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FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL E ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

2.2 Trajetória da formação de professores de Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental

2.2.5 Início do Século

origem ao projeto de resolução que culminou com as Diretrizes Curriculares do Curso de Pedagogia.

A Resolução CNE/CP n. 1/2002 (BRASIL, 2002), decorrente dos Pareceres CNE/CP n. 9/2001 e n. 27/2001, é o instrumento que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para a formação de professores da Educação Básica, em cursos de nível superior de licenciatura plena, para atuarem em todas as etapas da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. (AGUIAR, 2006).

Com o avanço das discussões, a ANFOPE gradativamente incorporou a concepção de formação de professores voltada à docência, como base da formação profissional de todos que se dedicam ao estudo do trabalho pedagógico, assim como, a importância de uma integração formativa para os profissionais da educação.

Dessa forma, a defesa da ANFOPE em relação à organização institucional e curricular dos Cursos de Formação dos Profissionais da Educação teve por referência a base comum nacional, orientando-se no sentido de uma estrutura organizativa que favorecesse a articulação de todos os componentes curriculares dentro do PPP de cada Instituição e Curso, de forma a superar as práticas curriculares que, tradicionalmente dicotomizaram teoria e prática, pensar e fazer, trabalho e estudo, pesquisa e ensino. (ANFOPE, 2004).

O posicionamento da ANFOPE teve determinante influência nas Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Pedagogia, licenciatura, instituídas no âmbito oficial, por meio da Resolução CNE/CP n. 01/2006. (BRASIL, 2006). Para Aguiar et al. (2006), as DCNs representam, embora não de forma harmoniosa e consensual, os anseios dos projetos de formação em disputa no Brasil, desde os anos 80.

2.2.5 Início do Século XXI

Após muitos debates, o CNE aprovou a Resolução CNE/CP n. 1/2006, de 15 de maio (BRASIL, 2006), indicando as DCNs para os cursos de graduação em Pedagogia licenciatura, atribuindo também a estes, a formação de professores para a Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental, bem como para o Ensino Médio, na modalidade Normal e para a Educação de Jovens e Adultos, além da formação de gestores.

instituições de Ensino Superior deveriam aplicar na organização dos cursos. Além das diretrizes curriculares gerais, o CNE instituiu diretrizes específicas para o curso de Pedagogia (Resolução CNE/CP n. 1/2006) e para as licenciaturas diversas (Letras, Matemática, Geografia, História e outras), em resoluções próprias.

Indicam que a formação para o Curso de Pedagogia abrangerá integralmente, o exercício da docência, a participação na gestão de instituições de ensino e avaliação de sistemas destas, elaboração, execução e acompanhamento de programas e de atividades educativas, gerando, assim, uma amplitude conceitual, no que diz respeito à formação do professor. Embora tenha como finalidade a formação de docentes, essa licenciatura passou a ter amplas atribuições.

Tal Resolução definiu os elementos da formação profissional do pedagogo e da estrutura curricular dos Cursos de Pedagogia e Normal Superior, autorizados e em funcionamento, e permitiu aos cursos adaptarem-se às diretrizes, mas, para tanto, deveriam propor novo PPP.

A referida formação é constituída pelos seguintes pilares: a docência como base da formação e área de atuação, os princípios, os saberes e as habilidades. A estrutura curricular se faz a partir do estabelecimento dos núcleos de estudo e aprofundamento dos conteúdos, da composição das atividades acadêmicas (entre elas, o estágio) e da carga horária.

Verificamos também uma notável preocupação legal com a qualificação dos formadores de formadores, caracterizando uma inovação na formação dos professores, a qual propõe a articulação do currículo dos cursos de modo a garantir qualidade na Educação Básica. Quanto à qualidade do corpo docente para os cursos de licenciatura, esta se apresenta com maior exigência do que para outros cursos de graduação no país, como se pode verificar no artigo 4º, da Resolução CNE/CP n.1/2006:

Art. 4° Os institutos superiores de educação contarão com corpo docente próprio apto a ministrar, integradamente, o conjunto dos conteúdos curriculares e a supervisionar as atividades dos cursos e programas que ofereçam.

