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INCLUSÃO / EXCLUSÃO: DUAS FACES DA MESMA REALIDADE – UM ESTUDO

No presente capítulo quero me deter, especificamente, ao estudo de caso deste trabalho, assim como, buscar a relação das partes anteriores com o mesmo. Analisar o processo de inclusão escolar de um aluno, com autismo e retardo mental leve, na rede regular de ensino e suas vivências no dia a dia escolar.

Começo apresentando o caso; chamarei o aluno de Harry para preservar sua identidade.

Harry passa a frequentar a rede regular, pois em uma manhã, foi com sua mãe levar a irmã na escola. A equipe diretiva da escola percebeu que ele tinha idade escolar e conversou com a mãe. Ela não sabia que o filho poderia estar frequentando a instituição escolar. Neste momento Harry tinha sete anos e foi matriculado na turma de pré-escola. A direção da escola também percebeu que se tratava de um caso de inclusão escolar, já que esta estava sendo desenvolvida no município.

A partir do momento em que ele está matriculado, é encaminhado para atendimento no centro de atendimentos da prefeitura, onde passa a receber acompanhamento de psicóloga, fonoaudióloga (por um tempo), é encaminhado ao psiquiatra e a família é acompanhada por uma assistente social, além da equipe responsável pela inclusão escolar do município, assim como, dentro da escola é atendido pela professora da sala de recursos.

A família de Harry é carente, é uma família de catadores, não possuem casa própria e vivem com muitos parentes em um mesmo ambiente, possuem renda baixa e não tem muitos recursos financeiros.

Desde o início de sua vida Harry havia permanecido em casa com sua família, assim o primeiro semestre dele na escola foi bastante difícil, e mesmo com o passar do tempo todos ainda lembravam e se referiam a esse início. Ele não estava habituado ao ambiente escolar, com tantas pessoas a sua volta, então apresentou muitas dificuldades de adaptação.

Harry não ficava a manhã inteira na escola. Como havia uma atendente para mais crianças incluídas, ele frequentava a classe até o intervalo da manhã. Quando estava em sala de aula gritava bastante, jogava brinquedos para fora da sala de aula constantemente e fugia com frequência, também não utilizava os talheres para fazer a refeição. Harry ainda não tinha o controle dos esfíncteres, por isso usava fraldas.

Apresentava ainda outros problemas comportamentais que desafiavam os professores, como por exemplo: não ficava sentado no seu lugar durante a aula, ou para escutar uma história que era contada, não desenvolvia as atividades propostas.

Quando o ano letivo terminou, na escola foi decidido que ele não iria avançar de ano. O próximo semestre se desenvolveu da mesma maneira que o anterior, porém, neste ele recebeu colegas novos, e estes, principalmente as meninas, inicialmente tinham medo dele.

Neste primeiro semestre Harry ainda frequentava a escola até o intervalo e continuava “dividindo” a atendente com uma menina com Síndrome de Down que estava em outra turma.

A partir de julho começa meu trabalho com o aluno. Fui aprovada no concurso do município e designada para trabalhar com Harry. Como ele já frequentava a escola, neste momento, há um ano, escutei muitas histórias a seu respeito, e tudo o que havia acontecido desde seu ingresso no ambiente escolar.

Na minha primeira semana de trabalho com ele acompanhei a outra atendente para observar a rotina escolar do Harry. Inicialmente fiquei bastante assustada com o desafio que iria enfrentar, assim como, pude perceber como a antiga atendente trabalhava com Harry. Observei que nenhum dos profissionais sabia como trabalhar com a situação da inclusão escolar, então Harry era “forçado” a ficar sentado, dentro da sala de aula.

Na minha primeira semana, a atendente tentava fazer com que Harry ficasse sentado escutando uma história. Ela ficava segurando suas mãos e pernas, para que não se levantasse o que parecia uma tortura para ele. Na hora de fazer alguma atividade, ela também o segurava para que ficasse sentado em seu lugar. No restante da manha, ele não desenvolvia atividade alguma.

