pagas como contribuinte facultativo (IN 45, art. 143).

A regra instituída pela Lei nº 10.666/03 no art. 3º. § 1º, que prevê outros meios de comprovação dos requisitos para pleitear os benefícios previdenciários estendidos ao segurado especial, não encontrou amparo jurisprudencial, senão vejamos23:

PREVIDENCIÁRIO. Aposentadoria RURAL Por idade. REQUISITOS: idade E COMPROVAÇÃO DA atividade AGRÍCOLA NO PERÍODO IMEDIATAMENTE ANTERIOR AO REQUERIMENTO. ARTS. 26, I, 39, I, E 143, TODOS DA LEI N. 8.213/1991. DISSOCIAÇÃO PREVISTA NO § 1º DO ART. 3º DA LEI N. 10.666/2003 DIRIGIDA AOS TRABALHADORES URBANOS. PRECEDENTE DA TERCEIRA SEÇÃO. 1. A Lei n. 8.213/1991, ao regulamentar o disposto no inc. I do art. 202 da redação original de nossa Carta Política, assegurou ao trabalhador rural denominado segurado especial o direito à aposentadoria quando atingida a idade de 60 anos, se homem, e 55 anos, se mulher (art. 48, § 1º). 2. Os rurícolas em atividade por ocasião da Lei de Benefícios, em 24 de julho de 1991, foram dispensados do recolhimento das contribuições relativas ao exercício do trabalho no campo, substituindo a carência pela comprovação do efetivo desempenho do labor agrícola (arts. 26, I e 39, I). 3. Se ao alcançar a faixa etária exigida no art. 48, § 1º, da Lei n. 8.213/91, o segurado especial deixar de exercer atividade como rurícola sem ter atendido a regra de carência, não fará jus à aposentação rural pelo descumprimento de um dos dois únicos critérios legalmente previstos para a aquisição do direito. 4. Caso os trabalhadores rurais não atendam à carência na forma especificada pelo art. 143, mas satisfaçam essa condição mediante o cômputo de períodos de contribuição em outras categorias, farão jus ao benefício ao completarem 65 anos de idade, se homem, e 60 anos, se mulher, conforme preceitua o § 3º do art. 48 da Lei de Benefícios, incluído pela Lei nº 11.718, de 2008. 5. Não se mostra possível conjugar de modo favorável ao trabalhador rural a norma do § 1º do art. 3º da Lei n. 10.666/2003, que permitiu a dissociação da comprovação dos

23

Tribunal Regional Federal da 4ª Região. PETIÇÃO Nº 7.476 - PR (2009/0171150-5); Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho; Relator para o acórdão: Ministro Jorge Mussi; julgado em 13/12/2010.Disponível

em:http://www2.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=consulta_processual_resultado_pesquisa&s elForma=NU&txtValor=50037979020134040000&chkMostrarBaixados=S&selOrigem=TRF&hdnR efId=ad40c44c1abffc0ea03848a2e08e62d1&txtPalavraGerada=fBZk

(36)

.

requisitos para os benefícios que especificou: aposentadoria por contribuição, especial e por idade urbana, os quais pressupõem contribuição. 6. Incidente de uniformização desprovido. Grifei

Para aposentadoria por idade do produtor rural ou pescador artesanal com renda mensal superior ao valor do salário mínimo e com redução de idade, ou seja, 60 (sessenta) anos, se homem, 55 (cinquenta e cinco) anos, se mulher, as contribuições para fins de carência serão computadas, exclusivamente, em razão do exercício da atividade rural ou pesqueira, observado que serão exigidas 180 (centro e oitenta) contribuições ou, estando o segurado enquadrado no art. 142 da lei 8213/91, satisfaça os seguintes requisitos cumulativamente:

I – esteve vinculado ao Regime Geral de Previdência Social – RPR ou RGPS, anteriormente a 24 de julho de 1991, véspera da publicação da lei 8213/91;

II – permaneceu no exercício da atividade rural após aquela data; e III – completou a carência necessária a partir de novembro de 1991.

Independem de carência, a concessão de aposentadoria por idade ou por invalidez, auxilio doença, auxílio-acidente, auxilio reclusão ou pensão por morte ao segurado especial, desde que comprove o exercício de atividade rural no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, ainda que de forma descontínua, igual ao número de meses correspondente à carência do beneficio requerido (Decreto nº 3048/99, art. 30, IV).