§ 1° O corpo docente dos institutos superiores de educação, obedecendo ao disposto no art. 66 da LDB, terá titulação pós-graduada, preferencialmente em área relacionada aos conteúdos curriculares da educação básica, e incluirá, pelo menos:

I. 10% (dez por cento) com titulação de mestre ou doutor; II. 1/3 (um terço) em regime de tempo integral;

IV. metade com comprovada experiência na educação básica. (BRASIL, 2006).

Percebemos, tendo como referência, a Resolução CNE/CP n.1/2006, que a formação de professores avança no país, à medida que a exigência no que se refere à qualificação dos docentes desse curso, aumenta.

No que tange aos ISEs, não é declarada a importância da formação dos profissionais; por outro lado, destaca-se o projeto institucional visando adequada formação profissional do aluno:

Art. 2° Visando assegurar a especificidade e o caráter orgânico do processo de formação profissional, os institutos superiores de educação terão projeto institucional próprio de formação de professores, que articule os projetos pedagógicos dos cursos e integre:

I. As diferentes áreas de fundamentos da educação básica; II. Os conteúdos curriculares da educação básica;

III. As características da sociedade de comunicação e informação. Art. 3° Os institutos superiores de educação poderão ser organizados: I. como instituto superior propriamente dito, ou em faculdade integrada ou em escola superior, com direção ou coordenação do conjunto das licenciaturas ministradas;

II. como unidade de uma universidade ou centro universitário, com direção ou coordenação do conjunto das licenciaturas ministradas;

III. como coordenação única de cursos ministrados em diferentes unidades de uma mesma instituição.

Parágrafo único. Em qualquer hipótese, os institutos superiores de educação contarão com uma instância de direção ou coordenação, formalmente constituída, a qual será responsável por articular a formulação, execução e avaliação do projeto institucional de formação de professores, base para os projetos pedagógicos específicos dos cursos. (BRASIL, 2006).

A Resolução em questão, apresenta uma proposta na tentativa de evitar um funcionamento fragmentado, como vem acontecendo desde a criação dos cursos de Pedagogia, propondo articulação mediante os PPP.

No que se refere ao estágio, a Resolução CNE/CP n. 01/2006 apresenta uma visão de integração entre teoria e prática da seguinte forma:

[...] estágio curricular que deverá ser realizado, ao longo do curso, em Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, em disciplinas pedagógicas dos cursos de nível médio, na modalidade Normal e/ou de Educação Profissional na área de serviços e de apoio escolar, ou ainda em modalidades e atividades como educação de jovens e adultos, grupos de reforço ou de fortalecimento escolar, gestão dos processos educativos, como: planejamento, implementação e avaliação de atividades escolares e de projetos, reuniões de formação pedagógica com profissionais mais experientes, de modo a assegurar aos graduandos experiência de exercício profissional, em ambientes escolares e não-escolares, que amplie e fortaleça atitudes éticas, conhecimentos e competências, conforme o previsto no projeto pedagógico do curso. O estágio curricular pressupõe atividades pedagógicas efetivadas em um ambiente institucional de

trabalho, reconhecido por um sistema de ensino, que se concretiza na relação interinstitucional, estabelecida entre um docente experiente e o aluno estagiário, com a mediação, de um professor supervisor acadêmico. Deve proporcionar ao estagiário uma reflexão contextualizada, conferindo- lhe condições para que se forme como autor de sua prática, por meio da vivência institucional sistemática, intencional, norteada pelo projeto pedagógico da instituição formadora e da unidade campo de estágio. Durante o estágio, o licenciando deverá proceder ao estudo e interpretação da realidade educacional do seu campo de estágio, desenvolver atividades relativas à docência e à gestão educacional, em espaços escolares e não – escolares produzindo uma avaliação desta experiência e sua auto-avaliação. (BRASIL, 2006).

Porém, não basta essa exigência, outras questões são importantes, sendo uma delas a pesquisa para os ISEs, deixada de lado nessa Resolução. André (2001), afirma que a pesquisa é uma aliada à prática docente em uma concepção de integração formativa. É necessário que o professor aprenda a observar, formular questões e hipóteses, selecionar instrumentos e dados que contribuam para clarificar seus problemas na busca de caminhos alternativos para sua prática docente.

