• Nenhum resultado encontrado

Capitulo 2 – Estudo Desenvolvido

1. Enquadramento Teórico

1.2. Inclusão

Conceito de Inclusão

A palavra inclusão refere-se de uma forma simples ao ato de inserir alguém ou alguma coisa em algum lugar.

O conceito de inclusão, na perspetiva de Ladeira e Amaral (1999) diz que a inclusão“ é um processo que se desenrola ao longo da vida de um indivíduo, e que tem

como objetivo a melhoria da sua qualidade de vida. Este processo tem, entre outros, o objetivo de melhorar as condições de participação e envolvimento da população com multideficiência na vida da comunidade, através de um envolvimento na escola, no trabalho, em atividades de recreio e na família.”

Escola inclusiva

Ao abordar o termo inclusão, no contexto escolar, os alunos com deficiência são designados por alunos com necessidades educativas especiais (NEE), mas este conceito, segundo a Declaração de Salamanca, vai mais além dos casos que tipicamente têm uma deficiência identificada, englobando todos os alunos sem uma deficiência propriamente dita (com dificuldades específicas de aprendizagem, problemas de comportamento, insucesso escolar, oriundos de minorias étnicas). (Rodrigues, David (2004)).

Em Portugal por volta de 1972, os alunos com deficiência eram praticamente excluídos do sistema regular de ensino. Só em 1976, altura em que se criaram as

equipas de ensino especial integrado, os alunos com deficiência passaram a integrar

algumas atividades da escola. Mesmo com a criação dessas equipas, cujo objetivo era

"promover a integração familiar, social e escolar das crianças e jovens com deficiência", um grande número de crianças com deficiência não era recetor de serviços

de apoio especializados, destinados a minimizarem, ou a suprimirem as suas necessidades (Ainscow & Ferreira, 2003; Correia, 2003; Marques, 1998) citado por Monteiro (2008).

Neste seguimento de ideias, como Correia (2003) refere, é importante que haja a criação de um plano individualizado de ensino para todas as crianças, pretendendo assim que todos tenham o direito à escolaridade e igualdade de oportunidades de acesso

26

à educação, mesmo que haja uma diferenciação de recursos para atingir os mesmos fins educacionais.

Em tempos passados a maioria das crianças e adolescentes com Necessidades Educativas Especiais permanentes, em idade escolar, de cariz moderado ou severo, tinha como recurso educativo a classe especial, a escola especial ou a IPSS.

Só em 1986, com a publicação da Lei de Bases do Sistema Educativo (LBSE) lei nº46/86, se começa a assistir a transformações profundas na conceção da educação

integrada, sendo um dos seus objetivos "assegurar às crianças com necessidades educativas especiais, designadamente as que apresentam deficiências físicas e mentais, condições adequadas ao seu desenvolvimento e pleno aproveitamento das suas capacidades" (art.° 7.°) como refere Correia, (2003).

Inclusão Escolar

O conceito de inclusão escolar, consiste na inserção do aluno com necessidades educativas especiais, em termos físicos, sociais e educativos nas escolas regulares, em que ultrapassa em muito o conceito de integração, uma vez que não pretende posicionar o aluno com necessidades educativas especiais na mesma posição que os outros alunos, mas sim, assumir que a heterogeneidade que existe entre os alunos é um fator muito positivo, permitindo o desenvolvimento de comunidades escolares mais ricas e mais proveitosas (Anderson, 1998; Correia, 2003) citado por Monteiro, V. (2008).

O direito de todas as crianças à educação está proclamado na Declaração Universal dos Direitos Humanos e foi reafirmado com vigor pela Declaração sobre Educação para Todos, onde “todas as pessoas com deficiência têm o direito de expressar os seus desejos em relação à sua educação”, como é referido por UNESCO, (1994).

As escolas regulares, seguindo esta orientação inclusiva, constituem meios mais capazes para combater as atitudes discriminatórias, criando comunidades abertas e solidárias, construindo uma sociedade inclusiva e abrangendo a educação para todos, como menciona Rodrigues, (2004).

Numa escola inclusiva todos os alunos pertencem à escola, são aceites, são apoiados segundo as suas necessidades.

27

Nesse sentido, como refere Marques (1998),o princípio fundamental das escolas inclusivas, consiste em todos os alunos aprenderem juntos, sempre que possível, independentemente das dificuldades e das diferenças que apresentem. Assim, através da ação de inclusão, é importante haver uma afirmação nas escolas e estas se ajustarem a todas as crianças independentemente das suas condições físicas, intelectuais, linguísticas ou outras.

Desde a Declaração de Salamanca, em 1994, a escola tem tido um papel mais visível e de boa promoção de uma igualdade com diferenças, isto é, tem promovido boas práticas de inclusão de alunos com deficiências no sistema regular de educação, ou seja, na sala de aula, no meio escolar, onde todos e de forma diferenciada têm o direito a um ensino de qualidade como refere UNESCO (1994).