Após a primeira semana de observação começou meu trabalho efetivamente e nossa adaptação também não foi fácil, porém com o passar dos dias foi sendo mais bem desenvolvida.

Quando meu trabalho iniciou sabia, de ouvir falar, que Harry era autista. Mas não foi passada nenhuma informação a seu respeito. Nenhuma conversa nenhuma capacitação, nenhuma orientação antes do começo do trabalho. Aliás, nem os professores que estavam em sala de aula com ele haviam recebido alguma informação, foi necessário ir perguntar para que soubéssemos mais sobre ele. Desta maneira, fui informada que Harry também tinha retardo mental leve (frequente em autistas).

Sobre sua inclusão escolar dizia-se que a intenção era desenvolver suas habilidades sociais, que a aprendizagem não era o que se pretendia. E esse parecia ser o único objetivo estabelecido.

Em nenhum momento foram estabelecidos objetivos de aprendizagem para o aluno, o que deveria ser desenvolvido no semestre ou mesmo no ano, nem mesmo as habilidades sociais, que precisavam ser trabalhados. O que ele fazia durante a manha, ou o que se tentava que ele fizesse, era o que a professora desenvolvia com toda a turma, e que era planejado para seus colegas e não para ele.

Cada profissional que trabalhava com o aluno parecia desenvolver atividades diferentes e com objetivos próprios, ou sem objetivo algum, como era o caso da classe regular. Em nenhum momento todos os profissionais que estavam envolvidos com Harry discutiam conjuntamente.

Durante todo o ano letivo, eu escrevia no caderno do Harry e tentava que ele colorisse desenhos, para poder colar no caderno dele. Segurava sua mão para que ele escrevesse o nome dele, mas nenhuma destas atividades era espontânea para ele.

Foi possível observar progresso de Harry na medida em que não tentava mais fugir da sala de aula, não jogava mais brinquedos para fora, estava utilizando os talheres para fazer a refeição, guardava as revistas que espalhava pelo chão, jogava papéis no lixo.

Todas essas atividades foram internalizadas por Harry devido à repetição. O comer com os talheres, por exemplo, no início segurava a mão que não estava utilizando o talher para que ele não pegasse comida com as mãos, e após algum tempo não era mais necessário segurá-la. Porém, em relação à aprendizagem formal, não era possível detectar progressos.

No período que estava em sala de aula ficava brincando, olhando revistas, rasgando as revistas, caminhando pela classe. Quando a professora percebeu que ele gostava de músicas, em alguns momentos, Harry era convidado a cantar com a turma. Da sua maneira ele cantarolava e gostava destes momentos. Para além das músicas, nenhuma atividade era desenvolvida especificamente para ele.

Essa situação não acontecia somente com a professora titular da classe regular, mas também com a professora de Ensino Religioso, de Artes, de Educação Física, do Laboratório de Informática e da biblioteca. Nenhum destes professores planejava alguma atividade para Harry, ele fazia, ou era esperado que fizesse, o que os colegas faziam, ou não fazia nada.

Durante o ano letivo inteiro isso se repetia. Entretanto, no final do ano era necessário avaliar se o aluno seria considerado apto ou não para avançar ao próximo ano. Neste momento, a maioria dos profissionais que trabalhavam com Harry eram convidados a participar.

A avaliação constava em saber como estava o desenvolvimento em sala de aula, na sala de recursos e com os demais profissionais. Como não havia objetivo comum, cada um discorria sobre seu trabalho. Era fácil perceber que no atendimento com a psicóloga, ela relatava progressos no desenvolvimento de Harry nas atividades que desenvolvia, porém no discurso da professora da classe regular era perceptível o despreparo e que não haviam sido estabelecidos objetivos para o ano que passou, e que em relação ao seu desenvolvimento acadêmico não havia progresso.

A avaliação era feita de acordo com os discursos apresentados neste momento, pelos diversos profissionais, porém não eram todos que podiam avaliar se concordavam ou não com a decisão. Os critérios estabelecidos para a avaliação não eram claros, além de seu desenvolvimento social, parecia não haver mais objetivos.

Assim, após outro ano na classe regular, Harry foi considerado apto a avançar juntamente com a sua turma.

