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Infecções bacterianas

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SUMÁRIO Págs

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. AVES SILVESTRES

2.1.3. Aves silvestres mantidas em cativeiro

2.1.4.3. Infecções bacterianas

As infecções bacterianas podem ser diagnosticadas pela presença do agente etiológico associado aos achados clínicos e patológicos (SANCHES, 2008), preferencialmente macrófagos com bactérias fagocitadas (DORRESTEIN, 2003). Problemas bacterianos secundários são muito comuns nesses animais. Esses são predominantemente relacionados aos desequilíbrios nutricionais, higiene precária e manejo inadequado (DORRESTEIN, 2003; SANCHES, 2008). Passeriformes não apresentam ceco e entretanto, nenhuma microbiota intestinal. O requerimento de muita energia por estes pequenos pássaros é conseguido pela atividade aumentada das enzimas amilase e lípase (DORRESTEIN, 2003).

Escherichia coli e outras Enterobacteriaceae são comumente encontradas em culturas de fezes de pássaros doentes com ou sem diarréia (DORRESTEIN, 2003). As enterobactérias são amplamente distribuídas no ambiente e fazem parte da microbiota de muitos mamíferos e algumas aves, sendo normalmente considerados patógenos secundários. Glunder (1981) ao examinar as fezes de noventa e oito Passeriformes granívoros para pesquisar Enterobacteriaceae, não isolou nenhum agente etiológico pertencente a essa família em 82% das aves, sugerindo assim que, as enterobactérias não fazem parte da microbiota dessas aves. Um outro estudo sobre a microbiota de diversas aves mostrou predominância de bactérias Gram positivas com pouco ou nenhum isolamento de enterobactérias. Escherichia coli é uma enterobactéria que vem sendo associada a várias doenças em Passeriformes, cujos sinais clínicos incluem diarréia, conjuntivite, rinite, onforites, salpingites, metrite e septicemia, sendo também encontrada em animais sem sintomatologia clínica. Ao ser considerado como patógeno primário ou secundário, E. coli está relacionada a condições precárias de higiene, dieta não balanceada, problemas de manejo e imunossupressão da ave (SANCHES, 2008). Enterobacteriaceae são frequentemente demonstradas por exame citológico e isoladas de fezes ou conteúdo intestinal de pássaros com ou sem diarréia, onde a septicemia por essa espécie é provavelmente a principal causa de mortalidade em pássaros recém chegados (DORRESTEIN, 2009).

(DORRESTEIN, 2003). A infecção por Y. pseudotuberculosis é causa comum de mortalidade aguda em pássaros mantidos em cativeiro e, as aves de vida livre podem atuar como importantes reservatórios desta bactéria. Fatores estressantes que favorecem a diminuição da resistência e imunocompetência do hospedeiro, tais como hipotermia, desnutrição e outras enfermidades, colaboram para o desenvolvimento da doença clínica. Os sinais clínicos são inespecíficos e dentre eles pode-se citar anorexia, perda de peso, diarréia, dispnéia, penas eriçadas, debilidade e morte súbita (SANCHES, 2008). O gênero Salmonella já foi isolado de aves domésticas e, silvestres de vida livre e de cativeiro, sendo S. typhimurium a espécie mais comum em Psittacíformes e aves de vida livre. Passeriformes de vida livre podem atuar como reservatórios do agente etiológico, transmitindo-o a outras aves (MASSEY, 2003; SANCHES, 2008). Assim como na pseudotuberculose, a salmonelose tem causado alta mortalidade em Mainás (DORRESTEIN, 2009). Muitas aves podem não apresentar sintomas clínicos da infecção, mas atuam como carreadores do patógeno. Especies do gênero

Salmonella foram estudadas em mais de 800 pássaros, incluindo pardais, turdídeos,

esturnídeos e fringilídeos. Os surtos mais significativos em aves silvestres ocorreram em pássaros de vida livre, estando associada à contaminação de áreas de alimentação (SANCHES, 2008).

As espécies de Citrobacter são invasores secundários pertencentes à família Enterobacteriaceae e associadas à septicemia aguda e ao óbito em fringilídeos e emberizídeos Enquando que, as espécies do gênero Klebsiela, Pasteurella e Haemophilus ocasionalmente são encontradas em Passeriformes, sendo o segundo associado à septicemia aguda decorrente da mordedura de gatos domésticos (SANCHES, 2008).

Campylobacter fetus subespécie jejuni é frequentemente encontrada em pássaros jovens da família Estrildidae. Os pássaros podem ser portadores assintomáticos ou apresentar sintomas clínicos que incluem apatia, fezes amareladas, volumosas e com alimentos não digeridos. Ocasionalmente observam-se sementes inteiras ou parte delas nas fezes (DORRESTEIN, 2009).

O gênero Proteus habita o trato intestinal das aves e está amplamente distribuído na natureza e sob condições favoráveis, pode se tornar um agente etiológico oportunista. Há relatos de artrite, salpingite, aerossaculite e septicemia em aves silvestres aquáticas associados a espécies desse gênero (SANCHES, 2008).

