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A infraestrutura escolar adequada é condição necessária para a oferta de uma educação de qualidade (CEPAL, 2000), pois “a infraestrutura das escolas brasileiras tem uma influência decisiva no rendimento dos seus alunos” (GAME, 2002, p. 15). De modo semelhante Teixeira (2009) aponta que diferentemente do que se observam nos países desenvolvidos, no Brasil as condições de infraestrutura das escolas constituem fatores relevantes para o resultado escolar dos alunos.

Deste modo, é fundamental que as pesquisas realizadas em qualquer universo no Brasil levem em consideração os elementos relacionados à infraestrutura escolar. A infraestrutura envolve elementos como: número de alunos nas turmas, estado de conservação do prédio, adequação das instalações, recursos didáticos e a existência e qualidade da biblioteca. Esses itens são elementos essenciais dentro de uma escola, e a sua inexistência ou a sua existência de forma precária podem interferir diretamente no desempenho escolar dos alunos (GAME, 2002).

Nesse mesmo sentido, Dourado, Santos e Oliveira (2007) alertam para as condições mínimas de infraestrutura escolar necessárias para se ofertar um ensino de qualidade. Segundo os autores, dentre as condições destacam-se:

[...] ambiente escolar adequado à realização de atividades de ensino, lazer e recreação, práticas desportivas e culturais, reuniões com a comunidade etc.; equipamentos em quantidade, qualidade e condições de uso adequadas às atividades escolares; biblioteca com espaço físico apropriado para leitura, consulta ao acervo, estudo individual e/ou em grupo, pesquisa online, dentre outros,incluindo,acervocom quantidade e qualidade para atender ao trabalho pedagógicoeaonúmerodealunosexistentes na escola; laboratórios de ensino, informática; [...] garantia de condições de acessibilidade e atendimento para portadores de necessidades especiais; e ambiente escolar dotado de condições de segurança para os alunos, Professores, funcionários, pais e comunidade em geral (DOURADO,SANTOS,OLIVEIRA,2007,p. 20).

Para Soares (2004), dentre os itens de infraestrutura a biblioteca merece um destaque especial, pois ela é considerada um local privilegiado para a aprendizagem, e o seu uso constante pelos alunos influencia fortemente o resultado escolar. Segundo o autor, é difícil de imaginar uma escola que mereça esse nome sem abrigar uma biblioteca. Segundo Quinhões (1999), a biblioteca deve funcionar como um centro estimulador, pois juntamente com outras atividades, ela pode tornar o currículo mais eficaz e orientar para um melhor desempenho individual e coletivo na formação do cidadão. Entretanto, Soares (2004) afirma que para produzir um efeito positivo no desempenho dos alunos, é fundamental que os Professores estimulem a frequência dos alunos à biblioteca e que estes realmente utilizem os recursos nela disponível (SOARES, 2004). Motta (1999) também destaca que a biblioteca escolar deve possuir organização e regras claras quanto ao seu funcionamento a fim de facilitar o ensino e a aprendizagem dos alunos. Bezerra (2008) complementa afirmando que a biblioteca deve ser um lugar bem gerenciado, organizado e prazeroso.

Em relação ao acervo da biblioteca, Bezerra (2008) afirma que ele deve conter materiais bibliográficos diversificados, em uma quantidade que atenda e dê suporte ao seu corpo

discente e docente. A autora ainda destaca a importância deste acervo estar organizado e em perfeito estado de uso, pois um bom acervo enriquece o processo de ensino-aprendizagem e, deste modo, fomenta a aprendizagem no aluno (QUINHÕES, 1999).

Outro elemento da infraestrutura que merece destaque é o transporte público escolar, pois o Brasil possui como característica um grande número de alunos residindo na área rural, deste modo, a dificuldade de acesso, dado pela distância entre a casa dos alunos e as escolas, podem motivar a evasão escolar.