Esta designação de escola inclusiva, segundo Monteiro (2008) retrata a comunidade como um todo. Os seus membros são abertos, positivos e diversificados, não seleciona, não exclui, não rejeita, não tem barreiras, é acessível a todos, em termos físicos e educativos (currículo, apoio e métodos de comunicação).

O mérito das escolas inclusivas, não consiste somente no facto de serem capazes de proporcionar uma educação de qualidade a todas as crianças. A sua existência constitui um passo crucial na ajuda da modificação das atitudes discriminatórias e na criação de sociedades acolhedoras e inclusivas, segundo (UNESCO, 1994).

Portanto, pode-se constatar que a perspetiva centrada no indivíduo com necessidades educativas especiais se alarga a todos os alunos, o que vai obrigar a um outro olhar sobre o papel da escola na sociedade, exigindo mudanças metodológicas e organizacionais importantes. Não será uma escola que seleciona, mas uma escola que faz a inclusão de todos através das aprendizagens porque o aluno está na escola para aprender, para ter sucesso, independentemente das suas dificuldades e diferenças, segundo Sanches & Teodoro, (2006).

28

Nas escolas inclusivas, como Monteiro, V. (2008) refere, todos os alunos deverão aprender juntos, sendo para isso fundamental:

- Desenvolver processos de adaptação perante os vários estilos e ritmos de aprendizagem;

- Criar e implementar currículos adequados à população escolar;

- Organizar a escola de forma a responder às necessidades de todos os alunos; - Equacionar a escola de forma a responder às necessidades de todos os alunos;

- Desenvolver processos de cooperação/colaboração com a comunidade em que a escola se insere;

- Utilizar e rentabilizar recursos humanos e materiais existentes;

Vantagens e Desvantagens da Inclusão

Os benefícios da inclusão dos alunos com necessidades educativas especiais na escola regular são evidentes (apesar das dificuldades), e todos "lucram" com a inclusão, crianças ditas “normais”, crianças com NEE, pais, professores e até mesmo a sociedade. Porém, não são unânimes as opiniões de que se trata de uma medida positiva sem contestação. Por isso assiste-se na atualidade ao levantamento e enumeração das vantagens e desvantagens da inclusão.

a) Benefícios para os alunos com NEE:

- Apoio por parte dos colegas;

- A criança cresce e aprende a viver em ambientes integrados.

- Aprende junto com os seus pares sem NEE, o que lhe proporciona aprendizagens similares e interações sociais adequadas.

b) Benefícios para os alunos que não têm deficiências:

- Permite perceber que todos somos diferentes e, por conseguinte, que as diferenças individuais devem ser respeitadas e aceites;

- Oportunidade de participar e partilhar aprendizagens; - Diminuição da ansiedade face aos fracassos ou insucessos.

29

c) Benefícios para todos os alunos:

- Compreensão e aceitação dos outros;

- Reconhecimento das necessidades e competências dos colegas; - Respeito por todas as pessoas;

- Construção de uma sociedade melhor;

- Desenvolvimento de apoio e assistência mútua; - Desenvolvimento de projetos de amizade.

Desvantagens da Inclusão

Os alunos com NEE, só terão desvantagem da inclusão se, no confronto e interação com os outros alunos, eles poderão ser incompreendidos, maltratados, abandonados pela sociedade, sendo que essa incompreensão pode levar a uma baixa auto-estima, a ter vergonha e levar ao afastamento.

Outra das desvantagens será incluir sem perspetivar com a devida antecedência a falta de formação e preparação dos docentes para acompanhar estas crianças, a falta de recursos humanos, materiais, organizacionais das escolas poderá ser uma desvantagem.

Este tipo de negligência pode causar distúrbios no processo inclusivo capazes de o tornar uma experiência traumatizante.

Por fim, a sociedade terá que alterar, melhorar a visão e atitude que tem perante as crianças e jovens com NEE, tornando-se urgente promover uma Escola onde convivam lado a lado crianças pobres e ricas, inteligentíssimas e menos dotadas, filhos de "boas famílias" e ciganos e principalmente onde se sentem na mesma carteira alunos deficientes e alunos "normais". Cabe à sociedade lidar com a diferença.

Assim, as crianças com necessidades educativas especiais devem crescer junto com os seus colegas, com os seus amigos, num meio que conhecem. É reconhecido que há um longo caminho a percorrer. É necessário fazer mudanças no sistema educativo, assim como no papel do professor, da família, da comunidade, na gestão dos recursos humanos, materiais e organizacionais das escolas. É um processo complexo e abrangente. Exige atenção e muito esforço. Há que simplificar a sua aplicação, não deixando que nunca se instale em nós a possibilidade da sua impossibilidade. (Henriques, J. (2012)).

30

Legislação

Recentemente foi publicada nova legislação, o Decreto-Lei 3/2008, que veio definir alguns dos princípios relacionados com a educação de crianças com NEE. Sendo uma publicação recente, não é ainda possível verificar os seus efeitos.

O decreto-lei refere que a escola inclusiva pressupõe individualização e personalização das estratégias educativas, enquanto método de prossecução do objetivo de promover competências universais que permitam a autonomia e o acesso à condução plena da cidadania por parte de todos.

Documentos relacionados