Pseudomonas compreende um gênero de bactérias não entéricas (SANCHES, 2008) e sementes germinadas ou impropriamente preparadas para germinar, vasilhas sujas para banho ou bebedouro e água são frequentemente fontes de infecção por esta bactéria (DORRESTEIN,

2003; DORRESTEIN, 2009). Pode ocorrer severa pneumonia e aerossaculite (DORRESTEIN, 2009), além de ocorrer panoftalmite, sinusite, enoftalmia, ingluvite e septicemia (SANCHES, 2008).

O gênero Aeromonas também está associado à contaminação de alimentos e água de vasilhas para banho, bebedouros ou mesmo sementes. Assim, como em Pseudomonas pode causar pneumonia e aerossaculite (DORRESTEIN, 2003; DORRESTEIN, 2009). Um levantamento de A. hydrophila realizado em Passeriformes relatou que esta espécie foi considerada um patógeno facultativo nas aves de produção e como patógeno primário em aves de companhia (MASSEY, 2003).

A clamidiose, ornitose ou clamidofilose é relativamente incomum em Passeriformes (DORRESTEIN, 2003; DORRESTEIN, 2009). A mortalidade é menor que 10% e geralmente a clamidiose é esperada em pássaros com doença respiratória recurrente especialmente se expostos a psittacíneos (DORRESTEIN, 2003). Os sinais clínicos são inespecíficos e pode incluir apatia, diarréia, debilidade (DORRESTEIN, 2009) e também podem incluir exsudatos nasais e conjuntivite (ROSSKOPF JR, 2003; DORRESTEIN, 2009).

As espécies do gênero Mycoplasma foram isoladas em canários, inclusive de vida livre, com conjuntivite, ruídos e sinais respiratórios. Uma epidemia de conjuntivite associada à mortalidade de pássaros de vida livre na região oriental dos EUA foi registrada pela primeira vez em 1994. Os sinais clínicos incluíram conjuntivite uni ou bilateral de moderada a severa com exsudato nasal mucopurulenta, sendo M. gallisepticum isolado e identificado como o agente etiológico responsável pela infecção (MASSEY, 2003). Os sinais clínicos variam de um simples inchaço nos olhos com secreção ocular clara a severa conjuntivite com aparente cegueira (DORRESTEIN, 2009).

A tuberculose ou micobacteriose foi descrita em canários (DORRESTEIN, 2003; DORRESTEIN, 2009) e a decorrente da infecção por Mycobacterium avium já foi relatada em diversas aves de vida livre. Os sinais clínicos são inespecíficos e variáveis, como atrofia muscular, emaciação, diarréia, poliúria e anemia (SANCHES, 2008).

Listeria monocytogenes também já foi isolada de Passeriformes que vieram a óbito (DORRESTEIN, 2003; DORRESTEIN, 2009). Os canários são mais susceptíveis a este agente etiológico adquirindo-o por via oral. Os sinais clínicos incluem torcicolo, tremores, paresia ou paralisia (SANCHES, 2008).

Erysipelothrix rhusiopathiae foi isolado de animais mortos (DORRESTEIN, 2009) e as famílias Emberizidae e Fringilidae são susceptíveis a este agente etiológico (SANCHES,

2008). Êmbolos bacterianos podem ser observados em capilares nos rins, fígado, glândula adrenal, baço e músculo esquelético (MASSEY, 2003).

Clostridium perfringens pode causar doença em passeriformes, mas não acontece comumente. Ocorre no solo e alimento contaminado, sendo que em pássaros de cativeiro, a mudança abrupta da dieta é o histórico mais comum observado em surtos da doença. As lesões mais frequentes são caracterizadas por enterite necrotizante e morte súbita, causadas pelas toxinas do microorganismo (SANCHES, 2008).

As espécies dos gêneros Streptococcus e Staphylococcus são frequentemente descritas em Passeriformes. Os sinais clínicos incluem abscessos, dermatite, pododermatite, conjuntivite, sinusite, artrite, pneumonia e morte. Em pacientes que sofrem destas infecções, os cocos podem ser observados em imprints (DORRESTEIN, 2009).

Enterococcus faecalis tem sido associado à traqueíte crônica, pneumonia e infecção dos sacos aéreos em canários. Clinicamente os pássaros afetados têm sons respiratórios severos, mudança na voz e dispnéia (DORRESTEIN, 2009).

Um estudo de bactérias presentes na plumagem de aves silvestres capturadas de várias localidades nos estados de Ohio e Massachussetts, EUA, assinalou três espécies de bacilos queratolíticos denominados Bacillus licheniformis, B. pumilus e outra espécie não identificada deste gênero (GODOY, 2006).

Em um estudo realizado em Passeriformes oriundos do tráfico de animais silvestres no Brasil, observou-se que os processos bacterianos foram responsáveis pelo óbito de 3,5% das aves, estando envolvidos em casos de hepatites, pneumonias e septicemias. As bactérias mais frequentemente observadas em quadros septicêmicos nestes pássaros foram: Escherichia coli,

Salmonella spp. Klebsiella spp., Staphylococcus spp., Enterococcus spp., e Citrobacter freundi (GODOY, 2006).

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