Segundo Moura e Cruz (2013), o transporte escolar é uma política educacional essencial para o acesso de considerável número de alunos de escolas públicas ao ambiente escolar. Deste modo, ele se torna condição indispensável para a garantia do direito a educação. Dado a sua importância, Moura e Cruz (2013)afirmam que é fundamental destacar que:

[...] o transporte escolar é um direito assegurado pela Constituição Federal de 1988, em seu artigo 28, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), no artigo 4, e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em seu artigo 54, com o objetivo de promover o acesso do alunado às escolas, condições básicas para a garantia do direito à educação (MOURA, CRUZ, 2013, p. 2).

Nesse sentido, é necessário “fortalecer, na sociedade de um modo geral e nos gestores, em particular, a percepção da garantia ao transporte público escolar como um direito, estreitamente relacionado à educação de qualidade” (BRASIL, 2006, p.4). Moura e Cruz (2013) destacam a necessidade de se ampliar os recursos destinados à oferta do transporte público escolar, para que se garanta em quantidade e qualidade adequadas à demanda deste serviço por parte dos estudantes das escolas públicas rurais e urbanas no Brasil.

A infraestrutura também envolve a disponibilidade de laboratório de informática nas escolas. De acordo com o Censo Escolar da Educação Básica de 2012, esse foi o recurso que as escolas mais disponibilizaram, sendo oferecido por 49% delas (INEP, 2013). Entretanto, Menezes-Filho (2007) afirma que existe muita discussão a respeito da inclusão digital, ou seja, o uso de computadores nas escolas públicas.

Para Gladcheff, Zuffi e Silva (2001), o uso do computador pode ser considerado um grande aliado do desenvolvimento cognitivo dos alunos. Entretanto, os autores destacam que:

[...] o bom uso que se possa fazer dessa ferramenta na sala de aula depende tanto da metodologia utilizada, quanto da escolha de softwares, em função

dos objetivos que se pretende atingir e da concepção de conhecimento e de aprendizagem que orienta o processo (GLADCHEFF, ZUFFI, SILVA, 2001, p. 2).

Por se tratar de um instrumento lógico e simbólico, Gladcheff, Zuffi e Silva (2001) afirmam que o computador pode a vir contribuir muito para que a criança, já no ensino fundamental, aprenda a lidar com sistemas representativos simbólicos, linguísticos ou numéricos. Os estudos de Suliano e Oliveira (2011) corroboram com tal afirmação ao destacar que o uso de computadores provoca um efeito positivo no desempenho dos alunos.

Enquanto Menezes-Filho (2007) aponta em seu estudo, sobre os determinantes do desempenho escolar no Brasil, que o número de computadores na escola tem efeitos muito reduzidos sobre o desempenho dos alunos. Já Kulik (2003) ao analisar o impacto da utilização de computadores no ensino fundamental demonstrou que não se podem associar melhorias no desempenho de leitura dos alunos ao uso dos computadores. Bionde e Felício (2007) concluem que a existência de laboratório de informática na escola está relacionada negativamente com o desempenho dos alunos, entretanto, existem evidências de que o uso de computadores para fins pedagógicos tem efeitos positivos sobre a proficiência.

Segundo Dourado, Santos e Oliveira (2007), as pesquisas e estudos na área educacional indicam a importância do financiamento para o estabelecimento de infraestrutura escolar que ofereça condições mínimas para a oferta de uma educação de qualidade.

A preocupação com a melhoria da infraestrutura escolar brasileira é evidenciada por uma pesquisa realizada pelo INEP (2011) com 3.410 dirigentes municipais de educação do Brasil no ano de 2010. Segundo o INEP, a maior preocupação dos dirigentes é com a insuficiência de infraestrutura das escolas e a dificuldade na conservação dos prédios.

Considerando o total de dirigentes participantes da pesquisa, o tema apontado por mais dirigentes como prioritário foi melhorar a infraestrutura das escolas (46,2%). Tal preocupação deve alertar as políticas públicas para a evidente necessidade de investimento de recursos nessa área, pois a criação de um ambiente escolar adequado ao desenvolvimento da aprendizagem é fundamental para a melhoria no desempenho dos estudantes.