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Neste capítulo vou apresentar e explicar alguns exercícios que criei ao longo do ano e que resolvi aplicar por serem importantes ao nível da organização ofensiva, finalização e transição defensiva visto serem alguns dos pontos fracos da equipa e também exercícios utilizados no treino do Guarda-redes, uma vez que eu era o responsável por esta tarefa.

Neste exercício o objetivo era disciplinar taticamente e sectorialmente os atletas para que eles respeitassem as posições num processo de organização ofensiva para que tivessem espaço para a tomada de decisão, pois em cada setor havia igualdade numérica. Um outro objetivo era potenciar a finalização, mas não esquecendo a transição defensiva, daí colocar para a equipa branca um contexto de 2 x 1 numa parte final do exercício, para obrigar a outra equipa a transitar mais rapidamente.

Quanto a este exercício existe de igual modo a limitação espacial, podendo eventualmente ser quebrada com algumas ruturas com e sem bola. A ideia dos setores laterais com superioridade numérica é com apenas 2 ou 3 passes colocar logo a bola na área para um dos 2 Avançados disponíveis (vermelho e amarelo) que trabalharão independentemente um do outro e que encontram pela frente apenas um Defesa e o Guarda-redes. No setor intermédio prevalecia na mesma o 2 x 1 para privilegiar o remate fora da área ou a tabela com o avançado.

Os restantes jogadores realizavam 2 x 2 + joker para se manterem ativos e depois entrarem no exercício.

45 Estes 2 exercícios são direcionados para a técnica do Guarda-redes, que carecia de rapidez de execução de alguns movimentos como a saída no 1 x 1, e tinha alguns defeitos mesmo ao nível da técnica de saída, da queda lateral, força de pés e alguma agilidade.

Este exercício tinha à disposição 5 bolas espalhadas pela pequena-área, em que eu sem o guarda-redes saber escolhia uma das 5 e fazia a minha corrida até ela para rematar e ele tinha de se antecipar. A ideia era levantar-se rapidamente de uma bola e ir imediatamente para outra, tendo que defender as 5 bolas seguidas.

O objetivo era melhorar a sua rapidez e tomada de decisão na abordagem ao lance do 1 x 1.

Neste exercício o que era pedido era o trabalho de pés seguido de uma queda lateral, em que o guarda-redes tinha de fazer skipping baixo até um cone, realizar um salto (elevando os joelhos até ao peito) e de seguida novamente um skipping baixo até ao cone, mais um salto, e logo depois uma defesa para um dos lados à minha escolha e imediatamente após levantar-se e realizar outra defesa no sentido contrário.

47 REALIZAR CONVOCATÓRIAS

As convocatórias antecediam os jogos, e eram realizadas e entregues no último treino antes do jogo, à sexta. As convocatórias têm informações básicas como o local do jogo com coordenadas, horas da concentração e do jogo, data e contactos. Segue-se um exemplar:

49 DAR FEEDBACKS NOS TREINOS E JOGOS

Como é sabido, há a linguagem verbal (oral ou escrita) e a linguagem não-verbal (corporal, física, gestual). Segundo Ellis e McClintock (1993) a comunicação verbal reúne quase sempre uma intenção deliberada na transmissão de uma mensagem. E como tal, o transmissor procura sempre deixar clara e compreensível essa mensagem, auxiliando-se ou não de outro tipo de linguagem, mas mesmo assim chegou-se à conclusão que existe uma diferença entre o significado da mensagem e o significado que o orador pretende transmitir. Isto porque as expressões faciais (ou forma não-verbal de comunicação) podem dar a ideia contrária da afirmação, podendo elas não serem claras e uma vez que têm de ser descodificadas pelo recetor em última análise pode ser mal compreendidas. Para além disso, os chamados códigos paralinguísticos (o volume do discurso, o tom, o sotaque, a velocidade e erros na fala) também influenciam a compreensão e atenção do ouvinte, bem como o estado emocional, a personalidade, estatuto social, etc, do orador.

Penso que é importante referir que a comunicação não-verbal se guia através de 3 pressupostos, segundo Corraze (1982):

 Qualidades físicas, fisiológicas e nos movimentos do corpo;  Objetos associados ao corpo, como roupas, adereços, rituais;  A dispersão dos indivíduos no espaço (físico ou territorial).

Num estudo realizado em 1970 por Birdwhistell concluiu que apenas 35% do significado de uma conversa correspondia a linguagem verbal e 65% a linguagem não- verbal. Mehrabian 2 anos mais tarde, obteve resultados similares, mas separando a linguagem verbal (7%) da linguagem para-verbal (38%) e não-verbal (55%). Esta discrepância deve-se ao facto que a linguagem não-verbal não é tão linearmente influenciada pela consciência.

Ao nível do treino todos estes elementos contam para uma melhor transmissão do feedback. Daniels (2000) citado por Gui Pestana, afirma que quanto mais eficaz for o feedback acerca de um elemento técnico mais facilmente e mais rápido será a aprendizagem do atleta e por isso convém estar consciente destes resultados quando se pretende transmitir conhecimento importante, para que este seja captado da melhor forma.

