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Indústria: Contribuição para a economia e para o emprego formal

PRODUÇÃO: Valor Agregado 2007/

2.3.2 Indústria: Contribuição para a economia e para o emprego formal

Depois da Idependência em 1975, Angola foi sujeita a um tremendo processo de desindustrialização, que explica o estado atual de dependência das importações de mais de 70% das necessidades em todas as gamas de bens e serviçõs (CEIC- RELATÓRIO ECONÔMICO, 2011, p. 114). Este processo de desindustrialização atingiu um clímax quando do conflito armado que vigorou em Angola entre 1975 até 2002.

Mas, neste período ainda existiram indústrias que estavam resistindo – vitalidade - a externalidades negativas de várias indoles como: insuficiencia financeira das empresas e dos industrias para as açoes de investimentos e aprovisionamento, aliada a falta de garantias para a obtenção de créditos junto do sistema bancário, escassez de recuros humanos qualificados, a todos os níveis como fator fundamental nas carências que se observam na gestão, na produtividade e no desenvolvimento empresarial, parque de máquinas obsoleto e degradado por falta de manutenção adequada e pela antiguidade dos equipamentos, elevado grau de deterioração das infraestruturas basicas, particularmente a nível de acessos, energia eletrica, água, esgotos, comunicações, transportes e escassa disponibilidade de solo industrial equipado, dificuldade de distribuição e comercialização dos produtos acabados, custo elevado dos materias de construção e dos serviçoes de construção civil maioritariamente importados (BPI/BFA, 2009).

Mas com o agravar do conflito após as eleições de 1992, a base da indústria de Angola se tornou extremamente precária, ou seja, quase inxistente, principalmente a indústria transformadora, fato que acabou quebrando a contribuiçao do setor para o PIB nacional e emprego, com exceção da indústria mineira.

Segundo a opinião de Alves da Rocha no Jornal Expansão de Angola, postada no dia 10/07/2012 às 16h19 sobre a industrialização e diversificação da economia afirma que:

“os processos de diversificação das estruturas econômicas estão muito correlacionados com a diversificação das exportações e com a industrialização dos países. Quanto mais elevados forem os índices de industrialização, melhores serão as condições para disputar a concorrência internacional, nos mercados internos e em diferentes segmentos dos mercados mundiais. Angola esteve sujeita a um processo violento de desindustrialização depois da independência, em 1975, tendo a participação do Valor Agregado Bruto industrial (indústria no sentido estrito, abarcando apenas a manufatura)

atingindo uma cifra média, entre 1975 e 2000, de 3% do PIB global. A produtividade foi um dos segmentos onde o choque da desindustrialização maiores estragos provocou, com um valor médio, no mesmo período, de cerca de 3400 USD por trabalhador empregado. De resto, a baixa produtividade acabou por ser, também, um dos fatores de desindustrialização do País. As empresas industriais - à época, na sua maior parte propriedade do Estado - funcionavam com índices muito baixos de eficiência econômica, e a sua principal tarefa era a de preservar o emprego, à custa de transferências financeiras do Orçamento Geral do Estado”.

Ainda Alves da Rocha, no mesmo artigo diz que podem ser elencados alguns fatores da desindustrialização em Angola entre 1975 e 2000:

As profundas distorções econômicas introduzidas pelos princípios socialistas da gestão unificada, centralismo democrático e planificação administrativa;

 O comportamento desfavorável da produção nacional - exceto a de petróleo depois de 1977 - logo depois da independência, como conseqüência da fuga de grande parte dos colonos portugueses. As quebras foram impressionantes: 68% no café, 80%-98% em outras culturas agrícolas (em 1980 a agricultura supria, tão somente, 12% das necessidades alimentares da população e 15% das necessidades da indústria transformadora), 72% na indústria transformadora2 (em 1984, existiam apenas 241 empresas na indústria transformadora, que empregavam 85000 trabalhadores), 85% nos diamantes, 20% no petróleo (só em 1976, a produção de 144 000 barris diários de 1973 foi retomada, depois do regresso das petrolíferas norte-americanas);

 A continuação da guerra, tendo a partir de 1993 afetado entre 60% e 70% de todo o território nacional;

 As severas limitações em recursos humanos, determinadas pelo êxodo dos técnicos e quadros portugueses e pela natureza do regime colonial, que só nos anos terminais estendeu a educação à população angolana;

 A gestão econômica deficiente e políticas econômicas totalmente inadequadas;  A obsolescência tecnológica dos equipamentos industriais, cuja idade média, de

acordo com o Plano Diretor de Reindustrialização de Angola, era de 30 anos em 1990.