A fragmentação do currículo na formação de professores, apontada por pesquisas recentes, leva-nos a crer que o que prevalece são os interesses institucionais e, em alguns casos, a falta de clareza do perfil do profissional que se quer formar e a resistência dos professores às mudanças institucionais resultando na desqualificação de tal formação. (MASETTO, 2000).

Antecedendo às DCNs, a Resolução CNE/CP n. 01/2002, que dá origem às diretrizes, confirma a obrigatoriedade do diploma em nível superior para a docência na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, o que já fora instituído na LDBEN de 1996. (BRASIL, 2002). Nesse sentido, a redação dessa Resolução foca o aprimoramento de competências pessoais, sociais e profissionais dos professores. Segundo a proposição dessas diretrizes, os professores que atuarão nos diferentes níveis e modalidades da Educação Básica, devem seguir orientações que levem em consideração, a formação de competências.

Conforme os incisos do artigo 6º do documento, na construção do PPP dos cursos de formação dos docentes, devem ser consideradas:

I - as competências referentes ao comprometimento com valores inspirados na sociedade democrática;

III - as competências referentes ao domínio dos conteúdos a serem socializados, seus significados em diferentes contextos e sua articulação interdisciplinar;

IV - as competências referentes ao domínio do conhecimento pedagógico; V - as competências referentes ao conhecimento de processos de investigação que possibilitem o aperfeiçoamento da prática pedagógica e ao gerenciamento do próprio desenvolvimento profissional. (BRASIL, 2002, p. 3).

E, em conformidade ao anteriormente apresentado, cabe destacar:

§ 3° A definição dos conhecimentos exigidos para a constituição de competências deverá, além da formação específica relacionada às diferentes etapas da educação básica, propiciar a inserção no debate contemporâneo mais amplo, envolvendo questões culturais, sociais, econômicas e o conhecimento sobre o desenvolvimento humano e a própria docência, contemplando:

I - cultura geral e profissional;

II - conhecimentos sobre crianças, adolescentes, jovens e adultos, aí incluídas especificidades dos alunos com necessidades educacionais especiais e as das comunidades indígenas;

lII - conhecimento sobre dimensão cultural, social, política e econômica da educação;

IV - conteúdos das áreas de conhecimento que serão objeto de ensino; V - conhecimento pedagógico;

VI - conhecimento advindo da experiência. (BRASIL, 2002, p. 3).

De acordo com o parágrafo 2º, do artigo 12, da Resolução CNP/CP n. 1/2002 (BRASIL, 2002, p. 5), expõe-se a orientação de que: "A prática deverá estar presente desde o início do curso e permear toda a formação do professor, em qualquer especialidade”, salientando, no artigo 14:

[...] a flexibilidade necessária, de modo que cada instituição formadora construa projetos inovadores e próprios, integrando os eixos articuladores nelas mencionados. (BRASIL, 2002, p. 6).

De acordo com o artigo 11, seis são os eixos articuladores para a composição da matriz curricular, a saber:

I - eixo articulador dos diferentes âmbitos de conhecimento profissional;

II - eixo articulador da interação e da comunicação, bem como do desenvolvimento da autonomia intelectual e profissional;

III - eixo articulador entre disciplinaridade e interdisciplinaridade; IV - eixo articulador da formação comum com a formação específica; V - eixo articulador dos conhecimentos a serem ensinados e dos conhecimentos filosóficos,educacionais e pedagógicos que fundamentam a ação educativa;

VI - eixo articulador das dimensões teóricas articuladas com as práticas. (BRASIL, 2002, p. 5, grifo nosso).

De acordo com Gatti (2008), a partir daí, delineada por essa Resolução, criou- se uma orientação para os cursos de formação de professores, que se tornou referência para as demais diretrizes curriculares específicas da área; entretanto, nem sempre foi seguida nos currículos, dos cursos formadores de professores.

Acreditamos que tais competências devam ser desenvolvidas por meio de uma integração formativa, na medida em que se efetivarem as atividades de forma integrada, conforme propostas nos Núcleos de Estudos Integradores, oriundos das diretrizes que apresentamos no Quadro 6.

Quadro 6. Formação Pedagogia-Licenciatura Resolução CNE/CP n.1, de 15 de maio de 2006

Formação – Pedagogia - Licenciatura I- Núcleo de Estudos Básicos

Diversidade e

multiculturalidade da sociedade brasileira.

II-Núcleo de Aprofundamento