O meu tipo de feedback foi evoluindo de acordo com o tipo de feedbacks que eu percebi que o treinador principal ia administrando. Ou seja inicialmente eu apenas abordava questões relativas ao posicionamento e ao comportamento do atleta, por exemplo para o atleta não congestionar o jogo, para no momento da organização ofensiva dar largura ou profundidade ao jogo, feedback para o atleta não desistir da disputa, para vascular mais rápido a bola, para rematar, etc etc. Quando fui percebendo as ideias de jogo que o treinador queria implantar (largura, profundidade, trocas posicionais, coberturas defensivas, jogo rápido, cruzamentos antecipados, etc etc…) o meu feedback foi adaptando, que resultava de uma postura mais ativa da minha parte durante os treinos e no decorrer dos jogos. Os meus feedbacks eram de incentivo, de correção, repreensão e de congratulação.

Fui aplicando os ensinamentos de Psicologia do Desporto que explica o feedback como um instrumento mediador entre o treinador e o atleta e que pode ser chamado de comunicação. Esta tem dois propósitos indissociáveis: a interação e a integração. A interação entre 2 ou mais indivíduos pressupões claramente comunicação verbal ou não verbal, e para que haja integração de um individuo num grupo é necessário essa mesma comunicação de modo a que o grupo possa conhecê-lo e consequentemente aceitá-lo ou não.

Para terminar, penso que é fulcral sublinhar alguns conselhos para obter melhores reações ao feedback, sugeridos por Martens (1998) citado por Gui Pestana:. as mensagens devem ser curtas, diretas, completas, específicas, positivas e construtivas, enviar uma mensagem de cada vez para não sobrecarregar com informação e as mensagens verbais terão de corresponder à comunicação não-verbal. É importante que assim seja pois caso contrário o feedback torna-se impercetível e para além disso não é aconselhável retirar a atenção e concentração do atleta do jogo.

51 PARTICIPAR ATIVAMENTE EM PALESTRAS NOS JOGOS E

TREINOS

“Definimos liderança como a capacidade de influenciar um grupo em direção ao alcance de objetivos”

(Robbins 2002: 304). “Os líderes precisam de ter a habilidade de influenciar o comportamento de outras pessoas”

(Cohen e Fink 2004: 252).

O carisma e a empatia que os líderes geram nos seus seguidores podem levá-los a superarem-se e a conseguirem resultados inesperados, simplesmente porque as pessoas seguem o líder, confiam nele e acreditam que sob a sua liderança os melhores resultados serão conseguidos. Ou seja, uma das principais ações do líder passa por conduzir as emoções coletivas dos seus seguidores de forma a conseguir resultados e efeitos superiores ao simples desempenho positivo das tarefas. A confiança dos atletas no treinador envolve risco, de desapontamento ou abuso, porque existe vulnerabilidade. Como para qualquer outra pessoa eles pensam: “só passo a confiar em alguém quando acredito, por diversos motivos, que o outro não tirará vantagem das minhas vulnerabilidades.

Basicamente um líder é um homem direto, frontal, que decide a frio, com rigor, sem dúvidas e sem emoções. Pretendia-se, desta forma, transmitir, antes de mais, a segurança do líder. Segurança nas suas competências e segurança nas suas decisões. Provavelmente eram estes traços de personalidade que me faltavam, ou melhor, talvez não estivessem tão bem vincados.

Inicialmente, quanto a mim e às palestras em que participava, eu permanecia calado, porque nunca antes me tinha dirigido a jogadores com o intuito de os motivar, de os repreender ou por outra razão qualquer. Aos poucos fui intervindo com algumas afirmações sobre questões que o treinador se esquecia, pois antes de cada palestra eu e ele reuníamo-nos 5 minutos para discutir os temas que fazia sentido abordar e frisar durante a palestra.

Mesmo durante os treinos era hábito termos 3 momentos de instrução, a primeira para dar início ao treino para informar a equipa dos objetivos do treino, outra para descansar antes de partir para a parte fundamental do treino e para chamar à atenção que pretendíamos colocar à prova o que fora aprendido anteriormente durante o treino e outra no final para fazer umas últimas chamadas de atenção, notificar os atletas sobre algum evento que poderia ocorrer, falar sobre os jogos, etc…

Tendo que orientar sozinho alguns treinos, no momento das instruções consegui expressar-me bem, mas mantive a informação no básico. Já no que diz respeito aos primeiros jogos que orientei sem o apoio do treinador principal, embora quisesse fazer um discurso motivante para os atletas, não senti que a minha liderança fosse forte o suficiente para eles ficarem empolgados ou concentrados. Neste sentido da motivação, eu criei um vídeo motivacional recorrendo a gravações feitas em alguns jogos, porque a equipa vinha numa série de maus resultados e achei importante colocar o vídeo para eles próprios se lembrarem do que outrora foram capazes de fazer e nunca duvidarem das suas capacidades. O vídeo acabou por trazer efeitos positivos com uma vitória fora nesse mesmo dia e uma contínua e alta moral e confiança.

Mais para a frente já conseguia dosear mais facilmente os momentos em que tinha de ser mais autocrata e os que tinha de me mostrar mais democrata conseguindo assim obter resultados mais positivos, mas isto também só aconteceu porque sendo a minha participação mais ativa, os jogadores aperceberam-se das minhas capacidades de gerir a equipa e confiavam nelas.

53 ORIENTAR A ATIVAÇÃO FUNCIONAL GERAL DA EQUIPA NO

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