Apesar das abordagens que enfatizam a entrada de alguns países numa sociedade de lazer e de serviços, conhecida também por sociedade pós-industrial, a indústria continua a ser fonte de poder econômico e a desempenhar um papel

fundamental na organização dos territórios, na dinâmica das transformações dos sistemas produtivos e na criação de valor.

Por isso, todos os países, independentemente do seu estádio de desenvolvimento, inscrevem nas suas agendas de desenvolvimento a industrialização. Um exemplo claro é o Brasil, atualmente a sexta economia mundial, segundo a classificação do Banco Mundial.31

Dados do BPI/BFA (2009, p. 12) afirmam que “o setor da indústria representa atualmente um papel diminuto na economia correspondendo a apenas 6,6% do PIB em 2008, embora algumas previsões do governo de Angola afirmam que esse valor poderá cair em 2013 em 5,8%.32 Apesar disso, são visíveis sinais de dinamismo e tentativa de afirmação, considerando que em 2005 correspondia apenas a 3,6% do PIB”. Observando os dados citado por Alves da Rocha acima e também os dados de 2008 citados pelo BPI/BFA sobre o PIB indústrial, acabo concordando com o argumento do estudo do BPI/BFA, quando afirma que são visíveis sinais de dinamismo e tentativa de afirmação deste setor, visto que a média de crescimento do PIB industrial para intervalo de 1975 a 2000 foi de 3%, e de 2005 a 2008 foi praticamente a metade, daí estar de acordo com esta afirmação. Mas percebe-se que os indicadores do setor ainda não contribuem consideravelmente para o crescimento econômico do país, me parecendo que irá levar ainda algum tempo. Os dados a seguir vão demostrar esta afirmação.

Portanto, em relação ao emprego, não podemos esquecer que a indústria mineira não absorve números elevados de mão-de-obra, primeiro pela necessidade de mão-de-obra com capacidade tecnológica/científica, e também pela pouca diversificação de produtos, ou seja, produtos próximos ou da mesma linha. Isso é diferente da indústria transformadora - os dados da tabela confirmam - pese embora sua contribuição para o PIB (com quase 50% atual) é a mais elevada do país em relação a outros setores, relebrando que estudos apontam que no passado essa cifra já foi muito elevada, ou seja, portanto esta dependência já foi mais elevada, notando-se, por conseguinte uma maior capacidade de satisfação interna.

31 Alves da Rocha-Industrialização e diversificação da economia, 2012. Opinião ao jornal expansão-

Disponível em: <http://expansao.sapo.ao/home/opinioes/colunistas/Artigos/manuel_alves_da_rocha. 10/07/2012>. Acesso: 28. Ago. 13 ás 18h10.

32 BESA – Banco Espírito Santo, Angola, (2013, p. 8). Disponível em: <http://www.bes.pt>. Acesso: 29,

Assim, o nosso alvo aqui é a contribuição da indústria para o PIB e emprego formal, seus fundamentos de desenvolvimento para as províncias ou regiões de Angola. Desta feita, apresento alguns dados sobre a evolução do PIB e emprego na indústria, com principal destaque a indústria transformadora.

Tabela 47 – Estrutura Percentual do PIB a Preços Correntes

Indicadores 2004 2005 2006 2007

Indústria Mineira 54,6 59,2 59,44 57,58 Indústria Transformadora 4,2 4,1 4,92 5,31

Outros 38,14 36,7 35,63 37,11

Total 100 100 100 100

Fonte: Cálculos do Autor através dos dados do MINPLAN( 2011, p.8), Angola. Tabela 48 - Emprego indústrial

Emprego 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Petroleo e Refinados 12310 12843 16582 15438 15178 16696 17531 Indústria transformadora 32533 37261 40056 42484 45222 48616 52155

Total 44843 50104 56638 57922 60400 65312 69686

Fonte: CEIC – Relatório Econômico (2011, p.237) apud G.A-B.E.P.N (2011) e Relatório do MAPESS (2011).

Tabela 49 – Emprego Indústrial em Percentagem (%)

Emprego 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2010

Petróleo e Refinados 27,45 25,63 29,28 26,65 25,13 25,56 25,16 Indústria transformadora 72,55 74,37 70,72 73,35 74,87 74,44 74,84

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 Fonte: Cálculos do Autor com base nos dados do CEIC, Angola.

Gráfico 19 – Taxa de Emprego Indústrial

Fonte: Estimação do Autor com base nos dados do CEIC, Angola.

27,45 25,63 29,28 26,65 25,13 25,56 25,16

72,55 74,37 70,72 73,35 74,87 74,44 74,84

1 2 3 4 5 6 7