3.2 Aposentadoria por idade

A aposentadoria por idade será devida ao segurado especial que, cumprida a carência de 180 (cento e oitenta) meses de atividade rural ou pesqueira, completar 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e 55 (cinquenta e cinco) anos, se mulher24.

24

Súmula 91 das Turmas Recursais dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Rio de Janeiro: “É assegurado o direito à aposentadoria rural por idade, desde que preenchidos os requisitos legais para tanto, quais sejam, idade mínima e comprovação do exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao mês em que cumprido o requisito etário, em número de meses idêntico à carência exigida para a concessão do benefício, independentemente da carência.

(37)

.

Em regra, a aposentadoria por idade é concedida aos 65 (sessenta e cinco) anos, se homem, e 60 (sessenta) anos, se mulher. A aplicação desta regra gera discordância na doutrina previdenciária. Para o professor Fábio Zambitte25 “este benefício diferenciado da área rural já é, por si só, questionável, pois a expectativa de vida do rurícola em nada difere do trabalhador urbano”.

Complementado o entendimento contrário a aplicação de idade reduzida para o segurado especial, o professor Sérgio Pinto Martins26 assevera que:

A justificativa do prazo diferenciado na área rural é de que o trabalho seria mais penoso, pois o segurado presta serviços a céu aberto, sujeito a sol, chuva, frio, etc. Assim, o trabalhador se desgastaria mais rapidamente do que outra pessoa.

Há o inconveniente também de que se arrecada pouco no campo para o volume de benefícios em valor que se paga.

As aposentadorias dos trabalhadores rurais sem contribuição têm trazido muita fraude, como se tem verificado, porém nada impede que o trabalhador rural recolha normalmente a sua contribuição para ter direito a uma aposentadoria comum e igual à do trabalhador urbano. Se o sistema para o trabalhador rural continuar em parte não-contributivo, já que há possibilidade de opção, é claro que o referido trabalhador vai optar por não contribuir, daí a necessidade de modificação do referido sistema.

Cumpre discordar do nobre doutrinador, pois o trabalho no campo ou a atividade pesqueira, além dos riscos inerentes da atividade (ambientes insalubres, perigosos e penosos) apresenta grande desgaste físico no segurado que lida com força física excessiva e longas jornadas de trabalho. Para agravar a situação, a mulher, não raramente, enfrenta dupla jornada de trabalho: tarefas inerentes a atividade do grupo familiar e cuidar das tarefas domésticas. Com a limitação da contratação de mão-de-obra alheia ao grupo familiar, as tarefas domésticas acabam restando para a mulher e exigindo mais horas de trabalho do grupo familiar.

Ainda, o segurado especial contribui significativamente para a Seguridade Social, cujo valor incide sobre a comercialização da sua produção.

25

IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 17ª ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2011, p. 533.

26

Referências

Documentos relacionados

Os interessados em adquirir quaisquer dos animais inscritos nos páreos de claiming deverão comparecer à sala da Diretoria Geral de Turfe, localizada no 4º andar da Arquibancada

Os maiores coeficientes da razão área/perímetro são das edificações Kanimbambo (12,75) e Barão do Rio Branco (10,22) ou seja possuem uma maior área por unidade de

Assim, este estudo buscou identificar a adesão terapêutica medicamentosa em pacientes hipertensos na Unidade Básica de Saúde, bem como os fatores diretamente relacionados

Detectadas as baixas condições socioeconômicas e sanitárias do Município de Cuité, bem como a carência de informação por parte da população de como prevenir

Convênio de colaboração entre o Conselho Geral do Poder Judiciário, a Vice- Presidência e o Conselho da Presidência, as Administrações Públicas e Justiça, O Ministério Público

O artigo 2, intitulado “Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC): Estar fora da família, estando dentro de casa”, foi resultado da realização de uma pesquisa de

Por outro lado, os dados também apontaram relação entre o fato das professoras A e B acreditarem que seus respectivos alunos não vão terminar bem em produção de textos,

(IPO-Porto). Moreover, we attempted to understand how and in which patients sFLC can be used as a differential marker in early disease relapse. Despite the small cohort, and the