No ano seguinte, durante o primeiro semestre, meu trabalho com o aluno se encerrou. Estávamos em um momento de estagnação de seu desenvolvimento, estagnação observada por mais profissionais, onde ele parecia não absorver mais nada do que estava sendo ensinado.

Nesse novo ano, a sala de aula era diferente, ele não podia mais ficar brincando a manhã inteira. Era solicitado que ele ficasse sentado em seu lugar durante a aula. Isso até acontecia porque eu estava sentada ao lado dele, mas durante as aulas ele tirava os calçados e as meias, ficava mexendo na janela e cortinas, cantando ou fazendo barulhos altos, que por vezes era necessário sair com ele da sala para que a professora pudesse continuar sua aula.

Harry permaneceu na escola regular o restante daquele ano. Após a minha saída, várias atendente foram designadas para acompanhar Harry na escola. Porém, nenhuma delas permaneceu, todas trabalhavam com ele por, no máximo, uma semana e não voltavam mais, sendo que algumas trabalhavam apenas por um dia.

Com essa rotatividade, Harry regrediu no que havia desenvolvido durante o tempo em que trabalhei com ele, e continuou a regredir até que a mãe de dois alunos de outra classe mostrou interesse em trabalhar com ele. Ela era estudante de Pedagogia e

tinha vontade de acompanhá-lo. Quando ela passou a ser a atendente dele, Harry passou a apresentar progressos novamente.

No final deste ano letivo Harry não foi considerado apto a avançar de ano e seguir com seus colegas e ainda permaneceu na escola por mais um ano, sem apresentar maiores avanços. Após quatro anos na rede regular, numa escola com intenção de incluí-lo, mas sem os recursos necessários para realmente incluir, ele foi encaminhado para a APAE do município e é esta escola que atualmente ele frequenta.

Durante o período que Harry estava na rede regular alguns progressos puderam ser identificados, mas também foi possível perceber o quão difícil e desafiador é este processo de inclusão escolar. Por mais que a escola e o município tivessem a intenção de desenvolver este processo e acolher estes alunos especiais, nem sempre tinham (ou tem) os recursos necessários.

É muito importante que a escola esteja preparada para receber os alunos com necessidades educacionais especiais para que possa atender devidamente estes alunos. Desta maneira, a partir do processo de inclusão de Harry, quero analisar esta inclusão escolar.

Destaco que fazendo esta análise não estou contrária ao processo de inclusão escolar. Pelo contrário, acredito que é um processo extremamente válido quando desenvolvido adequadamente. Assim como, neste trabalho, estou analisando um caso específico.

Desde o momento em que a inclusão escolar foi estabelecida no Brasil e começou a ser implementada nas escolas regulares, parece-me que pensar de alguma forma, não ser a favor deste processo é completamente absurdo. Pois, ir “contra” a inclusão escolar (de qualquer forma) ou apenas pensar esse processo de maneira diferente, pode aparentar ser mais uma forma de discriminação dessas pessoas que estão nesse processo justamente para viver o oposto, a inclusão.

Entretanto, pensar este processo pode favorecer a inclusão destes alunos. Quando as pessoas pensam, pesquisam, analisam e falam sobre, têm a possibilidade de avaliar o que está posto e adequá-lo/adaptá-lo à realidade vivida nas escolas.

As realidades de inclusão escolar nas classes regulares são muitas. Nenhuma escola tem a mesma estrutura e os mesmos recursos, e nenhuma criança, por mais que tenha a mesma condição, é igual.

Destaco a relação da escola em que Harry frequentava com ele e com a menina com Síndrome de Down incluída. Era perceptível a diferença nas relações de toda a escola e seus componentes com estes dois alunos.

A menina com Síndrome de Down todos queriam estar perto e auxiliar, brincar com ela. Estava sempre arrumada e era participativa, criava laços com os professores e outras crianças, além de ter inúmeras possibilidades de acompanhamento e diferentes atividades fora do ambiente escolar, pois a família tinha boa condição financeira. Assim, o processo de inclusão escolar para ela, foi muito proveitoso e bem sucedido.

