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Interação aves silvestres e coccídios

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SUMÁRIO Págs

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. AVES SILVESTRES

2.1.5. Interação aves silvestres e coccídios

Os parasitos podem afetar a morfologia, comportamento e saúde do hospedeiro vertebrado, mesmo em infecções subletais, exercendo importante pressão ecológica e evolucionária nestes hospedeiros. A quantificação dos parasitos é essencial para o entendimento das implicações ecológicas e evolucionárias dos parasitos nos hospedeiros e ultimamente, no ecossistema (MASELLO et al., 2006). A disseminação de doenças parasitárias em novas espécies hospedeiras ou novas áreas tem sido reconhecida como um problema mundial com importantes implicações para a conservação da diversidade biológica (LINDSTROM et al., 2009; GODOY; MATUSHIMA, 2010). As aves são hospedeiras de uma variedade de parasitos os quais tem um elaborado modo adaptativo de vida dentro do organismo da ave. Os parasitos são causadores de várias doenças severas em aves

levado a um aumento no número de estudos nos quais a carga parasitária está relacionada com diversas alterações na saúde do hospedeiro (VILLANÚA et al., 2006). Os parasitos exercem uma força evolucionária, tanto que eles frequentemente reduzem a saúde do hospedeiro e o impacto na reprodução e sobrevivência. Assim sendo, eles podem influenciar na localização materna e isto mediaria à abundância de parasitos nos ninhos (MARTÍNEZ-PADILLA; MILLÁN, 2007). Os parasitos podem afetar vários aspectos da história de vida do hospedeiro (NORRIS; EVANS, 2000; DOLNIK et al., 2010).

Os hospedeiros têm desenvolvido comportamentos antiparasitários, fisiológicos ou defesas imunológicas para contratacar os efeitos negativos da infecção por parasitos. Alguns fatores que influenciam na carga parasitária na natureza incluem a genética, defesa imunológica, estação do ano, migração, idade, tamanho, sexo, e estado hormonal. Os parasitos intestinais afetam muitas espécies de aves (MASELLO et al., 2006). As infecções parasitárias podem mudar o equilíbrio entre os custos e benefícios de um animal para manter seu status em grupo social. Infecções por espécies do gênero Isospora em pardais (P.

domesticus) podem afetar as relações sociais (hierarquia dominante) dos machos e influenciar

no seu comportamento, estado imune e condições corporais. Os resultados obtidos em um experimento mostraram que a infecção aguda leva a mudanças na hierarquia dominante de um grupo social e que a perda de massa corporal de pássaros depende do status hierárquico alcançado (DOLNIK; HOI, 2010).

A coccidiose, considerada uma importante causa de enterite e óbito em aves de todas as espécies, é uma doença causada por protozoários coccídios principalmente da família Eimeriidae (FREITAS et al., 2003). Os coccidios em sua maioria são parasitos intestinais encontrados na maioria das espécies de vertebrados e têm sido observados em estreita relação na ecologia das aves (LÓPEZ et al., 2007). Os coccídios intestinais têm sido um problema para aves (ROSSKOPF JR, 2003) e estão sendo considerados como uma das maiores preocupações em aves não domésticas (PAGE; HADDAD, 1995). A importância da coccidiose na avicultura industrial tem levado a um grande número de pesquisas sobre o mecanismo pelo qual a infecção por esses protozoários em galinhas pode levar à diminuição da pigmentação carotenóide por interferir na absorção de carotenos. Em Passeriformes nenhuma pesquisa tem elucidado o mecanismo pelo qual estes parasitas afetam a pigmentação da plumagem (BRAWNER III et al., 2000). Hamilton e Zuk (1982) ao sugerir que parasitos podem estar associados a critérios no acasalamento de aves propõem que elaborados ornamentos e cor das plumagens podem estar associados a sinais de diferenças na qualidade genética em relação à resistência a parasitos e mesmo a enfermidades. Os hospedeiros

necessitam investir em imunidade e somente indivíduos em boa condição podem investir tempo e energia ou sobra de antioxidantes, tais como carotenóides e psitacofulvinas para desenvolverem ornamentos como plumagem brilhante em sua total extensão. Isto desenvolveria pássaros de alta qualidade genética por seleção sexual. Papagaios usam psitacofulvinas, as quais têm atividades antioxidantes, entretanto, estas são muito dispendiosas para serem produzidas (MASELLO et al., 2006). O decréscimo da absorção de carotenóides devido a danos no epitélio intestinal foi o mecanismo sugerido para reduzir a pigmentação carotenóide associada com a coccidiose (BRAWNER III et al., 2000). Estudos dos efeitos dos parasitos na ornamentação sexual e comportamento das aves estão aparecendo com mais frequência, e em estudos mais recentes, um experimento relatou a mensuração de carotenos armazenados nos depósitos de gordura subcutâneos através de métodos in vivo não invasivos na Sylvia borin (Toutineiras-do-jardim)), que é uma ave migratória sem plumagem colorida. Durante o experimento, observou-se depleção nos níveis de carotenóides devido ao desafio ao sistema imune, causado pela infecção com Isospora spp. Então, além de verificar que os carotenóides são armazenados nos depósitos de gordura subcutâneos, também se concluiu que estes antioxidantes são mobilizados e consumidos nos momentos de necessidade como, por exemplo, durante uma resposta imune mediada pela infecção por Isospora spp. Assim, mostrou-se que não somente a infecção por coccídios pode reduzir a expressão de caracteres da coloração da plumagem como foi descrita em verdelhões (C. chloris) por Horak et al. (2004) como também pode reduzir o conteúdo de carotenóides plasmáticos, concordando com o relato de Allen e Fetterer (2002) em infecção por Eimeria spp. (METZGER; BAIRLEIN, 2010). De acordo com Browner III et al. (1999) a maior dificuldade em muitos desses estudos seria a precisa avaliação da prevalência do parasito dentro da população e a carga parasitária em cada um dos hospedeiros individualmente. Parasitos intestinais têm afetado muitas espécies de aves e a variação na prevalência destas infecções tem mostrado desempenhar função importante na seleção sexual (MASELLO et al., 2006). A estimativa da intensidade da infecção por coccídios em aves silvestres seria essencial para estudos sobre o impacto de determinados parasitos em populações naturais de aves (DOLNIK, 2006). A prevalência e intensidade de infecção com parasitos coccídios isosporóides em Passeriformes silvestres variam grandemente entre as espécies de pássaros. Fezes de hospedeiros infectados contêm oocistos que constituem uma fonte de novas infecções quando ingeridos. Como consequência, pensa-se que a principal via de transmissão da coccidiose na natureza esteja relacionada ao comportamento alimentar dos hospedeiros, e

alimentação. Estudos foram realizados em aves silvestres e revelaram que o hábito alimentar desempenha um significante papel na extensão e severidade da infecção por coccídios na natureza (DOLNIK et al., 2010).

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