O mesmo não acontecia com Harry. Dificilmente os colegas queriam auxiliá-lo nas atividades. Ele não estava sempre arrumado e muitas vezes chegava à escola com a fralda com que havia passado a noite, todo molhado e com cheiro ruim. Não tinha muitas possibilidades de acompanhamento fora do que a prefeitura oferecia, pois sua família não possuía muitas condições financeiras.

A partir da inclusão destes dois alunos é possível perceber que alunos completamente diferentes estavam sendo postos num mesmo padrão de inclusão escolar e dar aos alunos direitos iguais é diferente de igualá-los em sua condição. Mantoan (2015, p. 11) destaca que,

Quando nos referimos à igualdade de direitos à educação, estamos falando de direitos iguais e não de alunos igualados e reduzidos a uma identidade que lhes é atribuída e definida de fora, formando conjuntos arbitrariamente compostos: bons e maus alunos, repetentes, bem sucedidos, normais, especiais.

Quando menciono o direito a diferença, estou fazendo referência às diferenças entre os alunos, que por mais que estejam agrupados por uma semelhança (ser aluno, ou estar na escola regular), permanecem diferentes. Desta forma absolutizar a inclusão escolar e fazê-la valer para todos a qualquer custo, e de qualquer maneira, não é o adequado, porque não gera inclusão e esse “qualquer custo” pode ser alto para algumas crianças.

Colocar alunos com diferentes deficiências sobre as mesmas condições de inclusão escolar é algo que pode ser observado com frequência, contudo, cabe à escola estar preparada para atender as diversas condições de seus alunos. Por isso, para Veiga- Neto e Lopes (2011, p. 129),

[...] o uso alargado não consegue estabelecer a sempre necessária diferenciação entre as várias categorias excluídas; resulta daí que todos são colocados indistintamente sob um mesmo guarda-chuva e submetidos aos mesmos processos includentes. Assim, por exemplo, é bastante comum que a escola adote o mesmo processo de inclusão quer se trate de uma criança autista, quer se trate de um jovem surdo, quer se trate de um adulto cego etc..

Devido às inúmeras particularidades implicadas no processo de inclusão escolar, não analisá-las separadamente parece inadequado. Tentar abstrair ou até mesmo esconder as diferenças dos alunos incluídos faz com que a inclusão escolar não se concretize, de modo que é preciso ter cuidado para não dar ênfase ao que diferencia os alunos, pois agir desta forma é estar excluindo-os. Mantoan (2015, p. 12) enfatiza que “Quando se abstrai a diferença, para se chegar a um sujeito universal, a inclusão perde seu sentido. Conceber e tratar as pessoas igualmente esconde suas especificidades. Porém, enfatizar suas diferenças, pode excluí-las do mesmo modo!”. Considero ser válido pensar os casos de inclusão especificamente, sem que o foco esteja na deficiência ou no que o educando não é capaz, mas sim enfatizando as habilidades e potencialidades dos mesmos, justamente para que estas crianças não sejam postas nas escolas regulares somente para que a lei se cumpra, mas que elas tenham, verdadeiramente, um lugar nessas escolas. Da mesma maneira que se deve tomar cuidado para que não exista a rotulação e consequente exclusão da criança pela sua diferença.

A intenção, aqui, portanto, é poder pensar e olhar esse processo de outra maneira, sob outra perspectiva, já que este se tornou necessário na nossa sociedade. Veiga-Neto e Lopes (2011, p. 127) afirmam que,

[...] esses processos sociais passam a ser considerados como necessários, imutáveis e, assim, imunes à crítica. Esse é o caso da inclusão escolar. Nos últimos anos, ela tornou-se um imperativo que praticamente ninguém se arrisca a contestar. Seja porque se vive em realidades cujas fronteiras se apresentam cada vez mais tênues, seja porque a inclusão é colada às noções de democracia, cidadania e direitos humanos, o fato é que qualquer problematização que se pense fazer sobre as políticas e as práticas inclusivas logo é vista como uma posição autoritária, conservadora, reacionária.

Muitas vezes durante o processo de escrita deste trabalho e ao ver propagandas, notícias ou campanhas que se posicionam a favor do processo de inclusão escolar, me deparei com a seguinte questão: “Por que nadar contra a maré?” “Por que pensar a inclusão escolar sob outra perspectiva?” Me sentia relutante e desconfortável em relação a este processo, pois pensava ele de outra maneira, não sobre a inclusão escolar como um todo, mas sobre suas especificidades. Vivi uma inclusão diferente do que é mostrado nas mídias sociais e pude perceber que há muito mais sobre ela que poderia ser avaliado/estudado/analisado e que, muitas vezes, isto não é feito devidamente.

Nas leis, decretos e diretrizes que amparam o processo de inclusão escolar constam todas as orientações necessárias para o desenvolvimento deste processo e o

acolhimento dos alunos com necessidades educacionais especiais. Estas instruções abrangem todas as áreas do ambiente escolar, desde a formação profissional até a infraestrutura da escola.

Dentre os fatores que puderam ser percebidos como insuficientes no processo de inclusão escolar de Harry o que mais chama a atenção é a formação dos professores que trabalham com o aluno. Cunha (2016, p. 17) destaca que, “O professor é essencial para o sucesso das ações inclusivas, não somente pela grandeza do seu ofício mas também em razão da função social do seu papel. O professor precisa ser valorizado, formado e capacitado”. Essa formação e capacitação é fundamental para o dia a dia em sala de aula e no preparo de material para os alunos.

A lei prevê a capacitação dos professores para o trabalho com a inclusão escolar e este era um dos pontos que não acontecia. As Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica declaram que: “Todos os professores de educação especial e os que atuam em classes regulares deverão ter formação para as respectivas funções, principalmente os que atuam em serviços de apoio pedagógico especializado” (BRASIL, 2001, p. 50). A formação deve acontecer no curso do Ensino Superior, onde alguma disciplina com o foco na inclusão escolar deve ser cursada. Os professores normalmente não têm estas disciplinas nos seus currículos por opção ou por falta de oferta.

A qualificação e capacitação precisa ser uma busca constante quando os professores têm em suas salas de aula alunos com necessidades educacionais especiais.

Os professores de Harry não sabiam que atividades poderiam planejar, como planejar ou como poderiam conduzir as aulas para que Harry pudesse participar. Até para as tarefas mais simples do dia a dia alguns educadores tinham dúvidas em como se direcionar a ele.

O simples fato de evidenciar que Harry não poderia ter determinadas atitudes em sala de aula se tornava um problema. Em algumas situações, alguns professores da escola queriam que ele ficasse quieto e sentado durante uma atividade, o que dificilmente acontecia, e quando isso não ocorria, ficavam incomodados.

E ainda, quando os professores das áreas específicas descobriam alguma atividade de interesse de Harry, isso passava a se repetir toda vez que fosse preciso. Como, por exemplo, quando ele estava na biblioteca com sua turma e folheava sempre os mesmos livros (pois continham imagens de animais que ele gostava) ou ainda quando

no laboratório de informática jogava sempre o mesmo jogo ou olhava sempre os mesmos vídeos.

Além da professora da classe regular, numa manhã por semana outros três professores eram responsáveis pela turma, as aulas eram de Educação Física, Artes e Ensino Religioso. No primeiro ano em que trabalhei com Harry, ficava em todos os momentos com ele nas aulas e nenhum destes professores preparava alguma atividade específica para ele também.

No segundo ano em que trabalhei com ele, o professor de Educação Física solicitou que eu não mais o acompanhasse nas aulas. Foi a primeira iniciativa de algum docente e foi muito interessante acompanhar o quanto Harry gostava do momento daquela aula.

Este professor se esforçava para que Harry fizesse as atividades com os colegas, mas era sempre necessário que se estivesse do seu lado auxiliando-o. E quando a atividade desenvolvida pelo professor era com bolas, Harry gostava muito, porém brincava sempre sozinho sem interagir com os colegas.

Acredito que as situações, com os outros professores, não seriam tão ruins caso a

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